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As palavras da mulher fizeram os outros três membros do grupo ficarem surpresos.

“Você tem certeza, Subtenente?” Lenny perguntou, de forma duvidosa.

Kelly e Archie olharam para ela, aguardando sua resposta.

Theodora sorriu de forma despretensiosa e brincalhona.

“Basta ver o caminho que tomamos e todos os encontros que tivemos com os Orcs. Eles sempre circulam numa rota semelhante e independente de onde estamos sempre nos deparamos com eles naquela direção.” disse, apontando para um lado. “E daquela e daquela.” continuou, apontando para outros dois pontos.

A garota com olhos castanhos e o homem loiro se entreolharam, sem entender. Entretanto, o rapaz de baixa estatura percebeu algo. Os inimigos sempre vinham de certas áreas específicas, era como se estivessem criando uma zona de segurança e retornando.

“Todas as vezes que encontramos patrulhas, elas seguiam do Oeste em direção ao Sul, então podemos deduzir a partir da rota de patrulha que eles estão… No Sudoeste.” Lenny falou, com um rosto perplexo.

Mesmo que o homem fosse um ex-Vice-Líder de uma Guilda com alguma experiência tática em vários assuntos relacionados ao combate, jamais conseguiria deduzir essas informações a partir de fracos indícios de comportamento do inimigo, principalmente quando tinham que lutar e se esconder na mata, tornando difícil se auto localizar, muito menos entender de onde vinham ou para onde iam os inimigos.

A verdade é que o sujeito já havia realizado várias missões nas florestas da Zona Divergente, mas mesmo ele tinha dificuldade de se locomover nesse lugar a noite sem se perder, mas Theodora, alguém que veio do Norte, conseguia.

Nesse ponto o homem olhou para a Subtenente com alguma admiração. Como alguém que se considerava forte, Lenny respeitava poucas pessoas, como: Trayan, Fernando, que o derrotou, e mesmo Ilgner, após ver sua brutalidade e força no campo de batalha. Então dificilmente tinha respeito verdadeiro por outras pessoas, mas sem levar em consideração sua força, já respeitava a mulher apenas pela sua capacidade.

Para alguém ter esse nível de direção espacial, precisa ser no mínimo um gênio, ou pelo menos ter anos de experiência e treinamento intenso. pensou.

Pensando sobre a história do Batalhão Zero e que a maioria do núcleo central chegou a Avalon a pouco mais de um ano, rapidamente descartou a segunda possibilidade.

Theodora viu os olhos cheios de admiração de Lenny, somente alguém com grande experiência como ele poderia entender a complexidade do que ela havia feito.

A Medusa fingiu ignorância, afinal o que ela fez poderia parecer difícil e surreal para humanos, mas para os Elfos Negros era tão simples quanto respirar. Ainda mais para uma Meio-Elfa Negra como ela, que foi forçada a treinamentos espartanos desde a tenra idade.

Archie e Kelly conseguiram finalmente compreender depois de ouvirem as palavras de seu companheiro.

“Tudo que precisamos agora é confirmar o objetivo, as informações tem que ser precisas. Se cometermos qualquer erro e passarmos adiante isso aos Generais…” Theodora disse, com olhos calmos, mas que continham alguma frieza.

Seja nos Elfos Negros ou nos exércitos Humanos, erros que levavam a uma derrota significativa não eram tolerados. Caso cometessem algo assim, seria o fim do Batalhão Zero como um todo.

Kelly, Lenny e Archie concordaram. Eles sabiam que quanto mais próximos do acampamento inimigo, maiores eram os riscos, mas não poderiam, sob hipótese alguma, falhar.

O grupo rapidamente começou a se mover depois de decidir seu curso de operação, movendo-se silenciosamente pelas matas, em rumo ao Sudoeste.

Si! Si! Si!

Como raios negros, os quatro correram pela mata, usando a escuridão da noite como capa protetora.

Durante o dia, Lenny havia conseguido acompanhar Theodora lado-a-lado, mas a noite a mulher era como um peixe na água, movendo-se sem impedimentos, enquanto ele, mesmo com Magia de Visão Escura, não conseguia se mover com facilidade.

A Subtenente de longos cabelos negros era os olhos e ouvidos do grupo. Muito antes de qualquer outro perceber qualquer sinal de inimigos, Theodora ja havia os localizado e mudado a sua rota para evita-los.

“Talvez estejamos no caminho errado, faz algum tempo que não encontramos mais Orcs.” Archie sussurrou.

Theodora apenas sorriu ao ouvir isso.

“Estamos no caminho certo.” respondeu.

Diferente dos outros, seus sentidos eram muito mais apurados, assim como sua sensibilidade ao mana. Mesmo que Orcs fossem criaturas que em sua maioria não dominavam magias, seus corpos eram repletos de mana. Por causa disso, os sentidos da mulher eram como se fossem um detector na escuridão da noite.

Esse era um dos principais motivos para que humanos temessem tanto combater Elfos Negros a noite, pois antes que sequer os perceberem, já estariam sendo atacados.

Ocasionalmente os olhos da Medusa piscavam numa leve tonalidade prateada, sempre de forma discreta, constantemente averiguando seus arredores. Como uma Medusa, seus olhos abençoados com a magia eram ainda mais poderosos que os de Elfos comuns.

Desde que começou a seguir Fernando e a usar magia com mais frequência, treinando cotidianamente, seus sentidos e força ficavam cada vez mais apurados. As Veias de Mana Artificiais também estavam ajudando na evolução.

De repente, a mulher parou, fazendo com que os outros parassem logo depois.

“Por aqui.” disse, se movendo, ao notar um grande grupo de Orcs vindo em sua direção.

Indo para a direita, Theodora logo parou novamente, ao perceber que outro grupo estava se aproximando não muito longe. Um deles vinha do lado direito e outro do esquerdo, logo os quatro estariam cercados entre os dois.

Vendo a mulher, que até então vinha se movendo constantemente parar e hesitar, os outros ficaram em alerta. Todas as vezes que Theodora fazia isso, eram momentos em que o combate era inevitável.

Archie, Kelly e Lenny rapidamente se prepararam para lutar.

“Escondam-se, são muitos.” Theodora disse, depois de pensar um pouco.

Caso recuassem, seria difícil chegar tão longe novamente sem serem detectados pelos inimigos. Então sua única escolha era esperar que passassem.

Ouvindo isso, o grupo rapidamente se escondeu. Kelly achou um grande tronco morto, meio afundado na terra e rapidamente entrou. Apesar do receio de ser uma toca de algum animal ou besta, nesse ponto essa era a menor de suas preocupações.

Lenny e Archie entraram logo após. Depois de dar uma última olhada nos arredores, Theodora se juntou a eles.

Pelo seu nível de controle de mana e sensibilidade, não conseguia deduzir o número exato de inimigos, mas sentiu que deveriam haver pelo menos algumas dezenas.

Os quatro se apertaram dentro do tronco, que era apenas o suficiente para que conseguissem entrar agachados, e manipularam o mana em seus corpos para tentarem ser discretos e imperceptíveis.

Ta! Ta! Ta!

Logo sons de passos e ruídos soaram. No começo eram poucos, mas conforme se aproximavam, mais e mais desses barulhos ocorriam próximo e ao redor do local em que estavam.

“Izg throquurz.” (Estou com fome.)

“Gakh ob goth!” (Prestem atenção!)

Quando o grupo ouviu as vozes grossas e facilmente reconhecíveis dos Orcs, começaram a respirar devagar e da forma mais silenciosa possível. Nesse ponto eles tinham certeza que estavam completamente cercados.

Pelos passos e sons, haviam dezenas de Orcs ao redor, se fossem descobertos, todos ali morreriam.

Archie estava suando profundamente, enquanto Lenny, mesmo como alguém experiente e corajoso, não conseguiu evitar de sentir todo seu corpo tremer ao estar tão perto da morte.

Kelly, que estava mais ao fundo do tronco, sentiu seu coração palpitar fortemente. Como alguém que presenciou pessoalmente a brutalidade dos Orcs, sabia qual seria seu destino e dos outros se fossem achados. Principalmente o dela e de Theodora, que eram mulheres.

Se isso acontecer, é melhor eu… pensou, ao vasculhar o espaço de armazenamento de sua Pulseira e localizar uma adaga. Se o pior acontecesse, ela já havia decidido que cortaria sua própria garganta antes de ser capturada.

Ao contrário dos outros três, Theodora manteve-se calma. Como alguém que sempre esteve flertando com a morte desde criança, essa era apenas mais uma situação comum a seus olhos. Mesmo se ela e todos ali fossem mortos, não era sua preocupação principal. Seu objetivo central era cumprir a missão a todo custo. Esse era um dogma que estava cravado profundamente em sua mente, mesmo após trair os Elfos Negros e seguir Fernando no mundo humano, era dificil se livrar de antigos hábitos.

Pa! Pa! Pa!

Os passos continuavam ao redor, seguindo em direção ao Sul, assim como haviam deduzido antes.

Conforme os sons de Orcs e seus passos começavam a diminuir e se afastar, todos do grupo sentiram como se seus corações estivessem na garganta, ao mesmo tempo que estavam cheios de alívio.

Os olhos de Theodora de repente brilharam num tom prateado. Ao contrário das outras vezes em que disfarçou, dessa vez, naquele pequeno espaço apertado e escuro, era impossível esconder.

Lenny, Archie e mesmo Kelly estranharam a cor dos olhos da mulher ao olharem para ela, mas Theodora fingiu não notar, seus olhos estavam focados no entorno. Olhando para os lados, os borrões de mana continuavam a ir para longe, pouco a pouco se afastando. No entanto, de repente, sua expressão mudou.

Um único ponto, dentre as dezenas de borrões, parou. Mesmo com os outros se afastando, aquele único ponto permaneceu lá, estático, a uma curta distância de onde estavam escondidos. O mana que estava sendo emitido pela criatura deixou a Medusa em alerta.

Inicialmente pensou que fosse algum retardatário, mas não havia sentido para isso. Os Orcs nunca paravam quando começavam a marchar. Mesmo que precisassem fazer suas necessidades, eles apenas o faziam enquanto andavam. Isso era o quanto a hierarquia e ordens eram importantes para eles.

É quase como… pensou a Subtenente, com sua expressão vazia e gelada mudando pela primeira vez.

“Corram!” gritou, saindo apressadamente do tronco morto.

Assim que Theodora saltou para fora, um urro poderoso soou.

BOOM!

Estilhaços de madeira e terra voaram para todos os lados, enquanto um grande Orc, com mais de dois metros de altura, estava sobre o outrora esconderijo do grupo, que agora estava completamente destruído.

O rapaz loiro, que reagiu rapidamente ao grito de sua líder, estava caído no chão não muito longe, com uma expressão cheia de medo.

O homem baixinho, que saiu no último momento, tinha um rosto cheio de pavor. Se tivesse reagido um pouco mais devagar, teria sigo pego.

Theodora, Archie e Lenny observaram que todos haviam saído a tempo, mas alguém estava faltando, essa pessoa era Kelly!

Quando o grupo olhou novamente para o grande Orc, que agora olhava diretamente para eles emitindo uma aura assustadora, finalmente tiveram uma visão clara de sua cara, assim como da tatuagem vermelho-sangue em seu rosto.

Um Orc Líder! Todos pensaram ao mesmo tempo.

O Orc sorriu de forma bizarra, então levantou o braço esquerdo, o que fez a expressão de todos mudarem ainda mais.

A criatura estava segurando Kelly, que estava totalmente ensanguentada e cheia de ferimentos, por uma das pernas, como se fosse um coelho capturado.

Olá, eu sou o Glauber1907!

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