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Capítulo 107 – Finalmente Em Casa

Após sobrevoar os céus do continente por dois dias e meio, o Wyvern pousou próximo aos portões da capital e ali deixou Colin e suas companheiras. Com as mãos nos bolsos e um caminhar despreocupado, Colin atravessou os portões da capital. Os guardas não os impediram, já que era Colin quem estava ali, um rsto bem conhecido pelos guardas.

Conforme caminhavam para mais dentro da cidade, eles viam cada vez mais gente.

Colin nunca havia visto a cidade tão cheia.

A rua principal, que era onde se concentrava os principais comércios da cidade, estava lotada. Havia tantas pessoas que cavalos mal conseguiam transitar.

Pessoas de raças diferentes vociferavam seus produtos para os quatro cantos, pechinchando armas e itens mágicos e até mesmo tentando passar a perna nos menos desavisados.

— Tá tão cheio… — murmurou Safira.

— Nunca vi tanta gente junta — murmurou Leona.

Alguns universitários fixavam os olhos em Colin e nas garotas. Os que o reconheceram, suspeitaram que ele estava de volta devido ao torneio de guildas.

Após cruzarem a rua principal, viraram à direita, indo em direção a universidade. Mesmo que estivessem suspensos, eles ainda moravam ali.

Devido ao festival, a universidade estava aberta à visitação. Não eram só alunos que estavam lá, mas sim outras pessoas que tinham curiosidade de ver como era a universidade mais famosa do continente.

Os alunos pareciam agitados com o grande torneio de guildas. Aquela era uma chance de fazerem suas guildas serem reconhecidas por todo continente, também era a chance de atrair investimento e ganhar muito dinheiro.

Assim que viram Colin, muitos deles começaram a cochichar. Uma mulher com orelhas de raposa e seis caudas estava com eles, sem falar que Safira também parecia mais madura.

— Aquele não é o Elfo Colin?

— Uma raposa de nove caudas? O diretor vai deixá-lo participar?

— Espero que não! Eles já têm aquela monarca de duas árvores do lado deles.

— Preciso de um banho… — disse Colin.

— Então vou com você! — respondeu Leona.

Colin ergueu as sobrancelhas.

— Não é melhor você ir com Safira? — indagou Colin.

— Por quê? Divido minha alma com você, não com ela. Também preciso de um banho.

Colin coçou a nuca.

— É que você já é uma mulher, então seria estranho se tomássemos banho juntos…

Leona fez que sim e cruzou os braços.

— Mestre, nós continuamos sendo a mesma alma em corpos diferentes. Acredito que senhorita Brighid vá entender sem fazer alarde. Não tem nada que ela viu que eu não tenha visto.

Colin olhou para os dois lados e abanou as mãos.

— Não fique falando isso em voz alta.

— Não precisa ficar irritado, eu já te vi nu um monte de vezes e você também já me viu nua um monte de vezes. Somos um só no fim das contas, ou se esqueceu, mestre?

— É, mas te ver nua agora só deixa tudo mais bizarro, entendeu?

— Isso não faz sentido para mim. Não seria mais bizarro me ver nua quando eu era uma criança?

— Pelos deuses, eu não vou mais discutir com você…

Ela abriu um sorriso e apoiou o indicador frente aos lábios.

— Então eu ganhei?

— Cala a boca!

Safira encarou aqueles dois de canto. Aquela conversa a deixava com certa vergonha, ainda mais quando eles falavam sobre esse tipo de assunto tão alto, mas ela às vezes se sentia bem quando aqueles dois tinham esse tipo de discussão.

Colin sempre foi muito reservado e sério, mas de um tempo para cá ele tem se aberto mais e até mesmo sorria com mais frequência. Safira se sentia bem com isso. Ela tinha ciência sobre a visão que teve no Lithium, mas nem mesmo ela sabia se aquele futuro se concretizaria, já que ela era incapaz de ferir alguém como Colin.

Ela mataria por ele se fosse preciso, e ela sabia que Colin faria o mesmo por ela.

A discussão entre Colin e Leona continuou por alguns minutos. Leona decidiu seguir com Colin para o dormitório dos meninos, enquanto Safira retornou para casa.

Já fazia meio ano desde que ela esteve em casa. Era estranho ter algo no qual ela pudesse chamar de lar.

Depois do massacre dos Asmurgs, ela havia virado praticamente uma nômade. Seu último lar foi uma vilazinha remota massacrada pelos bárbaros.

Fazia alguns anos que ela havia perdido seu pai, e quase um ano que havia perdido sua mãe. Safira se considerava sortuda por encontrar Brighid e Colin. A fada se preocupava com ela, e mesmo que ambas tivessem se afastado no castelo dos vampiros, elas ainda tinham uma boa conexão.

Brighid era sempre bem meiga e sua marca principal era seu sorriso. Sem falar que, por ser bonita, Brighid facilmente atraía pessoas para perto dela sem muito esforço. Já Colin era do tipo que atraía problemas, e ela sabia que ele gostava disso.

Após perder toda sua família, ela se sentia bem perto dos dois, principalmente perto de Colin. Após perder o pai, Colin era sua principal figura paterna.

Enquanto subia as escadas para o apartamento, ela pensava que viajar com Colin não foi tão ruim no final das contas. Ela conseguiu se divertir em meio a aventura. Conheceu o Norte, o abismo e até mesmo viajou em cima de um Wyvern, sem falar na força que adquiriu durante sua estadia com os vampiros.

Não só seu corpo havia amadurecido, mas sua mente também. Após conhecer Colin, sua vida deu uma verdadeira guinada. Ela conseguiu ficar mais forte, conheceu muitas pessoas e fez muitos amigos.

Chegou ao apartamento e ouviu algumas risadas atrás da porta. A abriu e se deparou com todas as meninas da guilda reunidas. Elas conversavam de maneira descontraída.

— Safira! — disse Alunys empolgada — Até que enfim você retornou, a gente já estava teorizando sobre o que havia acontecido com vocês.

Sashri correu os olhos sobre o corpo de Safira.

— Andou comendo fertilizante alquímico? — Sashri ficou frente a Safira — Veja só, está maior que eu. Seu chifre também cresceu.

— Por que não deixa essa mochila no quarto e vai se trocar? — disse Samantha — A nossa Brighid tem algo para contar para você!

Safira ergueu uma das sobrancelhas.

— Algo para me contar?

Brighid mexeu na traça do cabelo que estava sobre seu ombro e abriu um sorriso bobo, fazendo que sim com a cabeça. Safira notou que ela estava diferente, diferente de um jeito bom. Os olhos dela pareciam mais verdes, as bochechas mais rosadas e os lábios mais vermelhos.

A cada vez que Safira a via, ela parecia mais bonita. Safira se perguntou se era porque ela era mais humana do que fada ou se era simplesmente por ela ser essencialmente uma fada.

Sashri apoiou as mãos nas costas de Safira e a empurrou para o quarto.

— É! Anda logo chifruda!






Colin já estava deitado na banheira com os braços abertos olhando para cima. Fazia tempo que ele não relaxava daquela maneira.

 Splash!

Água voou no rosto dele e ele olhou para frente, encarando Leona. Ela estava com um sorriso de orelha a orelha.

— Viu essa, mestre? É assim que um usuário do pélago luta!
Leona mexeu os braços como um usuário do pélago e jogou mais água no rosto de Colin.

 Splash!

— Vai, mestre! Sua vez!

“Tsc!”

— Você consegue ficar quieta por cinco minutos?

Leona abaixou as orelhas e ameaçou começar a chorar. Seus olhos amarelos se encheram de lágrimas e ela fez beicinho.

— Você nunca faz o que peço…

Colin a encarou e engoliu o seco.

— Tá bem, eu brinco com voc-

 Splash!

Mais água voou no rosto de Colin.

Hehehe. Não é porque uma mulher bonita está em prantos que significa que o senhor deva fazer suas vontades, pode ser uma armadilha, mestre!

— Sua…

Colin avançou até Leona, tentando afogá-la na banheira.

A porta do banheiro abriu, e Colin viu Kodogog. O Orc olhou para Colin e abriu um sorriso.

— Irmão Colin!

 Bloop!


 Leona, que até então estava submersa na banheira, emergiu.

Kodogog olhou para Colin, olhou para Leona e coçou a nuca.

— Desculpa atrapalhar, irmão Colin, eu volto depois!

Ele fechou a porta em um baque.

Ambos ficaram se encarando por alguns segundos e logo caiu a ficha do que Kodogog provavelmente pensou quando os viu daquele jeito.






Após saírem do banheiro, eles explicaram ao Orc o mal-entendido. Colin vestiu calças de moletom cinza, camisa branca e chinelos. Leona vestiu uma das camisas de Colin e um shorts curto que Brighid havia deixado em seu apartamento.

Kodogog explicou aos dois tudo que havia acontecido nos últimos seis meses. Antes do grande torneio de guildas começar, alguns dos nobres se reuniram com o diretor Hodrixey sobre Colin e sua guilda.

Muitos ali vieram ao torneio para vê-los em combate e a suspensão foi revogada. Muitos também queriam ver o filho de Jack Ubiytsy em combate, já que o nome dos Ubiytsy era temido de norte a sul no continente. Hodrixey concordou em Stedd retornar, mas somente para o torneio se o próprio desejasse.

Ao fim do torneio, Stedd seguiria expulso, já que assassinar um aluno no meio de tantas pessoas era algo inadmissível. Só não haviam tomado medidas mais sérias por medo do próprio Jack Ubiytsy retalhar de alguma forma.

Foi acordado que entre as guildas mais fortes, somente três membros poderiam participar. A maioria também gostaria de ver a Monarca de duas árvores em combate, mas outra parte, principalmente entre os alunos, dizia que aquilo seria inadmissível. Portanto, era incerto a participação de Brighid no torneio.

— Stedd está na cidade? — indagou Colin.

— Irmão Stedd chegou faz alguns dias. Está hospedado naquele albergue famoso com aquela comida gostosa. Irmão Colin devia visitá-lo.

— É, eu devia, mas tenho que ver Brighid antes. E você, Kodogog, planeja participar do torneio?

— Claro! — disse o Orc empolgado — Irmão Colin está bem forte, Kodogog quer ter o prazer de enfrentá-lo em um combate entre irmãos! Gostaria de enfrentá-la também, irmã Leona!

Leona abriu um sorriso.

— Pode ter certeza que será uma honra, irmão kodogog!






Caminhando em uma área não tão badalada da capital, um grupo de três pessoas olhava para os dois lados daquelas ruas de vitrines empoeiradas. Embora ainda fosse a capital, aquele lugar parecia bem mais miserável que o resto da cidade.

Até mesmo a roupa dos habitantes era desprovida de luxo habitual.

— Nossa, isso aqui é mais pobre que aqueles vilarejos de quinta do oriente, não concorda, Lilah?

Lilah tinha o cabelo branco como a neve. Ele era curto, indo até seus ombros. Ao redor de seus olhos havia uma forte maquiagem avermelhada, o mesmo vermelho sangue cobria o batom de seus lábios.

Sua pele era tão pálida quanto a de um cadáver, e mesmo no verão, seu vestido era grosso e escuro. Assim como sua calça, suas botas e suas luvas.

— Porque está perguntando para mim, Kylen?

Kylen entrelaçou os dedos atrás da cabeça e deu de ombros.

— Você é uma fada, certo? Já deve ter viajado por boa parte do mundo, estou correto?

— Errado! E foi escolha sua vir até a cidade no meio do torneio de guildas, não a minha.

— Vocês dois me seguiram. Deviam me agradecer por eu ter os tirado do tédio.

Kylen vestia um terno escuro cheio de detalhes em ouro nas bordas. Ele era magrelo, tinha cabelo bem escuro penteado para trás e sua pele também era bem pálida.

Seus olhos eram púrpuros, e havia duas tatuagens em formato de linhas vermelhas marcadas em seu rosto. Ambas saiam do canto de seus olhos e desciam da bochecha para o pescoço.

O que mais chamava atenção eram seus braços.

Suas mangas estavam arregaçadas, expondo um braço totalmente avermelhado e cheio de costuras.

— Vim porque disseram que teria gente forte aqui — disse Kylen — Tem os membros de Lótus, o próprio imperador e disseram que eles têm uma monarca de duas árvores também.

— O povo deste continente é mesmo atrasado — disse Gradock — Como se um monarca de duas árvores fosse algo fascinante.

Gradock também era pálido como um cadáver. Seus olhos escuros davam medo a quem os encarasse por tempo demais. Ele também era magro, mas seu corpo era definido. Seu cabelo era acinzentado partido ao meio. Usava camisa manga longa preta com sapatos da mesma cor. As calças eram vermelhas, assim como seus suspensórios. No seu pescoço ia um colar pequeno e dourado, com a imagem de um anjo de asas abertas.

— Eles ainda são arcaicos — disse Kylen, dando passos largos e evitando as rachaduras no pavimento com pulinhos — Acham que ele vai estar aqui?

— Ele? — indagou Lilah.

— É, o vampiro daquela vez.

Lilah deu de ombros.

— Acredito que não. E deveríamos ir embora dessa cidade logo. Todo esse lugar fede a esterco.

— Qual é, Lilah, o torneio de guildas vai começar em alguns dias. Veremos o povo arcaico do ocidente se atracar em um combate de verdade, já que eles sustentam essa guerra de mentira.

Ela deu de ombros e olhou para Gradock.

— Alguma objeção? — perguntou.

Gradock também deu de ombros e Kylen ergueu os braços vermelho sangue em comemoração.

Uhul! Prometo que será divertido, vocês não vão se arrepender, confiem em mim!

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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