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Capítulo 08: A beleza nas chamas

Lobos eram atraídos pelo cheiro de sangue das cabeças apodrecendo na carruagem. Eles ainda não haviam feito uma investida, mas era nítido que o cavalo estava começando a ficar agitado.

Colin segurava as rédeas enquanto mantinha os olhos em seu status.

caveira

Nome: Colin
Idade: 23

 Árvore primária: Céu. Nível: 00
Árvore secundária: Pujança. Nível: 00
Árvore secundária: Caos. Nível: Bloqueada.

HP: 1110
MP: 155

Habilidades:

Força: 12
Destreza: 15
Agilidade: 11
Inteligência: 7
Estamina: 13

18 pontos em pujança. Pontos necessários para o nível 2: 36 pontos.

21 pontos em céu. Pontos necessários para o nível 1: 29 pontos.

— Brighid! — ele chamou. — Fique aqui de olho em Safira.

— A-Aonde vai? — indagou a Fada preocupada.

— Treinar um pouco.

Safira ponderou dizer algo, mas permaneceu em silêncio. Colin jogou as rédeas de lado, entrou na carruagem e pegou o saco com as cabeças.

“Se minha teoria estiver certa, então acredito que consigo ficar mais forte se matar alguns lobos, mas nunca matei lobos antes. Deve ser como matar qualquer outra coisa, é só acertar o coração ou arrancar a cabeça que eles morrem”.

Colin deixou a estrada e adentrou a densa mata em busca de um espaço amplo para praticar suas habilidades com a espada.

Depois de algum tempo, encontrou um local adequado e colocou o saco no chão. Com um movimento rápido, retirou suas armas: uma espada em sua mão direita e uma adaga em sua mão esquerda.

Depois de quase quinze minutos viu alguns vultos na mata e sentiu que não estava sozinho.

“O que estou fazendo é burrice, mas não posso envolver aquelas duas nisso. Se eu me ferir, Brighid pode me curar como antes. Certo, mantenha-se focado, eles estão chegando!”.

O primeiro lobo apareceu com sua pelagem acinzentada, rosnando sem cessar.

Em poucos segundos, Colin se viu cercado por mais lobos, cada um com seus pelos eriçados e olhares fixos no intruso.

Ele manteve sua concentração, mantendo seus olhos fixos em cada movimento daqueles animais selvagens, prontos para atacar a qualquer momento.

“Podem vir!”

Brighid e Safira estavam na beirada da estrada jogando conversa fora enquanto Colin não voltava.

A Fada gostava de falar, e falar muito.

Ela disse a Safira como era a trupe em que fazia parte antes de ser vendida ao nobre.

Depois disso, suas perguntas foram focadas em Colin, perguntando sua cor favorita, comida favorita, o que ele gostava de fazer, se ele tinha namorada ou gostava de alguém.

O único problema em responder aquilo, era que Safira sabia tanto quanto Brighid.

— Por que não pergunta a ele? — indagou Safira.

Envergonhada, a Fada virou-se de costas.

— E-Eu não!

— Por que não?

Brighid cruzou os braços e deu de ombros.

— Colin não parece ser do tipo que gosta de conversar… e você sabe, eu sou bem diferente…

Safira sabia muito bem como a Fada era tagarela.

— Bom… não acredito que Colin vá repreender você ou algo assim…

A Fada coçou a bochecha com o indicador e suspirou.

— Safira… posso te contar uma coisa?

Ela deu de ombros.

— Claro.

Brighid engoliu em seco e corou levemente.

— É sobre Colin… — ela relutou em dizer e começou a brincar com os dedos para afastar o nervosismo. — Eu o achei muito bon-

— O que tem eu?

— Ahh! — grunhiu Brighid quase caindo no chão.

O mais assustador não foi ele aparecer de surpresa, e sim, aparecer mais uma vez com o corpo ensanguentado. Parte de suas vestes estavam rasgadas e havia feridas não só em seu tórax, mas em suas coxas e braços.

— O que aconteceu com você?! — indagou Brighid apavorada. — Está todo ferido e de quem é todo esse sangue?!

Colin desviou o olhar e olhou para si mesmo, percebendo o quão ferido estava. Não foi difícil matar uma matilha inteira, ele só achou cansativo. Após matar os dois primeiros, ele se acostumou.

— Estava caçando alguns lobos. Pelo menos teremos o que comer hoje.

Colin rapidamente esfolou os dois lobos, separando a carne e as peles para colocá-las na caravana.

O carpete estava agora completamente manchado de sangue, emitindo um odor nauseante que tornava impossível permanecer lá dentro por muito tempo.

Ele subiu na carruagem e apanhou as rédeas.

— Ouvi barulho de água corrente daquele lado. Acredito que seria bom a gente descansar e comer algo.

— Primeiro me deixa te curar! — Brighid apoiou as mãozinhas na testa dele.

A sensação de ser curado continuava sendo a melhor possível.

— V-Você não devia ser tão imprudente! — alertou a Fada com o cenho franzido. — A gente não é uma equipe ou coisa assim? Devia contar conosco quando for fazer essas coisas perigosas…

Colin suspirou e coçou a nuca.

— Desculpa.

Brighid cruzou os braços e virou-se de costas, com o coração acelerado e o rosto ruborizado.

Ela não conseguia compreender exatamente o que estava sentindo, mas era a primeira vez que se encontrava tão nervosa diante de outro ser, o que a deixava desconcertada apesar de ser uma sensação agradável.

— Tudo bem, é só não fazer isso de novo…

Safira encarou aqueles dois de canto de olho e achou aquela conversa toda bem estranha, mas não disse nada. Eles entraram na floresta e seguiram por uma estrada de terra até alcançar as margens de um rio.

Sem dificuldade, Colin ascendeu uma fogueira e deixou a carne do lobo assar. As garotas estavam próximas à fogueira enquanto Colin estava afastado encarando o próprio reflexo no lago.

Sem camisa, notou que seu corpo estava começando a ganhar músculos. Julgou ser devido aos atributos que estavam subindo bem rápido. Se perguntou se era normal ficar forte daquele jeito.

“Status!”

caveira

Nome: Colin
Idade: 23

 Árvore primária: Céu. Nível: 00
Árvore secundária: Pujança. Nível: 00
Árvore secundária: Caos. Nível: Bloqueada.

HP: 1. 110
MP: 155

Habilidades:

Força: 12
Destreza: 15
Agilidade: 11
Inteligência: 7
Estamina: 13

18 pontos em pujança. Pontos necessários para o nível 2: 36 pontos.

21 pontos em céu. Pontos necessários para o nível 1: 29 pontos.

“Esses números parecem bem grandes para mim, mas não sei se são realmente grandes para os padrões desse mundo” Ele olhou para o lado vendo as companheiras ao fundo “Ao menos a Fada é útil. Veremos até onde ela vai me servir de algo.”

Colin vestiu a camisa rasgada e retornou para perto das companheiras.

Todos eles comeram a carne de lobo.

Pela primeira vez em semanas Colin sentia saciar sua fome. Brighid comeu pouco devido a sua estatura, e Safira também dosou o almoço, deixando tudo para Colin aproveitar sem problema.

O cavalo também aproveitou para beber água e comer grama.

Eles arrumaram as coisas e subiram na carruagem, retornando para a estrada. Brighid continuava tagarela como sempre, e Colin a achava bem irritante, mas em nenhum momento a repreendeu.

Era sol de meio-dia quando eles cruzavam por uma estrada deserta. Diferente de alguns quilômetros onde se ouvia com facilidade o canto dos pássaros, o lugar por onde passavam estava extremamente silencioso.

“Tem algo errado… esse lugar não me cheira bem”.

— Colin! — chamou a Fada apontando para a floresta. — Tem gente nos vigiando! — sussurrou.

“Não estou vendo nada.”

Ting!

Uma flecha havia vindo do mato bem na direção da cabeça de Colin, mas o projétil parou ao se chocar com um círculo mágico conjurado pela Fada.

Assim que recobrou o sentido, Colin pegou a Fada em uma mão e puxou Safira pelo braço, caindo ao lado da carruagem.

Stock! Stock! Stock!

Flechas cravaram onde eles estavam sentados. O cavalo relinchou e começou a correr em disparada pela estrada, deixando-os expostos.

Ting! Ting! Ting!

Outras três flechas se chocaram contra a barreira esverdeada erguida por Brighid.

— Vocês estão bem? — ela indagou preocupada.

“A Fada também pode criar barreiras? Isso é bastante útil!” Colin se concentrou nos arbustos na beirada da estrada “As flechas vieram dali? São mercenários?”

— Chefe! — berrou uma voz da floresta. — Eles têm uma Fada!

Após este anúncio, alguns homens brotaram dos arbustos segurando espadas, machados, lanças e balestras. A maioria deles tinha dente de ouro e se vestiam com cotas de malha e jaquetas de couro.

— Olha só! — disse um homem alto apoiando uma espada longa de prata nos ombros. — Um Elfo Negro andando com uma Fada e um pivete… Isso é bem incomum — ele cravou a lâmina no chão de terra. — Essa é minha estrada, se pagarem a taxa deixo vocês passarem…

Colin esboçou um sorriso de canto.

— Nos deixar passar? Vocês acabaram de tentar me matar, pensa que eu confiaria em vocês?

O silêncio perdurou por alguns segundos até que foi quebrado por uma risada histérica de todos aqueles homens.

Háháhá! Matem os dois e capturem a Fada, ela deve valer algo!

— Brighid! — sussurrou Colin. — Consegue conjurar essas barreiras a distância?

— Consigo!

— Ótimo! — ele sacou sua adaga e espada, segurando uma em cada mão.

— Colin! — chamou a Fada. — É perigoso partir para cima deles sem um plano!

Ele a encarou no fundo dos olhos e abriu um sorriso.

— Você é o meu plano!

Sem dizer mais nada, Colin partiu em disparada na direção do grandão que ainda sorria.

Ele retirou a espada do chão e a cingiu acima da cabeça na intenção de partir Colin em dois.

— Quer tanto assim morrer, seu Elfo de merda?! Então vou te matar!

Ting!

A espada parou a centímetros da testa de Colin, detida pela barreira mágica conjurada por Brighid.

O grandão se assustou com a proximidade de Colin e se preparou para saltar para trás, mas antes que pudesse reagir, Colin aproveitou a oportunidade e desferiu um golpe certeiro em seu abdômen com a espada longa.

Crash!

Colin forçou sua espada para cima, partindo aquele homem ao meio.

Ele não supôs que fosse tão fácil partir alguém ao meio, culpando seus atributos por toda aquela força monstruosa.

— Chefe!

O resto dos bandidos entrara em pânico.

O rosto de Colin estava pintado com o sangue quente do inimigo. Ele correu os olhos rapidamente por todos seus oponentes e partiu em disparada rumo aos flancos atiradores.

— Merda! — um dos mercenários atirou uma flecha em Colin, mas ela rebateu na barreira.

Vush! Vush!

Colin arrancou as mãos dele com a espada e em outro movimento o degolou.

— A Fada! — berrou um dos atiradores. — Mirem na Fada!

Girando sob o calcanhar, Colin ganhou impulso e lançou sua espada na direção do atirador, cravando-a bem na testa.

— Porcaria! — bradou um mercenário vindo correndo por trás.

Colin cortou a jugular daquele homem com a adaga e partiu em direção ao homem do lado, cortando seus olhos e cravando a adaga na garganta do mercenário.

Zium!

Uma flecha passou raspando na orelha de Colin.

Ele correu em zigue-zague na direção do último mercenário que faltava e cravou a adaga na testa de seu oponente.

O combate foi tão intenso que Colin teve a sensação de que durou bem mais que vinte segundos. Quando finalmente derrotou todos os homens, ele caminhou até o atirador que havia lançado sua espada e a recuperou.

Matar todos aqueles homens fez seu corpo sentir uma sensação que ele não conseguia descrever em palavras, a mesma que sentiu ao matar o soldado do celeiro.

Ele estava começando a gostar de fazer aquilo.

— Colin! — berrou a Fada voando para mais próximo dele. — Você está bem?!

Ele assentiu com um sorriso no rosto.

— Eu estou bem, e você, se machucou?

— Não! Safira e eu estamos bem…

Colin suspirou aliviado.

— O cavalo partiu nessa direção — apontou Colin. — Consegue alcançá-lo?

Ela olhou para Colin e depois olhou para a estrada.

— A-Acho que sim…

— Leve Safira com você. Melhor ela não ver isso depois do que ela passou.

A Fada assentiu olhando mais uma vez para Colin e depois para a estrada. Sem dizer mais nada, ela se retirou. Era a primeira vez em décadas que ela via um ser matar tantos outros e agir como se nada tivesse acontecido.

Colin abaixou-se e começou a tatear os bolsos dos mercenários abatidos. Nenhum deles tinha de fato coisas que valessem a pena.

Encontrou cinco moedas de bronze ao todo e trocou suas roupas por roupas melhores.

Vestiu uma camisa preta, calças de couro e botas escuras.

Apanhou também uma cinta de bainha e uma espada de aço. Ele tentou usar a espada de duas mãos do grandão que derrotou, mas ela era pesada demais.

Ao vasculhar o último corpo, ele encontrou um mapa e o desdobrou com cuidado.

image 9
Mapa do Vilarejo.

“O mapa de um vilarejo… esses mercenários são de lá ou pretendiam atacar esse lugar? Se eu seguir o rio e continuar rumo a oeste, talvez eu consiga encontrar esse lugar, e então saberei o que eles realmente são.”

Colin se ergueu, dobrou o mapa e o guardou no bolso, vendo Safira e Brighid se aproximarem somente com o cavalo e sem a carroça.

— O que aconteceu?

— As rodas quebraram… — disse Safira. — Deixamos depois daquela curva — apontou com o indicador.

Colin abanou uma das mãos e foi andando em direção ao cavalo. Fez carinho no animal e puxou suas rédeas.

— Encontrei um mapa que dá em um vilarejo ao oeste do rio. Vamos só pegar coisas importantes na carruagem e seguir rumo ao oeste.

Antes de partir, Colin foi até o brutamontes que partiu ao meio e cortou sua cabeça. Com tiras de couro, Colin juntou as partes partidas e usou um pedaço de ferro improvisado para usar como gancho, amarrando aquela cabeça no cavalo.

Suas companheiras ficaram enjoadas com a cena e um tanto espantadas por Colin conseguir levar todo aquele processo hediondo com tanta naturalidade.

— Vamos! — disse Colin puxando o cavalo pelo buçal.


Caminharam por alguns minutos e encontraram a carruagem inclinada.

Colin a adentrou e tirou lá de dentro o saco com cabeças e as peles de lobo. Ele tirou uma das cabeças para fora e a encarou.

Aquilo estava tão podre que provavelmente seria irreconhecível.

Retornou para dentro da carruagem e apanhou um livro que estava na estante, bem na parte superior.

Rasgou uma página e estalou o dedo algumas vezes.

Ele não estava tão confiante de que isso iria funcionar, mas funcionou. Faíscas brotavam das pontas de seus dedos e dançaram em volta deles até encontrar a base do livro, que começou a pegar fogo.

“Faíscas… Então consigo criar ao menos isso.”

Colin segurou o livro em chamas debaixo da estante de madeira. Não demorou muito para que a estante fosse aos poucos engolida pelas chamas. Então, ele rapidamente jogou o livro no assento e saiu da carruagem.

Apanhou os sacos com as cabeças do nobre e do cocheiro e também jogou no fogo.

Ele deu dois passos para trás, observando-a queimar.

Colin conseguia encontrar certa beleza no fogo. Para ele, o fogo poderia destruir, mas também poderia criar, além de ser um elemento essencial para a vida.

— Colin! — Safira chamou encarando-o assustada. — Não é melhor irmos logo?

— Sim! — respondeu apanhando as peles ao seu lado. — Acabei me distraindo, me desculpe…

Seus passos lentos, porém, pesados, seguiram até o cavalo que era bastante alto, uma genuína raça pura. Subiu no cavalo e estendeu a mão para que Safira subisse também.

Ela o encarou por alguns segundos e pegou na sua mão. Com um impulso, ele a ergueu colocando-a atrás dele.

Colin era alto e encará-lo pelas costas estando tão próxima a ele era como olhar para uma muralha.

Safira se sentiu desconfortável, mas deu de ombros.

— Ei! Colin! — disse a Fada tentando espantar o clima estranho que pairava o ar. — Acha que alguma aventura nos aguarda no vilarejo?

Ele deu de ombros.

— Provavelmente.

Suspirando, a Fada sentou-se no ombro de Colin.

— Você é sempre um homem de poucas palavras… te conheço a quase dois dias e não te vi formular nem dez frases completas.

— Não tenho muito a dizer.

— Viu só…

Eles rumaram em direção ao rio e focaram em contornar sua margem.

A viagem seguiu silenciosa por quase uma hora inteira, até que algo chamou a atenção.

Havia marcas de batalha logo a frente.

Soldados estavam mortos e dezenas de armas estavam espalhadas pela margem ensanguentada.

— V-Você não vai lá, né? — perguntou a Fada.

— Só darei uma olhada — respondeu Colin descendo do cavalo e entregando as rédeas para Safira.

Com a curiosidade atiçada, Colin foi até o campo de batalha. Não havia um único sinal de vida naquele lugar.

Caminhou até um soldado de armadura prateada e encarou aquele homem com uma espada atravessada no pescoço.

Se abaixou e começou a tatear os bolsos do homem de sangue fresco.

Ele puxou uma adaga de prata e duas moedas de bronze.

— Encontrou algo? — perguntou a Fada atrás dele.

— Adaga e uns trocados. Melhor continuar procurando.

Haviam cerca de vinte corpos naquele lugar. Ele pilhou absolutamente todos. Conseguiu ao todo quinze moedas de bronze e no máximo duas espadas em boas condições.

Cof! Cof!

Virando a cabeça, Colin viu um homem de armadura negra com a espada atravessada no peito tossindo sangue. Brighid ficou colada a ele com medo de se aproximar.

— Po-po-pode ser perigoso se você for…

Colin a encarou por cima dos ombros.

— Tá tudo bem.

— Mas-

— Se quiser pode voltar.

Ela engoliu o seco e continuou em silêncio.

A passos lentos, Colin se aproximou daquele homem no chão. Ele tentava puxar algum ar, mas seus pulmões estavam em estado crítico. Voejando, a Fada ficou ao seu lado, enquanto Safira permaneceu observando tudo de longe em cima do cavalo.

Cuspindo sangue, o soldado encarou Colin e a Fada se aproximarem. Seus olhos expressavam medo, assim que colocou os olhos neles.

— Consegue estabilizá-lo? — perguntou Colin para a Fada.

— Que-quer que eu o cure?

— Não, quero que ele consiga falar apenas.

Brighid fez que sim e voejou até o soldado apoiando suas mãos minúsculas na testa dele. Uma luz amarelada envolveu lentamente o corpo do soldado e ele começou a respirar com mais calma, porém, a espada ainda estava atravessada em seu peito.

Agachando-se, Colin encarou o soldado que estava espantado ao vê-lo.

— O que aconteceu aqui? — indagou.

Reunindo forças, o soldado virou a cabeça e escarrou no rosto de Colin.

Puf!

Colin limpou o cuspe com as costas da mão e voltou a encarar o soldado.

— Minha amiga aqui pode curar você por completo, mas primeiro você terá que responder algumas perguntas.

O soldado olhou para Colin e depois para Brighid.

Aproveitando que o soldado não podia se mover, Colin começou a mexer nos bolsos do soldado que o encarava com um ódio diabólico.

Após pouco procurar, Colin encontrou um retrato desenhado a mão. Nele estava o soldado, uma mulher e um garotinho.

— Sua família? — perguntou Colin. — Sua esposa essa daqui? — ele mostrou a foto para o soldado.

Colin se sentia diferente.

Ao invés de sentir pena, ele achou aquela situação cômica.

Com um sorriso de canto voltou a cruzar olhar com o soldado.

— Ela é bonita, parece ter dado sorte, ou nem tanto, né? Já que ela ficará viúva e seu filho provavelmente será órfão.

Colin fez uma pausa e cruzou os braços se aproximando do soldado.

 — Ou melhor, ele terá um rodízio de padrastos que vão tratar o moleque como um verme e sua esposa como uma puta! — Brighid encarou Colin assustada e ficou preocupada ao perceber o sorriso diabólico estampando em seu rosto. — Imagina só, com quantos homens diferentes sua esposa trepará? — Colin colocou a mão no queixo, pensativo. — Cara, isso me deixou curioso… sabe o mais engraçado disso tudo? Seu filho crescerá se perguntando se o pai dele foi um bom homem, e o novo padrasto fará a cabeça do garoto, falando muito mal de você. Isso se os caras que foderem sua mulher quiserem compromisso, né? Na maioria das vezes eles só gozam e vão embora, deixando-a com um barrigão para se virar. Sua mulher terá que vender o corpo para ter que sustentar as duas crias, isso se ela tiver só duas, né? Quem em sã consciência daria emprego para uma vadia que não consegue nem ficar com as pernas fechadas? Seu bastardinho será deixado de lado e ele vai se perguntar: “Por que meu pai não está aqui comigo?” E então-

— Chega! — berrou o soldado enquanto tossia. — Cof, Cof — … Demônio maldito, eu falo, está bem?

Colin sorriu.

— Estou a todo ouvido.

O soldado continuava relutante, mas as palavras de Colin haviam entrado firmemente em seu pensamento, ainda mais agora que ele estava entre a vida e a morte.

Ele não queria que sua esposa tivesse outro homem, muito menos que seu filho crescesse sem pai.

Ele resolveu cooperar.

— O império de Ultan… eles nos massacraram… as rosas negras nos emboscaram…

— Entendi… e o que é rosas negras, uma guilda?

— Sim… eles são uma das 10 guildas mais poderosas do império de Ultan.

Aquilo era mais um motivo para dar o fora dali. Colin não queria topar com ninguém por enquanto.

— E você… — disse Colin. — Faz parte de algum império?

O soldado começou a tossir novamente e Colin aguardou pacientemente até que a crise de tosse dele parasse.

— Sou do Império do Sul…

Colin fez que sim com a cabeça e se ergueu.

— Rápido… — murmurou o soldado. — Eu não tenho muito tempo sobrando.

Cof! Cof!

— Estou vendo mesmo.

— Vai me ajudar?

— Claro…

Com cuidado, Colin apoiou uma mão no cabo e outra no pomo.

— Aguenta aí, isso vai doer.

Vagarosamente, Colin começou a retirar a espada.

O soldado cerrava os dentes e grunhia devido à dor. Quando ele estava prestes a retirar por completo a espada, Colin a desceu com tudo, transpassando o soldado e fazendo-o cuspir sangue.

Crash!

Brighid não escondeu o susto, ela estava completamente horrorizada.

O soldado começou a engasgar com o próprio sangue enquanto encarava Colin com demasiada fúria.

— E-Eu vou curá-lo! — exclamou Brighid apavorada.

— Nem pense nisso! — bradou Colin. — Ele é um soldado e nos viu, ou acredita que ele ficará quieto depois que se recuperar?

— M-Mas Colin-

— Pense, Brighid! Quantas pessoas inocentes já não clamaram por piedade para ele? Só se importe comigo e com Safira, o resto é resto. Soldados não precisam da nossa compaixão, eles matam, saqueiam, violam pessoas em nome de seus respectivos reinos, e no final, dirão que fizeram isso pela paz, justiça ou qualquer desculpa esfarrapada que dão para continuarem matando inocentes. Ele é só mais um merda que mereceu morrer.

Virando as costas, Colin jogou o retrato da mulher e filho do soldado ao lado dele.

O soldado tentou apanhar o retrato, porém, ele não conseguiu. A morte o alcançou antes dele ver o rosto do seu filho uma última vez.

Colin já estava perdendo as contas de quantas pessoas matou, e ele estava começando a gostar disso.

Mesmo sabendo que seus atos eram vis, ele já decidiu que qualquer um que não fosse Safira ou Brighid era seu inimigo até o provarem o oposto. Algo estava mudando dentro dele, e ele não sabia dizer se era para melhor ou pior.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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