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Ao entrar em contato com o chão aquecido, devido à concentração de mana e energia térmica, Bastien disparou contra Zethíer. De sua lâmina emanava os peixes Simar’ot, avançando contra o inimigo em comum de seu conjurador.

O Emissário do mundo conjurou um disco em sua mão, deslocando de sua forma original e o lançando contra Bastien; os discos rasgaram a atmosfera e vazaram pelo ambiente, dilacerando o próprio ar em uma velocidade extrema, a ponto de Bastien não conseguir acompanhar.

Porém, antes que tivesse a cabeça partida ao meio, Jess salvou seu companheiro atirando algumas lâminas conjuradas de última hora. O choque de feitiços resultou numa pequena dissipação de ambos. Com lâminas flutuando ao seu redor, Jess foi em direção a Zethíer, acompanhada por Bastien e sua ignição ativa. 

Zethíer, no entanto, não ficou parado daquela vez. Avançando contra os dois e os alcançando em poucos passos, ele desviou da lâmina de Bastien e o socou no rosto, desnorteando temporariamente o arauto de Hades. Deslizando a perna direita pelo chão, tirou o equilíbrio de Bastien e o golpeou no estômago; como resultado, Bastien foi jogado contra o chão.

Jess, por outro lado, não deixou espaço para o Emissário respirar e lançou suas lâminas contra o mesmo. Uma das lâminas cravou abruptamente no pulso direito de Zethíer, fazendo-o agonizar momentaneamente pela dor. Beneficiando-se da fragilidade temporária do inimigo, Jess desferiu uma joelhada em seu estômago, obrigando-o a cuspir sangue ao vento.

Rangendo os dentes e cerrando os punhos, Zethíer segurou o braço de Jess e a puxou para si, buscando um combate livre de lâminas. No que puxou Jess, ele aproveitou para induzir o corpo da mulher a cair contra o chão, mas para dar uma cotovelada em sua face. Rompendo a postura brevemente, Zethíer buscou criar uma circunferência de energia novamente, visando expandir noutro ataque cortante.

Entretanto, Jess impediu apenas chutando sua mão e forçando-o a desfazer o feitiço.

Montando novamente a base, Jess tentou acertar chutes e socos, que foram previamente bloqueados por Zethíer, que voou saltando pelo ar e se espremeu pelo chão para desviar. Os dois entraram num combate físico impressionante em demonstração de força e velocidade, onde cada golpe acertado era de grande impacto e interferia consideravelmente nos próximos movimentos.

Jess, por fim, esticou sua perna esquerda para trás e contraiu a perna direita, usando o braço direito para defesa enquanto preparava um soco com a mão esquerda; um soco de uma polegada.

Extraindo o máximo de mana e concentrando em seu punho ela atacou e, milímetros antes de atingir o alvo, recuou a energia no punho que retornou apenas quando o soco já havia sido executado. Por um pequeno erro de harmonia, Jess não conseguiu executar perfeitamente o golpe. Mas, ainda foi suficiente para arremessar Zethíer para trás e fazê-lo sentir uma dor nos músculos e ossos.

Recompondo-se rapidamente, antes que Jess pudesse atacá-lo no momento de fraqueza, Zethíer puxou lâminas de energia por seus dedos em cima de Jess, tornando o movimento imprevisível. Ela teve apenas um segundo para reagir e conjurar uma lâmina defensiva, mas não foi tão necessário. Os cortes a feriram apenas superficialmente.

Aquilo levou Jess a crer que Zethíer já se encontrava num certo limite, ou ele estava amenizando o gasto de energia para que durasse mais. Essa análise levou Jess a abaixar a guarda, o que a entregou de prato cheio para Zethíer.

Agarrando-a pelo pescoço, o Emissário a empurrou durante alguns metros antes de parar e levar sua perna direita para cima. Aplicando todo seu peso no calcanhar, ele caiu como uma pedra de tonelada no ombro de Jess e afundou a mulher no chão. Uma cratera de cinco metros se abriu, alguns destroços voaram pelo ambiente enquanto um impacto sonoro ecoa.

Mas, sem entregar a luta, Jess estava atenta às ações do Emissário. Aproveitando o momento mais próximo entre os dois, ela conjurou inúmeras espadas de energia em seu plexo solar. Posteriormente, Zethíer foi lançado para cima, sendo empurrado por dezenas de espadas de mana. No topo, quando, por fim, pôde fugir, ele ainda teve que lidar com algumas lâminas voando em sua direção com o intuito de matá-lo.

Quando desviou, Bastien surgiu novamente atacando com os punhos. Dez socos foram efetuados, nove deles concluíram seu objetivo. O primeiro soco acertou precisamente o rosto de Zethíer, porém, este conseguiu desviar do segundo. Seu feito não se repetiu consecutivamente; após ser atingido no terceiro soco, não conseguiu mais manter o ritmo e caiu num combo de Bastien.

Atordoado, escutou barulhos de correntes assaltarem seus ouvidos. Quando retomou sua visão turva, notou uma corrente da mesma cor das lâminas de Jess o agarrar. 

“Correntes? Então ela pode conjurar outros materiais além de espadas?!” pensou surpreso. Mas, sua surpresa foi substituída por medo e agonia.

Olhando para trás, notou o Simar’ot da ignição de Bastien tomar seu campo de vista. A lâmina de Thanatos emitia seu mais belo brilho, enquanto os olhos de Bastien transmitiam confiança e certeza de sua conclusão.

Desesperado e sem saber como reagir rapidamente, por puro impulso, ele agarrou as correntes puxando Jess para si e a balançou, invertendo as posições e fazendo com que Bastien recuasse seu corte final. Conseguindo escapar para trás e das correntes, Zethíer conjurou uma raiz que nasceu da base do mundo. No entanto, ela foi congelada antes que chegasse próximo de Jess ou Bastien.

Ao olhar para cima, viu uma chuva de espinhos de gelo caírem diagonalmente contra si. Ele não teve escolhas se não recuar novamente. Após contornar o cenário numa meia-lua gélida, Zethíer procurou recuperar sua postura, mas falhou quando Jess o chutou na costela e lançou ele a cinco metros.

Sem hesitar, eles partiram para o ataque novamente. Porém, antes que saíssem do lugar, um céu vermelho tomou cor. Uma explosão, novamente, se alastrou no topo do casulo. Contornando toda a barreira do território, chamas tomaram o céu azul, queimando incansavelmente antes de evaporar misteriosamente.

Enquanto o show acontecia, Jess e Zethíer ficaram paralisados admirando e analisando o feitiço, mas Bastien resolveu continuar atacando numa arrancada majestosa em direção ao Emissário, que veio a ser interrompida por uma raiz conjurada por seu inimigo. Bastien foi ricocheteado pelo chão.

O território de Zethíer caiu e Sara ressurgiu. Levitando alguns metros no ar, empunhou o cajado e encantou sorrateiramente. Partículas vermelhas suspenderam-se ao vento.

Um círculo de energia verde materializou-se abaixo de seus pés, demarcando uma prisão para o rei desamparado. A cada cinco metros, outro círculo se abriu, cada um maior que o anterior, soltando correntes que seguravam o Emissário no mesmo local permanentemente. Os círculos chegaram à altura das nuvens.

— Acho que esse é o sinal… — comentou Aidna, vendo os círculos atingirem sua altura no céu.

Kris se encontrou admirando muito os círculos. Em todos os seus vinte e cinco anos como agente de Vagus e seus anos estudando na ordem de Myrrdin, ela jamais havia encontrado um prodígio com talento tão puro daquela forma. Os círculos não eram apenas técnicas de barreiras comuns imbuídas em mana, eram a própria mana. Seu poder se comprimia pelo diâmetro, algo que demonstrava seu controle; normalmente, este poder vaza pela atmosfera se conjurado por desviantes comuns.

Aidna e Kris se mantinham no ar graças a uma invocação da druida com o corpo de uma serpente, porém, chegando aos dez metros, sustentava-se no ar pela sua manipulação elemental; constantemente, a serpe controlava os ventos para se manter no ar.

— Desilusão — conjurou Aidna, pondo as mãos a frente de seus seios.

Subitamente, os círculos conjurados por Kris, na luta contra o guardião, se exibiram no céu. Nove dos círculos rodearam os feitiços de Sara, enquanto o décimo se manteve no centro de todos, um pouco acima, tendo Zethíer como o epicentro.

— Andemis, mova-se — ordenou Aidna, tocando suavemente na sua invocação.

Andemis, a serpe, voou para além do décimo círculo, atingindo uma altura de invejar. Elas puderam vislumbrar as nuvens em seu dia mais limpo, aos olhos de Aidna, o mundo parecia vivo graças a mana atmosférica. O sol queimava em suas costas despidas — já que o vestido de Aidna possuía um decote atrás.

Os olhos da druida brilharam pela magia de um lugar destruído. 

— Já está tudo preparado?

— Sim — respondeu Kris. — Apenas a ordem…

Aidna olhou para baixo, amplificando sua visão como um telescópio. Zethíer estava amarrado pelas correntes de energia; ele não se movia.

“Essa criatura é… Bela.” pensou, referindo-se à energia que emanava de sua presença.

— Faça — ordenou.

Gesticulando suas mãos uma sobre a outra, ela desceu seus braços e apoiou-se nas costas da serpe.

— Despenque, Meteorito de Cem Escamas!

Os nove círculos de energia ao redor transmitiram uma ponte de energia para o décimo. O último círculo, por sua vez, consumiu a energia liberada e formou um meteoro de pura mana.

— Isso é sério?… — resmungou Sara, perplexa com a habilidade definitiva. Ela ponderou que seria uma rajada de energia maciça, mas, um meteoro?

Não era qualquer um. Um meteoro também maciço de mana, porém, com todos os atributos aplicados; desde atributos elementares a atributos que causem dano espiritual. A mana concentrou-se num único ponto, chegando ao nível de se converter em massa, criando um pequeno núcleo gravitacional no centro do feitiço.

Após segundos de um silêncio ensurdecedor, o meteoro caiu contra Zethíer, queimando a atmosfera no caminho e deixando somente um feixe de energia como registro de sua velocidade. 

Um feixe vermelho despencou do céu e gradualmente pulverizou cada círculo de Sara. Por fim, impactou-se com o chão esmagando Zethíer, que ainda tentava lutar; após ser solto das correntes, ponderou correr, mas já era tarde. Como resposta, apenas esticou os braços para cima e tentou sustentar o meteoro.

O meteoro quebrou o chão, destruindo totalmente a base da árvore do mundo e ressoando pela extensão territorial da floresta. O núcleo original de Zethíer foi atingido completamente, tendo sua barreira de ki quebrada e fazendo com que a mana vazasse pelo ambiente.

Pela pressão do impacto, destroços colossais voaram para cima e contrariam a gravidade por alguns instantes, mantendo-se no ar por segundos, estáticos, sem flutuar ou cair. No entanto, após um pequeno drama, eles caíram contra o chão novamente.

Minutos após a colisão, Jack, Jess e Sara surgiram ao lado de Aidna e Kris, flutuando pelo atributo vento da prodígio. 

— Carinha do gelo — chamou Aidna, vendo Jack caminhar pelas costas do Andemis. — Deixe-me cuidar da queimadura.

— Que feitiço foda! — exclamou Sara,  saltando para os braços de Kris.

— O meu? Aqueles círculos eram magníficos! — retrucou Kris.

— Depois te ensino. — Piscou escancaradamente, orgulhosa e com o ego inflado.

Enquanto envolvia o braço de Jack com mana, Aidna se pegou pensativa. Estava faltando alguém no local.

— Onde está o Bastien?… — perguntou à Glaciel.

— Ainda não terminou.

Aidna não se surpreendeu, afinal, Zethíer era poderoso demais para morrer com aquele feitiço, embora fosse o suficiente para dizimar um país druida completo — que, em suma, é equivalente a um dos três estados de Romerian.

Porém, incomodava o fato de Bastien ser orgulhoso o suficiente para achar que poderia finalizar Zethíer sozinho.

Após cobrir o braço de Jack com três camadas de energia, Aidna saltou para trás devido a um susto; todos nas costas da serpe sofreram do mesmo.

Abaixo do solo e do meteoro, lâminas de energia verde se expandiram a cada metro de distância para todas as direções possíveis. Halos de energia subiram para a superfície, dizimando os destroços de um caos humano feito para o bem.

Zethíer se ergueu, banhado pela própria mana enquanto sorria psicoticamente. Sua Dynamis estava completamente deformada, com a pele, antes reinvestida como cascas de árvore, deteriorando e expondo a carne viva do Emissário. Suas veias de mana estavam visíveis.

Ele gargalhou alto.

— Belo poder! — aplaudiu. — Vocês, enfim, melhoraram! Feiticeiros medíocres!

O Emissário tinha um forte preconceito com antigos feiticeiros.

— Finalmente saíram das costas do diabo e se apegaram a si próprio! Mas não irão me matar, nem ao meu pai! 

Bastien surgiu em suas costas, com a base de um corte montado e retirando a lâmina da bainha.

[Ignição; Quarta configuração, Simar’ot…]

Os peixes da morte se materializaram em sua lâmina.

‘Por que está tão desesperado para isso?’ perguntou Thanatos, o deus da morte.

Em meio ao plano espiritual de Bastien; um deserto sem fim, Thanatos era apenas uma sombra que cobria o céu.

— Uma oportunidade de lhe provar o que posso.

‘Tens certeza que é apenas isso? Então não serve para ser um espírito da morte. Você não serve para ceifador. Ceifadores não precisam provar nada a ninguém; deuses não provam sua força a ninguém.’

— Humanos provam, e eu sou um. Você não me aceita como um espírito, então aceite-me como um mortal. Apenas isso que te peço. Eu entrego minha alma a você.

‘Oh… Ficou interessante.’

Bastien soltou seu punho cerrado, esperando as condições de Thanatos.

‘Uma lâmina, um movimento, um corte e uma morte… Se você concluir seu objetivo, irei permitir que mostre-me sua capacidade. Porém, se errar… Você quem morrerá, e o Emissário continuará vivo para matar seus iguais.’

Retornando sua mente para o presente, Bastien se viu prestes a maior aposta de sua vida. A mão de Thanatos, do deus da morte, conduziu o punho de Bastien a desembainhar sua lâmina. Uma mancha negra vazou da espada que brilhou fortemente.

Em sua base, a lâmina é capaz de matar a pessoa ao decepar algum membro do indivíduo. Porém, ainda permite uma vida após a morte.

Contudo, ao ser atingido pelo “Julgamento de Thanatos”, este direito é retirado. A oportunidade de ir ao céu, inferno, da reencarnação ou ressurreição será tomada à força.

A existência morta será lançada no abismo sem o direito dos vivos.

[Ignição, configuração zero; Limbo]

Aquela era uma nova configuração até para os padrões de Bastien. Porém, foi conduzida pelo próprio Thanatos de última instância.

Enquanto Zethíer gabava-se de sobreviver a um ataque tão poderoso, ele só sentiu um frio correr pelo seu pescoço. Sua voz se calou no instante em que o fio de uma lâmina cortou o próprio véu; além do mundo físico, cortando o mundo espiritual no processo.

Um único Simar’ot vagou pelo ambiente e demarcou o fim do caminho de Bastien; que se materializou metros à frente de Zethíer.

Por sua vez, a cabeça do Emissário caiu no chão após um corte limpo. Seu corpo, no entanto, permaneceu de pé.

Bastien deslizou pelo chão e se virou contra o Emissário, cujo se encontrou sem vida desde o contato com a lâmina. Seus olhos, cinza opacos, brilharam como a lua de satisfação e liberdade. Finalmente havia encerrado, a luta que tanto sofreram e perderam.

Olhando para o céu, buscando se iluminar, viu fragmentos de energia voar ao céu; originários do corpo de Zethíer, flutuavam e recorriam ao mundo superior em pequenas partículas de energia, se espalhando como balões no céu.

Cada partícula representa uma alma que Zethíer corrompeu e transformou em soldado da morte. Bastien entendeu aquilo com os próprios olhos e, no fim, cravou sua espada no chão, apoiando os braços no cabo, fechou os olhos e orou pela liberdade de todos.

— Honrados, guerreiros e viventes, protetores que outrora não tiveram proteção… Heróis doutra era que tiveram suas vidas interrompidas por um sádico moribundo… Ofereço-lhes a salvação através de meu rei; libere-vos o campus elísio, para poderem correr pela eternidade…

A liberdade agarrou a alma dos mortos.

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Olá, eu sou Mirius!

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