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Já era possível ver a torre ao longe. Ela parecia cercada por nuvens carregadas e por corvos que sobrevoavam o pico da torre. Aquele lugar tinha um cheiro que Colin apreciou com mais gosto, o cheiro da morte.

Seguiram por uma estrada que quase havia sido engolida pelo mato e ouviram um grito alto, um grito que os deixou em alerta.

— O grito de uma donzela em perigo! — disse o Thane. — Vamos lá, Elfo, temos uma dama para salvar!

Thane empunhou sua espada e avançou em meio ao matagal. Colin permaneceu calmo. Usou a análise e em meio as árvores, enxergou a mana minúscula de um homem, uma mulher e uma garota. Os cercando, estavam outras nove manas que não era grande coisa, mas era a primeira vez que Colin sentia a forma daquelas manas.

Aquela família estava enfrentando um goblin. O goblin não tinha mais que um metro e vinte de altura, sua pele era avermelhada, tinha brincos e usava uma tanga surrada. A criatura avançou com a lança em direção ao homem, mas ele se defendeu.

 Thing!

Ele só não previu que um dos goblins o cortaria nas costas com uma espada. Aquele homem largou a espada e foi ao chão. Sua esposa e sua filha se jogaram sobre ele.

— Se abaixem! — berrou o Thane.

Um corte feito de sombras passou sobre a família. Três goblins tiveram as cabeças decepadas e dois pinheiros foram partidos ao meio.

 Vush!

Um dos goblins segurava uma balestra, então ele atirou em direção a família, mas Thane rebateu aquela flecha e lançou um corte em direção ao goblin, que acabou desviando.

Em questão de segundos os goblins os cercaram. Três estavam portando armas de longo alcance, outros dois estavam portando lanças e o restante empunhava espadas.

“Merda! Esses goblins sabem se organizar. Tenho que proteger essas pessoas enquanto os enfrento! Onde está aquele maldito elfo para me ajudar?!”

Giaaa! — grunhiu um dos goblins.

Colin o ergueu pela cabeça e o encarou nos olhos.

— Vocês são pequenos mesmo…

— Elfo! — berrou o Thane — Cuidado!

Os goblins que portavam balestras dispararam. Colin colocou o corpo do goblin que segurava na frente das flechas.

Stuck! Stuck! Stuck!

Colin jogou o corpo do goblin de lado e conjurou três adagas elétricas. Em extrema velocidade ele as lançou, todas de uma vez.

Todas elas acertavam o alvo, derrubando das árvores os goblins que portavam balestras. Assustados, os goblins com lanças avançaram.

Colin segurou uma das lanças que iria atingir seu rosto. Num Safanão a tomou da mão do goblin, a girou, e cravou aquela lança no meio de sua testa, espirrando sangue esverdeado para todo lugar.
Os goblins que sobraram viram seus companheiros sendo mortos um por um e prontamente se prepararam para fugir.

Girando a lança sobre o eixo do ombro, Colin deu um passo à frente e a lançou na direção de um dos goblins. A lança não só o atravessou, como também transpassou um punhado de árvores, as derrubando por boa parte do caminho que percorreu.

— Opa! Melhor eu usar menos força da próxima vez.

Toda aquela luta não durou vinte segundos.

A mulher e a garota estavam desesperadas. Aquele homem não parava de sangrar e de berrar.

— Senhora! — disse Thane — Você tem que se acalmar! Farei o possível para salvar seu marido!

Com lagrimas nos olhos, ela segurou a gola da camisa do Thane, o sacudindo com agressividade.

— Você tem que me ajudar! Se não o meu marido vai-

Colin tocou o ombro dela.

 Oratória Ativada!
Todos os requisitos foram atendidos!

 — Está tudo bem, isso não vai o matar. É um corte superficial. — Colin apontou com o indicador — Viu? Se acalme, ficará tudo bem com ele, confia em mim.

A mulher fez que sim com a cabeça e se acalmou pouco a pouco. O mesmo aconteceu com a filha. Elas deram espaço para Colin e ele rasgou a camisa daquele homem, revelando um ferimento superficial.

“Esse cara…” Pensou Thane “Ele fez de novo!”

— Ei, Thane, a poção de cura, rápido!

Thane olhou para Colin e depois para a mulher. Ele não queria gastar poções de cura com gente comum. Uma poção de cura poderia fazer diferença em uma batalha até a morte.

Colin continuava com aquele olhar de predador sobre ele, então Thane entregou a cura. Colin tirou a rolha com o dente, ergueu a cabeça daquele homem e o fez beber toda poção.

As feridas dele cicatrizaram em alguns segundos.

— S-Senhor, muito obrigado! — disse o homem enquanto se erguia. — Se não fosse por vocês, minha esposa e minha filha…

Colin abriu um sorriso e apoiou a mão no ombro daquele homem, que devia ter quase a mesma idade que ele.

— Tá tudo bem, vocês estão bem. — Colin olhou em volta vendo um cavalo morto e uma carroça derrubada com maçãs e frutas espalhadas por todo canto — Ia vender essas coisas?

O rapaz coçou a nuca e assentiu.

— Somos agricultores, meu senhor, vivemos do que a terra nos fornece, e estamos em tempo de colher boas maçãs…

O Thane deu um passo à frente.

— Por que escolher uma estrada tão próxima à torre? Não sabe que é perigosa?

O rapaz engoliu o seco e fez que sim.

— Sabemos, mas pela estrada convencional é ainda mais perigoso… já roubaram toda minha mercadoria algumas vezes, apontaram espadas para minha mulher e minha filha… disseram que se eu reagisse eles me fariam assistir enquanto…

— Entendi. — disse Colin pegando uma maçã próxima a ele — Posso ficar com essa?

— Ah! C-Claro!

Colin limpou a maçã com a manga da blusa e deu uma generosa mordida. Era uma maçã suculenta e bem doce.

— Se seguir por ali — Colin apontou com o dedo por de onde vieram — Vão chegar a um vilarejo. Procure por Leona e Safira e diga que Colin o mandou. Elas vão ajudar você com essa mercadoria.

O rapaz se abaixou, encostando a testa na grama.

A mulher e a garota fizeram o mesmo.

— Obrigado senhor, muito obrigado!

Colin usou a análise mais uma vez e olhou ao redor. Por sorte não havia mais inimigos por perto.

— Vão agora, está seguro por enquanto.

— S-Sim senhor!

Os três curvaram seu corpo mais uma vez e se retiraram as pressas.

Thane franziu o cenho encarando Colin.

— O que foi isso? Se formos fazer caridade para qualquer um que encontrarmos, então não chegaremos à torre nunca.

— Foi você quem saiu correndo na frente.

Tsc… você me fez gastar uma poção de mana com aquele caipira, isso pode custar caro na torre, sabia?

Colin assentiu.

— Se você precisar de cura, então vai ser ruim para você, certo? Eu não dependo de uma coisa como essa.

“Esse Elfo está me dando nos nervos!”

Conforme se aproximavam, o céu escurecia, e cheiro de chuva estava presente no ar.

 Cabrum!

Então uma tempestade começou, acompanhada por altos estrondos de trovões que clareavam aquele lugar escuro. Era a primeira vez que Colin via uma coisa como aquela. Usando a análise, ele notou haver magia vinda da torre, mas não era uma magia tão forte a ponto de fazê-lo recuar.

Passaram por uma curta ponte de pedra e mataram mais alguns goblins sem nenhuma dificuldade, chegando até a porta feita de madeira nobre.

Colin a tocou, sentindo a madeira gelada na ponta de seus dedos. Sua mão deslizou até a maçaneta e ele a abriu em um rangido suave.

— Ei, Elfo, vamos mesmo fazer isso?

Colin encarou Thane por cima dos ombros.

— Pode voltar se quiser, mas você ficará sem suas moedas.

Tsc, acha mesmo que deixarei você ficar com meu dinheiro? Nunca!

Thane colocou o pé para dentro da torre e tochas se ascenderam iluminando um estreito corredor.

O som do ruído lá fora, do uivo uivante e do farfalhar das folhas foi interrompido pelo som de um poderoso trovão. Aquele trovão parecia tão próximo que poeira caiu do teto, mas ainda assim, aquele corredor se manteve estável.

Tanto Thane quanto Colin pareceram e não se importaram, continuaram caminhando pelo corredor iluminado por tochas, chegando a uma grande sala com formação circular.

A frente havia um punhado de ratos remoendo alguns ossos espalhados pelo salão. Thane tapou o nariz, aquele cheiro de podridão era insuportável.

Haviam pilhas de cadáveres naquela sala, e duas enormes estátuas de pedra protegiam uma grande porta de madeira.

Ouviu-se um ranger de portas e elas ficaram escancaradas, convidando-os gentilmente a entrar, iluminando outro corredor. Ao fundo havia uma escada com formato de caracol, no qual levava para os andares superiores.

Colin seguiu para a escada e começou a subir devagar. Thane resolveu seguir Colin sem mais questionamentos.

Chegaram a uma porta de madeira e Thane esperou Colin avançar. Empurrando a porta devagar, Colin encontrou uma sala de alquimia, com restos humanos conservados em formol. Havia também corpos mumificados presos em paredes por correntes.

Aqueles corpos pareciam quimeras.

Seus olhos haviam sido arrancados e suas pálpebras costuradas. Seus corpos estavam remendados em restos de diferentes animais. Alguns estavam com seus peitos abertos, outros ainda estavam com órgãos pendentes em seus corpos.

— Pelos Deuses — sussurrou Thane — Que merda toda é essa?

Colin escutou uma das correntes balançar e deu um passo para o lado, esquivando-se do soco de uma quimera que se resumia a um homem com braços de um gorila e cauda de crocodilo.

A quimera avançou mais uma vez, mas Colin não queria perder tempo naquele lugar. Conjurou uma de suas adagas elétricas e atravessou o pescoço da criatura, que agonizou de dor antes de morrer engasgada com o próprio sangue.

“Merda! Eu nem escutei esse demônio se aproximando.” Pensou Thane.

Abaixando-se, Colin observou a quimera de perto com a análise. Havia claros sinais de mana naquele ser, rastros que seguiam pelo corredor e subiam as escadas indo em direção ao topo da torre.

— Parece que ele estava sendo controlado. — Colin se ergueu — Vamos seguir.

— Seguir? E se tiver mais dessas coisas?

— Relaxa, eu protejo você.

“Tsc!”

A energia do andar superior atiçava Colin a continuar. Ele sabia que aquilo era perigoso, mas ser perigoso nunca foi um impedimento para ele.

Procuraram em volta por algo de valor e não encontraram absolutamente nada.

Retornaram para a escada e subiram mais um pouco, em direção ao quarto e último andar. Lá estava o andar que se resumia a um salão circular repleto de ouro. No fundo, sentado em um trono, estava uma armadura negra segurando uma espada dourada com detalhes rúnicos avermelhados por sua lâmina.

A armadura tinha uma capa aveludada e anéis brilhantes cobriam sua manopla de ébano. Ao lado dele havia pilhas de moedas que saltavam aos olhos.

Coroas, joias, anéis, braceletes, brincos, tecidos, gemas, anéis e várias joias de outros tipos.

— É isso? — indagou o Thane — Conseguimos?

— Claro que não — disse Colin conjurando suas duas adagas elétricas — Use a análise nessa coisa.

E foi o que Thane fez.

Desde que entrou, sentiu que sua mana estava sendo drenada, mas não era para a armadura e sim para a espada.

Uma notificação saltou as vistas de Colin:

 
Nome do item: Claymore.
Tipo: Quimera.
Categoria: Relíquia

 
Era a primeira vez que aquilo acontecia ao avistar um item.

“Quimera? O que isso significa?”

— Claymore? — balbuciou Thane incrédulo — N-Não pode ser!

Colin encarou Thane com o canto dos olhos.

— O que foi?

Thane deu um passo para trás e desembainhou sua espada.

— B-Bem… a lenda diz que quando o véu caiu, um humano chamado Willian, conseguiu encontrar as raízes da gigantesca árvore que passa por todos os planos. Dela, ele forjou uma espada poderosa. M-Mas claro, isso é só uma lenda…

A armadura segurava a espada enquanto a mesma estava cravada no soalho empoeirado.

— Esse é Willian? — indagou Colin se aproximando a passos lentos da armadura.

Foi então que Colin resolveu usar a análise naquele ser.

 
Árvore primária:???
Árvore secundária:???
Árvore secundária:???
Mestre da espada: Nível intermediário.
 
HP: 25.100 + (Aumentando)…
MP: 40.300 + (Aumentando)…

 Habilidades:

 Força: 78 + (Aumentando)…
Destreza: 92 + (Aumentando)…
Agilidade: 62 + (Aumentando)…
Inteligência: 20 + (Aumentando)…
Estamina: 105 + (Aumentando)…

 

“Mestre da espada, o que isso quer dizer? E ainda por cima é nível máximo. O restante das habilidades dele são inferiores às minhas, mas estão aumentando. Provavelmente é porque ele está sugando nossa mana e balanceando seus atributos na totalidade.”

— Thane! Já entendeu o que está acontecendo aqui, certo? Se sua mana zerar você será inútil para mim, então dê o fora da torre! Mesmo se ele conseguir me enfrentar, venço pelo cansaço.

O Thane não havia nenhuma objeção.

— B-boa sorte!

 Cabrum!

Um trovejar particularmente alto veio do lado de fora, em conjunção com o chão que se quebrou. As duas lá de baixo estavam de volta ao último andar.

Guinchados começaram a ser ouvidos lá de baixo, e pouco a pouco aquele som começava a ficar mais próximo.

Cerca de vinte quimeras dos mais variados tamanhos começaram a subir as paredes rapidamente. Assim que passaram por eles, o chão quebrado se fechou.

Os dedos da manopla se fecharam sobre o cabo da espada Claymore e a imponente armadura ergueu a cabeça. Por baixo daquele elmo, olhos vermelhos os observavam.

“Certo, preciso acabar com a quimera e com as estátuas, só assim conseguirem abrir caminho até o cara de armadura.”

Colin girou as adagas que, aos poucos, ficaram enegrecidas. O raio celeste que antes circundava seu corpo também escureceu.

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Olá, eu sou o Stuart Graciano!

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