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Heitor, que estava no chão, urrou de dor, enquanto o velho General, que era a causa disso, mantinha um olhar com olhos arregalados e sem emoção, como se não se importasse.

Fernando levantou-se, com o corpo tremendo, então começou a caminhar em direção a Karol, que desceu do seu lobo, indo ao seu encontro. Ele não estava interessado em como essas pessoas se resolveriam.

“Espere.” O General disse, com uma voz áspera, fazendo o jovem Tenente imediatamente parar seus passos. “Você, quem é você?”

O jovem pálido travou ao ouvir a indagação, mas manteve-se calmo. Então virou-se de frente para o homem, com um rosto inexpressivo.

“Meu nome é Fernando Nobrega, Tenente do Batalhão Zero.” disse, de forma respeitosa.

“Eu não perguntei isso, quero saber quem realmente é você.” Ao dizer isso, uma pesada pressão caiu sobre o jovem e sua esposa, que estava próxima. Ambos sentiram como se seus corpos tivessem ficado dezenas de vezes mais pesados, fazendo-os se ajoelhar. “Aquele último ataque, um mero Tenente como você, que foi promovido sem ter os requisitos necessários, não deveria ser capaz de fazê-lo. Então vou perguntar pela última vez, quem é você?”

Bam! Bam!

Fernando tentou se reerguer, então a pesada pressão aumentou e o atingiu com brutalidade, fazendo-o se curvar para frente. Todo seu corpo estava pesado, como se fosse feito de metal puro. Karol simplesmente desabou no chão.

Nesse ponto, o Capitão, sentindo que a pressão sobre ele cessou, levantou-se.

“Ei velho, o que está fazendo? Ele é meu companheiro de treino, não vá matá-lo.”

O jovem Tenente, que ouviu isso, sentiu um estranho amargor na boca.

Foda-se! Quem é seu companheiro de treino?! Irritado pela luta brutal que o sujeito o forçou a fazer minutos atrás.

“Não interfira! Não tenho tempo para as suas gracinhas, Heitor.” disse, com seu olhar bizarramente arregalado focando no casal.

Nesse ponto, Theodora e Ilgner sacaram suas armas, prontos para atacar. Até então haviam se segurado pelo homem ser um General, mas se o sujeito estivesse seriamente pensando em prejudicar seu líder, eles agiriam, mesmo que soubessem que seriam mortos.

Sha! Sha!

De repente, a pressão em Fernando e Karol diminuiu, os permitindo se reerguerem novamente.

“Quem é?” O General disse, olhando para o Batalhão Zero com um olhar afiado.

Logo um velho com uma longa barba branca, que apoiava sua mão no ombro de um rapaz de óculos com longos cabelos negros e barba mediana, saiu da multidão.

“Um homem do seu patamar não deveria intimidar tanto um jovem rapaz. Ainda mais usando magia de gravidade dessa forma.”

Fernando olhou surpreso, era o velho Wedsnagauer.

O General olhou de forma estranha para o homem, então olhou para suas mãos, apenas para olhar novamente para o sujeito.

“Anulação de mana… Você é um Mestre de Matrizes. Não, uma anulação tão especifica… Um Mestre de Runas. Isso é ainda mais suspeito. Porque alguém como você estaria ao lado dessa criança?”

Wedsnagauer olhou com um olhar altivo, como se não se preocupasse em ser observado pelo homem. Mas Alfie, que estava ao seu lado, sentiu o corpo do velho tremer tanto que poderia cair para o lado a qualquer momento.

“Ele é alguém que estou pessoalmente treinando, é melhor não tocar um dedo no rapaz.”

O General continuou o encarando.

“E quem seria você, em primeiro lugar?”

Ao ouvir o questionamento, o Mestre de Runas hesitou por um momento, mas ao olhar para Fernando, sua hesitação desapareceu.

“Wedsnagauer, da Guilda Solus.”

Ao ouvir essa declaração, a expressão do homem ficou extremamente surpresa.

“Um membro da Solus?! Achei que estavam todos mortos.”

O rosto do Mestre de Runas escureceu com a menção.

Wedsnagauer e o General se encararam por mais alguns segundos, então o homem se virou.

“Instrua o garoto, Heitor, temos que partir.”

Após dizer isso, o velho homem se afastou, indo em direção ao Batalhão Amanhecer.

Fernando olhou com surpresa, ao ver o General partindo. Quando o sujeito o questionou sobre a Lança de Fogo que usou antes, temeu que o segredo sobre sua Pedra de Mana seria revelado.

Pensando sobre isso, olhou para o velho Mestre de Runas, a quem não se importava muito até então. Nesse momento, ele estava realmente grato pela ajuda.

Os pensamentos diversos do rapaz pálido logo foram interrompidos, quando Heitor aproximou-se.

“Tenente Fernando, foi uma ótima luta-treino, você é realmente durão.”

Ao ouvir o termo ‘luta-treino’ a expressão do jovem ficou fria.

Luta-treino uma ova! pensou, tratando o confronto de antes como uma verdadeira batalha de vida ou morte.

Vendo o rosto frio e até um pouco raivoso do jovem Tenente, Heitor ficou levemente surpreso.

“Bem, talvez eu tenha exagerado um pouco, é um mau hábito meu. Aqui, pegue isso como compensação.” disse, movendo o pulso e tirando algo de sua Pulseira, jogando em direção ao Tenente.

Fernando reagiu rapidamente, pegando o item. Ao vê-lo em sua mão, ficou surpreso, era uma Poção Fauser Ivrat.

Heitor sorriu de forma arrogante.

“Não precisa se preocupar, não é grande coisa.” disse, de forma despreocupada. No entanto, ao ver a forma que o jovem pálido segurava a poção, com olhos de desdém, sentiu-se estranho.

“Realmente, não é grande coisa…” Fernando disse. “Não sabia que gênios da capital eram tão pobres.” falou, balançando a cabeça em decepção.

“O-o quê?” O homem negro quase se engasgou ao ouvir isso.

Deve-se saber que o custo médio de uma Poção Fauser Ivrat era de 1.000 moedas de prata. Uma quantia extremamente alta e era o equivalente a um mês inteiro de salário de um Tenente.

“Você está tirando uma com a minha cara, né? Hahahah. Se não quer, me devolva.” disse o Capitão, estendendo a mão.

O jovem pálido levantou uma sobrancelha. A verdade é que com a quantia de dinheiro que possuía, uma única Poção Fauser Ivrat não era mais algo valioso como antigamente.

“Não, eu fico com isso.” disse, de forma calma. Mesmo que não fosse algo tão útil como antigamente, ainda poderia servir para seus companheiros.

Heitor lançou um olhar de desdém em direção ao rapaz. Para ele, Fernando era apenas um caipira tentando parecer maior do que realmente era. No entanto, sua expressão mudou ao ver a próxima ação do jovem Tenente.

“Mas não preciso de esmola, eu vou comprá-la.” falou, movendo o pulso. Logo um punhado de moedas de ouro apareceu em sua mão. Então, de forma desleixada, pegou apenas uma, jogando-a em direção ao homem negro e guardando o restante de volta.

A atitude de Fernando era realmente a de alguém que não se importava com essa quantia, e o montante de moedas de ouro que acabou de guardar mostrava que não estava blefando.

Heitor tinha uma expressão chocada, até mesmo Karol, que estava ao seu lado, ficou sem palavras. Isso claramente não era o tipo de coisa que o jovem Tenente normalmente faria, mas ela sabia que seu marido estava realmente irritado e era por isso que estava agindo assim.

“Hahahahaha!”

Ao contrário do que se esperava, o Capitão, com cabelos negros trançados na altura dos ombros, não pareceu irritado ou mesmo constrangido com a atitude do rapaz pálido. 

Com um rosto calmo, aproximou-se de Fernando, fazendo-o ficar em guarda. Então, para a surpresa do jovem, o sujeito passou o braço em volta do seu pescoço.

“Escuta, depois de trocar uns golpes, algumas pessoas considerariam isso como uma forma de amizade, certo? Então que tal emprestar uma grana pro seu chapa aqui?” A expressão de Fernando ficou extremamente feia ao ouvir isso, mas quando estava prestes a dizer algo, travou no lugar ao ouvir a próxima declaração do homem. “Afinal, nós dois somos brasileiros.”

Pela primeira vez em muito tempo, Fernando sentiu-se verdadeiramente chocado. Olhando para o homem negro e sorridente ao seu lado, não sabia o que falar.

Na estrada para Meridai, as tropas de escolta da Legião Condor marchavam lentamente.

Por mais que toda a Zona Divergente ao Sul das muralhas de Meridai fossem consideradas uma zona de guerra, como estavam muito atrás das linhas defensivas, o comboio não estava mais preocupado em ser emboscado por Orcs. Ladrões e Guildas das Trevas também não seriam tolos de atacá-los, afinal, havia um General liderando-os.

Berton Tenari estava montado em cima de um Cão Negro. Os soldados ao seu redor caminhavam, enquanto logo atrás, uma carroça era puxada por dois Bulais, animais semelhantes a touros que eram comumente usados para transporte. A única diferença destes para os bovinos na Terra, eram seus quatro chifres e seis patas, além do tamanho levemente maior.

O General tinha um rosto composto, mas ocasionalmente olhava em direção a carroça. Sua expressão num misto de felicidade e maldade.

De repente, um soldado aproximou-se do homem, que como se esperasse por isso, inclinou-se para frente, para ouvi-lo. 

Após cochichar algo, o soldado afastou-se.

Depois de escutar o sujeito, o General parou sua montaria, então fez um sinal de punho, para que as tropas atrás dele parassem também.

O comboio, com cerca de cem soldados, parou seus passos. Muitos olharam para Berton Tenari em dúvidas.

Não era incomum que por muitas vezes as altas patentes parassem ou ordenassem pausas para que as tropas pudessem fazer suas necessidades ou se alimentar. No entanto, o grupo havia parado a cerca de uma hora atrás e estavam a apenas algumas horas de Meridai. Não tinha sentido fazer outra pausa.

“Senhor, algum problema?” Um Capitão disse, aproximando-se do General.

“Sim, tem algo de errado. Acredito que haja inimigos por perto.” Berton disse, enquanto olhava em volta.

O Capitão ficou surpreso, eles estavam há apenas meio dia de Meridai e os Orcs não deveriam chegar tão longe depois da limpeza que as Legiões fizeram na retaguarda.

“Onde?” disse, enquanto varria seu olhar nas proximidades.

Berton Tenari olhou para o homem, então um sorriso apareceu em seu rosto.

“Bem aqui.” disse.

Swish!

A expressão do Capitão era de horror. Tudo que ele viu foi o sorriso bestial do General, então sentiu uma dor aguda em seu peito. Caindo no chão, colocou a mão no local e viu seu próprio sangue quente jorrar como uma torneira. No fim, sua visão lentamente ficou escura, enquanto confusão e relutância o atingiam. O homem que deveria ser seu superior, havia o assassinado assim.

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