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— Inacreditável… O combate foi encerrado rapidamente! Após meros vinte e quatro segundos, três golpes, o vencedor é Sir Sigmore!! — anunciou Clifford.

— Inacreditável é o caralho — reclamou Dimon. — Todos sabíamos deste desfecho.

O agente estalou a língua em raiva.

Theo continuava perplexo, tentando entender fundamentalmente o que aconteceu no confronto. Como estava distante, ele não conseguia ver todas as ações com facilidade.

Tendo despertado a essência recentemente, Theo conseguiu ver um comportamento divergente na aura de Sigmore. Na verdade, o que mais surpreendeu foi ver que Sigmore tinha uma aura.

Olhando para a própria mão, Theo conseguiu enxergar uma fina camada de energia vermelha ressaltando suas veias de chakra: sua essência, a primeira forma e mais fraca de uma aura. No entanto, olhando para Sigmore, Theo conseguia notar não somente uma aura qualquer, mas sim algo que foge do padrão.

Normalmente, a aura padrão se prende às veias de chakras, exaltando por sua pele e destacando todos os núcleos de um desviante. Contudo, em Sigmore, assim como em Luanne, a essência escapa para além do domínio físico.

Já a cor da aura de Sigmore, é um dos três estágios intermediários: amarela, a aura mental e da intuição.

“É lindo…” pensou, se referindo à aura de Sigmore.

— O subtenente exagera, né? — comentou Heimdr, sarcasticamente. Se referindo ao tumulto generalizado. 

Sigmore já estava ao lado deles, Theo não percebeu por estar tentando entender o que realmente houve.

— Muito — retrucou Sigmore.

Os dois agentes trocaram um toque de mãos.

“A presença dele aumentou…” Ivan sentiu-se intimidado. “Por que Theo está tão agitado? Ele consegue ver algo que eu não estou vendo?”

— O que o senhor fez… — iniciou Theo. — Que técnica é aquela?

Dimon, Sigmore e Heimdr olharam para Theo, franzidos e perplexos. Sigmore sabia que, mesmo novo, Theo já havia iniciado o processo da essência, visto que se encontraram ainda ontem. Contudo, o que deixou Sigmore impressionado, foi o fato de Theo já conseguir acompanhar a aura dele.

— Por um momento, havia me esquecido que você despertou sua essência recentemente… — comentou Sigmore. — Bom, de toda forma, esta é uma técnica do grau cinco.

Liberando sua aura pelo corpo, Sigmore esbanjou uma quantidade enorme de ki, a energia que cria nossas almas, e claro, também as auras.

— Dimon, dê um leve soco em mim — ordenou Sigmore.

Ficando frente a Sigmore, Dimon desferiu um soco sem força ou velocidade no peito do líder de seu esquadrão. Com a mão esquerda, Sigmore repetiu o movimento do subordinado.

— Entendeu?

Os olhos de Theo se arregalaram quando ele processou o que aconteceu. 

— Faz de novo, tenho dúvidas — pediu Theo.

Repetindo o mesmo movimento, Theo analisou cada detalhe e entendeu como aquilo funcionava.

— Fomos avisados que o subtenente Cassidy ficará bem. Por isso, a terceira rodada do dia começará! — anunciou Clifford.

— Entendi! — exclamou Theo. — No instante em que a energia do carinha entrou em contato com a sua aura, ela reagiu ao ataque. Estou certo?

— Acertou a base comum — disse Sigmore. — É um efeito de ação e reação, mas também existe o de atração e repulsão. Na verdade, existem centenas, mas essas são as principais técnicas. No momento em que uma energia diferente da sua entra em contato com a sua aura, ela reagirá à ação sozinha, sem nenhum esforço seu. O único problema da técnica que utilizo, é que só consigo contra-atacar golpes que estejam dentro da minha força. Ou seja, se alguém for mais forte que eu, o contra-ataque não funcionará.

“Funciona como um refletor…” pensou Theo.

— Caso não tenha entendido, estude a lei das três cargas de energia que entenderá como funciona. 

— Theo, tente não se esforçar — disse Heimdr, colocando uma atadura na queimadura de Theo. — Preciso que fique com essa atadura pelos próximos dois dias. Não será possível curar a cicatriz, porém, evitará bolhas e um dano maior. Já você, Ivan, necessita apenas passar esse gel na região do impacto que está tudo bem. Vou anotar o nome de onde poderá comprar.

— Obrigado — agradeceu Ivan.

— Theo, tenho uma dica — disse Sigmore, chamando Theo.

Ambos caminharam até fora do clube de lutas, na calçada frente a zona comercial de Fulmenbour. Tocando no ombro não machucado de Theo, Sigmore comentou:

— Minha dica é: treine sua essência ao máximo. Se a treinar da forma correta, conseguirá se curar e anular as dores com mais facilidade.

— A essência tem essa capacidade? — indagou Theo.

— Sim. Basta apenas se concentrar no objetivo que tudo é possível. Eu até recomendaria que você batalhasse mais vezes hoje, porém, com essa queimadura…

— Voltarei quando estiver bem, e lutarei contra você.

— Tem certeza?

Assentindo que sim, Theo acrescentou: — Quero entender essa técnica de aura. Preciso compreender como funciona para derrotar uma pessoa.

— Saquei, saquei. Então, tenho algo a te pedir… — Vendo Ivan e Heimdr saírem do clube, Sigmore descartou o que ele iria falar. — Se concentre na cicatriz, assim como falei.

— Certo… — retrucou Theo, desconfiado.

Distante, Heimdr apontou para uma farmácia e deu algumas informações a Ivan. O garoto assentiu, concordando com as palavras do curandeiro e agradeceu curvando levemente a coluna.

— Theo, vamos? — exclamou Ivan, seguido por uma indagação.

— Até mais, Lumen — despediu-se Sigmore.

— Até, agente de grau cinco! Para onde vamos agora? — exclamou para Sigmore, posteriormente cochichou para Ivan.

— Comprar o que Sir Heimdr me indicou. Após isso, aonde irá?

— Descansar, de novo. Recomendação do Sir Sigmore.

Ivan balançou a cabeça antes de se virar para a rua comercial.

Oficina de Vulcanus, forja de Aiden

Antony se encarou num espelho, coberto por um avental de couro. Com uma máscara em mãos, ele suspirou profundamente.

“Tudo bem, Tony. Foi para onde você quis vir, então, será aqui. É só respirar e trabalhar…” pensou.

Se virando, Antony encarou uma porta de madeira e se mostrou nervoso antes de abrir.

— Vamos, princesinha. — A voz rouca de Aiden chamou do lado de fora.

Antony abriu a porta e saiu do cômodo pequeno em que estava. Ao abrir a porta, ele se deparou com uma enorme indústria, com esteiras levando pedaços de metal para todos os lados.

— Me siga. Temos espadas para fazer.

Seguindo o rei dos anões, Antony esbarrou em outros ferreiros pelo caminho. Cada um exercendo suas funções nos devidos lugares, trabalhando em uma imensa harmonia. Contudo, seus olhares pareciam alfinetar o ego de Antony.

— Para quem, exatamente? Posso ter acesso a essa informação? — gaguejou.

— Para os alunos. Seus irmãos encomendaram armas para a casa Windsor, contudo, William também veio com uma carta das quatro grandes ordens. Os diretores gerais encomendaram armas do mesmo nível para as competições que ocorrerão daqui a cinco meses.

— Então… armas fracas?

— Nem tanto. Eles encomendaram armas fortes, porém cegas, para que não se matem nos combates. Pediram ao menos trezentas lâminas.

— Trezentas?! — Soou frio.

— Não se preocupe. Segundo o que demonstrou, conseguirá me ajudar nisso facilmente. Disse que consegue me entregar o metal puro para a forja, correto?

— Sim, senhor!

Aiden parou em frente a um forno de têmpera, já aceso e com todas as ferramentas necessárias em cima de uma mesa.

— Começarei te ensinando sobre como forjar uma arma manualmente. Por mais que você consiga criar armas perfeitas, ainda há um defeito. Sabe me informar qual?

— É um encantamento. E é impossível colocar um encantamento sobre outro. Ou seja, não é possível criar uma espada mítica utilizando minhas armas já preparadas.

— Exatamente. Contudo, a sua geração de minério não é um encantamento. Por isso, criaremos armas com o minério que você conseguir fornecer, após isso, passaremos para um feiticeiro que encante as armas com um feitiço que não distribua dano. Entendido isto, mãos à obra.

— Criação espontânea — conjurou Antony, estendendo as duas mãos abertas para a mesa de forja.

Um pedaço enorme de aço, sem uma forma específica, tomou forma a partir da mana que escapou das mãos de Antony.

— Isso não é um encantamento? — indagou Aiden.

— Não. Foi apenas um feitiço de liberação do elemento no meu núcleo. Encantamentos dá uma propriedade ao… Espera, os dois parecem ser a mesma coisa…

— Melhor botarmos a mão na massa. Não vou fingir me interessar pelo modo como os desviantes usam a energia.

Aiden levou o pedaço de ferro até o forno de têmpera e após um tempo retirou de lá, colocando sobre uma bigorna.

— Bata com o martelo — ordenou o rei dos anões.

Manualmente, Antony pegou um martelo de forja em mãos e começou a martelar o ferro esquentado. Martelando até o aço esfriar, Antony devolveu o minério até o forno e realizou o mesmo processo diversas e inúmeras vezes.

Após algumas horas no mesmo processo, Antony ficou esgotado, não de cansaço, afinal, isso era apenas um exercício para seu corpo. Porém, repetir a mesma coisa durante horas se tornou entediante para o garoto.

Dando a si um momento para respirar, Antony se sentou numa pedra retangular. Colocando o martelo sob uma mesa e jogando um pano nos ombros. Buscando saliva para saciar a sede, ele encarou as máquinas dos anões.

Parecia uma verdadeira revolução industrial. Os trabalhos manuais estavam sendo substituídos pelas máquinas, intrigando Antony.

— Dei ordens para descansar? — indagou Aiden, limpando o suor do rosto.

— Desculpa. Mas… Por que somente os anões tem essas máquinas? O mundo inteiro motorizado não seria mais útil?

Aiden suspirou limpando o rosto. O patriarca foi até Antony, vislumbrando a mesma visão que o herdeiro Windsor.

— Vocês, humanos, tiveram essa chance. Há dez anos tentaram uma evolução tecnológica, porém, acabou na catástrofe que se tornou. Não os culpo, afinal, foi um ataque terrorista disfarçado pela falha. Aos poucos vocês estão retornando a sua era tecnológica.

Tentou se alongar, estalando a espinha, ombros e o pescoço.

— Mas retornarão a ser o que deveriam ser. A raça mais evoluída, a mais poderosa… É por isso que são tão temidos.

— Humanos? Por quê? Se existem tantas raças superiores… — retrucou Antony, porém, foi cortado por seu mentor.

— Humanos não são escolhidos. Diferente do que acreditam, não possuem um salvador por que são escolhidos, mas sim, porque necessitam dessa proteção. São uma raça jovem, mas, a única realmente mortal. E por serem mortais, possuem o dom da evolução. Poder alcançar pódios que nenhum elfo ou fada chegaria… Por isso os deuses olham tanto para vocês.

— Então… Nós podemos evoluir infinitamente? É isso que alega?

— Aprendeu rápido. Queria que aprendesse que o tempo passa, e as espadas não se forjam sozinhas. — Aiden puxa o pano no ombro de Antony e ricocheteia contra seu aprendiz. — Vamos! Levante esse traseiro de realeza daí! Trabalhe, rapaz!

— Eu concluí uma…

— Uma não são as trezentas. Aja! 

Bocejando e alongando as costas, Antony encarou o martelo uma última vez antes de voltar a forjar. Neste trabalho ele ficou pelos próximos meses.


Encantamento e feitiço

Como o diálogo de Aiden e Antony sobre encantamentos e feitiços pode parecer um pouco contraditório e confuso, eu deixarei essa nota para esclarecer os dois conceitos.

  1. Primeiramente; o que é feitiço e encantamento?
  2. Feitiço: conjuração espontânea da energia e/ou atributo do núcleo. Exemplo fácil; o desviante apenas dispensa energia para fora do corpo, sem necessariamente se preocupar com a forma, normalmente é apenas um feixe de energia ou manifestação aleatória do elemento.
  3. Encantamento: o ato de atribuir poder no feitiço ou um objeto.
  4. Feitiço encantado: um feitiço com forma, e além disso, uma forma de limitar a quantidade de energia disparada.

Agora, vamos para o ponto que pode causar dúvidas: Por que Antony não pode simplesmente criar as 300 espadas e evitar todo o cansaço do trabalho físico? Bom, caso tenha entendido os conceitos, ao “criar” uma espada, Antony executa um feitiço encantado. Com isso, seria IMPOSSÍVEL encantar essas espadas novamente com o encantamento que Aiden deseja; um encantamento que anule 100% do dano distribuído pela arma. Este feitiço é utilizado, em todos os casos, para eventos de combate onde não se tem o intuito de levar à morte de algum dos participantes.

Concluindo: Antony não pode criar as espadas, pois ele estaria efetuando um feitiço encantado, e quando ele gera apenas o minério bruto, está executando apenas um feitiço. Gerar algum item por um feitiço encantado e logo após tentar encantá-lo, resultaria na desintegração permanente daquele item (a espada seria desfeita e transformada em partículas de mana).

AVISO: para concluir essa nota, queria informar que estamos nos últimos 10 capítulos para o fim do volume 2! Espero que estejam gostando da história até aqui.

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