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Mesmo que não fosse um especialista em detecção ou não possuísse alguma Característica dessa natureza, Fernando atualmente era um Tenente em pleno direito, sua audição, olfato, visão, tato, cada um dos seus sentidos era muito mais apurado que a percepção sensorial normal das pessoas comuns. Para uma pessoa conseguir se esgueirar até seu escritório e chegar atrás dele sem que o mesmo percebesse, não poderia ser alguém normal!

Pelo canto dos olhos, ainda sem se mover, o jovem Tenente observou a janela entreaberta e logo entendeu. Então, sem hesitar, virou-se, de forma abrupta, chamas acendendo em sua mão, ele estava pronto para disparar algumas Flechas de Fogo no invasor.

“Acalme-se, Tenente Fernando.” A voz disse, num tom calmo e sereno.

Assim que se virou, o rapaz finalmente pôde ver o rosto da pessoa que havia adentrado e ficou completamente surpreso, não só isso, como sentiu algo estranho no mana do ar, as magias acima de sua palma logo dispersaram, como se nunca tivessem existido.

“Eu só vim para ter uma conversa franca, Tenente.” A pessoa disse, com um sorriso calmo, enquanto movia a base da palma em direção a seus óculos, ajustando-o em seu rosto. Este não era outro senão Alfie Caiman, o Assistente de Wedsnagauer.

Olhando para a sua mão, onde agora não havia mais sinais das Flechas de Fogo, o rapaz ergueu seu rosto, encarando o homem com uma expressão calma, mas, ao mesmo tempo, fria e ameaçadora.

O que foi isso? pensou, de forma desconfiada.

“Ah, você deve estar se perguntando o que fiz agora, ou como entrei aqui, certo?” Alfie disse, com um sorriso simpático, enquanto dava alguns passos, contornando o jovem Tenente de forma despreocupada. “Como você deve saber, as pessoas, principalmente os Magos, costumam sentir o mana ao seu redor a todo momento e é assim que normalmente detectam ameaças. A maioria faz isso instintivamente, sem se aprofundar ou entender esse sentido, afinal é algo que pessoas como você, que vieram de fora de Avalon, não estão acostumadas e tem dificuldade de entender a princípio.”

Enquanto o homem falava e caminhava pelo escritório, Fernando manteve seus olhos fixos nele, como um falcão. Apesar de até então o considerar um aliado, por receber sua ajuda na batalha anteriormente e ser aprendiz do Doutor, ele não pôde baixar a guarda, afinal não sabia quais eram as intenções do sujeito.

“Antes de entrar ativei uma pequena Matriz, com Runas de Ocultação, Refração, Sobreposição e claro, como você também é um Usuário de Habilidades e deve ter sentidos afiados, também tomei o cuidado de colocar uma Runa Inodora.” Alfie disse, parando de andar e se recostando próximo à janela, por onde havia entrado. “A Runa de Ocultação e Refração me abafa os ruídos e me camufla ao ambiente, respectivamente. Enquanto a Inodora, como o próprio nome diz, disfarça o cheiro, mas a mais importante dessas, é a de Sobreposição, que quando usada no mana do corpo, faz o aspecto deste ser incrivelmente semelhante ao mana ambiente. Você entende onde quero chegar, Tenente Fernando?”

O jovem rapaz não respondeu imediatamente, enquanto o observava, de forma desconfiada. Apesar disso, entendeu que ele também não estava ali para prejudicá-lo.

Alfie havia entrado ali sem que ninguém o notasse, incluindo ele próprio e Sanjo, que era um Mago de Cura Avançado. Não só isso, mas ele havia, de alguma forma, dispersado a mana de sua palma, desfazendo suas Flechas de Fogo. O que significava que, caso ele quisesse, poderia facilmente tê-lo matado e ido embora, sem que ninguém percebesse.

“Qual o significado disso, senhor Alfie?” perguntou, de forma séria. “Não acredito que você queira me matar, então o que exatamente quer?”

Ouvindo a indagação, Alfie suspirou levemente.

“Você não entendeu, Tenente Fernando. O que estou tentando lhe mostrar é sobre o quão incrível e nobre o campo de Runas é. Com apenas uma Matriz básica, composta de quatro Runas manipuladas previamente, eu consegui chegar até você sem dificuldades. O Campo de Runas é uma área que pode ser extremamente poderosa para aqueles que são habilidosos, ou algo inútil para aqueles que são medíocres.” Alfie falou, de forma jubilosa, sorrindo. “Sinceramente, eu nunca tinha visto pessoalmente alguém com um potencial tão monstruoso para as Runas como você e entendo o porquê do Doutor o apreciar tanto a ponto de torná-lo seu aluno. Mas a questão é, você é realmente digno de tal privilégio?”

O jovem Tenente ficou em silêncio, ele não entendeu o que o homem queria dele ou seu objetivo com essas perguntas, mas seu olhar firme mostrava que não se intimidaria. Não importa que tipo de resposta o sujeito quisesse, tudo o que importava era o que ele realmente achava.

“Se sou ‘digno’ ou não, eu não sei e muito menos me importo. Mas eu fiz um acordo, uma promessa com o Professor Wedsnagauer e irei cumpri-la, independente da sua opinião sobre mim.”

Alfie Caiman ficou levemente surpreso ao ouvir isso, não só o rapaz não estava intimidado, como até o enfrentou. Vendo isso, ele sorriu, com calma, levantando seu óculos novamente, ajustando-o no rosto.

“Sabe, tenho muita inveja de pessoas como você, como a Cabo Emily, mesmo sem qualquer esforço, sem qualquer dedicação na área ou sacrifícios, o Doutor decidiu ensiná-los. Não só isso, como até mesmo o aceitou como aluno. Antigamente, eu precisei insistir por mais de três longos anos para que o Doutor apenas me aceitasse como seu Assistente. E hoje, muitos anos depois, ainda permaneço como tal. Você é um homem de sorte, Tenente Fernando, espero que você entenda isso e aproveite essa oportunidade e não o decepcione.” Alfie disse, olhando-o nos olhos, nesse momento seu sorriso simpático já havia sumido.

Mesmo sem explicações adicionais, apenas pelo olhar do sujeito, Fernando sabia o que Alfie estava dizendo e o que estava sentindo. Por algum motivo o homem estava com inveja dele, seus olhos mostravam que cobiçava estar em seu lugar, deixando-o com um estranho sentimento sobre essa situação. Ao mesmo tempo, também pôde sentir uma genuína preocupação em relação a Wedsnagauer.

“Hahaha, eu estou apenas brincando, foi uma piada, vamos deixar essa conversa estranha de lado.” disse, mudando de assunto e voltando a sorrir. “O Doutor me enviou para transmitir uma mensagem. Os preparativos estão prontos.”

“Preparativos?” Fernando perguntou, intrigado.

“Isso mesmo. Nós solicitamos a permissão de uso do armazém do subsolo a Subtenente Theodora e ela prontamente nos cedeu. Agora temos tudo pronto para o seu pedido.”

O jovem Tenente estava prestes a questionar do que o sujeito estava falando, quando se lembrou do acordo que fizeram no dia em que ele prometeu tornar-se aluno de Wedsnagauer. O Mestre de Runas havia concordado em ativar a Pedra de Mana bruta que ele havia ganhado de Heitor.

“Você deve vir hoje à noite ao armazém no subsolo, estaremos te esperando, Tenente Fernando.” Alfie disse, caminhando em direção à porta, quando deu um sorriso e fez uma saudação ao abri-la para sair.

“E-ei, o que você… Desde quando entrou aí?” gritou um Soldado do lado de fora, alarmado e confuso, ao ver Alfie saindo de forma tranquila.

Permanecendo no escritório e ouvindo a confusão lá fora, o jovem Tenente sentou-se, suspirando.

O quão forte esse cara é? pensou, ao lembrar de como ele desfez sua magia sem esforço algum.

Desde o início, Fernando sabia que tanto Wedsnagauer, quanto Alfie, não eram pessoas comuns. Afinal, se fossem, ele duvidava que Ferman teria se dado ao trabalho de colocá-los no Batalhão Zero.

Apesar disso, somente depois da batalha, quando ele viu o que Alfie fez com as Balistas e agora novamente, ao presenciar pessoalmente suas capacidades é que ele pôde entender um pouco de sua força.

Normalmente não seria um problema, já que Wedsnagauer era seu professor, e seu Assistente ser tão forte também era bom para ele. Mas depois do ‘aviso’ que recebeu, não pôde deixar de se sentir desconfiado do homem.

Porém, ao mesmo tempo, teve que admitir que tudo que ele havia mostrado era realmente fascinante. Quanto mais ouvia sobre Runas e Matrizes, mais seu interesse era picado a respeito.

Olhando para os papéis sobre a mesa, com várias propostas péssimas, o rapaz os jogou de lado, sem ânimo para continuar depois desse incidente.

Naquela noite, enquanto a maioria do Batalhão Zero estava descansando, Fernando caminhou pelos corredores, em direção ao armazém do subsolo.

“Tenente!” Um dos Soldados disse, saudando-o, ao passar por ele.

Em resposta, Fernando apenas assentiu, com educação.

Para onde ele vai a essa hora? O homem perguntou-se mentalmente. De repente lembrou-se de alguns rumores que os soldados espalhavam às vezes, alegando que o Tenente, apesar de ser casado com a Cabo Karol, também tinha um caso com a Subtenente Theodora. 

A base sobre esses rumores era devido a como a Subtenente agia tão submissa quando estava em sua presença, mas era tão feroz quando ele não estava por perto.

Talvez ele esteja indo para o quarto dela? pensou, deixando sua mente divagar, imaginando as silhuetas da mulher, mas ao recordar-se dos castigos e treinamentos infernais que a mesma passava, rapidamente abandonou esses pensamentos. Então lembrou-se de algo, o que aconteceria com o indivíduo que ‘descobrisse’ sobre o caso dos dois? Só de pensar no que a Subtenente faria com a pessoa, o fez sair imediatamente daquele lugar, abandonando sua patrulha naquela área.

Sem sequer imaginar o que se passava na cabeça do Soldado, Fernando caminhou calmamente, logo chegando à porta do Armazém.

Assim que tocou na maçaneta, o jovem Tenente sentiu uma sensação semelhante a um leve choque, que percorreu desde a ponta de seus dedos, até seu braço, o que o fez recuar instintivamente.

O que foi isso?!

Enquanto se perguntava, a porta fechada subitamente abriu-se, liberando uma luz forte.

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