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As pessoas ali presentes estavam espantadas com o poder do ataque de Thom. O grupo rapidamente correu para checar o corpo do Ciclope.

Somente após se aproximarem, é que puderam ver com clareza. 

Um pequeno buraco perfeitamente esférico, não maior que um dedo, havia se formado na palma da mão da criatura. E também, em sua cabeça, havia outro buraco, que atravessava todo o caminho de seu olho até sair do outro lado.

Todos sabiam como o olho de um Ciclope era extremamente duro, então suas expressões mudaram ao ver como foi facilmente penetrado e destruído por dentro.

Kelly, em especial, estava sem palavras. Sua flecha com Magia de Som, na qual aprendeu a confiar tanto, não havia sequer arranhado o olho do Ciclope que ela enfrentou, mas um único ataque de Thom havia o perfurado.

Mesmo Fernando tinha uma expressão complicada ao observar o rastro de chamas que se formou no alto das árvores. Isso era algo que ele próprio não era capaz de fazer.

Esse era um dos motivos pelo qual ele tinha tanta confiança em Thom, pois esse era o mesmo ataque que havia tirado a vida de Kifon, um Tenente no ápice!

Devido ao poderoso poder dessa magia, Fernando pediu que isso fosse mantido em segredo quando estavam em Belai. Somente ele, Ilgner, Theodora e mais alguns poucos sabiam que havia sido Thom que realmente matou o líder da Guilda Fúria.

Isso aconteceu por um único motivo. Mesmo que Thom fosse talentoso, esse não era o tipo de poder que alguém com seu nível deveria ter. Então uma única resposta vinha na mente do jovem Tenente ao pensar mais sobre.

Veias de Mana Expandidas!

Por mais que alguém fosse talentoso, havia um ‘limite’ para o quanto poderia evoluir num curto período de tempo. Fernando há muito tempo percebeu que tanto ele quanto muitos dos outros, já haviam ultrapassado esse limite.

Por hora, como todos ali eram apenas pessoas de baixa patente com apenas algumas conquistas, não haviam chamado tanta atenção da Legião, mas ele sabia que se não fosse cuidadoso, isso poderia mudar muito em breve. Quanto mais tempo passava, mais os efeitos das Veias de Mana Expandidas tornavam-se visíveis.

A magia de Thom em particular era chamada de Agulha Rubra, algo que ele próprio havia criado usando da super condensação do mana enquanto treinava, convertendo-a em uma espécie de ‘Mana de Fogo’. Isso era algo diferente do que vinham fazendo ao utilizar magias desse elemento, no qual pensavam no mana como se fosse algo inflamável e o ‘acendia’.

O próprio Fernando havia tentado reproduzir isso, mas falhou completamente, sem sequer conseguir atingir o ponto de ‘Mana de Fogo’, como Thom a chamou.

Pouco tempo depois, Theodora e Ilgner chegaram, carregando, cada um, o olho do Ciclope que enfrentaram.

“Foi bem chato.” O bárbaro loiro disse, erguendo o órgão redondo em sua palma ensanguentada. “Só deu para aquecer.”

Theodora, por outro lado, tinha um leve sorriso calmo, nem parecia que havia tido uma batalha com um Ciclope momentos antes.

Todos tinham olhares inquietos ao observar os dois, principalmente depois da demonstração de força de Thom. Isso fez com que os membros mais novos se sentissem pressionados ao verem tantos monstros no mesmo Batalhão que eles.

“Tragam o restante das tropas e preparem-se para continuar. Sargento Damon, quero que sua Unidade recolha tudo de valor, você tem uma hora!” Fernando ordenou.

“Sim, senhor! Não deixaremos nada que valha uma moeda de bronze sequer.” O velho respondeu, de forma séria.

Devido a sua idade avançada, tudo que fez foi ficar de apoio durante a luta. Mesmo quando um dos Cabos morreu, não conseguiu ajudar, então sentiu que precisava cumprir com suas obrigações de forma impecável.

“Que desperdício.” Noah falou, abaixando-se ao lado do corpo do Ciclope. “Soube que o olho é a parte mais valiosa… Mas esse aqui já era.”

“Isso tudo porque um certo alguém não sabe pegar leve!” Emily disse, olhando para Thom “Se eu quisesse também poderia acabar com o olho desses bichos, mas você me viu fazendo isso? Claro que não!”

O homem, alvo da crítica, que não estava longe, coçou a cabeça, sem saber o que dizer.

“Sério?” Karol falou, com um sorriso no canto dos lábios. “Lembro de ver você atirar pelo menos umas três vezes no olho do que matamos. Não vi um arranhão sequer.”

“Cala boca, peituda, já falei que se eu quisesse, poderia fazer isso! Hum!” Então levantou a mão, a aproximando de seu rosto. “Olha, eu sinto todo esse poder correndo pelas minhas veias, é tão difícil controlá-lo…”

“…”

Muitos não puderam deixar de olhar para a pequena ruiva, perguntando-se porque ela era tão estranha.

Ronald, em especial, tinha um rosto avermelhado, como se quisesse se esconder.

Fernando observou toda a cena com um leve sorriso, mas logo seu bom humor diminuiu. Por mais que achasse que essa operação ocorreria sem problemas, no fim, ainda houve uma morte.

Isso tudo aconteceu porque ele havia subestimado demais o inimigo. As palavras que ele havia dito antes não eram da boca para fora, pois sentia o peso de seu erro.

Depois de cerca de quinze minutos, o restante do Batalhão chegou ao local. Mesmo que muitos estivessem preocupados de que mais Ciclopes pudesse aparecer, devido ao barulho da batalha de antes, no fim, nada aconteceu.

A Unidade de Logística rapidamente assumiu seu trabalho, desmembrando os corpos dos Ciclopes, um a um.

“Peguem tudo, desde o cristal, olho, coração e até mesmo seus tendões. Praticamente tudo no corpo de um Ciclope é valioso!” O velho Sargento ordenou, instruindo e ajudando os seus companheiros.

Enquanto isso, o Esquadrão de Bianco fez uma extensa patrulha, mas não encontraram nenhum indício de que o grupo maior de Ciclopes estava vindo na direção deles. O que fez todos ficarem mais relaxados.

Uma das mulheres da Unidade de Logística, usando um afiado punhal, próprio para limpar corpos de bestas, cortava com dificuldade o corpo chamuscado de uma das criaturas, abrindo lentamente a barriga. Mas enquanto fazia isso, sua expressão mudou, quando choque e medo a inundaram.

“Você está bem? Sinto que está diferente desde alguns dias atrás.” Karol falou, quando encostou sua cabeça no ombro de seu marido. Os dois estavam sentados ao lado de uma árvore, aproveitando a sombra. Eles estavam em uma área mais aberta, onde a maioria dos combates ocorrera.

Esse era um dos poucos benefícios de ser um Tenente, enquanto as tropas estavam atarefadas, andando de um lado ao outro, Fernando finalmente pôde sentar-se e relaxar ao lado de sua esposa, se abrigando.

“Não é nada, acho que é apenas o cansaço.” O rapaz respondeu, com um leve sorriso.

Após isso, moveu o pulso, retirando e bebendo uma Poção Energética, pois mesmo que não fosse tão efetivo, já havia consumido seu Tônico de Resistência, e se insistisse em usar mais, os efeitos colaterais começariam a afetá-lo.

Karol virou seu rosto, o encarando em silêncio.

“Tem certeza disso?”

Apesar de sentir uma certa irritação na voz dela, Fernando confirmou.

“Claro.”

Como se estivesse olhando no fundo de sua alma, ela continuou o encarando, o que deixou o jovem ainda mais desconfortável e até fazendo-o engolir seco.

“Eu não gosto quando você mente para mim.” disse, levantando-se. Então colocou ambas as mãos na cintura, o olhando com um olhar de reprovação. “Se você não me falar, não vai rolar nada essa noite!”

Após dizer isso, a mulher saiu bufando.

Fernando viu tudo aquilo com um olhar confuso no rosto.

O que eu fiz de errado? perguntou-se, sem entender.

Ao lado, dois dos soldados do Quinto Pelotão viram e ouviram toda a cena que se desenrolou com rostos estupefatos, sem saber como reagir. 

Aquele era mesmo o temido Tenente do Batalhão Zero? O sujeito que colocava medo em qualquer um com apenas um olhar? O homem que nunca sorria, e mesmo quando matava alguém não tinha uma única mudança de expressão. Essa mesma pessoa estava sendo repreendido por uma mulher que era mais fraca que ele?

Os dois até pensaram que o Tenente talvez não fosse tudo aquilo que os rumores afirmavam, mas esse pensamento durou apenas um instante. Quando viram o olhar frio e sem emoção do jovem pálido, um arrepio rapidamente subiu a partir de suas espinhas.

“Er… A Oficial Kelly nos mandou fazer a sua proteção, Tenente, desculpe interrompê-lo.” Um dos homens disse, com a voz trêmula.

No entanto, o rapaz continuou os olhando com o seu rosto inexpressivo e assustador que emitia uma estranha frieza, sem sequer piscar.

“T-tenente…”

“…”

Ele vai nos matar! Os dois homens pensaram ao mesmo tempo. “Nos desculpe, estamos de saída!” disseram, saindo em disparada.

O que os dois homens não sabiam é que Fernando realmente não estava os observando. Sua mente estava em transe, focada no que havia acabado de acontecer.

Sério, o que eu fiz de errado?

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