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Capítulo 001

Bom Dia Irmão

Os olhos de Zorian abriram abruptamente quando uma dor aguda irrompeu de seu estômago. Todo o seu corpo convulsionou, dobrando-se contra o objeto que caiu sobre ele, e de repente estava bem acordado, sem nenhum traço de sonolência em sua mente.

“Bom dia irmão!” uma voz alegre e irritante soou bem em cima dele. “Bom dia, bom dia, BOM DIA!!!”

Zorian olhou para sua irmãzinha, mas ela apenas sorriu sem vergonha, ainda esparramada em seu estômago. Ela cantarolava para si mesma em óbvia satisfação, chutando os pés de brincadeira no ar enquanto estudava o mapa-múndi gigante que Zorian pregou na parede ao lado de sua cama. Ou melhor, fingiu estudar, Zorian podia vê-la observando-o com atenção pelo canto dos olhos para ver sua reação.

Isso foi o que ele ganhou por não trancar a porta e não ter estabelecido um perímetro de alarme básico ao redor de sua cama.

“Saia,” ele disse com voz mais calma que pôde reunir.

“Mamãe disse para te acordar,” disse ela com naturalidade, sem se mexer.

“Não assim, não desse jeito,” Zorian resmungou, engolindo sua irritação e esperando com paciência até que ela abaixasse a guarda. Como esperado, Kirielle ficou visivelmente agitada depois de apenas alguns momentos desse fingido desinteresse. Antes que ela pudesse explodir, Zorian logo agarrou suas pernas e peito e a jogou sobre a beirada da cama.

Ela caiu no chão com um baque e um grito indignado, e Zorian se levantou rápido para responder melhor a qualquer possível retaliação. Ele olhou-a e disse com desdém. “Vou lembrar disso na próxima vez que for chamado para acordá-la.”

“Duvido,” ela respondeu em desafio. “Você sempre dorme mais do que eu.”

Zorian apenas suspirou em derrota. Maldita diabinha, mas ela estava certa sobre isso.

“Então…” ela começou a ficar animada, levantando-se em um salto, “você está animado?” 1

Zorian a observou por um momento enquanto ela saltava ao redor de seu quarto como um macaquinho que tinha tomado muita cafeína. Às vezes, desejava ter um pouco daquela energia ilimitada dela. Mas apenas um pouco.

“Sobre o que?” Zorian perguntou com inocência, fingindo ignorância. Ele sabia o que ela queria dizer, é claro, mas fazer várias perguntas óbvias era a maneira mais rápida de frustrar sua irmã mais nova e interromper uma conversa que preferia não ter.

“Volta às aulas!” ela choramingou, bem ciente do que ele estava fazendo. Ele precisava aprender alguns truques novos. “Aprender magia. Você pode me mostrar um pouco de magia? “

Zorian deixou escapar um longo suspiro de sofrimento. Kirielle sempre o tratou como uma espécie de companheiro dela, apesar de fazer o seu melhor para não encorajá-la, mas geralmente ela permanecia dentro de certos limites não ditos. Ela estava insuportável este ano, porém a mãe deles não ligava para seus apelos de controlá-la. Ele só lia o dia todo, ela disse, então que não era como se fizesse algo importante… Por sorte, o verão acabou e poderia enfim se livrar dela.

“Kiri, eu tenho que fazer as malas. Por que você não vai incomodar Fortov para variar?”

Ela fez uma careta triste por um segundo e então se animou, como se lembrasse de algo, e logo saiu correndo pela sala. Os olhos de Zorian se arregalaram quando percebeu o que ela estava fazendo um segundo tarde demais.

“Não!” ele gritou enquanto corria atrás dela, apenas para ter a porta do banheiro batendo em seu rosto. Ele bateu na porta em frustração. “Droga, Kiri! Você teve todo o tempo do mundo para ir ao banheiro antes de eu acordar! “

“É uma merda ser você,” foi sua única resposta.

Depois de lançar alguns palavrões na porta, Zorian voltou para seu quarto para se trocar. Ela ficaria dentro do banheiro por muito tempo, e ele tinha certeza que aquilo era apenas para irritá-lo.

Tirando rapidamente o pijama e colocando os óculos, Zorian deu uma olhada em seu quarto. Ele ficou satisfeito em notar que Kirielle não vasculhou suas coisas antes de acordá-lo. Ela tinha uma noção muito confusa da privacidade (das outras pessoas).

Zorian não demorou muito para fazer as malas ele nunca havia desfeito as malas, para ser honesto, e teria voltado para Cyoria uma semana atrás caso ela tenha o permitido. 2 Ele estava empacotando seu material escolar quando percebeu com irritação que alguns de seus livros estavam faltando. Poderia tentar um feitiço localizador, mas tinha quase certeza de que sabia onde eles tinham ido parar, Kirielle tinha o hábito de levá-los para seu quarto, não importava quantas vezes Zorian dissesse a ela para manter seus dedinhos pegajosos longe deles. Trabalhando com base em um palpite, checou duas vezes seu material de escrita, e com certeza, descobriu que estava muito desgastado.

Sempre acontecia — toda vez que voltava para casa, Kirielle atacava seu material escolar. Deixando de lado os problemas éticos inerentes à invasão do quarto do seu irmão para roubar as coisas dele, o que diabos ela fazia com todos aqueles lápis e borrachas? Desta vez, comprou extras especificamente pensando na ladra de sua irmã, mas isso ainda não foi o suficiente, ele não conseguiu encontrar uma única borracha na gaveta e comprou um pacote inteiro antes de voltar para casa.

Por que Kirielle não podia apenas pedir a mãe que lhe comprasse alguns livros e canetas próprias, nunca ficou muito claro para Zorian. Ela era a caçula e a única filha, então a mãe sempre ficava feliz em mimá-la, as bonecas que ela convenceu a mãe comprar eram cinco vezes mais caras do que alguns livros e pilhas de lápis.

Em qualquer caso, embora Zorian não tivesse ilusões sobre ver seus materiais de escrita novamente, ele precisava mesmo daqueles livros didáticos. Com isso em mente, marchou para o quarto da irmã, ignorando o aviso Mantenha-se afastado! na porta, e logo encontrou seus livros perdidos em seu local usual, escondidos de forma astuta sob a cama, atrás de vários bichinhos de pelúcia colocados por conveniência.

Terminada a embalagem, desceu para comer alguma coisa e ver o que a mãe queria dele.

Embora sua família pensasse que ele apenas gostava de dormir, Zorian tinha uma razão para acordar tarde. Isso significava que poderia comer sua comida em paz, já que todos os outros já haviam tomado seu café da manhã. Poucas coisas o aborreciam mais do que alguém tentando puxar assunto enquanto ele comia, e essa era a hora exata em que o resto de sua família falava mais. Infelizmente, mamãe não estava disposta a esperar por ele hoje, e no mesmo momento avançou sobre ele quando o viu descendo. Nem mesmo terminou sua descida escada abaixo e ela já havia encontrado algo sobre ele que não gostou.

“Você não pretende mesmo sair desse jeito, não é?” ela perguntou.

“O que há de errado em mim?” perguntou Zorian. Ele vestia uma roupa marrom simples, um pouco diferente das que os outros meninos usavam quando estavam indo para a cidade. Parecia muito bom para ele.

“Você não pode sair assim,” disse a mãe com um longo suspiro de decepção. “O que você acha que as pessoas vão dizer quando virem você vestindo isso?”

“Nada?”

“Zorian, não seja tão difícil,” ela estalou para ele. “Nossa família é um dos pilares desta cidade. Somos examinados toda vez que saímos de casa. Eu sei que você não se preocupa com essas coisas, mas as aparências são importantes para muitas pessoas. Você precisa perceber que a vida não é uma ilha e não pode decidir as coisas como se estivesse sozinho no mundo. Você é um membro desta família e suas ações refletirão em nossa reputação. Não vou deixar você me envergonhar parecendo um operário comum. Volte para o seu quarto e vista um traje adequado.”

Zorian se conteve para não rolar os olhos apenas tempo o suficiente para virar as costas para ela. Talvez sua viagem tivesse sido mais eficaz se esta fosse a primeira vez que ela tentasse mudar o estilo dele. Ainda assim, não valia a pena discutir, então mudou para um conjunto de roupas mais caro. Era totalmente excessivo, considerando que passaria o dia inteiro no trem, mas sua mãe acenou com a cabeça em aprovação ao vê-lo descendo as escadas. Ela o fez virar e posar como um animal em exibição por um tempo antes de declará-lo bastante decente. Ele foi para a cozinha, e para seu aborrecimento, a mãe o seguiu. Nada de comer em paz hoje, paciência.

O pai estava por sorte em uma de suas viagens de negócios, então não teria que lidar com ele hoje.

Ele entrou na cozinha e franziu a testa quando viu uma tigela de mingau já esperando na mesa. Normalmente, fazia seu próprio café da manhã e gostava assim, mas sabia que sua mãe nunca aceitaria isso. Esta era sua ideia de um gesto de paz, o que significava que ela iria pedir algo que ele não gostaria.

“Achei melhor preparar algo para você hoje, e sei que você sempre gostou de mingau,” disse ela. Zorian se absteve de mencionar que não gostava desde que tinha cerca de oito anos. “Você dormiu mais do que pensei que iria, no entanto. Ficou frio enquanto esperava por você.”

Zorian revirou os olhos e lançou um feitiço meio modificado de água quente no mingau, que voltou no mesmo momento a uma temperatura agradável.

Ele tomou o café da manhã em silêncio enquanto mãmae falava longamente com ele sobre uma disputa relacionada à safra em que um de seus fornecedores estava envolvido, dançando em torno de qualquer assunto que queria abordar. Ele a ignorou sem esforço. Era quase uma habilidade de sobrevivência para todas as crianças da família Kazinski, já que tanto a mãe quanto o pai eram propensos a longas palestras sobre todos os assuntos imagináveis, mas o dobro para Zorian, que era a ovelha negra da família, e portanto, sujeito a tais monólogos com mais frequência do que o resto. Por sorte, sua mãe não se importou com seu silêncio, porque Zorian sempre foi o mais silencioso possível em torno de sua família, ele aprendeu há muitos anos que esta era a maneira mais fácil de conviver com eles.

“Mãe,” ele a interrompeu, “acabei de acordar com Kiri pulando em mim, não tive a chance de ir ao banheiro e agora você está me importunando enquanto estou comendo. Vá direto ao ponto ou espere alguns minutos enquanto termino o café da manhã.”

“Ela fez isso de novo?” sua mãe perguntou, diversão óbvia em sua voz.

Zorian esfregou os olhos, sem dizer nada, antes de embolsar de forma furtiva uma maçã da tigela sobre a mesa enquanto sua mãe não estava olhando. Kirielle fazia várias coisas irritantes, mas reclamar disso com a mãe era perda de tempo. Ninguém nesta família estava do lado dele.

“Oh, não seja assim,” sua mãe disse, notando sua reação nada satisfeita. “Ela está apenas entediada e brincou com você. Você leva as coisas muito a sério, assim como seu pai. ”

“Eu não sou nada como meu pai!” Zorian insistiu, levantando a voz e olhando para ela. Era por isso que odiava comer com outras pessoas. Ele voltou ao seu café da manhã com vigor renovado, ansioso para terminá-lo o mais rápido possível.

“Claro que não,” disse a mãe com alegria, antes de repente mudar de assunto. “Na verdade, isso me lembra de algo. Seu pai e eu estamos indo para Koth para visitar Daimen.”

Zorian mordeu a colher na boca para evitar fazer um comentário malicioso. Sempre foi Daimen isso, Daimen aquilo. Houve dias em que Zorian se perguntou por que seus pais tinham três outros filhos, quando estavam claramente apaixonados por seu filho mais velho. Sério, indo para outro continente só para visitá-lo? Eles iriam morrer se não o vissem por um ano?

“E o que isso tem a ver comigo?” Zorian perguntou.

“Será uma visita prolongada,” disse ela. “Estaremos lá por cerca de seis meses, a maior parte do tempo gasto viajando de um lugar para outro. Você e Fortov vão estar na academia, é claro, mas estou preocupada com Kirielle. Ela tem apenas nove anos e não me sinto confortável em trazê-la conosco. ”

Zorian empalideceu, por fim entendendo o que ela queria dele. Inferno. Não!!!

“Mãe, tenho 15 anos,” protestou ele.

“E?” ela perguntou. “Seu pai e eu já éramos casados quando tínhamos essa idade.”

“Os tempos mudam. Além disso, passo a maior parte do dia na academia,” respondeu Zorian. “Por que você não pede a Fortov para cuidar dela? Ele é um ano mais velho e tem seu próprio apartamento.”

“Fortov está no quarto ano,” sua mãe disse com severidade. “Ele vai se formar este ano, então tem que se concentrar nas notas.”

“Você quer dizer que ele disse não,” Zorian concluiu em voz alta.

“E, além disso…” ela continuou, ignorando o comentário dele, “tenho certeza que você está ciente de como Fortov pode ser irresponsável às vezes. Eu não acho que ele é apto para criar uma menina. “

“E de quem é a culpa?” Zorian resmungou baixinho, deixando cair sua colher ruidosamente e empurrando o prato para longe dele. Talvez Fortov fosse irresponsável porque sabia que a mãe e o pai apenas despejariam suas responsabilidades em Zorian se ele só bancasse o idiota por tempo suficiente, isso nunca passou pela mente dela? Por que sempre cabia a ele lidar com a diabinha? Bem, ele não ia ficar sobrecarregado com isso! Se Fortov era irresponsável demais para cuidar de Kirielle, Zorian também era!

Além disso, a pequena fofoqueira sem dúvida iria relatar tudo o que ele fez de volta para a mãe sem pensar duas vezes. A melhor coisa de frequentar uma escola tão longe de casa era que podia fazer o que quisesse com sua família não sabendo disso, e não havia como desistir disso. Na verdade, essa era apenas uma manobra transparente de sua mãe para espioná-lo, para que ela pudesse lhe dar mais um sermão sobre o orgulho da família e etiqueta.

“Eu também não acho que estou apto para isso,” continuou Zorian um pouco mais alto. “Você disse há poucos minutos que sou uma vergonha para a família. Não gostaríamos de corromper a pequena Kiri com minha atitude indiferente, não é? “

“Eu não…“

“Não!” Zorian gritou.

“Oh, faça do seu jeito,” ela bufou em resignação. “Mas eu não estava sugerindo mesmo.”

  1. tenho minhas dúvidas se está gramaticalmente correto, mas não vou trocar tudo por travessão[]
  2. Tá se referindo a mãe dele[]
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Olá, eu sou o 444.EXE!

Aqui é o novo tradutor, 444.EXE (o anterior era o Ruby), farei uma alteração e dividirei os capítulos. Isso pode bagunçar um pouco durante a divisão. Para os novos leitores, peço desculpas pelo inconveniente. Essa mudança não vai afetar o capítulo de hoje, que é o 15, a propósito.

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