Selecione o tipo de erro abaixo

Jack congelou— 

Os inimigos insuperáveis de sua memória não estavam lá. Em vez disso, haviam dois caras pobres. Eles eram um pouco musculosos, mas não eram nem de longe de aço. Suas roupas pretas apresentavam sinais de desgaste e vestígios de sujeira.

Eles pareciam tão desprotegidos naquele instante, ambos sentados com indiferença. Não usavam luvas, deixando impressões digitais por todo o lugar. Não tinham armas, aparentemente contando com seus punhos para o trabalho.

O pior provavelmente foi o cara jogando preguiçosamente um jogo em seu telefone, deixando o trabalho de intimidação para seu parceiro. Esses caras não eram assassinos, porra, eles provavelmente nem sabiam lutar! Se eles fossem tão desleixados, não tinha como o chefe deles ser bom também.

Jack se sentiu bobo. As memórias eram muitas vezes subjetivas, mas só agora ele percebeu o quanto elas eram. Até começou a rir baixinho de alívio, até que essa risada se transformou numa risada completa.

O homem em seu telefone levantou os olhos, zombando. “O que tem de errado com esse moleque? Ele é retardado ou algo assim?”

O velho estava perdido, pois sabia muito bem como seu filho adotivo era brilhante. Não sabia o que ele estava fazendo, mas tentou jogar junto: “Algo assim…”. Ele suspirou pesadamente.

“Fala desse idiota aí! Aposto que ele não tá percebendo o que tá acontecendo aqui!” O cara do celular ridicularizou Jack mais uma vez.

Eles estavam ignorando completamente o “retardado”. Jack balançou a cabeça ao ver como eles eram lixos até chegar ao seu destino, a pia da cozinha.

Faca da cozinha adquirida!— 

O resto foi a parte divertida. Jack entrou confiante, se aproximou do bandido B, que estava jogando Flappy Ducks, e enfiou a faca profundamente nas duas pernas dele. O rosto do homem mudou ao sentir a dor sem fim. Mas foi tão repentino que ele congelou por um instante maravilhoso.

Então vieram os gritos, gritos dignos de um bezerro sendo abatido. O sangue começou a chorar: por todo o homem, na cadeira e no chão. Era um espetáculo para se ver, com certeza! — Não que Jack estivesse olhando.

O bandido A ouviu seu colega berrando de agonia e virou a cabeça. Ele foi gentilmente bem recebido com a ponta afiada e brilhante de uma faca manchada de sangue. Seus olhos se arregalaram quando ele tentou recuar de medo, mas uma mão firme segurou sua cabeça no lugar.

Jack virou-se para o idiota que gritava, jogou algumas toalhas e avisou: “Se você não calar a boca, vou abrir uns buracos no seu pescoço também. Não nos perturbe ” isso o deixou em silêncio.

O rapaz então se virou para o cara que ele ainda estava segurando.

“Agora, por que não temos uma conversinha amigável, só você e eu? O que você diz?” Jack sorriu enquanto falava suavemente, sem nenhum traço de raiva.

“P-por favor! N-não me mate! E-eu te-tenho uma esposa…” Ele gaguejou, em pânico.

“Uma esposa e filhos? Ótimo! Eles não são uma ‘viúva e alguns órfãos’ ainda. Que sorte!”

O velho interrompeu: “Jack, eu realmente devo dinheiro a eles! Eles não são bandidos. É graças a eles que eu…” mas o rapaz fez um gesto para ele calar a boca.

Suas verdadeiras intenções não importavam, não para ele. O que importava era o resultado. O velho morreu por causa de sua intimidação no passado… ou seria o futuro?

O homem aterrorizado começou a implorar mais uma vez.

“P-por favor! Eu só–”

“Só estou aqui pra destruir minha família. Sim, eu entendi. Agora, por que você não faz uma coisinha pra mim?” Jack não mostrou nenhuma simpatia.

“Q-qualquer coisa! Eu faço qualquer coisa!” Ele gritou apressado.

“Eu gosto do seu entusiasmo. Por que você não me conta um pouco mais sobre aquele seu chefe?”

“S-sim, ele se chama Darius e…” O bandido A contou tudo.

Quanto mais falava, mais à vontade Jack se sentia. O grande chefe assustador de suas memórias acabou sendo um tirano de terceira categoria com uma tripulação de quarta. Merda, ele estava até posando como um vendedor de Roombot durante o dia, os minúsculos robôs que limpavam a casa de alguém.

“Agora, por que você não coloca a mão no bolso e liga para o seu chefe?” O rapaz ordenou calmamente.

“S-sim!”

Ring-Ring-Ring

“Então, como foi? O velhote pagou? Já fazem dois anos. Eu realmente não posso esperar mais! E aí?” Uma voz impaciente ressoou.

“C-chefe, nós fodemos tudo. N-nos fodemos tudo!” A voz do idiota transpirava horror.

“O que você quer dizer?!” Darius perguntou ansiosamente.

Jack puxou o telefone do bandido com um tom alegre, que não se encaixa em uma situação tão tensa.

“Darius, Darius, Darius. Por que você parece tão preocupado? Não é como se eles estivessem mortos… pelo menos ainda não.”

“Q-quem é você?! O-o que aconteceu com os meus homens?!” Havia medo aparente em seu tom de voz.

“Ouvi dizer que você vende robôs de limpeza. E uma grande coincidência! Há tanto sangue aqui! Seu cara realmente fez uma bagunça. Ah, será que um é o suficiente?” Jack parecia estar descrevendo um simples problema do dia.

“Q-quem diabos é você?! D-do que você tá falando?!” Darius se sentiu extremamente desconfortável.

“Vamos, me diga, Darius. Você acredita em pagar uma dívida?” O rapaz manteve o tom amistoso da conversa.

“Q-quê?”

“Você acredita em pagar uma dívida! Como agiota, você provavelmente deve acreditar. Tô certo?”

“S-sim, claro.”

“Ótimo. Antes de tudo, vamos falar sobre sua dívida. Você enviou dois dos seus homens pra atrapalhar minha vida pacífica; um fez uma apresentação chata enquanto o outro chutou minha porta da frente e sangrou por todo o lugar. Você está de acordo? Que como o chefe deles tem que assumir toda a responsabilidade por isso?”

“De jeito nenhum isso!–” Darius protestou.

O jovem se dirigiu aos dois bandidos, certificando-se de que o chefe deles ouviria a conversa:

“Más notícias, pessoal! Seu chefe diz que não é mais responsável por vocês. Acho que vão ter que morrer.” Ele deu de ombros.

“Por favor não!” O bandido A implorou.

“Desculpa. Por favor, deixa a gente ir!” O bandido B seguiu o exemplo.

“Espera! Espera! Deixe eles irem!” Darius gritou pelo telefone.

“Ah, você mudou de ideia? Ótimo! Vou te enviar um número de conta. Basta enviar 2000 créditos como compensação. Ah, e um Roombot!”

“Tá!” Darius estava rangendo os dentes ruidosamente.

Ding-Ding, assim que Jack confirmou o recebimento do pagamento, ele sorriu.

“Ótimo. Agora, isso está resolvido. Você disse algo sobre a dívida do velho, né? Você vai redigir um para uma transferência de dívida, isso é, se você quiser que seja paga. Vamos nos encontrar mais tarde para finalizar os pequenos detalhes.” O rapaz propôs.

“Tudo bem. Mas quem é você?!” Darius perguntou, suspirando.

“Alguém que você prefira ter como amigo.” Jack respondeu confiante.

“Não, sério. Quem é você? Eu preciso de um nome para a transferência de dívida…”

Houve um breve momento de silêncio constrangedor.

“…Jack, Jack O’Neil.”

******

Jack alegremente acenou para os bandidos. Eles não queriam nada mais do que ir embora e continuaram checando atrás deles com medo de que ele mudasse de ideia.

O velho se aproximou lentamente: “O que caralhos foi isso?”

“Você sabe, apenas cuidando de um problema. Ah certo, antes que eu esqueça.” Ele se movimentou até uma gaveta específica na cozinha. Sob ela, havia um envelope que ele abriu instantaneamente.

“Espero, isso é importante! É…” o  elmo gritou.

“Sua apólice de seguro de vida, certo? E a que vence amanhã à noite: aquela que paga créditos o suficiente para pagar sua dívida, para Lilly frequentar a universidade e manter sua mãe viva mais um pouco, né?”

“C-como você sabia?!” O velho perguntou, espantado. Ele tinha feito tudo que podia para manter isso em segredo.

“Não importa.” Jack pegou um isqueiro e ateou fogo no papel.

“Para! O que você tá fazendo?!”

“Tendo certeza de que você não vai morrer, velho. Não se preocupe. Dinheiro não será um problema a partir de agora. Me promete que você não vai fazer nada de estúpido: Lilly precisa de você, e eu também.” Jack o encarou diretamente.

“Tá bom, eu prometo. Mas como você planeja…?” O velho mostrou alguma preocupação.

Pro-gaming. Você viu como eu lidei com aqueles caras antes? E tudo do treinamento de luta VR. Olha, você não pode contar a ninguém, mas um cara rico excêntrico me recrutou para entrar em sua guilda no Infinite.”

VR? Infinite? Não tente me enganar! Quando foi a última vez que você teve tempo pra jogar?! Por que alguém te recrutaria do nada?!”

“Velho, Infinite não é um jogo comum. Alguns testes podem determinar o quão bem se pode controlar um avatar virtual. Acabei de passar em um com louvor. Esses testes ainda são super secretos, mas tenho certeza que passará no noticiário em poucos meses.”

“Entendi…”

O velho falou, mas ele não entendeu – absolutamente nada. Ainda assim, ele sentiu a confiança do garoto. Essa coisa toda parecia excepcionalmente esticada, mas o jovem também estava indo para o modo Pro-assassino nos cobradores de dívidas. Ele até tinha recebido dinheiro deles! Como?!

“Boa noite, meu velho. Amanhã será um grande dia: eu posso sentir isso! Infinite está sendo lançado, eu vou me tornar oficialmente um jogador profissional, e você estará vivo para ver isso.” Jack afirmou alegremente.

O jovem ainda não tinha ideia de como voltou no tempo, mas não poderia perder essa oportunidade. Não importa se isso é real ou apenas sua vida após a morte, ele limparia todos os arrependimentos de sua vida passada.

Desta vez ele viveria.

E essa seria uma boa vida.

Olá, eu sou o Cross!

Olá, eu sou o Cross!

Comentem e Avaliem o Capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥