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Pai e Filho (III)


Enquanto caminhavam pelo jardim, Damian continuamente olhava furtivamente para Lucia.

“Há algo que você queira dizer?”

“É meio… incrível. Você não tem medo de sua graça…”

“Há alguma esposa que tem medo do marido? Damian, quando você crescer e se casar, gostaria que sua esposa tivesse medo de você?”

Damian balançou a cabeça. No entanto, o jovem Damian ainda não havia entendido totalmente o que ela queria dizer.

Foi um choque enorme para Damian que Lucia pudesse tratar o duque que ele via como alguém no pico de uma montanha distante, com muito conforto.

Aos olhos de Damian, Lucia era uma herbívora pequena e gentil. Por outro lado, o duque era um carnívoro grande e feroz.

O menino estava confuso com o fato de que os dois seres, que em circunstâncias normais não podiam ser iguais, pareciam se encaixar perfeitamente.

“E agora. Repita depois de mim. Pai.”

“Pai…”

“Bom trabalho.”

Lucia subconscientemente estendeu a mão para acariciar a cabeça do menino. Damian ficou surpreso e, por reflexo, se afastou e Lucia também ficou surpresa e retirou a mão dela.

Eles pararam de andar e o desconforto encheu o ar.

“… Desculpe, meu corpo se moveu por conta própria… eu te chateei?”

“Ah não. Fiquei um pouco surpreso.”

Damian nunca teve um contato tão próximo com ninguém antes.

“Não estou chateado nem nada…”

“Quando uma criança faz algo louvável, pode-se elogiar e também acariciá-la. Eu não farei isso se você não gostar.”

Damian hesitou um pouco e depois falou em voz baixa.

“Eu não… odeio isso.”

“Realmente? Então, tudo bem se eu acariciar você agora?”

Damian acenou com a cabeça. Lucia estendeu lentamente a mão na direção do menino como se dissesse: ‘Não sou seu inimigo’ e acariciou o topo de seu cabelo preto. Talvez porque ele era muito jovem, seu cabelo era muito mais macio do que ela imaginava.

Ela acariciou sua cabeça algumas vezes antes de retirar a mão. Ela se sentia animada como se tivesse ganhado um presente porque finalmente conseguiu o que queria fazer desde que pôs os olhos no garoto.

‘Quando vou beliscar suas bochechas?’

Lucia começou a andar com o coração alegre e Damian rapidamente a seguiu, caminhando ao lado dela.

“Lucia.”

“Hm?”

“Mais cedo, no jantar, por que você ficou com raiva?”

“Hã? Isso… eu não estava com raiva… isso era… humm, quer dizer…”

Lucia não queria explicar nem sabia como explicar, então ela começou a quebrar a cabeça sobre como mudar naturalmente de assunto. No momento, ela finalmente se lembrou de algo que estava esquecendo.

“Ah! Damian, você não tem um fraque para vestir na festa. Eu não pensei nisso. Por acaso você tem alguma coisa?”

“Eu não.”

“Certo. De jeito nenhum, você estava na escola o tempo todo.”

“Lucia, eu não preciso comparecer…”

Damian queria usar essa chance de uma forma ou de outra, afastar-se desta ocasião. Ele já tinha se cansado dos olhares das mulheres no campo de equitação.

Ele não se importava como elas o viam, mas ele ficou infeliz quando Lucia se tornou o alvo daqueles olhares estranhos. Ele não queria que Lucia enviasse aqueles olhares por causa dele.

“Não, você tem que comparecer. Mmm… a quem posso perguntar sobre isso?”

Lucia não queria ir contra as intenções de Damian tanto quanto possível, mas desta vez, ela queria ter certeza de que Damian participaria da festa no jardim. Ela o levou para o campo de equitação e as fez cumprimentá-lo, mas aquela não era uma ocasião oficial.

A festa no jardim seria uma reunião social formal. A escala da festa desta vez foi grande e todas as mulheres nobres de renome do círculo social do norte foram convidadas.

Se ela apresentasse Damian formalmente naquela reunião, a posição de Damian mudaria.

Claro, Damian ainda era jovem e como era uma festa no jardim só para mulheres, não poderia ser sua estreia social oficial.

No entanto, muitas vezes as crianças apareciam nos círculos sociais com antecedência, pois seria útil para elas mais tarde se fossem colocadas na memória das pessoas com antecedência.

Havia um motivo pelo qual as nobres davam festas, embora fosse um incômodo e custasse muito.

“Você pode comprar fraques já feitos para crianças.”

Lucia e Damian pararam de andar ao som dessa voz e olharam para trás. Parecia que em algum momento Hugo havia começado a andar atrás deles. Ao vê-los pararem, Hugo copletou a distância entre eles.

Pela primeira vez desde que veio para Roam, Damian ficou ao lado de seu pai, então ele ficou atordoado e olhou para seu pai forte. Ele não conseguia se lembrar de quanto tempo fazia desde que ele viu seu pai tão perto.

“Como é uma festa no jardim, não há necessidade de pensar nisso de maneira tão complicada.”

“Que alívio, obrigado por me avisar. Se forem roupas prontas, então… para Damian, temos que comprar roupas para crianças por volta dos 12 anos.”

“Ele tem oito anos.”

“Damian é muito maior do que o normal de oito anos. Comparado com crianças de sua idade, ele é um gigante.”

O olhar de Hugo se moveu e caiu sobre Damian. ‘Esse carinha?’ era o que seu olhar estava dizendo.

“Nunca se sabe, algum dia ele poderá ser maior do que você.”

“Hmm…”

Seu tom de resmungo era um tanto estranho, porém, Lucia não percebeu, ao invés disso foi Damian que percebeu.

‘Não tem como eu estar ficando maior que meu pai.’

Enquanto pensava nisso, Damian começou a se preocupar se Lucia poderia ter irritado seu pai.

“Acho que você era muito maior do que ele quando tinha a idade dele, certo?”

“Eu não sei…”

Hugo não estava fadado a ter uma vida boa onde comparasse as alturas com seus pares. Quando ele tinha mais ou menos a idade de Damian, a maioria das crianças escravas ao seu redor não sabiam sua idade e para ele, ele também não sabia sua idade exata até que foi sequestrado e levado a Roam pelo agora falecido duque.

“Você não tem muito trabalho? Achei que você voltaria ao escritório imediatamente.”

“Estou interrompendo?”

Hugo respondeu mal-humorado.

“Normalmente, quando você sai por um tempo e volta, você fica mais ocupado. Na verdade, você veio na hora certa. Não acho que Damian o tenha cumprimentado oficialmente. Damian, vá em frente.”

Damian olhou hesitante para Lucia e então baixou a cabeça.

“Eu estendo minhas saudações, já faz muito tempo, você está bem…?”

Ele ergueu a cabeça baixa e furtivamente olhou para Lucia apenas para vê-la balbuciar as palavras ‘pai’.

Damian apertou sua coragem.

“Pai…” *

As sobrancelhas de Hugo saltaram. O título não o deixava exatamente desconfortável ou desagradado, mas ele não estava acostumado a isso.

Talvez pelo ódio e nojo de Hugo pela existência de seu pai, foi uma palavra que nunca lhe saiu da boca. Mesmo quando ele viveu sob o duque anterior, ele nunca havia oficialmente chamado o homem de pai.

À medida que seu silêncio aumentava, Lucia secretamente puxou sua manga. Ele encontrou seus olhos e ela estava sorrindo tão excessivamente que deu algum tipo de pressão silenciosa. Embora ele fosse indiferente, ele não era estúpido. Ele abriu a boca e deu uma resposta suave.

“Sim…”

O pescoço do menino ficou vermelho e, vendo isso, Lucia ficou satisfeita.

‘Eu gostaria que ele aprendesse rapidamente como Damian é fofo.’

Mas por hoje, estava tudo bem. Ainda havia muito mais tempo, então ela iria devagar.

“Então você está dando um passeio? Você não está ocupado?”

“Vou dar uma caminhada.”

Hugo respondeu amargamente, sentindo como se ela estivesse tentando se livrar dele novamente. Por outro lado, Lucia estava pensando que talvez ele estivesse cansado, já que tinha reuniões o dia todo, então ela desistiu e tirou isso da cabeça.

“Então nós três podemos caminhar juntos. Esta seria a primeira vez para nós três.”

“Juntos…?”

Hugo olhou para Damian. Quando os olhos do pai pousaram nele, o menino se encolheu. Damian não sabia por quê, mas sentia que não seria bom continuar ali.

A espécie rara de herbívoro, Lucia não sentiu nada de errado, porém, o filhote carnívoro, Damian foi capaz de sentir o rosnado sutil do grande leão.

“Eu vou voltar para dentro. Tem um livro que eu preciso ler então…”

“Damian, se você for para sua mesa logo depois de comer, não é bom para você. Sua comida precisa ser digerida.”

“Eu cansei de digerir. Devo ler este livro hoje.”

Damian baixou a cabeça e desapareceu rapidamente como se estivesse fugindo. Lucia ansiosamente assistia à partida de Damian, enquanto Hugo tinha uma expressão cheia de satisfação.

‘Esse garoto não é nada inútil.’

O reconhecimento que o menino queria receber de seu pai foi muito facilmente obtido.

Hugo abriu a boca depois que Damian saiu.

“Seu relacionamento com o menino é muito bom.”

“Eu pensei que você queria que eu me desse bem com Damian.”

Hugo imaginou que eles deveriam pelo menos conhecer os rostos um do outro, então chamou Damian de volta. Mas ele não tinha nenhuma intenção em particular em relação ao relacionamento deles.

Sua esposa ainda era jovem e ele achava que seria um pouco difícil para ela tolerar uma criança de oito anos. Além disso, Damian era uma criança rígida, então se os dois não fossem colocados juntos de propósito, eles nunca se envolveriam um com o outro.

“Por que você o está levando para a festa no jardim?”

“Porque não são muitas as chances de apresentá-lo a outras pessoas. Ele é seu filho e agora também é meu filho, então é problemático se as pessoas nem ao menos conhecem seu rosto.”

“Fácil…”

“O que?”

“É muito fácil para você chamá-lo de seu filho.”

Lucia não sabia a intenção exata por trás de suas palavras, então ela parou de andar e olhou para ele. Quando ela parou de andar, Hugo também parou seus passos.

“Você não gosta do meu interesse em Damian? Você talvez pense que eu tenho alguma outra intenção por trás disso-”

“Não, Vivian. Não é desse jeito.”

Ele suspirou suavemente.

“Honestamente, eu não pensei que vocês dois se dariam tão bem.”

Hugo se lembrou da cena anterior em que ela acariciou a cabeça de Damian. A aparência de Damian ao oferecer a cabeça como um cachorrinho inocente era uma cena familiar, mas desconhecida, fazendo Hugo parar e olhar para ela.

Um pedaço de memória de seu passado surgiu em sua mente sem aviso.

[Ei! Eu disse para não tocar na minha cabeça!]

Hue gritou freneticamente com Hugo, que havia tocado sua cabeça descuidadamente.

A cabeça era a fraqueza mais importante de um ser humano. No momento em que foi exposto ao inimigo, foi um portal direto para a morte. Mercenários nunca tocavam a cabeça uns dos outros, a menos que quisessem perder as mãos. 

[É um sinal de que somos amigos.]

Embora Hue estivesse gritando freneticamente, Hugo apenas riu e respondeu em sua maneira usual.

[Idiota irreverente. O que é tão engraçado que você ri todos os dias?]

[Sorria. Se você sorrir, terá boa sorte, Hue.]

[Ha … fraco.]

Hugo de repente empurrou sua cabeça na frente de Hue.

[Você pode tocar na minha também.]

[Afaste essa coisa.]

[Apenas tente. Ouvi dizer que isso é o que os pais costumam fazer pelos filhos, mas como não temos ninguém, temos que fazer isso um pelo outro.]

[Estou bem sem essa porcaria.]

[Mas eu quero que alguém faça isso por mim. Vamos.]

Hue estendeu as mãos, sua expressão dizendo o quanto isso era incômodo e acariciou a cabeça de Hugo.

Assistindo Hugo rindo de alegria, Hue não pôde deixar de pensar que era bom enquanto acariciava a cabeça de Hugo.

“Quero dizer… o que estou tentando dizer é apenas me diga se ele alguma vez for rude com você.”

“Isso não vai acontecer!”

Hugo puxou ferozmente os braços dela, puxando-a para seu abraço. Ele abraçou sua pequena figura com força em seus braços.

Embora ela tenha ficado um pouco surpresa, ela retribuiu o abraço, colocando as mãos nas costas dele. Sentindo suas pequenas mãos segurando suas costas, Hugo não pôde deixar de sorrir.

De vez em quando, quando as memórias de seu irmão vinham à tona, ele sentia uma doce felicidade e uma tortura de partir o coração.

A dor era a mesma de sempre, mas quando ele sentiu a temperatura do corpo dela, a dor de partir o coração em seu coração foi aliviada até certo ponto.

[Há uma mulher com quem quero me casar. Vou apresentá-la a você um dia.]

Um dia, seu irmão lhe disse isso enquanto ria alegremente.

Se seu irmão ainda estivesse vivo, Hugo teria respondido assim:

[Eu também tenho alguém assim. Já estamos casados.]

 * * * * *

Naquela noite, Hugo resolveu as informações da reunião que estivera tendo o dia todo, depois olhou o relatório de Fabian.

Os relatórios de Fabian geralmente eram sobre a capital. Eles continham informações sobre movimentos de grandes potências, a chegada de figuras-chave estrangeiras, com quem eles entraram em contato e assim por diante. Às vezes, o status visível dos gigantes comerciais também era incluído.

E embora Fabian soubesse que seu mestre não estava muito interessado nesse tipo de coisa, ele ainda investigou os rumores circulando nos círculos sociais e os incluiu, já que ainda era uma espécie de relatório formal.

Quando se tratava de seu trabalho, Fabian era realmente meticuloso. Mesmo na coleta de informações de boatos, não houve lacunas e mesmo que fosse um boato que desagradasse ao duque, ele não o excluiu.

Se Fabian tivesse muito trabalho a fazer para o duque e trabalhasse repetidamente durante a noite, ele coletaria rumores ainda mais diligentemente para o duque. Esse tipo de trabalho era mais como um calmante para ele.

E assim, Hugo estava mais atualizado sobre os rumores a respeito dele.

Hugo casualmente folheou o conteúdo dos boatos como de costume e, de repente, ele franziu as sobrancelhas. O conteúdo do documento dizia que boatos sobre seu dote haviam se espalhado pela capital.

“Tsk.”

Hugo estalou a língua, infelizmente. Os lábios do rei eram muito leves.

[Se aquele velho agir de maneira digna, algo definitivamente dará errado.]

Certa vez, Kwiz fez uma crítica sobre o rei. Então disse:

[Quer dizer, seria bom se não desse errado, mas ele quebrasse o tornozelo no processo.]

Depois de dizer isso, Kwiz começou a rir como um chefe do subterrâneo diabólico.

A expressão de Hugo ao ler os rumores a seguir tornou-se cada vez mais estranha. O conteúdo dizia que a duquesa era uma beleza tão celestial que o duque a arrastou para sua mansão antes que alguém pudesse vê-la.

“Hmm…”

Embora Hugo tenha sentido um leve desconforto com o boato que a retratava como uma beldade colossal…

‘Bem, eles não são totalmente infundados…’

Era o que ele estava pensando. Segundo os rumores, eles se casaram em segredo para que ninguém mais a visse.

“Não corresponde exatamente aos fatos, mas eles são bem parecidos.”

Suas ações, como construir um campo de equitação ou restringir os passeios de barco para que nenhum outro homem a visse, era um processo contínuo.

A parte do boato que dizia que ele arrastou a duquesa para seu feudo também não estava totalmente errada, porque logo depois que eles se casaram, ela foi para sua propriedade.

‘Não é um boato que importa.’

Ele julgou e fechou o documento.


Sa-chan: Ownt ti coisinha fofaaaa, Lucia eu te amo!

Tradução: Sa-chan

Revisão: Sa-chan

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