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Com olhos semicerrados, Bianco olhou a paisagem a partir do topo de uma colina. Em todas as direções havia árvores gigantes cobrindo a visão, com exceção de uma única área, onde uma grande clareira foi formada.

“Mas que merda é essa?” perguntou-se, sem entender o que estava acontecendo.

Aquele local estava a uma curta distância do ponto de encontro das Tropas Exploratórias, e também era o lugar mais perto de Garância que poderiam se aproximar.

Devido a isso, espalhou muitos batedores na região em busca das patrulhas Orcs, chegando até mesmo a usar tropas de outros Esquadrões para garantir a segurança do local. Mesmo sendo apenas um Cabo, suas habilidades de rastreamento e detecção estavam entre as melhores do Batalhão.

Inicialmente, eles imaginaram que as patrulhas haviam recuado após detectar o exército de Wayne e estariam se preparando para levantar defesas na região, mas ao ver a clareira, não pôde deixar de ficar perplexo.

Bem diante de seus olhos, um local, que deveria ter um gigantesco acampamento Orc sendo a última resistência antes da cidade, estava completamente vazio.

“Abandonado?” Fernando perguntou, com um olhar surpreso, ao receber o relatório. Os outros também tinham expressões complicadas.

“Deve ser uma armadilha, não há como recuarem tão facilmente.” Trayan disse, com convicção.“ Mesmo que tenhamos ganhado algum tempo depois da última vitória, já devem saber que o exército está próximo. É provável estarem se preparando para uma batalha de guerrilha.”

Mesmo que não fossem bons em se esconder, Orcs eram ótimos guerrilheiros. Caso se espalhassem pela região, usando a floresta, causariam uma dor de cabeça aos Humanos. Trayan, como alguém experiente, sabia muito bem disso.

“Não, é diferente.” Ilgner falou, balançando a cabeça. “Orcs são orgulhosos. Mesmo que soubessem que seriam derrotados, eles não abandonariam um acampamento como esse sem alguma resistência.”

Apesar dos Dobats não serem tão corajosos e imponentes como os Marauders, ainda, sim, eram Orcs. Como uma raça que vivia de invadir e saquear, a guerra estava em seu sangue. Fugir antes mesmo de ver a sombra de seus inimigos não era algo que normalmente fariam.

Noah, Gabriel, Archie e Kelly tinham expressões estranhas. Desde antes da Vila Rosina, o número de Orcs estava cada vez menor, como se estivessem aos poucos batendo em retirada.

Inicialmente, Fernando acreditou que isso ocorreu por estarem fora do curso e o inimigo não espalharia suas tropas para tão longe, mas agora percebeu que não era o caso. Mesmo após saírem de Rosina e se aproximarem de Garância, mais ou menos retornando a rota original, ainda não havia rastros do inimigo.

Os Orcs eram poderosos e causavam pavor em muitas pessoas, mas a maioria ainda conseguia reunir coragem para enfrentá-los. 

Isso acontecia porque, mesmo que eles fossem fortes e guerreiros assíduos, seu intelecto era muito inferior ao dos humanos e poderiam ser lidos facilmente. Então encontrar-se com uma situação e modo de agir fora do padrão, fazia com que todos ficassem ansiosos. Nada era mais assustador do que um inimigo imprevisível.

Fernando tinha uma expressão complexa. Por mais que estivesse receoso, sabia que não poderia perder tempo com hesitações.

“Vamos para o ponto de encontro. Aumentem o número de batedores em todas as direções, se algo acontecer iremos recuar.” disse, depois de pensar por algum tempo.

O local que havia sido designado para as Tropas de Exploração se reunirem ficava a apenas poucos quilômetros de onde estavam. Chegar ao lugar e garantir a segurança da área era a prioridade.

Os outros assentiram e rapidamente saíram após receberem suas ordens.

Movendo-se pela mata densa, Leo avançou junto ao seu Esquadrão. Seus olhos sempre se mantinham observando ao redor de forma cautelosa.

Diferente de quando estava em Vento Amarelo, onde se irritava e costumava agir de forma imprudente a todo o momento, o homem parecia muito mais maduro e contido.

Depois de lidar com tantas missões de patrulha e lutar inúmeras vezes com Orcs e outras criaturas, liderando e perdendo companheiros, o homem havia aprendido a controlar melhor suas ações.

Fazendo um sinal com a mão, indicou que dois soldados descessem para uma área aberta, próxima a um pequeno córrego, e checassem a situação.

Apesar de hesitantes, os dois homens seguiram as ordens, esgueirando-se por entre as árvores e começando a descer o barranco. No entanto, antes que conseguissem dar mais que alguns passos, um assobio agudo foi ouvido.

Swish!

“Ah!!!” Um dos Soldados foi ao chão, quando uma flecha perfurou sua coxa esquerda, fazendo-o cair para o lado, uivando de dor.

“Contato inimigo!” Leo gritou, alertando todos, enquanto saltava sobre a folhagem em direção ao que foi atingido e, junto do outro homem, pegou o Soldado ferido, arrastando-o para se abrigar atrás de uma árvore.

Perfura! Perfura!

Duas flechas chegaram logo em seguida, atingindo o solo negro onde estavam um segundo antes.

Os Soldados que estavam acima ficaram impressionados com seu líder, que agiu sem hesitar.

“Que porra! Desde quando esses malditos usam flechas?” O Cabo de cabelo castanho resmungou irritado, segurando o seu subordinado atingido.

O outro Soldado começou a arrancar a flecha da perna de seu companheiro, enquanto o mesmo gritava de dor. Só após a remoção, ele poderia beber uma poção.

“Líder, já avisamos o Oficial Archie. Eles disseram para mantermos nossa posição, logo estarão aqui.” disse, um dos Soldados que estava mais acima, ainda atrás das árvores.

No momento, apenas Leo e dois de seus homens estavam mais abaixo do barranco, o resto do Esquadrão estava acima. 

Eles estavam numa situação complicada, já que não esperavam se encontrar com arqueiros. Caso se movessem para tentar subir, ficariam desabrigados e seriam alvos fáceis de quem quer que esteja os alvejando.

Para piorar sua situação, como costumava estar sempre na linha de frente, seu Esquadrão não tinha arqueiros, logo não poderiam dar suporte.

“Merda.” disse, tentando espiar a situação do outro lado do córrego. Porém, assim que colocou a cabeça para fora, uma flecha passou voando a centímetros de seu rosto. “Caralho, filhos da puta!” gritou, com o susto que levou.

Enquanto seu coração batia rapidamente, respirou fundo, tentando se acalmar. Mesmo que tenha sido por apenas uma fração de segundos, ele havia tido uma visão do atirador do outro lado, e para sua surpresa, definitivamente não eram Orcs, mas Humanos!

“Aí, seu desgraçado, quando eu te pegar, vou acabar com sua raça!” gritou em plenos pulmões, quebrando o estranho silêncio da floresta.

Entretanto, nenhuma resposta veio do outro lado, fazendo com que Leo franzisse a testa. Eles estavam em guerra contra Orcs, não havia motivos para outros Humanos os atacarem.

“Vocês têm muitos culhões para atacar membros dos Leões Dourados!” gritou novamente, tentando obter alguma reação de quem quer que fosse.

Depois de alguns momentos de silêncio, ele estava prestes a dizer mais alguma provocação, mas uma resposta finalmente chegou.

“Você mente, não há tropas dos Leões Dourados na direção que vocês vieram.” 

Ouvindo isso, Leo ficou surpreso. Se fossem pessoas totalmente hostis, não teriam se dado ao trabalho de responder.

São aliados? pensou, imaginando porque haviam atacado se estavam do mesmo lado. Mas ao pensar por um momento, logo entendeu.

Pelo que havia ouvido falar, Fernando tinha ordenado que se movessem por alguns pontos fora do percurso original, fazendo com que o Batalhão Zero chegasse de uma direção diferente da que originalmente deveriam estar.

Depois de finalmente entender isso, o homem percebeu que tudo não havia passado de um engano.

“Eu me chamo Leo, um Cabo do Batalhão Zero, isso é um mal-entendido. Em alguns minutos o Oficial do meu Pelotão vai estar aqui, então que tal parar de tentar me matar?”

“Batalhão Zero?” A outra parte pareceu ficar surpresa depois de ouvir isso. “Apareça e me mostre sua insígnia então.”

“Nem fodendo!” O Cabo gritou de volta. Mesmo que achasse que eles eram aliados, não estava disposto a arriscar virar um alvo de treino. “Sai vocês daí.”

Ouvindo isso, a outra parte ficou em silêncio. Isso fez com que o Soldado que não estava ferido, ao lado de Leo, hesitasse.

“Líder, talvez devêssemos fazer como eles dizem.”

Leo olhou para ele com um olhar irritado.

“É? Então sai você. Se ainda estiver vivo depois de dez segundos, eu acredito neles.”

“Isso… Líder, eu tenho uma esposa, já você…”

“O quê? Tá dizendo que eu tenho que morrer só porque não tenho esposa? Seu desgraçado! Eu vou acabar com você antes deles!”

Os membros do seu Esquadrão, que estavam acima, escondidos entre as árvores, tinham expressões complicadas.

Mesmo com um dos seus homens ferido e numa situação como essa, seu líder ainda conseguia ser cabeça quente às vezes.

Enquanto os soldados pensavam em como ajudar seu Cabo, uma figura surgiu das sombras, silenciosamente, entre eles.

Quando um dos Soldados virou-se, viu uma mulher de longos cabelos negros e pele branca bem ao seu lado, fazendo com que ele congelasse no lugar.

“Esse idiota não muda.” A voz feminina soou, de forma brincalhona.

O Soldado estava prestes a dizer algo, quando, sem aviso, a figura saltou em direção ao barranco.

“Não, é perigoso!” disse, mas era tarde demais. Com maestria, a mulher deslizou pela terra molhada.

Leo e os Soldados ficaram surpresos quando viram alguém pulando em direção a eles.

O grupo do outro lado da margem também ficou chocado com isso e apressadamente disparou várias flechas, mas como se esperasse por isso, a figura que tinha cabelos negros desviou e bloqueou com facilidade.

Swish!

Leo sentiu um arrepio quando seus olhos se cruzaram com a pessoa que veio os ajudar. Não era outra se não, a mulher que ele seguiu um dia, aquela que ele admirava, desejava e, ao mesmo tempo, sentia um leve ressentimento, Theodora!

Como se estivesse zombando dele por nem conseguir resolver esse tipo de situação simples, ela sorriu com desdém ao passar por ele.

Thing! Thing! Thing!

Como um raio, Theodora desceu o barranco, enquanto se defendia das flechas com sua espada e uma adaga.

Após isso, todos os membros do Esquadrão, incluindo o próprio Leo, ficaram atônitos, enquanto ouviam o barulho de luta e os gritos de dor que vinham daqueles do outro lado.

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