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Capítulo Único

Essa é uma história real, de algo que provavelmente nunca aconteceu.

No Reino da Magia, onde ter magia era tão comum quanto ter pelos na bunda, possuir capacidades mágicas era essencial!

Com a magia era possível fazer coisas incríveis, como: impedir o pão de cair com a geleia para baixo, urinar de pé sem usar as mãos, coçar a garganta sem fazer barulho, soltar pum com cheiro de rosas e até mesmo evitar bater o dedinho do pé nas quinas dos móveis!

Também era possível fazer outras coisas, não tão incríveis assim, tipo curar um câncer, eliminar a fome no mundo e alterar as regras do espaço-tempo.

E, nesse mundo, um jovem de quinze anos se preparava para fazer o exame de admissão na Academia Mágica de Magos do Reino da Magia. Seu nome era Renato, mas também era conhecido na vizinhança como… Renato do fim da rua.

Renato do fim da rua era um grande fã dos magos da Academia Mágica de Magos do Reino da Magia e sempre sonhou em ser um grande mago.

— Um dia eu serei capaz de fazer grandes coisas! — disse Renato.

O rapaz tinha um metro e oitenta e 40 quilos — molhado. Possuía um cabelo negro em um belíssimo corte estilo cuia, que ressaltava suas fantásticas orelhas de abano, e um conjunto de roupas na cor preta, que, de acordo com o rapaz, o deixava másculo e viril como um verdadeiro mago.

Esse rapaz, tão bonito quanto bater na mãe, seguia em seu caminho de casa até a Academia Mágica de Magos do Reino da Magia.

Renato não conseguia esconder sua animação. Andava cantarolando e parava para abraçar pessoas feias em seu caminho. Dividir sua felicidade com os outros era o mínimo, afinal se tornaria um grande mago em breve!

— Magos são fodas! — gritou para um cachorro que defecava no meio da rua.

Chegando na Academia Mágica de Magos do Reino da Magia, Renato entrou na fila e esperou pela sua vez.

Após várias horas, ou talvez apenas alguns minutos, Renato finalmente foi chamado.

Um velho barbudo, que deveria ter tantas rugas na face quanto pregas na bunda, de trás de um balcão, gritou: — Próximo!

— Finalmente será a minha vez!

— Cala a boca e vem logo — ordenou o velho.

Correndo como uma gazela alcoolizada, Renato chegou no balcão e gritou: — VIM PRESTAR O EXAME PARA ME TORNAR UM APRENDIZ DE MAGO NA ACADEMIA MÁGICA DE MAGOS DO REINO DA MAGIA!

O velho encarou Renato e enfiou um dedo mindinho em cada ouvido, removendo cera suficiente para fazer uma vela. O velho respirou fundo, limpou os dedos na camisa de Renato e disse: — Seguinte, eu sou velho, mas não sou surdo. NÃO GRITA NA MINHA CARA!

— Desculpa, senhor… — cochichou Renato.

— Primeiro vou fazer umas perguntinhas. Para garantir que somente a verdade será dita, lançarei uma magia. Você leu os termos de uso e concorda?

— Bem, eu nã…

Antes que o jovem orelhudo pudesse terminar sua frase, o velho mago se levantou e começou a recitar seu feitiço!

— Sim Sala Bim! Que somente a verdade seja dita no fim!

Pequenas partículas prateadas rodopiaram ao redor de Renato. Era magia!

O velho tossiu e se sentou novamente, depois guardou um pequeno pote com uma etiqueta escrita “purpurina para carnaval” e voltou a falar.

— Nome?

— Renato, mas meus amigos me chamam de Renato do fim da rua.

— Idade?

— Fiz quinze recentemente, senhor, mago, senhor!

— Seu gênero é homem, mulher ou suco?

— Homem.

— Altura?

— Um metro e oitenta centímetros!

— Tamanho do pau?

— Quinze centímetros!

O velho encarou o jovem e, em tom de ameaça, falou: — Se mentir ou ocultar algo, os seus testículos irão cair. Essa é a punição por quebrar as regras durante o efeito da minha magia.

— Quinze mole e… dez duro, senhor…

— Agora sim. Mãe viva?

— Sim.

— Casada?

— Sim, senhor.

— Excelente — sussurrou o velho mago, enquanto lambia os próprios lábios e esfregava a varinha por debaixo da mesa.

O velho mago se levantou, apontou para uma porta de madeira atrás dele e ordenou que o jovem Renato seguisse para a próxima etapa.

O rapaz entrou na sala seguinte e se deparou com diversos homens, mulheres e sucos espalhados por uma grande arena.

No centro da arena, em cima de um palanque, um homem sem barba, porém com um longo e lustroso bigode, fazia um pronunciamento.

— Todos que estão aqui possuem mães casa… digo, passaram na primeira parte do teste. Eu serei o aplicador da segunda fase! Meu nome é Pedro Feity Cêro e eu sou um mago de quatro estrelas.

— Caramba, um mago de quatro estrelas! Eu nunca vi um antes — disse um homem com cara de bunda.

— O nível máximo são cinco estrelas, né? — perguntou uma menina com olhar estrábico.

— Fantástico, um dia eu serei forte assim também! — afirmou um suco de uva na plateia.

— Como todos sabem, somente após os quinze anos de idade é possível romper o limitador do poder mágico. Todos aqui possuem pelo menos quinze anos, então é o momento perfeito para averiguar a capacidade mágica de vocês.

Pedro Feity Cêro levantou seus braços, apontou sua varinha, de 10 centímetros e levemente torta para a esquerda, e começou a entoar seu canto mágico.

— O jogo já começou! Quem der bobeira vai ter que sair. Se eu disser morto, tem que abaixar. Se eu disser vivo, tem que levantar.

A arena brilhou em uma cor rosa, uma música esquisita que certamente parecia magia negra começou a tocar e então anões sem barba começaram a dançar ao redor dos participantes.

— Todo mundo morto! — gritou Pedro.

Todos os participantes se abaixaram.

— Muito bem, agora… Todo mundo vivo!

Todos os participantes se levantaram.

— Vejo que esse ano teremos boas promessas para a Academia Mágica de Magos do Reino da Magia. Veremos se vocês aguentam a próxima fase.

A música acelerou e os anões começaram a girar mais rápido.

— Morto!

Todos os participantes se abaixaram.

— Vivo!

Todos os participantes se levantaram.

— Vivo!

Todos os participantes permaneceram em pé, menos Renato.

— O primeiro otário já foi! Fora daqui, orelhudo!

Renato não sabia o que fazer, mexia a boca, porém as palavras não saiam. Suas pernas tremiam e sua bunda suava demasiadamente.

De repente, quatro anões agarraram o jovem pelos braços e pernas e começaram a carregá-lo para fora da Arena.

— Por favor, mais uma chance!

— Bobeou, dançou! — disse um dos anões. — E nunca mais traga sua bunda suada para essa academia!

Os anões arremessaram Renato no meio da rua e depois voltaram para dentro.

Como se não fosse ruim o bastante ser reprovado no teste e ser carregado para fora, o rapaz de bunda suada caiu com o rosto em um cocô recém feito.

Do outro lado da rua, um cachorro assistia à cena e ria descaradamente.

— Droga, esse é o pior dia da minha vida.

Renato se levantou, limpou o excesso de resíduos fecais de sua face e caminhou sem destino pela cidade.

Mesmo tendo saído de manhã cedo, apenas para ser reprovado no teste em menos de trinta minutos, o jovem estava caminhando há tanto tempo que já era hora do almoço.

Cansado, desmotivado, humilhado e fedendo a cocô, Renato sentou-se em uma pedra em formato fálico no meio de uma famosa praça do Reino Mágico — a praça “Dick Square”.

A falta do almoço machucava seu estômago e o Sol machucava sua pele, porém, a pior sensação no momento era ter seus sonhos destruídos.

“Sou um fracasso, não tenho aptidão mágica nenhuma… vou ter que me prostituir para velhos que não lavam o pau.”

Perdido em seus pensamentos, Renato sequer notou que o Sol parou de ferir sua pele.

— Já pensou em se tornar um mago, jovem?

Ainda desolado, o rapaz olhou para cima e viu o homem que falava com ele.

Uma figura imponente, de pele bronzeada e com músculos tonificados repletos de grandes veias saltadas, estava tapando a luz do Sol. Usava uma regata cavada, com a frase “Tá saindo da jaula o mago”, e um short que exibia as largas coxas daquele que não foge do treino de perna.

Seus músculos peitorais, molhados pelo suor, reluziam diante do Sol do meio-dia e causavam um efeito quase hipnótico em Renato.

Se esforçando para escapar da distração causada pelos músculos torneados do homem, o jovem olhou para baixo e respondeu: — Eu acabei de ser recusado pela Academia Mágica de Magos do Reino da Magia… não tenho poder mágico nenhum — em meio às lágrimas, o jovem continuou — sou um inútil, um fracasso!

O homem flexionou os joelhos em um ângulo de exatos noventa graus, algo que apenas uma pessoa com alta potência muscular conseguiria, olhou nos olhos do rapaz e disse: — Eu sinto o poder dos músculos, jovem… E ele é forte em você!

O jovem Renato esboçou uma cara de dúvida e perguntou: — Quem é você?

O homem robusto riu, exibindo uma dentição perfeitamente alinhada e devidamente clareada, e respondeu: — Meu nome é Paulo Horse… — fez uma pausa para flexionar seus bíceps, exibindo uma circunferência total de pelo menos 60 centímetros em cada braço, e voltou a falar. — E eu sou o mago mais forte do mundo.

Os olhos de Renato brilharam com essa afirmação. Ainda havia chances de se tornar um mago!

— Senhor Paulo, você me aceitaria como seu aprendiz? — perguntou o jovem fedorento.

Paulo Horse olhou o jovem, contraiu os músculos peitorais e respondeu: — Você acha que tens o que é necessário?

— Sim, senhor, 10 duro.

— O quê??

— Nada! Desculpa, quis dizer que estou disposto a tentar qualquer coisa!

O homem troncudo riu novamente e, de forma energética, disse: — Excelente, mas antes de começarmos o treino você precisa fazer algo muito importante.

— O que eu preciso fazer, senhor Paulo?

— Tome um banho. Você fede a merda.

— Parte 2 —

No dia seguinte, de banho tomado e sem cheirar a cocô, Renato aguardava as instruções de seu novo professor.

— Muito bem, sabe por que eu te trouxe até essa parte isolada da cidade? — perguntou Paulo Horse.

— Não faço ideia senhor, mas estou preparado para as possibilidades e trouxe um pote de vaselina.

— O quê??

— N-nada, quis dizer que estou preparado para aprender magia!

— Muito bem, atrás de mim existem ferramentas de treino mágico — Paulo apontou para vários equipamentos de metal e depois continuou: — Vamos começar com um feitiço simples, pegue dois halteres mágicos com o número 10.

O jovem Renato caminhou até os objetos e pegou um em cada mão.

— Professor, isso é muito pesado. Pra que serve?

— Serve pra treinar, usando seus bíceps — Paulo parou de falar, enquanto contraia seu muque — você vai trazer o halter mágico até a altura do ombro.

Renato se esforçou ao máximo, usando toda a força que seus braços finos poderiam gerar. Seus membros mal se moviam, suas pernas tremiam violentamente e o suor pingava de suas orelhas.

Após meio minuto de estresse no corpo inteiro, Renato finalmente conseguiu levantar os dois halteres.

— Eu sabia que você tinha talento!

— Obrigado, professor!

— Agora, faça isso mais noventa e nove vezes. Depois faremos exercícios para os músculos das costas, músculos dos tríceps, músculos do peito, músculos das pernas, músculos do abdômen e finalmente… os glúteos.

Renato arregalou os olhos e ficou de boca aberta, como seria possível conseguir fazer algo assim? Ele mal e porcamente havia conseguido levantar uma única  vez — e quase se cagou no processo.

— Senhor Paulo…

Após fracassar miseravelmente — Sério, foi tão ruim que um velho deficiente teria feito melhor —, o jovem “Renato do Fim da Rua” resolveu desistir de treinar com Paulo Horse e fugiu.

Além de fracassado para a magia convencional, era um fracassado para a magia dos músculos.

— Cu, pinto, boceta! — xingando tanto quanto uma criança que acabou de aprender um palavrão novo, o jovem orelhudo voltou a vagar sem destino pela cidade.

O menino feio e sem dom para a magia, porém que hoje não fedia a cocô, caminhava chutando pedras e reclamando sozinho tal qual um esquizofrênico jogando bola consigo mesmo.

— Danem-se os magos da Academia Mágica de Magos do Reino da Magia! Danem-se os aprendizes de magos! Danem-se aqueles vestidos deles! — gritou Renato, enlouquecido pelo ódio.

De repente, uma voz atrás dele, disse: — O que você falou, orelhudo viado?

Renato se virou, girando no próprio eixo, como uma bela bailarina.

Enfurecido, com as duas mãos na cintura e o nariz empinado, Renato perguntou: — Quem você chamou de orelhudo?

Porém, para o espanto do jovem, um grupo de oito pessoas o encarava com desgosto. No centro dessa multidão, um velho de nariz alongado passava a impressão de ser muito poderoso.

Entretanto, esse velho não era um velho comum. Seu nariz alongado possuía uma incrível verruga, sua verruga possuía um belo fio grisalho, seu fio possuía uma dobrinha na ponta e a dobrinha possuía um minúsculo laço rosa.

Para os desavisados, isso poderia ser algo irrelevante, mas Renato sabia bem o que significava.

— Esse… esse lacinho. Você é Jorge Omá Gô! Diretor da Academia Mágica de Magos do Reino da Magia!

O velho narigudo riu, todos conheciam sua famosa fama.

Este velho possuía três prazeres no mundo: Comer farofa de boca aberta, passar hidratante em sua varinha de condão e ser reconhecido por estranhos na rua!

— Sim, sou eu mesmo. Sou Jorge Omá Gô, diretor da Academia Mágica de Magos do Reino da Magia! — disse Jorge, enquanto coçava o saco. — Eu sou um mago de cinco estrelas e a pessoa mais forte do reino!

Renato olhava espantado. Uma celebridade desse porte só se via uma vez por semana!

— Senhor Jorge, eu não quis…

Antes que o jovem viado pudesse dizer mais alguma coisa, todos os magos atrás de Jorge começaram a gritar com ele!

— Orelhudo!! Orelhudo!! — repetiam eles.

Renato tremeu, o rapaz olhou de um lado para o outro, sem saber o que fazer, e depois começou a chorar.

— Por favor, parem! Por favor… parem…

— Acha que pode insultar a nossa academia e sair impune? ACHOU ERRADO, OTÁRIO! — gritou Jorge.

Os insultos continuaram por dias, ou talvez segundos, até que o rapaz urinou nas próprias calças devido ao medo.

— Além de orelhudo é mijão!

— Mijão! Mijão! — proferiram os magos.

A multidão olhava para a cena e ria junto, mesmo sem saber o motivo de tudo aquilo. O menino se mijou no meio da rua, isso era tão engraçado quanto ver gordo caindo.

— Por favor, alguém me ajuda — implorou Renato.

De repente, o som de batidas ecoou pela vizinhança.

— Bum!! Bum!!

— De onde vêm essa merda? — perguntou um dos puxa-sacos do diretor.

— Bum!! Bum!!

Jorge se virou e viu um homem sarado vindo na direção deles.

Músculos ultra-definidos, uma pele bronzeada e uma roupa colada no corpo para evidenciar ainda mais a definição muscular.

Era Paulo Horse, o autointitulado mago mais forte.

— Bum!! Bum!!

— Para de fazer essa merda de som com a boca! — disse Jorge.

— Eu não estou fazendo som nenhum, são apenas meus músculos existindo — retrucou Paulo Horse.

— O que você quer aqui? Foi banido da Academia há muito tempo!

— A pessoa que você está importunando é o meu aluno. Bum!! Bum!! — pronunciou Paulo Horse, enquanto flexionava os músculos dos braços para apontar na direção de Renato.

O jovem, mijado e humilhado, olhou para cima. Quando seus olhos encontraram os mamilos de Paulo Horse, o jovem conseguiu sentir a energia voltando para seu corpo.

— Senhor Paulo, você veio me ajudar? — perguntou o jovem mijado.

O homem robusto, sarado, torneado e bronzeado olhou para o jovem e, com convicção, respondeu: — Claro, afinal você é meu aluno… e ainda não terminou o treino de pernas.

— Professor, eu te amo! — disse Renato, enquanto se arrastava na direção das pernas musculosas de Paulo Horse.

— Cai fora, ontem você fedia a merda, hoje você fede a mijo. Qual o teu problema com ir ao banheiro? — perguntou o professor, enquanto afastava com os pés o aluno fedido.

— É muito bonito toda essa relação homoafetiva de vocês dois, mas seu aluno falou mal da academia e agora deve pagar! — gritou Jorge.

Paulo Horse olhou para seu aluno e depois voltou-se para o diretor-mago e perguntou: — Ele falou o que?

Os magos, enfurecidos, em uníssono, gritaram: — Ele falou que nossos vestidos eram feios!

— Um absurdo! Todos sabem que estes são mantos mágicos da maior qualidade! — disse Jorge.

Paulo Horse olhou novamente para seu aluno e depois riu.

— Hahahahahaahaha. Bum!! Bum!! — riram seus músculos. — Seus vestidos são mesmo horríveis!

— O que você ousou falar? — perguntou Jorge.

— Vou repetir de uma forma que até um velhote sem músculos como você possa entender. Seus vestidos são horríveis e servem apenas para cobrir seus corpos mais horríveis ainda!

A multidão ao redor ficou horrorizada. Esse homem desafiou a Academia Mágica de Magos do Reino da Magia na frente do próprio diretor!

Homem, mulher ou suco nenhum sobreviveria após fazer isso.

Todos fugiram, deixando até mesmo crianças e pacotinhos de suco para trás.

— Isso é um pedido de execução, Paulo Horse. Prepare-se para as consequências!

Os olhos de Jorge Omá Gô brilharam em um tom azul-claro. Folhas, sujeira e cocô começaram a voar em volta do poderoso feiticeiro.

— Prepare-se para sua puni…

— Cotovelada mágica! — disse Paulo Horse, quando se impulsionou para frente com seus poderosos músculos das pernas. Em seguida, usou seus magníficos músculos do bíceps para dobrar seus braços; interrompendo a canalização do feitiço e arremessando o mago narigudo para longe

Antes que pudesse terminar de falar, os dentes de Jorge saíram voando. Sua magia foi interrompida abruptamente.

— Como oça façer iço comico? — Perguntou Jorge, agora com os dentes faltando.

— TÁ ACHANDO QUE AQUI É ÁGUA COM MAGIA? AQUI A GENTE CONSTRÓI FIBRA MÁGICA, PORRA! — gritou, de forma musculosa, Paulo Horse.

O grandalhão sarado tirou um pote preto, sabe-se-lá da onde, e ingeriu algo que estava dentro. No rótulo lia-se: “Muscle Horse Turbo”.

— Isso são drogas, senhor Paulo?? — perguntou Renato.

— São… suplementos mágicos! — disse Paulo, enquanto arrancava o rótulo e jogava fora.

O mago bombado fez uma expressão séria e depois olhou para o jovem Renato. Enquanto flexionava os músculos para apontar para si mesmo,  disse de forma imponente: — Observe e aprenda, jovem mijão. Eu vou te mostrar do que é feita a magia dos músculos!

— Parte 3 —

Atenção todos os leitores, esta será a terceira e última parte de Mago Bombado! Nada no mundo pode me fazer mudar de ideia sobre finalizar a história aqui, nem mesmo um suquinho só de biquíni e canudinho vindo para o meu quarto no meio da noite.

— Ele ousou acertar o diretor na nossa frente. E ainda por cima na nossa presença! Vamos mostrar do que somos feitos! — gritaram os seguidores de Jorge.

— Vai, faz a fila e vem uma de cada vez — retrucou o Mago Bombado.

O peitoral de Paulo Horse se movia para cima e para baixo, tal qual uma máquina feita de puro músculo. Jatos de fumaça saíam de seus mamilos, emitindo um som idêntico ao apito de uma locomotiva a todo vapor!

Os magos começaram a entoar seus cantos mágicos, porém, antes que pudessem terminar, Paulo fez sua investida.

Paulo Horse mandando um chutão mágico em mago fracote!

— Chutão Mágico! — Paulo Horse acertou o queixo, desprovido de músculos, de um dos magos. O homem voou incríveis cinco centímetros acima do solo e caiu com sua bunda flácida no chão.

Mesmo que o diretor da academia, incapacitado de entoar seus feitiços até juntar todos os dentes do chão, e um dos outros magos estivessem fora de combate, ainda restavam mais três oponentes de pelo menos 4 estrelas.

— Seu brutamontes! Ainda ousa chamar a si mesmo de mago? — gritou um dos asseclas de Jorge.

— Prepare-se para o nosso ataque em conjunto! — falou outro mago.

Os três magos deram as mãos e começaram a conjurar um feitiço em grupo.

— Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar! Vamos dar a meia volta. Volta e meia vamos dar!

Paulo Horse ficou espantado ao reconhecer a magia que os três estavam conjurando. O homem robusto olhou para seu aprendiz urinado e gritou: — Renato Viado, foge agora!

— O anel que tu me destes era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou! — continuaram os magos.

— Senhor… eu não consigo andar — disse o jovem orelhudo. O rapaz treinou a magia dos músculos e ainda não havia se recuperado completamente.

Paulo Horse encarou o seu jovem aprendiz mijado e derrubado no meio da rua. Somente uma coisa poderia ser feita neste momento. O homem ficou parado, imponente, com os músculos das costas virados para Renato.

— Senhor Paulo Horse, o senhor vai se sacrificar por mim?

— Hahahaha! Bum!! Bum!! — riram os músculos do homem parrudo. — Você não suportaria um ataque deste nível, mas isso não é nada para mim!

Energia mágica de altíssimo nível rodopiava em volta dos três magos. A força de canalização do feitiço era tão avassaladora que poderia secar roupas no varal em menos de duas horas!

Os magos continuaram canalizando o feitiço: — Por isso, Dona Chica, entre dentro desta roda! Diga um verso bem bonito!

— Prepare-se para o impacto, Renato! — gritou Paulo Horse.

Um cheiro de ovo tomou conta dos arredores e os magos finalmente terminaram a conjuração: — A galinha do vizinho bota ovo amarelinho! Bota um, bota dois, bota três, bota quatro, bota mil! Diga adeus e vá-se emboraaaaaa!!!

Uma rajada de mil ovos de galinha voou na direção do mago bombado e seu aprendiz urinado.

Ploc! Ploc! Ploc! Ploc! Ploc! Ploc!

O som dos ovos colidindo com os músculos robustos do homem era similar ao som de centenas de aprendizes de mago brincando com suas varinhas no meio da noite.

— Pegamos eles de jeito! — gritaram os magos.

A rajada de ovos criou uma espessa espuma de claras em neve. Seria suficiente para fazer milhares de bolos e matar a fome do reino para sempre, ou talvez por alguns dias.

De dentro da espuma, era possível escutar um som indistinguível.

— Bum!! Bum!!

— Merda, como esse cérebro de músculos sobreviveu?

A espuma começou a ser afastada e revelou um homem, carregando um jovem mijado pelo cangote da blusa, sem um único ferimento.

— Como isso é possível? Usamos ovos o suficiente para matar dezenas de pessoas comuns!

Com um sorriso estampado no rosto, o homem musculoso respondeu: — Esse foi a falha no plano de vocês. Eu não sou… Bum!! Bum!! Um homem comum!

Paulo largou o jovem no chão e correu na direção dos magos.

Após aproximar-se, gritou: — Magia do Supino!! — Usando força suficiente para levantar duzentos quilos de aço mágico de uma única vez, Paulo Horse acertou as faces de dois dos magos otários.

— Comam minha magia!! — pronunciou o homem robusto.

O último mago de pé olhava de um lado para o outro, sem saber como este homem havia derrotado tantos deles.

— Isso não faz sentido nenhum! Você não usa magia alguma!!! — resmungou o último deles.

— O que não faz sentido é vocês mandarem os novos alunos usarem esse vestido horroroso, fingindo que são mantos mágicos.

O autointitulado mago mais forte do mundo andou em direção do último oponente e o agarrou pelos braços e pernas.

— Levantamento-terra… MÁGICO!!!

O feiticeiro fracote se debatia, mas não conseguia se desvencilhar dos potentes músculos de seu inimigo. Enquanto resistia, reclamou: — Me soltaaaaa! Me largaaaaaa!

— Como desejar!

Assim que pronunciou estas palavras, o grande mago sarado arremessou seu rival a vários metros de distância, caindo em cima dos outros três otários derrotados antes.

Um som similar a um saco de batatas caindo no chão foi ouvido a dezenas de quilômetros e até hoje ecoa nas ruas da cidade, ou não.

— Hahahaha! Bum!! Bum!! — riram os músculos do homem parrudo.

No meio de sua comemoração de vitória, o diretor da Academia Mágica de Magos do Reino da Magia, Jorge Omá Gô, terminou de catar seus dentes no chão e se levantou.

— Maldito Paulo Horse! — gritou Jorge.

Vendo que seu diretor recuperou a compostura, os aprendizes da academia começaram a reclamar, tal qual velhas na fila do banco:

— Senhor, isso é verdade? — disse o aprendiz de mago genérico n°1.

— Eu queria me tornar um mago, não um… — reclamou o aprendiz de mago genérico n°2.

— Estou usando vestido?? — perguntou o aprendiz de mago genérico n°3.

— O quê? — finalizou o aprendiz de mago genérico n°4.

Visivelmente nervoso e com o nariz suado, o velho diretor tentou apaziguar os ânimos:  — Bem… Sim! Mas… são… vestidos mágicos!

— Fenomenal — disse o aprendiz de mago genérico n°1.

— Fantástico — concordou o aprendiz de mago genérico n°2.

— Fincrivel — completou o aprendiz de mago genérico n°3.

— O quê?? — finalizou o aprendiz de mago genérico n°4.

“Ainda bem que eles são todos imbecis”, pensou Jorge.

Após acalmar os discípulos idiotas, o diretor retornou sua atenção ao oponente bombado.

— Cansei das suas gracinhas, Paulo! Tome minha magia!

Jorge Omá Gô canalizou seu feitiço, porém muito mais rápido que da outra vez — para o total espanto de seu inimigo.

— Abracadabra e minha vara na sua cara!

Sua varinha esticou e acertou os músculos faciais de Paulo Horse.

Ouch!!

— Professor!!! Professor!!! — gritou o jovem Renato, ao ver seu mestre atordoado no chão.

O homem bombado, agora com sangue escorrendo pelo rosto, levantou-se com dificuldade.

Arff!! Arff!!

Respirando com dificuldades, dirigiu-se ao seu aluno e disse: — Afaste-se, Renato, eu usarei minha última carta para encerrar esse combate.

— Acabou para vocês dois. ACABOU! — gritou Jorge Omá Gô, enlouquecido como um bode velho.

Renato correu com as pernas abertas, como um cowboy que ficou muitas horas em cima do cavalo, e escondeu-se atrás de uma pedra em formato de pênis.

Os dois magos se encararam e começaram a canalizar seus feitiços.

Paulo Horse contraiu os músculos do peito e dos braços e gritou: — Aaaaaaaa!

Jorge Omá Gô esfregou a varinha de condão e disse: Hippity!

O ar começou a girar ao redor dos dois.

Paulo Horse contraiu os músculos das costas e pernas e depois bradou: — Aaaaaaaa!!

Jorge Omá Gô apertou a ponta da varinha de condão e entoou: Hóppity!!

Um tufão apareceu, varrendo tudo ao seu redor, e somente os dois homens permaneciam incólumes.

Jorge Omá Gô apontou a varinha de condão na direção de Paulo e gritou: Húppity!!!

Paulo Horse contraiu os músculos dos glúteos e estrondou: — Aaaaaaaa!!!

Raios de luz saíram da varinha de Jorge e dos mamilos de Paulo Horse!

A cidade inteira estremeceu. A rua onde o duelo aconteceu vibrava como um consolo elétrico e brilhava como a cabeça de um homem careca.

— Aceite o destino! — vociferou Jorge.

— Nunca me renderei aos seus vestidos que cobrem os músculos — bradou Paulo Horse, que continuou: — MUSCLE POWEEEEER CANOOOOOOON!!!

Os mamilos de Paulo Horse tornaram-se vermelhos como uma bunda no fogo.

A disputa de forças, antes equilibrada, começou a pender para o lado do mago bombado. O resultado do combate estava decidido!

— Como pode um único homem ter tanto poder???  — falou Jorge, antes de se tornar poeira de whey e sumir com o vento para sempre.

A luta havia terminado. Jorge Omá Gô e todos os outros membros da Academia Mágica de Magos do Reino da Magia foram derrotados.

Conforme a poeira baixava, um jovem orelhudo saia de trás da pedra peniana.

— Senhor Paulo, como você fez aquilo?

— Hahahaha! — riu o homem — Lançar um raio de puro poder concentrado com capacidade para devastar continentes é algo simples para um mago de alto nível. Bum!! Bum!!

Completamente surpreso e levemente apaixonado, Renato do Fim da Rua gritou para todo o mundo ouvir: — Eu sou discípulo do mago mais forte!!

O homem parrudo flexionou os músculos de seu braço direito e encostou nas costas de seu discípulo.

— Vamos, Renato.

Enquanto os dois iam embora, deixando toda a destruição para trás, o jovem orelhudo perguntou: — Mas, professor, por que não usou esse poder antes de se machucar?

O homem musculoso refletiu por um breve instante e respondeu: — Para canalizar este poder eu preciso utilizar a energia de todos os músculos e… bem, comer de três em três horas e tomar anaboli… digo, tomar suplementos mágicos, dão hemorroidas.

— O que isso significa professor?

— Nada meu aluno, nada…

Em uma belíssima cena, duas pessoas sumiram pouco a pouco no horizonte, um jovem orelhudo com as calças mijadas e um homem musculoso com sangue escorrendo da bunda.

Esse foi o final da história, mas somente o começo de uma lenda…

Mago Bombado

Fim

Picture of Olá, eu sou Alonso Allen!

Olá, eu sou Alonso Allen!

Esse conto me ajudou a ganhar meu primeiro evento de escrita, espero que tenham se divertido com Renatinho e Paulo. Caso queiram mais magia e músculos por aí, confiram meus outros trabalhos ^^

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