Selecione o tipo de erro abaixo

Uma brisa natural preenchia todas as brechas do saguão do rei. O ecossistema criado eventualmente se balançava pacificamente, mas longe de simbolizar um fim do combate. Somente um zunido calmo entrelaçava a todos, sem dúvidas um mau presságio, tendo em vista que o barulho era emitido pelo totem que erguera Zethíer aos céus.

Como na antiga Guerra entre Cepheus, o rei desafiante, contra seus quinze reis inimigos, o filho do mundo, Zethíer, chegava ao campo de batalha cantarolando entre as árvores dos bosques de Nethuns. Zombando da morte, no entanto, agora a morte quem zombava do Emissário.

Isak pode não causar tantos danos fisicamente ao simulacro, mas sacrificou tudo para impedir que o núcleo de Zethíer saísse impune. Ele acreditou que aquele movimento iria impulsionar Jack e Bastien em breve.

Porém, o agente partiu sem mencionar as últimas palavras adequadas para a morte de um guerreiro.

A grama alta acompanhada de algumas árvores que envolvia o cadáver de Isak em meio aos escombros da muralha. A natureza, por fim, decidiu abraçar o aço numa última companhia antes da ferrugem chegar.

Contudo, o gelo mantinha-se conservado pela atmosfera.

Jack estava se recompondo gradualmente, recuperando a consciência enquanto seus músculos estavam dormentes pelo choque recente. A autodestruição da serpente impactou diretamente nas veias de chakra de Jack, por isso seu corpo ainda buscava recuperar-se do impacto.

Segundo após segundo, Jack partilhou a energia em um de seus dois núcleos para recuperar a posse dos músculos adormecidos e paralisados. Porém, somente três minutos depois da morte de Isak, o processo de recuperação de Jack se concluiu.

Jack tentou se equilibrar nos degraus ao qual estava jogado, porém, seu peitoral e ombros ainda estavam um pouco dormentes e incapacitados. Todavia, não apenas isso, mas o agente ficou tonto durante um momento; a luz se contorceu por seus olhos e criou distorções, onde uma breve enxaqueca lhe restou.

Quando sua visão retornou, Jack conseguiu identificar Jess, que estava sentada ao seu lado, paralisada enquanto observava o saguão. Pouco confuso, ele se virou para onde estava sendo o palco do confronto. Seus olhos travaram com o cenário.

O sol tocava o chão ao mesmo tempo que a árvore do mundo abria mais ainda seus galhos no topo. Os esporos se contradiziam, ora emanava mana, ora emanava néter, ora se colidiam. A cada segundo, as plantas se entrelaçavam mais ainda com o totem e se expandiam para novos horizontes e aos escombros da muralha.

Ao notar que os traços de energia de Isak haviam desaparecido no meio daquilo tudo, Jack desesperou-se rapidamente. No início da escadaria, Islan e Rod lutavam para tentar subir; o último estava com sua perna sangrando e machucada, pois havia sido atingido pelos destroços da muralha ainda em queda.

— Jess, ajude-os — ordenou Jack, levantando-se e descendo os degraus rapidamente.

— Tá… — disse gaguejando.

O agente de gelo saltou descuidadamente todos os degraus abaixo de si. Ligeiramente, ele passou rente aos defensores com algumas dificuldades para subir. Saltando para o primeiro destroço da muralha logo à sua frente, Jack conjurou um caminho de gelo que o seguiu para onde quer que seus pés tocassem; os rastros do elemento impulsionavam as investidas do agente.

Ele só parou quando chegou próximo ao totem. Uma mão se estendia da estrutura, pouco mais de três metros acima da cabeça de Jack. No entanto, o agente ainda estava um pouco longe: sua visão estava sendo tomada por pedaços de pedras cobertos por musgos e vinhas. O que duraria anos aconteceu em poucos minutos, todo o cenário estava coberto por estes musgos.

Jack resolveu não se questionar tanto, seria melhor continuar avançando e tirar suas próprias conclusões.

Majestosamente, alguns destroços caíram ao lado do totem formando uma porta de entrada; vinhas escapavam do topo e formavam uma cortina natural. Jack passou pela porta, espantando calmo e apressadamente as vinhas com seu braço. No entanto, somente ao tirar as vinhas de sua frente, seus olhos arregalaram-se em um desespero silencioso.

Agarrada ao totem, uma planta escandente escalava rumo ao topo, como se tivesse vida própria. Entretanto, o motivo do espanto de Jack estava num único membro agarrado na planta; uma perna cuja armadura era familiar. No primeiro contato, não lhe restavam dúvidas alguma; aquele membro decepado era com certeza a perna de Isak. Logicamente, Jack não sabia o que havia acontecido, mas presumiu antecipadamente para que não caísse em lágrimas caso achasse o cadáver.

As plantas continuavam se expandindo pelo chão, agarrando os pés de Jack e quase o impossibilitando de caminhar. No entanto, ele congelou tudo ao redor para poder caminhar acima do ecossistema. Apenas dez metros à frente, o totem iniciou um processo nada cauteloso.

Em instantes, um orbe feito pela luz do próprio sol apresentou-se em um par de mãos, levando-o em direção ao trono no topo da escadaria. O zumbido eventualmente alterou sua frequência; passando de um som abafado para algo próximo de um louvor angelical.

— Sor Jack! — exclamou Jess, tentando livrar-se das plantas que investiam contra si.

Não muitos segundos após, ela surgiu em cima de uma pedra frente a Jack.

— O que é isso? — perguntou.

— Não faço a mínima ideia. Esse coral só está servindo para aumentar meu ódio pelo ego dessa criatura…

Jess virou-se novamente para a direção do trono, onde Islan e Rod batalharam para irem o mais distante possível da escada. Em dado momento, todos ficaram em silêncio acompanhando aquela cerimônia banhada pelo céu. Por fim, o orbe de luz solar foi deixado em cima do trono, onde as mãos recuaram subitamente até desaparecerem pelo ambiente fundindo-se com o tronco da árvore. Jack estendeu o braço direito para o céu.

— Sor… Que tal atacarmos? — sugeriu Jess, sem olhar para trás.

— Esse é o intuito.

No topo da árvore, Jack materializou uma imensa espada, tal qual o tamanho ultrapassa os dez metros e a pressão congelava o próprio ar. Rangendo os dentes, o agente desceu o braço rapidamente em direção ao trono enquanto cerrou o punho, contudo, antes que pudesse interagir com seu encantamento, uma mão agarrou seu punho e o jogou para trás.

Jack tentou olhar para a direção em que foi impedido, mas ganhou um chute no estômago como resposta. Sem perceber, o agente de gelo havia sido lançado para cinco metros de seu ponto inicial, pousando totalmente confuso no chão.

Jess espantou-se por um segundo, mas sua situação piorou quando notou quem tinha o atacado tão repentinamente. Seus olhos travaram e os ombros relaxaram com a situação…

“Essa ressonância de mana é familiar…” ponderou mentalmente, massageando a região do golpe.

Parado em frente a Jack, estava uma figura ao qual ele julgava estar morto. Um homem cuja altura beira os dois metros, mas teve seus músculos desenvolvidos ao extremo, causando a leve impressão de que ele era um monstro humano apenas pelo físico.

— Isak? — murmurou Jack, o agente estava incrédulo. A presença de Isak havia definitivamente sido apagada daquele ambiente. — Não. 

Seus olhos estavam fundos, a pele ressecada enquanto uma espécie de cogumelo branco apresentava-se no canto de seu lábio. A perna arrancada de Isak estava sendo lentamente enfaixada em seu lugar, tendo vinhas como seus esparadrapos.

— Desgraçado… O que ele fez contigo?

Picture of Olá, eu sou Mirius!

Olá, eu sou Mirius!

Por problemas pessoais, o capítulo de hoje saiu atrasado e somente um foi publicado. Portanto, amanhã (sexta-feira, dia 30/08) teremos três capítulos! Nos vemos em breve, para acompanhar o fim do volume 3.

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥