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Nota: deste capítulo em diante será narrado em terceira pessoa novamente.

O brilho intenso desvaneceu. Uma floresta e seu brilho natural surgiu diante os olhos de todos, porém, a primeira reação de todos, exceto Nihaya, foi tocar em seus próprios corpos. 

Quando foram puxados pela luz, sentiram seus corpos leves e quase inexistentes, porém, ao alcançarem a luz, seus corpos foram praticamente redefinidos. Apenas a consciência deles vagaram entre duas dimensões.

Theo pigarreou, surpreso e desnorteado. Balançando os olhos pelo ambiente, notou uma floresta comum, com árvores pequenas e uma vegetação viva. Atrás dele, no entanto, estava um poço ao qual não tinha fim.

— Genial… — disse Sara. — Quase não sinto energia…

Aidna encarou Theo dos pés à cabeça.

— Desde quando você tem esse manto?

— Eh… — buscou uma resposta quando nem ele sabia ao certo.

— Uma benção de Alunne — interferiu Selina, balançando seu próprio manto. Eram quase idênticos, exceto pelas três camadas do manto de Theo.

— Ah! Bonito.

Theo olhou para Nihaya, cerrando os olhos. Ele desejava uma explicação e agora todos queriam.

O djinn suspirou e iniciou sua explicação.

No geral, existem oito domínios inferiores ao redor de um domínio. Imagine como um sol e seu sistema solar, onde seus domínios inferiores seriam os planetas, governados por alguns Emissários de Bvoyna. 

Enquanto transitavam entre os cenários psicodélicos e aleatórios, estavam viajando entre os subdomínios. 

Com os séculos se passando, Nihaya pôde criar pontes secundárias entre os domínios, seus lugares protegidos pelo selo do gênio; lugares invisíveis e de conhecimento apenas do djinn. 

O arconte criador daquele domínio optou por essa forma de aprisionamento pois poderia separar os poderes sem colapsar. Com os poderes sendo dos Emissários, porém, teve que deixar alguns na mesma prisão de Bvoyna, além de trazer uma civilização inteira do mundo físico.

O Arconte trouxe consigo cerca de doze reinos para que pudessem povoar aquele novo mundo.

Nihaya se desculpou com Theo, já que seus pensamentos eram supervisionados por Bvoyna a cada segundo fora de seus pontos sigilosos, ele não poderia afirmar, apenas omitir. Entretanto, no domínio principal, onde a presença do poder do Arconte é onipresente, Nihaya não precisa se preocupar com o que fará; ele está sendo constantemente protegido pelo anjo.

Agora ele poderia lutar ao lado dos agentes.

O djinn, inclusive, citou que os Titãs já haviam transitado para o domínio principal. Se Theo continuasse os procurando na prisão de Zethíer, jamais os encontrariam.

Por ora, ele preferiu resumir a isto. Uma explicação rasa, porém convincente aos olhos de Theo, que ainda estava desconfortável com o djinn.

— Beleza… — disse Aidna. — Entendemos seus motivos, porém, você disse estarmos numa cópia do mundo humano, né?

— Correto.

— Então… Você tem um brasão real no peito. Deduzo que seja um membro de algum reino?

— Exatamente. Sou o general Nietsz, do império Alsuhindr. Atualmente, estou participando de diversas invasões contra os reinos de Bvoyna, visando conquistar novas terras e expandir o império ao qual sirvo.

— É uma boa apresentação — disse Theo, cruzando os braços.

— Que bom. Estou treinando ainda.

— Há quanto tempo você não dá as caras ao exército?

Nihaya processou. Era difícil dizer, já que o tempo nos domínios inferiores não se adaptava como no domínio principal. Embora não tenham poder para controlar o tempo como o criador, os Arcontes possuem a capacidade de replicá-lo em seus domínios. Isso servia adequadamente.

— Não sei ao certo, mas sei onde devemos ir. Vou esclarecer algumas coisas no caminho.

O djinn caminhou por uma estrada ao norte do poço, o grupo o seguiu posteriormente. O caminho erguido por tijolos de pedras e pequenas muralhas destroçadas emanava uma sensação fatal; guerra. A morte, o desespero e a destruição ao redor com certeza destacavam um confronto armado de tempos. As árvores já cresciam, então a estimativa seria de menos de uma década.

Theo caminhou atrás de todos, sendo o último do grupo. Carregando Aidna em suas costas, já que a druida estava cansada demais para caminhar, ele observou a paisagem adequadamente. Eles tinham certeza que estavam em um tipo de montanha, íngreme o suficiente para fazer Theo a crer nisso, mas natural o bastante para causar a leve impressão de que era apenas uma floresta comum.

Ele pensou em como seria repousar naquele lugar, já que a mana estava presente em cada canto. Enquanto caminhava, seu artefato, o colar triluna, absorvia a mana ambiente, condensava e convertia para éter automaticamente. Isso fez com que Theo fosse o único descansado no grupo, tendo em vista a batalha que tiveram com o Emissário do mundo.

Os agentes caminhavam apenas pela força de vontade e desejo de fugir do domínio, se não, eles cairiam e só acordariam noutro mês. Gradualmente, o rapaz tendeu a se preocupar mais ainda com seus companheiros. Ele já passou pelo coma de utilizar o máximo do núcleo, e sabe como é horrível a sensação de imponência. Além disso, ficar debilitado naquela situação seria assinar com a morte.

Theo esperou mais um pouco, caminhou além do dia, chegando ao entardecer onde ainda caminharam pela floresta. Esperou um local adequado, mas não encontrou. Então, ele decidiu quebrar o silêncio e falar com Nihaya, após cinco horas caminhando.

— Nihaya — chamou. — Sabe onde há um lugar para descansar? Estou preocupado com a falta de energia deles. 

O djinn se virou, perguntando a si próprio; falta de energia? Ele pensou que todos tinham técnicas de reposição, mas a realidade era infeliz. Quando olhou para os agentes, notou que somente Theo estava descansando; os olhos de todos estavam caídos, assim como suas posturas e presença.

Nihaya sequer cogitou compartilhar sua energia com todos, pois seria um veneno graças a sua intensidade; o nível de condensação e refinação da energia no núcleo do djinn poderia matar a qualquer um.

— Hum… Certo. Têm uma pequena gruta mais abaixo, vamos descansar por lá.

Eles precisaram descer apenas mais duas escadarias curtas para chegar até o local; uma gruta, ao qual parecia ser artificial pela posição pois estava perfeitamente alinhada onde o sol se pôs.

O jovem deitou Aidna no canto, repousando a cabeça da druida em sua mochila — que foi recuperada por Serach enquanto o procurava.

Os demais agentes caíram num sono profundo, inclusive Selina. A jovem seguidora de Alunne sentou-se ao lado de Theo e repousou sua cabeça no ombro do Jovem Mestre, dormindo imediatamente. Theo segurou o cansaço mental por alguns instantes antes de ceder.

Nihaya estava na entrada da gruta, embora não precisasse realmente descansar. O djinn ficaria de guarda naquela noite, e, mesmo que Theo não confiasse em suas palavras já que não tinha sua lealdade prometida, o jovem Lawrence tinha certeza da força do gênio.

No entanto, Theo estava ansioso para testar algo. Ele descartou pois não se sentiu preparado, mas sua ansiedade de adolescente para experimentar algo que possui era grande. O rapaz queria entrar no Horológio de Boreas. E assim fez; fechando os olhos e juntando as mãos, se preparou para entrar no plano espiritual.

Levantando-se pelo campo de trigo, não esperou um segundo. Conseguindo se manter de pé, ele correu em direção à torre do vento e parou somente na entrada para respirar profundamente. 

Agarrando o pulso direito, ele mexeu a mão para testar sua flexibilidade. Posteriormente, balançou o ombro pelo próprio eixo e aqueceu as pernas sem tirar os olhos do portão de entrada; ao qual já está aberto, mas não emitia luz de seu interior. A pressão que vazou quase intimidou o rapaz, se ele não estivesse tão animado para entrar.

Passando a frente com um sorriso no rosto, sentimento que ele não sentia casualmente com lutas, Theo adentrou na casa de desafios do vento norte.

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