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Enquanto atravessavam o salão, os nobres encaravam Colin com um semblante nada agradável. Alguns deles tiveram perda de grande porcentagem de seu lucro quando a guilda de Loafe parou de operar.

Outros simplesmente odiavam a ideia de que ele foi o único homem que faltou com respeito com o grande imperador de Ultan e ainda continuava vivo.

Porém, mais da metade tinha inveja de um zé-ninguém como Colin ter ascendido tão rápido sem nem mesmo pertencer a alguma casa importante ou ter sangue nobre.

Liena ficava cada vez mais nervosa à medida que se aproximava do Rei de Rontes. Colin sentia isso, pois ela estava apertando seu braço.

— Relaxa aí, vai ficar tudo bem. — Sussurrou Colin. — Você só vai conhecer o rapaz, não precisa ficar tão assustada.

Liena engoliu o seco.

— Eu sei, mas é que até meu pai é cauteloso em relação a esse cara, e meu pai não é cauteloso em relação a mais ninguém.

Colin assentiu.

— Vou lá com você, a gente só vai conversar.

Ela ergueu a cabeça encarando Colin nos olhos.

— Você não tá com medo?

Colin fez que não.

— Medo? Não! Acho que pelo que já passei, eu dificilmente teria medo de outro homem.

— Mas e se ele quiser fazer algo contra mim? Ou pior, contra o senhor?

Colin abriu um sorriso de orelha a orelha.

— Então essa festa vai ficar bem agitada.

Liena sabia que Colin era encrenqueiro pelas histórias que ouviu, mas caçar confusão com alguém que até mesmo seu pai temia não era uma boa ideia.

— O senhor compraria uma briga contra um Rei que até mesmo meu pai teme? Isso não é um pouco insano demais?

Colin deu de ombros.

— É! Mas seu pai confiou você a mim. Se acontecer algo com você, então é responsabilidade minha.

Princesa Liena sabia que aquilo era só uma desculpa para que ele entrasse em alguma confusão, mas ela confiou que ele manteria o juízo e tentaria não comprar briga com ninguém perigoso demais.

Colin e Liena se recordaram de Mary, e o Rei de Rontes abriu um sorriso largo ao ver Liena se aproximando sem ele precisar ir até ela.

— Majestade… — Liena fez uma reverência.

— Princesa Liena — disse o Rei de Rontes beijando a palma de sua mão — Você é tão bela quanto sua irmã. — Ele olhou para Colin e percebeu que Liena ainda não havia o soltado. — E quem é este Elfo?

— Colin, Liena… — disse Mary acenando com a cabeça — Já faz um tempo. Vocês dois cresceram!

O Rei de Rontes olhou para Mary e depois para Colin.

— Vocês se conhecem?

Mary assentiu.

— Colin e a princesa me ajudaram com um problema no ducado. Sem eles o problema nunca teria sido sanado.

— Você parece mais jovem. — disse Colin a Mary.

Ela cruzou os braços e abriu um sorriso convencido.

— E você está maior, andou malhando?

Colin abriu um sorriso sem graça e coçou a nuca.

Os olhos de Bledha focaram em Brighid do outro lado do salão. De todas as manas que ela sentiu até ali, a mana daquela mulher era a mais alta de todo salão, sem falar que sentiu algo familiar ao encarar Brighid.

Os olhos e cabelos esverdeados, a mana imensa que, ao mesmo tempo, era intensa e calma fez seu corpo se arrepiar.

“Isso é sério?” Pensou “Como um dos apóstolos de Drez’gan conseguiu escapar para o plano terrestre?” Bledha usou sua análise em Brighid “Essa essência da natureza que está em seu entorno… uma Dríade? Ninfa? Ou… uma fada? Drez’gan transformou um ser místico em um de seus apóstolos? Claro… por isso ela está nesse plano, seres místicos não são atingidos pela corrupção do abismo.” Bledha encarou Colin de cima baixo “Então, a monarca de duas árvores, que também é um apóstolo, está dormindo com esse cara? Se aliar a terceira geração já não era o suficiente? Que merda!”

Bledha fez uma reverência.

— Foi ótimo rever vocês! — disse ela — Mas os deixarei com o Rei de Rontes. Vi alguns petiscos do mar do outro lado, então aproveitarei antes que acabe.

Sem mais delongas, Mary se retirou.

— Você certamente parece alguém interessante, senhor Colin — O rei de Rontes bebeu um gole da taça de vinho em sua mão — Pensei que os Elfos negros fossem todos magrelos que só se importavam com magia e negligenciavam o corpo, mas você me surpreendeu. É um usuário da pujança?

Colin enfiou as mãos nos bolsos e assentiu.

— Depender de magia não é o meu forte. Existem usuários poderosos de magia, mas prefiro o jeito arcaico.

Rontes abriu um sorriso debochado. Mesmo que ele estivesse sendo gentil, a opinião que ele tinha de Colin era a pior possível. No mais, para Rontes, Colin era a ralé.

— Entendi — disse o Rei exibindo seu sorriso debochado — Colin, o Elfo Negro. Acho que Hodrixey me falou de você. Não é por nada, mas você não me surpreendeu. Sua reserva de mana é tão rasa que mal consigo sentir. Não me leve a mal, mas acho que meus soldados mais fracos têm mais mana que você hehe.

Só pela expressão de Rontes e aquele sorriso, ficou claro para Colin que o Rei estava o provocando. As pessoas ao redor estavam ouvido aquela conversa em alto e bom som. A maioria riu disfarçadamente.

Mesmo que Liena estivesse a meio ano na equipe de Colin, ela sabia que o Elfo não deixava passar nenhuma provocação.

O coração dela começou a palpitar quando Colin abriu a boca para falar.

— Olha só! — disse Colin com um sorriso no rosto — O rei de Rontes gosta de fazer piadas. Também fiquei sabendo que seu exército é o mais poderoso do continente, soube também que Rontes do Sul é dominada por monstros há anos. O exército mais poderoso do continente que não consegue nem mesmo recuperar as próprias terras de um punhado de monstros. Háhá isso, sim, é uma piada.

As pessoas ao redor arregalaram os olhos. Muitos deles conheciam Colin, mas muitos também não o conheciam. Não havia outros Elfos negros na festa, muito menos Calimanianos, então, a maioria se perguntou quem era aquele homem desafiando a morte ao falar daquele jeito com Rei do exército que até mesmo Ultan teme.

Liena percebeu o que Colin estava tentando fazer, e se tratando de questões diplomáticas, aquilo seria um desastre.

— Acho que é melhor a gente ir! — Liena tentou puxar Colin, mas ele não saiu do lugar, e isso só a deixou ainda mais nervosa.

O rei de Rontes abriu um sorriso e deu um passo à frente.

— As pessoas andam dizendo que você e um Ubiytsy massacraram uma das guildas mais fortes da universidade e receberam somente uma suspensão. Parece que Hodrixey não tem ensinado disciplina para vocês. Eu não sou um estudante universitário, eu sou um Rei! Falar desse jeito comigo, pode ter consequências sérias.

Colin encarou o rosto assustado de Liena e abriu um sorriso.

— É sério que é com esse cara que você vai se casar? — Colin disse isso bem alto. — Acho que seu pai tinha que escolher melhor as alianças dele.

O Rei franziu o cenho e cerrou os punhos. As pessoas ao redor observavam aquela tensão se formar no ar. Um passo em falso poderia resultar em uma guerra entre nações, e a maioria esmagadora temia o poderoso Rei de Rontes.

— O que disse, Elfo Negro? — O rei deu mais um passo à frente, ficando cara a cara com Colin.

— Alguém que usa a cartada de “Rei” em uma conversa entre dois homens não passa de um covarde. E ainda diziam que você era perigoso.

Liena se colocou na frente de Colin.

— Ele não queria dizer isso! — Ela se virou para Colin — Peça desculpas, senhor Colin!

— Por quê? Eu não disse nada de errado.

Liena cerrou os punhos e aumentou a voz.

— Eu sou a princesa, ordeno que peço desculpas, agora!

Colin franziu o cenho e Liena sentiu mais medo dele do que do Rei de Rontes. Ela desejou do fundo do seu coração que Colin entendesse que ela estava fazendo aquilo pelo bem do reino de Ultan.

Depois de um suspiro, Colin curvou o corpo.

— Peço perdão, vossa majestade, eu só estava brincando.

O rei abriu um sorriso e abanou uma das mãos.

— Não se preocupe com isso, Elfo. — Ele alisou o rosto de Liena e abriu um sorriso — Espero que nossos filhos herdem o gene da mãe. Bom, agora se me derem licença, tenho outras pessoas para conhecer.

Selly, a filha do rei de Rontes, ficou do lado do pai o tempo todo em silêncio. Era a primeira vez que ela viu alguém faltar com respeito a seu pai daquela forma e ainda conseguiu sair vivo sem nenhum tipo de retaliação.

Mesmo que ele dissesse que foi brincadeira, Colin havia soado bastante sério para ela. Ela encarou Colin na espinha e sentiu um arrepio na espinha.

O Elfo Negro transmitia a mesma sensação que seu pai, imperador de Ultan e outros convidados daquela festa. Todos eram perigosos ao extremo.

Se perguntou se seu pai sentiu a mesma sensação, por isso não arrancou a cabeça dele ali, ou se ele sabia que um confronto entre aqueles dois em um lugar apertado resultaria em uma catástrofe.

De qualquer modo, Selly apenas fez uma reverência e se afastou enquanto olhava para Colin por cima dos ombros.

Ao ver Rontes se afastar, Liena deu um longo suspiro.

— Francamente, senhor Colin…

Colin coçou a nuca e abriu um sorriso sem graça.

Ao longe, Ophelia, a mãe de Samantha, encarava aquela cena com repulsa.

— Ophelia! — chamou uma nobre — Aquele não é o Elfo que anda com Samantha? — Ela abriu o leque e o apoiou frente a boca — Isso explica porque sua filha tem se tornado uma selvagem hehehe.

— O homem errado pode acabar com a vida de uma mulher — disse outra nobre — Samantha está na idade para se casar, não está? Meu filho anda buscando uma pretendente, quem sabe se Samantha aprender a se comportar como uma dama os dois não possam se casar?! Ou sua filha ainda tem um caso com aquele deserdado do Wiben?

Ophelia ouvia tudo aquilo com ódio. Para alguém que vivia de aparências, ouvir isso das amigas era uma enorme humilhação. Mesmo se afastando o máximo de Samantha, ela sempre voltava para deixá-la furiosa.

— Samantha é uma imbecil — disse Ophelia de maneira ríspida — E parece que a princesa Liena também está se tornando uma selvagem. Já falei para meu marido conversar com Samantha, mas ele é outro idiota que não me ouve!

Uma das mulheres se aproximou no pé do ouvido de Ophelia.

— Meu marido conhece alguns mercenários que podem dar um jeito no Elfo e no tal Wiben. Estaríamos ajudando sua filha e a princesa, o que acha?

Depois de dar um gole no vinho, Ophelia viu Colin sorrindo e depois desviou olhar, encarando Brighid junto da grande elite do continente.

Ela ficou ainda mais irritada com o que viu.

— Aquela mulher de cabelo verde — Disse Ophelia — Ela está junta do Elfo, não está?

Outra nobre fez que sim com a cabeça.

— Aquela é a monarca de duas árvores? Ela nem é tão bonita assim. Não sei porque os homens vivem falando como se ela fosse a mulher mais linda do mundo. É no máximo bonitinha.

Ophelia bebeu mais um gole do vinho, se concentrando em Lei Song.

— Uma oriental e um Elfo negro — desdenhou Ophelia — Pensei que essa fosse uma festa de classe, mas parece que Ultan insiste em decair o nível a cada ano.

As outras grunhiram em concordância.

Brighid e Lei Song estavam acompanhadas de Ultan.

E então, elas foram em direção a outro grupo de homens.

O grupo, era provavelmente o mais rico do continente. Nenhum ali era rei, mas detinham controle de vastas terras e, por terem um bolso cheio de moedas, compravam grandes extensões de terras devastadas pela guerra por preço de banana.

Eram homens de meia-idade, a maioria tinha cabelo grisalho e eram corpulentos. Suas vestes eram pomposas e seus dedos cheios de anéis que valiam uma fortuna.

Entre eles, um chamou a atenção de Brighid.

A quase um ano atrás ela o conheceu, bem na festa de recepção. Ela se lembrava perfeitamente de Colin ter o mencionado em como aquele homem devastou o vilarejo de Safira.

Sua icônica espada damasco ainda enfeitava sua cintura, e ele havia ganho alguns quilos.

— Senhores! — disse Ultan — Essa é a monarca de duas árvores, Brighid, e esta é a herdeira da dinastia Song, Lei Song.

O homem portador da espada damasco jogou os cabelos escuros para trás, pegou a mão de Brighid e a beijou.

A fada sentiu repulsa com aquela atitude, justamente por saber quem era aquele homem e o que ele fez, mas ela disfarçou para não levantar nenhum sinal de dúvida.

— Sou o Lorde das terras do Leste, Trunyson. Eu estou surpreso de que a pessoa mais poderosa do império é uma mulher tão bonita. Você deve ter inúmeros pretendentes, certo?

— Ei, Trunyson — disse outro Lorde — Uma mulher tão bonita não combina com alguém tão asqueroso feito você.

Os outros homens gargalharam enquanto seguravam suas taças de vinho.

— Senhores — disse Ultan com um sorriso de canto — Se comportem frente as damas, por favor.

Foi a vez de Lei Song ser o alvo de Trunyson, porém, os nobres da elite de Ultan não viam os orientais com bons olhos. Os consideravam selvagens assim como qualquer raça de Elfo e parte dos nortenhos.

— Senhorita Song — disse Trunyson — Faz anos que não vejo uma oriental com roupas hehehe. É uma pena que seu povo venha para o continente tentar uma vida melhor e acabem limpando o chão da latrina ou vendendo o corpo, é realmente muito triste.

Lei Song não teve reação. Ela ficou chateada com aquele comentário, ainda mais depois de ver que todos eles gargalharam com o que foi dito.

Brighid segurou a mão da amiga e fez uma reverência.

— Foi um prazer conhecê-los, mas vamos aproveitar as festividades. Espero que entendam.

Sem dizer mais nada, Brighid se virou segurando a mão de Lei Song e se afastou.

— Ei, Ultan — disse Trunyson quase comendo as duas com o olhar — Quero que seus homens levem as duas pro meu quarto depois da festa. Acho que irei me divertir de outro jeito hehehe.

Ultan deu um gole em seu vinho e suspirou.

— Receio que isso não será possível. Ambas têm laços com homens complicados.

Trunyson deu um gole no vinho e franziu o cenho.

— Vai me dizer que não fará isso porque está com medo de alguns homens? Pelos deuses, o que diabos aconteceu com você?

Ultan deu de ombros.

— A mulher de cabelo verde é comprometida com Colin, já ouviu falar dele? — Ultan apontou para Colin no fundo do salão junto de sua filha.

Trunyson fez uma expressão de nojo.

— Sério? Uma mulher como aquela se deitando com um Elfo? Que desperdício! E você deixa sua filha tão perto de gente como ele?

Ultan bebeu mais um gole do vinho e abriu um sorriso de canto.

— Meus filhos o admiram. Depois de fugir de casa, Loaus cresceu muito depois de conhecer o Elfo. Ele até mesmo aprendeu magia de maneira única. Tanto Loaus quanto Liena o respeitam, até mesmo Lina falou coisas positivas sobre o Elfo.

— Seus filhos estão intoxicados! Falando nisso, Lina não quer se casar com um de meus sobrinhos? Posso fornecer enormes extensões de terras como dote.

Ultan balançou a cabeça.

— Lina não foi feita para o casamento, e Liena segue este mesmo caminho. Por isso tenho que casá-la com o Rei de Rontes o mais breve possível.

Trunyson abriu um sorriso de canto e deu uma golada no vinho. Ele já havia bebido tanto que já não estava pensando direito.

— História comovente — disse Trunyson com os olhos marejados — mas eu ainda continuo querendo aquelas duas nos meus aposentos.

Outro nobre, tão corpulento quanto, deu dois tapinhas no ombro de Trunyson.

— Desista, você não conseguiria dar conta de uma mulher como aquela, imagina as duas juntas hehe.

Trunyson bebeu mais um gole do vinho.

— Eu sou Trunyson, senhor das terras ao Leste de Valéria, não tem nada que eu não consiga fazer.

Ultan fez uma reverência.

— Se me derem licença, eu tenho que ir falar com as outras pessoas.

Ultan se afastou, e os nobres continuaram comendo Brighid com os olhos enquanto a mesma conversava agora com Colin e a princesa Liena.

— Parece que o Elfo tá se dando melhor que você — zombou outro nobre. — E ele não é ninguém, só um Elfo que ganhou a atenção do imperador por pura sorte.

Outro nobre se aproximou de Trunyson e falou no pé de seu ouvido.

— Convenhamos que sua esposa não chega aos pés daquela mulher, e sabe o mais irônico, você ingressou no exército, matou inúmeros Elfos negros e principalmente Elfos da floresta, para no fim um Elfo Negro acabar dormindo com uma mulher que seu dinheiro não pode comprar. Duvido muito que consiga obrigá-la a se deitar com você a força.

Trunyson franziu o cenho e cerrou o punho. Para gente que sempre teve tudo que quis, era um ultraje ouvir coisas como aquela, ainda mais porque Elfos Negros eram em sua maioria considerada uma subclasse.

— Para começo de conversa, não importa se ele é admirado pelos filhos do imperador ou quem quer que seja, ele nem devia ser convidado para essa festa. Colocarei o Elfo no lugar dele!

Os nobres começaram a dar corda para o plano de Trunyson.

— Eu lhe pago um barril do melhor vinho de Valéria se você der em cima da mulher do Elfo na frente dele!

— E eu garanto a você uma noite com as melhores meretrizes da capital se jogar vinha no rosto do Elfo!

— Vinho? — Perguntou um dos nobres.

— Claro, Trunyson é um dos homens mais importantes do continente, o que o Elfo Negro vai fazer? Bater nele? Hehehe.

Os nobres gargalharam em conjunto.

— Isso aí! — Exclamou Trunyson — O Elfo negro toca em mim e ele está morto no outro dia. Conheço gente bem mais poderosa que ele que daria um jeito nele rapidinho.

Um nobre de bochechas grandes e rosadas se aproximou passando os braços pelos ombros de Trunyson.

— Conhece algum monarca de duas árvores?

Trunyson ficou em silêncio.

— Foi o que pensei. A mulher de cabelo verde deve ser a pessoa mais poderosa nessa sala, acha mesmo que um bando de guardas conseguiria capturá-la e levá-la até seu quarto? Você deve ter se esquecido, mas não se dá para ter tudo, meu amigo Trunyson.

Mesmo que atuasse nos bastidores, Trunyson odiava ouvir existirem outros homens mais ameaçadores que ele, ainda mais dois caipiras.

Colin bebia um vinho bem à vontade, enquanto Brighid e Lei Song ouviam a história de Liena, de como uma guerra quase aconteceu ali minutos antes.

Brighid alisou a testa e suspirou.

— Francamente… Você não deixa nenhuma provocação passar, né?

Colin deu de ombros.

— Eu não ia brigar com ele, a gente só estava conversando. E como foi a conversa com os nobres?

Brighid suspirou mais uma vez.

— A maioria deles são bem idiotas e desrespeitosos.

— Alguém desrespeitou você?

— Não foi comigo, foi com Lei Song.

Colin terminou de beber o vinho e fez que sim com a cabeça. Em um ambiente como aquele, era comum que algo assim acontecesse. Ninguém tinha coragem de desrespeitá-lo, pois, Colin era alguém bem intimidador, mas Lei Song tinha uma feição bem meiga e passiva. As pessoas sentem mais liberdade para maltratar pessoas com esse semblante “bonzinho”.

— Quem foi? — perguntou Colin.

Lei Song abanou as mãos.

— N-Não precisa se preocupar, não foi nada!

— Claro que foi — disse Colin — Você é membro de uma guilda na qual eu sou o responsável, faltar com respeito a você é o mesmo que faltar com respeito comigo.

— Não precisa se incomodar, tá tudo bem, é sério!

Colin apoiou as mãos na anca e suspirou.

— Fique tranquila, eu não sou como Stedd, eu não vou matar ninguém, só vou conversar.

— Faltou com respeito — disse Trunyson, se aproximando com um sorriso de orelha a orelha — Dizer que ela é a primeira Kinesi com roupa que vejo depois de muito tempo não é faltar com respeito, é ser sincero.

Mais uma vez o olhar da multidão se concentrou em Colin.

Colin o reconheceu de imediato, mas permaneceu calmo. Se fosse meio ano atrás, ele avançaria naquele homem sem pensar duas vezes, mas aquele salão estava cheio.

Ele queria, sim, agir, mas também queria ser provocado para tornar suas ações justificáveis.

Trunyson se aproximou de Colin.

Ele era baixinho se comparado ao errante, mas seu ego e petulância faziam valer sua baixa estatura.

— Não acredito que deixaram alguém como você entrar aqui — disse Trunyson segurando um copo de vinho — Ei, Elfo, te dou alguns barris de moedas se me deixar dormir com a monarca e a Kinesi, o que me diz?

Os olhos de Liena se arregalaram e ela ficou apavorada. Trunyson não estava o provocando, estava tentando humilhá-lo na frente de todos falando tão alto e de maneira tão desrespeitosa.

Até mesmo Brighid ficou espantada com a ousadia de Trunyson, mas se assustou ainda mais depois de pensar que Colin poderia assassinar aquele homem na frente de todo mundo.

Brighid entrelaçou os dedos nas mãos de Colin.

— Ele está bêbado, vamos para outro lugar.

Colin abriu um sorriso de canto e colocou uma mecha do cabelo de Brighid para detrás da orelha dela.

— Por que tá tão nervosa? Eu e esse senhor estamos apenas conversando. — Colin encarou Trunyson no fundo dos olhos — Não é mesmo?

Trunyson retribuiu o sorriso.

— É claro, e você está vestido de maneira descente, mas com certeza não deve ter tanto dinheiro. — Sorrindo, ele falou no ouvido de Colin. — Não se preocupe, Elfo, será só por uma noite, depois as devolvo para você. Prometo que o dinheiro que darei irá compensar a mulher que você tem. O que me diz?

Colin se abaixou falando no pé do ouvido de Trunyson.

— Você não deve se lembrar de mim, mas eu me lembro de você muito bem.

— O quê?

Trunyson sentiu um arrepio surreal na espinha. Era como se um predador poderoso estivesse bem diante dele. Ele sentiu de perto aquela mana assustadora. Trunyson já havia enfrentado seres de todo tipo, mas aquilo era diferente de tudo contra o que ele já lutou.

— Seus homens me capturaram — disse Colin com a boca bem próxima ao ouvido de Trunyson — Não se lembra? Você colocou uma pedra na minha testa e disse que eu era um elfo negro sem magia. Seus homens me torturaram, me bateram por dias e me deixaram passar fome em uma gaiola suspensa. Mataram a mãe da minha amiga e se eu não tivesse impedido, com certeza teriam a estuprado.

Mesmo alcoolizado, Trunyson se lembrou.

Colin estava muito diferente. Na época, ele era um rapaz franzino, bem diferente de agora.

Trunyson engoliu o seco. Foi então que ele se lembrou do que aconteceu com Loafe e dos boatos que circulavam sobre ele. Trunyson ainda poderia tentar se esconder atrás de seu dinheiro e seu poder sobre o império de Ultan, mas naquele átimo, ele sentiu que aquilo seria inútil.

Se sentindo intimidado, Trunyson abaixou a cabeça.

— E-Eu sinto muito… E-Eu só estava fazendo meu trabalho.

— Claro, a desculpa perfeita que gente como você usa para terceirizar a própria culpa. Sinceramente, eu não quero confusão com Ultan, por isso não vou te matar. Porém, isso não significa que sairá impune depois de faltar com tanto respeito a minha companheira, tudo isso bem na minha frente. Então me diz, você quer que eu quebre seu braço esquerdo ou o direito.

Os olhos de Trunyson arregalaram.

— O quê?

Colin pegou no pulso direito de Trunyson.

 Crack!

O cotovelo direito de Trunyson virou um “V” ao contrário.

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Olá, eu sou o Stuart Graciano!

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