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Capítulo 111 – Presente

Depois da visita com os Ubiytsy, Colin se dirigiu para a mansão onde estavam as crianças. Bateu na porta duas vezes e ela se abriu em seguida.

— Senhor Colin! — disse Deb com um sorriso no rosto — Que bom que já retornou, as crianças vão ficar felizes em vê-lo! — Ela escancarou a porta — Por que não entra? Já estou terminando o bolo.

Colin enfiou as mãos nos bolsos e entrou.

— Valeu, Deb, e você, como vai?

Ela trancou a porta.

— Estou indo bem! Como foi a sua viagem?

— Foi divertida. Um pouco perigosa, mas acho que me fez bem no final das contas.

Até Deb notou que Colin estava diferente. Ela sabia que ele não era uma má pessoa, mas agora ela sentia que enquanto ele estivesse por perto, ficaria tudo bem.

— O senhor está diferente…

Colin coçou a nuca.

— É… muita gente tem me dito isso recentemente.

Assim que chegou na sala, Colin viu as crianças.

Algumas delas estavam desenhando, outras brincando com um quebra cabeça e outras simplesmente foliavam livros, prestando atenção somente nas gravuras.

Crianças cresciam bem rápido. Potter estava maior, assim como Meg. O restante não havia tido uma mudança significativa nos últimos seis meses em que ele esteve fora.

— Senhor Colin! — berrou Potter desmanchando o quebra-cabeça que acabara de montar.

Todas elas se viraram e foram correndo até ele.

Colin se abaixou enquanto as crianças o cercaram. Todos estampavam sorrisos sinceros, alguns estavam com dentes faltando, outros mal tinham dentes, mas nenhum deles deixou de sorrir.

— Papai! — disse Brey pulando nos braços dele. Colin a segurou no colo e ainda ganhou um beijo no rosto. — Como foi a viagem?

— É! — disse Tobi, tão empolgado quanto a amiga — Teve inimigos para enfrentar? Lutou contra monstros? Demônios?

Colin fez que sim com a cabeça.

— Vocês querem ouvir a aventura completa?

— Sim! — disseram em uníssono.

— Certo, certo. Eu contarei, mas antes ajudem Deb e guardem os brinquedos.

Elas nem sequer retrucaram. Correram e começaram a guardar os brinquedos bem rápido. Colin foi para Cozinha e ajudou Deb a colocar a mesa.

Todos eles se sentaram e Deb serviu bolo de cenoura com cobertura de chocolate.

Até mesmo ela se juntou a mesa e Colin começou a contar sua aventura. Foi do castelo dos vampiros, passou pelo abismo indo até à armadura na torre. Falou sobre tudo, omitindo apenas os detalhes mais chocantes para elas.

Para as crianças, Colin era a pessoa mais forte do mundo. Lina era uma pessoa que os visitava com frequência, e ela mesma já havia dito que Colin era alguém com capacidade para superá-la em pouco tempo.

— É verdade mesmo que o senhor tem uma espada nesse anel? — perguntou Tobi empolgado.

— Mostra para gente! — disse Potter — Por favor!

Colin cruzou os braços e abriu um sorriso de canto.

— Certo, eu mostrarei a vocês.

Erguendo-se, Colin se afastou e esticou a mão.

— Atenda ao meu chamado, Claymore!

Depois de uma faísca percorrer seu braço direito, uma espada prateada apareceu nas mãos de Colin e as crianças ficaram de boca aberta. Deb confiava em Colin, mas tinha um pouco de ceticismo em suas histórias. Com aquela demonstração, seu ceticismo foi morto e enterrado.

— Posso pegar? — perguntou Potter.

A espada se transformou em um anel e Colin colocou no dedo.

— Você é muito novo para isso. Quando se tornar soldado eu deixo.

— Você promete?

— Claro! Mas antes, eu gostaria de dizer uma coisa.

As crianças ficaram em silêncio prestando atenção.

— Lembram da Brighid?

— Aquela moça bonita de cabelo verde? — perguntou Tobi.

Colin assentiu.

— Isso mesmo, ela está esperando bebês, vocês terão irmãos.

— Isso! — comemorou Tobi — A gente vai brincar de soldado quando o senhor os trouxer aqui!

— Tem que ser menina. — disse Meg — ninguém aguenta outro menino irritante como você, Tobi.

— Ei, ei — disse Colin abanando as mãos — Ainda não sabemos o que será, mas pode ter certeza que os trarei para brincar com vocês.

Brey sentiu um pouco de ciúmes. Por ser a mais nova, ela estava acostumada a ser protegida e receber mais atenção de Colin. Com crianças mais novas chegando, ela pensou que Colin se afastaria mais deles, já que eles se viam bem pouco.

Brey franziu os lábios e olhou para baixo.

— Papai… você vai continuar visitando a gente?

Colin notou que ela estava cabisbaixa.

— Claro, acho que a gente se daria bem se morássemos todo mundo junto na mesma casa.

Os olhos de todos eles brilharam. Por verem Colin como figura paterna e em partes como um herói das histórias de fantasia, todos eles ficaram felizes ao ouvir aquilo. Colin transmitia um tipo de segurança ímpar, e os momentos com ele eram sempre tão divertidos que as crianças sentiam quase fisicamente a sua falta.

A maioria ali não teve pai, os que tiveram os perderam cedo demais. Ver um homem como Colin que havia cuidado deles, se jogando num covil cheio de vampiros para salvá-los e depois ter dado uma casa, comida quente e educação, despertou neles um sentimento de gratidão que nem mesmo eles sabiam como descrever.

Morar com Colin como se fossem uma família, os fez crer na normalidade de uma vida que eles sempre buscaram. Um pai e uma mãe carinhosa, irmãos que se amam e pais que irão os proteger.

Eles mal podiam esperar por algo assim.

— A Deb vai também, não vai? — Indagou Potter a encarando.

Apesar de tudo, era Deb quem tinha que resolver a maioria das questões com as crianças. Elas haviam se apegado a ela como se a mesma fosse uma mãe. Quando machucavam, corriam para ela, quando tinham dúvidas, era para ela que perguntavam, e quando tinham medo da tempestade, era ela quem os dava segurança.

— B-Bem… — disse Deb baixinho — Se o senhor Colin me aceitar…

— Claro que aceito! Você sempre será bem-vinda.

Deb tinha a mesma idade que Colin. A guerra infelizmente faz muitos órfãos, e ela também foi uma. Era difícil alguém adotar alguma criança em tempos como esse. Lina a ofereceu um trabalho para cuidar de órfãos. Se sentindo tocada, Deb deixou a cozinha do palácio e embarcou neste novo emprego com a vontade de fazer pelas crianças o que nunca fizeram por ela.

Assim como todo mundo da capital, ela ouviu falar de Colin e de seus feitos, porém, de maneira negativa. Mas isso mudou quando ela passou a conhecê-lo melhor. Não era qualquer um que era tão maluco para pular em um covil de vampiros para salvar crianças que conheceu a alguns dias.

Pela primeira vez em muito tempo, ela se sentiu pertencente a uma família de verdade, um desejo que sempre teve desde pequena, encontrando assim um tipo de vocação que nem mesmo ela sabia que tinha.

Deb era carinhosa, educada e era dura quando tinha que ser. O tipo de mulher ideal para criar crianças que desejavam uma mãe.

— Então está decidido — Colin se ergueu — Quando o torneio de guildas acabar, todos iremos morar juntos.

— Papai, o senhor vai participar do torneio?

— Não tenho certeza, mas acho que sim.

Potter olhou para Deb.

— A gente pode ir ver a luta do senhor Colin?

— É! — disse Tobi — por favor, deixa a gente ver!

Deb olhou para as crianças com os olhos brilhando e depois olhou para Colin.

— Acho que tudo bem…

— Estou contando com vocês lá, agora tenho que ir. Ajudem Deb a tirar a mesa antes de irem. Vejo vocês depois. Ah, é, eu já estava me esquecendo de uma coisa. Fiquem aqui, darei um pulo em casa e já volto.

As crianças olharam para Colin curiosas, e ele se apressou para sair da casa.

Mesmo Claymore assumindo a forma de um anel, ela ainda conseguia absorver magia. Por ter gente demais na cidade, ela conseguiu abastecer sua carga mágica rapidamente. Colin resolveu sempre andar com ele carregado. Com a capacidade de absorver 100 mil de mana por dia, isso o dava a possibilidade de reabastecer mais 100 mil de mana se já tivesse abastecido no dia anterior, lhe dando 200 mil de mana para serem usados, somando a sua própria mana. O que lhe dava cerca de 227 mil de mana.

Porém, seu último embate havia provado que ele não dependia tanto assim de mana para combate. Apressou o passo e foi direto para a universidade. Subiu as escadas correndo e foi até seu quarto.

Fuçou nas suas coisas e pegou a mão mecânica que comprou do anão no Norte. Pegou também a pedra mágica que o anão havia sugerido usar. Foi até a cozinha e fuçou na despensa atrás de algum papel que pudesse ser usado como embrulho.

Pegou algo que pudesse ser usado como laço e fez o melhor que conseguiu. Fez todo caminho de volta até as crianças e adentrou.

As distâncias eram bem longas, mas Colin Conseguia ser bem rápido quando ele queria. A ida e volta somou quase meia hora.

Os pequenos estavam todos comportados sentados no sofá. Até mesmo Deb estava curiosa sobre o que Colin faria. Em suas mãos estava uma caixa. Os meninos já pensavam que seria uma faca ornada dentro, as meninas pensavam que poderia ser uma boneca pequena ou até mesmo alguma peça de roupa.

— Melyssa! — Chamou Colin. As outras crianças a encararam.

Depois de Alistar decepar a mão dela, Melyssa em partes se fechou. Dependia sempre de Meg ou até mesmo de Brey para tarefas simples. Seja para prender o cabelo, escovar os dentes, trocar de roupa ou até mesmo fazer “xixi”. Mesmo sendo uma criança, ela se sentia bem desconfortável. Isso a fez sorrir bem menos e até a brincar menos. A pequena se sentia deslocada em meio aos amigos.

Quando Colin a chamou, seus olhos se arregalaram.

“Um presente para mim?” pensou.

Tímida, ela se aproximou de Colin.

— Senhor…

— Esse presente é para você. Tentei achar do seu tamanho, mas acho que servirá.

As crianças se reuniram em volta para ver o que era.

Colin se agachou, retirou o laço improvisado, desembrulhou e abriu a caixa. Ele pegou a prótese mecânica e esticou o braço, pedindo a mão esquerda de Melyssa.

Ela apoiou o cotoco daquele braço pequeno sobre as mãos ásperas de Colin. Gentilmente, Colin encaixou a prótese na mão de Melyssa e ela sentiu uma fisgada no cotoco do braço. Assim que terminou, Colin colocou a pedra de mana no centro da mão e ela se energizou por inteira.

— Tenta mexer a mão.

Melyssa começou mexendo os dedos, logo depois fechou a mão algumas vezes.

As crianças acharam aquilo incrível.

— Não tem uma para mim também!? — perguntou Tobi com os olhos brilhando.

— Você não precisa. — respondeu Colin — E então, gostou?

Os lábios dela estavam tremendo. Sem perceber, seus olhos se encheram d’água e ela começou a chorar como uma criança de seis anos choraria. Melyssa continuou chorando e Colin afagou seus cabelos dourados.

Erguendo os braços pequenos, ela ficou na ponta dos pés e afundou o rosto no ombro dele, enquanto o abraçava.

O choro e soluços foram abafados e ela se afastou enquanto limpava as lágrimas com as costas das mãos.

Até mesmo Deb estava um pouco emocionada. Ela via de perto a dificuldade de Melyssa, e sabia exatamente o peso que aquelas lágrimas tinham.

Colin abriu um sorriso de canto e se ergueu.

— Agora preciso ir. Prometo que irei visitá-los quanto antes.

Colin sentiu um puxão na calça e olhou para baixo.

Depois de ver que era Brey, ele se abaixou e ela o abraçou, assim como Tobi, Potter, Meg, Bill e Melyssa, todos de uma vez.

Colin era um homem alto, e os braços dele conseguiam abraçar todos eles de uma vez.

Mesmo que elas estivessem em silêncio, aquela era o modo delas dizerem que o amavam.

— Vai voltar rápido mesmo, né? — Perguntou Meg o encarando nos olhos.

— Claro, confia em mim.

As crianças o soltaram e Colin se despediu de todos, deixando a casa a passos lentos. A festa com os oligarcas e nobres começaria em algumas horas, ele não poderia se atrasar.

A rua estava até bem movimentada e, do outro lado, duas figuras se escondiam no meio da multidão. Estavam com capuzes sobre a cabeça de frente para uma barraca de vendas.

O irmão de Safira estava em sua forma jovial foliando um livro. Ao seu lado estava Var’on, agindo de maneira despreocupada.

— Eu não disse a você? Essa é a casa. — disse o irmão de Safira fechando o livro e o devolvendo a estante.

Var’on coçou a bochecha depois de bocejar.

— Você me chamou para conversar sobre um orfanato? Sério?

— Claro que não. Eles são crianças do meu ducado. Preciso acabar com tudo que ligue minha irmã a Colin. Ordens da Bledha.

Var’on cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.

— Tá… cara, você tem sérios problemas com sua família. E que lógica doida é essa?

— Se não for me ajudar, então não atrapalhe.

Var’on deu de ombros e virou de costas.

— Esse lance com sua irmã é problema seu. Não vou me envolver nisso.

— Acha que preciso da sua ajuda para matar um punhado de crianças e uma empregada?

— Não sei, precisa?

O irmão de Safira enfiou as mãos nos bolsos e seguiu Var’on.

— Ué… não vai agir agora? — perguntou Var’on.

— Não se preocupe, tudo será feito no seu devido tempo.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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