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Heitor olhou com um rosto estranho, levantando a sobrancelha, ainda chocado com o leve ferimento na testa.

“Heh, você não é só papo, afinal, Tenente Fernando. Belo ataque surpresa.” disse, de forma brincalhona, enquanto limpava o sangue dos olhos. Então um largo sorriso apareceu em seu rosto. “Mas o pai aqui é muita areia pro teu caminhãozinho.”

Fernando manteve-se calado, olhando para o homem. Então levantou ambos os punhos à frente do rosto, indicando que estava pronto para mais. No entanto, quando viu a cena que se desdobrava diante dele, sua expressão tranquila mudou para choque.

A terra sob Heitor tremia e agitava-se, levantando lentamente. O solo pareceu ganhar vida, enrolando-se em torno de seus pés e subindo por suas pernas. Logo todo seu corpo estava coberto, com exceção da cabeça, por uma densa camada vermelho-alaranjada, como se fosse uma grande couraça.

“Q-que merda é essa?” Tom exclamou. Ao seu lado, os outros também pareciam perplexos.

Fernando, que viu isso, sentiu um arrepio em seu corpo. O Capitão, que já era um pouco mais alto que ele, ficou ainda maior, exalando uma sensação perigosa.

Os olhos do Jovem Tenente, que estavam num misto de confusão, logo se acalmaram.

“Você não é um simples usuário do Sistema de Habilidades, você também é um Mago de Terra.”

Ao lembrar-se de quando socou o rosto do homem, sentiu que parte da pele dele era áspera e dura, agora finalmente entendeu o motivo. Não só o sujeito tinha grande foco em Habilidades de defesa, como também tinha algum tipo de magia de terra protegendo-o.

Heitor, que ouviu isso, tinha uma expressão brincalhona.

“Se eu usar somente minhas Habilidades, pode ser que eu leve a pior, mas se eu for com tudo, o que você vai fazer, Tenente Fernando?”

Todos do Batalhão Zero estavam perplexos, até então pensaram que o homem era um Usuário de Habilidades, mas na realidade ele utilizava os dois Sistemas.

“Agora vamos continuar. Vem tranquilo.” disse, fazendo um sinal com a mão, para que viesse até ele.

Fernando não reagiu à provocação, pelo contrário, olhou com cuidado e de forma calma para a crosta de terra que envolvia seu oponente.

Vendo isso, o sorriso de Heitor diminuiu.

“Que chato, se não vai vir de boa, vai vir na marra.”

Ao dizer isso, levantou a mão em direção ao jovem Tenente, então fez um movimento de puxão.

Fernando, que estava com a guarda levantada, sentiu algo de errado. O solo sob seus pés começou a se mover, arrastando-o. Na verdade, toda a terra ao redor estava se movendo em direção ao Capitão.

Boom!

Sem pensar duas vezes, ativou seus Passos Tirânicos, movendo-se do local e aparecendo a alguns metros de distância. No entanto, logo após, seu pé esquerdo afundou, desviando sua atenção para o solo. 

Boom!

Quando estava prestes a puxar seu pé, percebeu algo e olhou para o lado, apenas para ver uma massa gigantesca de terra vindo em sua direção numa velocidade surreal, era Heitor!

Nesse momento, Fernando sentiu tudo ao redor se movendo lentamente, enquanto todos os seus músculos e nervos espamaram a medida que suas veias saltavam. Ele novamente elevou a Fúria até o limite e seu Disparo Neural foi ativado em potência máxima!

Após dominá-la, e por causa das Veias de Mana Ramificadas, ele ativava o Disparo Neural, que era uma Habilidade semi-passiva, em momentos oportunos de forma tão natural quanto respirar. Mas evitava de usá-la ao seu máximo, pois quando o fazia sua mente entrava num estado de extrema percepção, no qual conseguiria sentir cada nuance de seu corpo, assim como seus sentidos se elevam exponencialmente. Eram tantas informações que faziam sua cabeça doer.

Manter o Disparo Neural em seu máximo era extremamente exaustivo e demandava muita concentração, além de que, ele ainda precisava gastar foco ao usar suas outras Habilidades em conjunto. Em suma, todo seu corpo e mente ia ao limite, por isso evitava usá-la em tal extensão, a não ser em momentos críticos, como esse.

Com a Habilidade no máximo, seus olhos moveram-se, tendo um vislumbre da figura que como um trator, vinha em sua direção. O grande corpo do Capitão estava numa velocidade absurda, mais rápida até do que seus Passos Tirânicos.

Percebendo que não poderia desviar totalmente, Fernando não tentou correr, impulsionando seu corpo para o lado. Usando sua perna esquerda como apoio, preparou-se para receber o impacto na lateral direita, diminuindo ao máximo a área de contato.

BAM!

Com um choque violento, o corpo de Heitor atingiu Fernando com força no peito, porém, como parte de seu corpo estava virando-se diagonalmente, ele foi jogado para o lado pela inércia, amenizando grande parte do impacto.

Baque! Plaft!

O jovem pálido girou violentamente, caindo no chão e rolando diversas vezes sem controle de si mesmo devido ao choque da colisão.

Depois de rolar mais algumas vezes, enquanto tentava agarrar o chão com suas mãos, finalmente conseguiu, parando lentamente. 

Nesse ponto, sentiu os efeitos de usar tantas habilidades de uma vez. Seus músculos começaram a espasmar levemente, com várias câimbras espalhadas por todo seu corpo. Não só isso, mas sentiu dificuldade para respirar. Mesmo que parte do choque tenha sido desviado, seu peito parecia ter sido esmagado por um caminhão, se não fosse sua armadura protegendo-o, sentiu que talvez tivesse sido morto nesse ataque!

Todo seu corpo doía terrivelmente, e devido ao Disparo Neural ainda ativado ao máximo, a dor pareceu ser multiplicada centenas de vezes, sentindo individualmente cada parte machucada. Enquanto estava nesse estado, sentiu algo se aproximando e olhou para o alto, apenas para ver cinco estacas de terra voando em sua direção.

Filho da puta! Fernando gritou mentalmente. Ele sentiu que isso não era um combate amigável, mas que Heitor estava seriamente tentando matá-lo!

Mesmo com toda a dor e fadiga, levou sua Auto-Regeneração ao máximo, enquanto usava Magia de Cura para amenizar os efeitos adversos em seu corpo. Assim que pôs-se de pé, uma labareda de chamas acendeu-se em suas palmas.

Não vai dar tempo! pensou, em desespero.

Inicialmente, o jovem Tenente pensou em lançar Flechas de Fogo e interceptar as estacas que vinham em sua direção, mas ele havia sido lento demais. Não só isso, por causa do seu corpo ‘travado’ não conseguiria usar seus Passos Tirânicos.

De repente algo veio à sua mente. Ele só havia visto isso algumas vezes e mal tentou praticar, mas não conseguiu pensar em mais nada. Teria que arriscar, era fazer ou morrer!

As chamas em suas mãos espalharam-se, correndo desenfreadas para todos os lados. Então com um olhar decidido, levantou seus braços para frente. As labaredas que iriam avançar, voltaram para trás, como uma onda, formando uma pequena parede de fogo. Era umas das variações do Escudo de Fogo que Tom havia tentado ensinar a ele!

Bang! Plaft! Bang! Plaft! Bang! Plaft!

As estacas de terra atingiram em cheio o Escudo de Fogo. O impacto fez com que explodissem em pedaços, mas resquícios quebrados ainda atravessaram, atingindo Fernando, que suportou com um rosto firme.

Após se defender, sentiu-se aliviado. Foi uma aposta, ele nunca havia conseguido usar essa magia em sua plenitude durante suas poucas tentativas.

“Fernando, cuidado!” Nesse momento, o grito desesperado de Karol soou ao longe.

Ao ouvir isso, o jovem pálido voltou aos seus sentidos, apenas para ver Heitor ao longe sorrindo como um lunático, enquanto estava com ambos os braços abertos, fechando-os lentamente.

Inicialmente não entendeu o que o sujeito estava tentando, mas quando olhou para os lados viu duas mãos gigantes de terra com mais de 3 metros de altura, que surgiram do solo, uma do lado direito e outra do esquerdo, fechando-se no seu entorno.

Naquele momento Fernando sentiu seu sangue ferver numa mistura de raiva e revolta. O sujeito realmente queria matá-lo!

Pensando nisso, sabendo que não poderia mais desviar, sua expressão ficou fria como gelo. Se ele não podia fugir, então atacaria!

Logo levantou suas palmas para o alto, que ainda estava envolvida em chamas, e começou a usar todo o mana que podia, inclusive o da Pedra. Nesse ponto ele não se importava mais em esconder sua força.

Rapidamente uma grande e condensada Lança de Fogo formou-se acima de sua cabeça, com chamas tão intensas que eram incomparáveis a qualquer outra que já fez anteriormente.

Swish!

Com um olhar decidido, lançou-a para frente antes que as mãos o esmagassem, mirando o local que Heitor estava.

BAM!

BOOM!

De um lado, o par de mãos fechou-se com violência, fazendo todo o ar ao redor tremer. Do outro, um mar de chamas acendeu-se, varrendo por dezenas de metros.

Tanto as tropas do Batalhão Zero, quanto do Amanhecer, observavam aquela cena de violência extrema sem acreditar no que estavam vendo. Essa, que deveria ser uma simples e amigável luta recreativa, tornou-se uma batalha brutal que mudou todo o terreno do local.

Theodora, que ainda estava atônita, sem acreditar no que acabou de ver, começou a andar de forma inconsciente.

“Líder…Ele…”

Tom também estava sem palavras, seu rosto pálido e seu corpo suando frio.

“Não precisa.” Ilgner, que estava ao lado da mulher, segurou seu ombro, fazendo um sinal de negação com a cabeça. Então indicou com seu rosto, para que ela olhasse para tal direção.

O General, que antes bloqueava seu caminho, agora estava em outro local, com Fernando jogado aos seus pés.

“Líder!”

Antes que Theodora se movesse, um vulto prateado passou por ela.

Karol, montada em seu Lobo de Prata, avançou, parando a poucos metros de onde seu marido e o velho General estavam.

“Afaste-se dele!” gritou, apontando sua lança,

O General, que admirava em silêncio as chamas, virou seu rosto para a mulher. Seu olhar profundo, com olhos extremamente ameaçadores, imediatamente fez a mulher sentir uma pressão estranha e intimidadora.

O jovem pálido, que estava no chão, levantou a cabeça, então olhou para o velho com um olhar estranho. Ele não sabia como e nem quando o homem havia o trazido até ali, isso o deixou assustado.

“Eu estou bem.” disse, olhando para seu esposa, indicando que abaixasse a lança.

Karol, que respirava pesadamente, baixou-a.

“Hahahaha!” Uma gargalhada profunda soou, logo o Capitão surgiu em meio às chamas, com uma aparência tranquila e sua couraça de areia levemente danificada. “Isso que é luta! É disso que eu tava falando! Vamos, Tenente Fernando, vamos continuar!”

“Já basta, Heitor.” Uma voz poderosa soou, era a do General.

O homem negro olhou com raiva em direção a ele.

“Não atrapalha, seu velho d-”

Antes que terminasse de falar, o velho General levantou a mão e o Heitor caiu no chão com um poderoso estrondo. Todo seu corpo estava rígido como uma pedra, enquanto a crosta de terra estilhaçou-se em pedaços.

“Ah! Tá… eu… já entendi… Eu estava… só zoando…! Ai, ai… Cal-! Calma!” O homem mal conseguia falar, enquanto seu corpo era fortemente pressionado no chão, por uma força invisível esmagadora.

Fernando observou aquela cena em choque, o Capitão que quase o matou sem esforço, estava deitado no chão, esperneando como um brinquedo nas mãos do velho.

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Olá, eu sou o Glauber1907!

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