Selecione o tipo de erro abaixo

— Matar seu irmão? — indagou Colin — Tem certeza que devia pedir isso em um lugar como esse pra uma pessoa que acabou de conhecer?

Molkar assentiu.

— Você não parece o tipo de homem que entregaria um amigo.

Colin abanou uma das mãos.

— Acabei de conhecer você, sem essa de “amigos”. —Cruzando os braços, Colin respirou fundo, mantendo os olhos no interior do salão enquanto a brisa balançava seu cabelo.

Por um lado, ele viu uma bela oportunidade de ascender no poder. Com todo esquema de guerra desenrolando, seria perigoso continuar dentro das fronteiras de Ultan, já que haviam inimigos pra todo lado.

Colin nunca foi um aliado ou complacente com Ultan, muito pelo contrário, via o império com péssimos olhos. Mas desde quando ele decidiu ir até a capital e se ingressar na universidade, ele já tinha planos maiores. Planos que foram ofuscados por uma cadeia de eventos que também o mudaram internamente.

Aquele jogo de interesses e manipulação era bem mais amplo do que Colin poderia enxergar. No momento, ele estaria se jogando em um plano arriscado como aquele sem saber quem de fato eram os verdadeiros jogadores.

Diferente de um ano atrás, ele agora se importava com muita gente, Colin agora tinha muito a perder ao abraçar um conflito como esse.

O mais pertinente de tudo era saber quanto tempo isso duraria, já que Brighid ficaria sem poderes em breve por causa da gestação.

Mesmo que Molkar tivesse desejos realmente nobres, ele ainda era um completo estranho.

Colin suspirou.

— Preciso pensar na proposta.

Molkar deu dois passos para frente.

— Estarei na cidade até o fim do festival. Darei tempo pra você pensar.

Colin fez que sim.

— E onde encontro você?

— Naquela pousada no centro da cidade. Quarto 300.

— Certo…

Colin construiu uma imagem ameaçadora e bem forte de si mesmo, ainda mais depois das inúmeras histórias que eram espalhadas sobre ele.

No começo, construir um tipo de “lenda” era parte do processo, porém, isso se construiu de maneira natural com o passar do tempo.

Agora, ele colhia o bônus e o ônus disso.

De qualquer modo, fugir nunca foi uma opção.






Brighid havia ido para um cômodo reservado junto a Hodrixey. Caminharam por um corredor estreito e chegaram a uma sala resplandecente. Todo o quarto era feito de mármore, as estantes eram da madeira mais sofisticada e o sofá era de um tecido nobre que muitos diriam ser o tecido mais sublime do continente.

Ela não precisava dizer que estava impressionada, seu semblante falava por si.

Sua maior surpresa não foi encontrar uma sala tão bonita, mas sim, os membros do lótus.

Ali parecia estar rolando uma festa a parte.

Assim que ela botou os pés para dentro, a sala ficou em silêncio e todos aqueles olhos se voltaram para ela, a analisando de cima a baixo, julgando-a em silêncio.

— Senhores, ela está aqui!

Brighid engoliu o seco e continuou em silêncio.

Era a primeira vez que ela estava vendo todos os lótus juntos, e era a primeira vez que a maioria deles estavam vendo a monarca de duas árvores.

— O Elfo não veio junto? — perguntou Vrumud, o monarca da pujança. Ele era um homem grande, musculoso, de cabelo louro penteado para trás e um grande bigode encaracolado nas pontas. O homem apelidado de “Urso Pardo”, estava usando um terno vermelho que mal cabia nele.

— Não é necessário — disse Dhigeth, a monarca do pélago. Ela tinha cabelo preto na altura do ombro e um corpo sensual. Usava um vestido preto e um enorme chapéu de bruxa. —  O Elfo não é um monarca, a monarca por si só já é o suficiente.

Hodrixey pegou um copo de vidro de detalhe singular e o encheu com o melhor whisky do continente.

Deu um passo à frente e ofereceu para Brighid, que recusou educadamente.

Ela apreciava uma boa bebida, mas resolveu recusar por causa da gravidez.

— Porque não vamos direto ao ponto? — disse Melin, o monarca do céu. — A monarca não parece à vontade aqui com a gente. Está assustada, né coisinha linda?

— Quem não ficaria? — indagou Lumur bebendo um copo de Whisky sentado no sofá com as pernas cruzadas — Ela pode ser uma monarca de duas árvores, mas nós ainda somos o Lótus. É normal que até mesmo alguém tão forte quanto ela fique intimidada. — Lumur ergueu o copo de Whisky e abriu um sorriso. — Nós já nos encontramos antes, não precisa ficar tão assustada.

Amara, a Monarca do reparo, se aproximou exibindo um sorriso gentil. Ela era loira, corpo tão belo quanto do de Dhigeth e dona de brilhantes olhos azul cristal.

De todos ali, a mana dela era a mais gentil.

— Você é mesmo muito bonita! — disse Amara, segurando as duas mãos de Brighid — Porque não se senta pra explicarmos o motivo de você estar aqui?

— Ah… claro…

Conduzida por Amara, Brighid se sentou em uma poltrona acolchoada e macia. Ela não se lembrava de ter sentido um estofado tão aconchegante em séculos.

O restante dos Monarcas permanecera neutros, e Brighid se sentiu um pouco intimidada com tanta gente forte a encarando de uma única vez.

Depois de dar um gole no Whisky, Hodrixey se sentou no sofá frente a Brighid e suspirou, encarando os belos olhos esmeralda da fada.

— Desculpa se isso tudo assustou você de alguma forma, mas eu precisava que você viesse até aqui. Nós chegamos a um consenso e decidimos fazer um convite a você.

Brighid ergueu a sobrancelha.

— Convite?

— Gostaríamos que você se tornasse o décimo terceiro membro do Lótus.

Aquilo sim foi uma surpresa, mas Brighid sabia que aquilo era compreensível por parte do Lótus. Faltava pouco para que ela se tornasse Monarca de tríade, e consequentemente, seria um dos seres mais poderosos do continente. Outros reis e nobres se aproximariam dela, não só pela beleza, mas por poder.

O grupo de lótus era ainda mais abastada que boa parte dos nobres, perdendo somente para o próprio Ultan quando o assunto se tratava de riqueza.

Porém, apesar de dinheiro ser necessário, isso não a atraía. Ela era uma fada, um ser místico da natureza. Um ser que nem mesmo é afetado pelo abismo. Embora a maioria das pessoas abraçasse aquela grande oportunidade para encherem os bolsos, Brighid estava satisfeita com o que tinha no momento.

— Desculpa, mas terei que recusar…, Colin não me perdoaria se eu virasse as costas pra ele desse jeito.

O enorme Vrumud se irritou. Nem mesmo o mais insano dos homens negaria um pedido como aquele. A relação que ambos tinham já era de conhecimento público, pois os dois chamavam bastante atenção, cada um à sua maneira. E para o monarca da pujança, Brighid estava negando um pedido como aquele por amor, e isso era estupidez.

Tsc… Não vai me dizer que ama tanto aquele Elfo pra recusar um pedido como esse?

— Detesto admitir — disse Dhigeth cruzando as pernas — Mas o grandão tem razão. O seu Elfo causa mais problema que um arruaceiro bêbado, e vai por mim, uma mulher como você consegue um homem bem mais decente.

Brighid franziu o cenho. Aquelas pessoas falavam como se fosse fácil apagar as memórias dela com Colin da cabeça. Só pela maneira que falavam, Brighid sabia que não poderia se juntar a eles, seria como trair Colin, e ela jamais faria algo assim.

Pelo menos ela o conhecia, sabia que apesar de Colin ser um pouco insano, ele sempre a protegeria, e consequentemente protegeria os filhos que teriam.

— Você fala como se fosse fácil me desapegar assim dele, e vendo como vocês enxergam as coisas, tenho certeza que eu nunca daria certo no grupo de vocês.

Dhigeth gargalhou bem alto, e alguns membros a acompanharam.

— Onde você esteve pelos últimos mil anos? Nascemos e respiramos a guerra desde o nascimento. Nosso grupo existe para proteger o império, e você está recusando isso por causa de um encrenqueiro com a cabeça na mira de gente perigosa. Pensei que fosse uma mulher inteligente. Se toca, bonitinha, seu namoradinho é famoso, acha mesmo que ele ama você da mesma forma que o ama? Espere uma mulher mais bonita que você aparecer pra você ver se ele não vai te trocar e fingir que nunca teve nada entre vocês!

O que deixava Brighid mais irritada, era que aquela mulher falava como se conhecesse Colin, e ainda falava de maneira tão desrespeitosa, o tratando como se ele fosse um qualquer que a descartaria sem pensar duas vezes.

Amara tentou apaziguar o clima tenso que estava se formando, mas Brighid foi mais rápida.

— Não fale do que você não sabe! — Brighid se levantou da poltrona aconchegante — Desculpa, Hodrixey, mas eu recuso. Eu jamais me encaixaria nos lótus.

Depois de um suspiro, Hodrixey apontou para a poltrona, sugerindo para que Brighid se sentasse novamente.

— Você pode entrar no grupo e continuar subordinada de Colin, parceira, esposa, seja lá o que for. O lótus é um grupo de contenção de catástrofes. No passado, o Lótus quase foi dissolvido depois de todos os membros serem assassinados, mas Ultan nos recrutou por sermos a elite da elite, e você está sendo convidada a fazer parte dessa elite. Claro que você terá algumas obrigações como todos nós, mas no fundo nós raramente entramos de verdade em algum conflito sério.

Foi como Colin disse uma vez, o grupo de lótus vivia do dinheiro de contribuintes para continuar respirando. Brighid era conhecida e bem popular. Trazê-la para o grupo jogaria uma cortina de fumaça nos problemas por um tempo, já que a população ficaria bem anestesiada com a notícia.

— Desculpa — disse ela — Mas eu recuso.

Brighid fez uma reverência.

— Com licença, mas Colin está me esperando em outra sala.

— Ei monarca! — chamou Vrumud, exibindo um sorriso de orelha a orelha — Estamos em guerra, acidentes acontecem, sabia? Seu namoradinho está vivo hoje, mas e amanhã? Nunca se sabe hehehe.

Os olhos da fada ficaram sérios, tão sérios que todo brilho encantador que exalava dela desapareceu por completo.

— Olha só! — zombou Digeth — Basta ameaçar o Elfo que todo aquele brilho dela se esvai. É sério que o ponto fraco de uma mulher como você é um homem como aquele? Que coisa mais patética…

— P-Pessoal! — exclamou Amara tentando acalmar os ânimos de todos — Parem de brigar, por favor!

— Eu não me importo se vocês são a elite do império — disse Brighid furiosa e ao mesmo tempo bem calma — Se machucarem Colin ou qualquer um dos meus amigos, então o lótus vai se tornar poeira, uma poeira permanente dessa vez.

Aquela foi uma ameaça bem direta, e só deixou o clima daquela sala mais tenso. Ninguém ali disse mais nada, então Brighid deixou a sala.

— Mulher idiota — reclamou Dhigeth.

— O elfo tem mesmo muita sorte — disse Lumur — Uma mulher como ela está completamente nas mãos dele.

Melin bocejou e abriu os braços naquele confortável sofá.

— Bom, o Elfo é um cara legal, mas ele está no caminho. Acho que o plano “B” entra em ação, certo?

Dhigeth encarou Hodrixey.

— Você sugeriu para que tomássemos essa atitude em relação a Monarca, mas ela recusou o pedido. O que nos resta é a outra opção.

Hodrixey assentiu.

— Eu sei…

Vrumud deu um passo à frente.

— Não se preocupem, eu cuidarei de tudo.






 Colin ficou o tempo todo ali parado, olhando para dentro da festa e ponderando as possibilidades de aceitar ou não o pedido de Molkar.

Estava tão distraído que não viu um grupo de garotas nobres se aproximarem dele.

— Com licença, o senhor é Colin, correto? — indagou Charlotte, irmã mais nova de Samantha.

Ela estava acompanhada de outras três garotas que estavam tão curiosas quanto. Charlotte era a irmã do meio, e por viver uma vida totalmente controlada pela mãe, ela vivia curiosa em relação a vários outros aspectos.

Um desses aspectos era sobre como era o mundo fora da capital, um mundo que Samantha sempre contava a ela nas raras vezes que sua mãe permitia o encontro.

As vezes ela pegava os empregados cochichando sobre Samantha e algumas notícias relacionadas ao grupo no qual ela fazia parte.

Samantha e seus amigos pareciam estar no centro de toda confusão, e ao ouvir que a maioria das pessoas queria ver Colin, o líder da guilda de sua irmã com os próprios olhos, só deixou Charlotte ainda mais curiosa.

Charlotte passava o que ouvia para as amigas, e elas também ficavam boquiabertas com o que era contado. A festa estava cheia de príncipes e nobres que se destacavam de Colin em beleza e em riqueza, mas mesmo que fossem belos e ricos, os outros príncipes não haviam se aventurado em batalhas de quase morte e pouco eram conhecidos entre o grosso da população.

Elas viram Colin assim que ele entrou e ficaram o vigiando de longe. Pensaram em se aproximar, mas Colin estava sempre cercado de gente.

Colin passou o olho pelas quatro rapidamente. Todas elas estavam com os olhos brilhando, como se um personagem de um livro tivesse ganhado vida e estivessem bem ali frente a elas.

— Sim, sou eu…

Charlotte e suas amigas estavam genuinamente felizes. Elas encararam uma à outra e fizeram uma reverência.

— Eu sou Charlotte, essa é Catherine, Diana e Victória. É uma honra conhecer o senhor!

Charlote e Victória eram ruivas dos olhos azuis. Já Catherine era loira dos olhos verdes e Diana tinha o cabelo e os olhos castanhos.

Por serem nobres, todas se vestiam muito bem. Vestidos bordados e bem caros. Sem falar naqueles penteados cheios de tranças.

Depois que as garotas se apresentaram, Colin apenas assentiu e ficou parado esperando elas dizerem algo, mas ambas continuaram ali, o encarando com os olhos brilhando de felicidade.

Colin coçou a nuca e suspirou.

— Então… o que vocês querem?

Charlotte tomou a dianteira.

— M-Minha irmã está em sua equipe, ela fala muito bem do senhor!

Colin ergueu a sobrancelha.

— Sua irmã?

— Sim, Samantha!

Colin abriu um sorriso de canto.

Realmente, elas se pareciam.

— Claro, Samantha! Vocês são bem parecidas, tirando a cor do cabelo.

Victória apoiou as mãos gentilmente no braço cruzado de Colin.

— Senhor Colin! É verdade que o senhor entrou em um covil de vampiros e salvou crianças indefesas?

Mesmo que toda história fosse adulterada conforme passasse de boca em boca, sua essência continuava a mesma.

— Bem… foi…

Elas olharam uma para outra como se tivessem ganhado um prêmio importante.

Foi a vez de Diana se aproximar, tocando gentilmente nos braços dele.

— É verdade que o senhor enfrentou Loafe e destruiu a guilda dele? — perguntou Diana.

Aquilo também eram meias verdades, mas Colin resolveu admitir.

Foi a vez de Catherine tocá-lo.

— Charlotte disse que senhorita Samantha viu o senhor enfrentar um demônio gigante de igual pra igual, isso é verdade?

Colin suspirou mais uma vez e fez que sim.

— O senhor pode contar como foi? — indagou Charlotte, ainda com os olhos brilhando de curiosidade.

Colin coçou a nuca meio sem jeito.

— Certo…

Aquelas eram memórias boas de se visitar. Foi o primeiro combate que Colin realmente correu algum risco de vida. Ele contou tudo que lembrava, gesticulando no ar como se segurasse uma espada invisível.

Ouvir aquilo do próprio Colin era um sentimento completamente diferente. Por serem supostas “fãs”, elas eram como as crianças, acreditavam em absolutamente tudo.

As garotas ficaram empolgadas só de imaginar tal embate, enaltecendo ainda mais aquele Colin que antes elas só tinham na cabeça.

Brighid voltou para o salão e, ao longe, viu Colin conversando com quatro mulheres muito bonitas.

O errante estava ficando conhecido, sem falar que ele estava se tornando um homem bem atraente. Colin estava maior, mais forte. As olheiras que ele tinha estavam bem reduzidas, dando bastante foco naqueles olhos amarelos.

Para Brighid, era difícil de aceitar que ele sofreria tanto assédio das mulheres quanto ela sofria por parte dos homens.

Para mostrar que aquele era seu território, ela se aproximou e entrelaçou os dedos nos de Colin, encostando a cabeça no ombro dele, encarando aquelas garotas nos olhos, uma por uma.

— Senhorita Brighid! — disse Charlotte bastante empolgada, a cumprimentando com um aperto de mão — Nossa! Você é tão bela quanto dizem os boatos! Senhor Colin tem muita sorte de ter a única monarca de duas árvores ao lado dele. — Ela cruzou olhares com suas amigas — Foi um grande prazer, senhor Colin, mas iremos nos retirar.

Colin fez que sim com a cabeça.

— Claro, até mais.

As quatro fizeram uma reverência e se afastaram estampando um sorriso impagável do rosto.

Brighid encarou Colin no fundo dos olhos.

— O que elas queriam com você?

Ele deu de ombros.

— Só queriam ouvir histórias sobre minhas aventuras.

Brighid ergueu as sobrancelhas.

— Sério? Só isso? Elas pareciam felizes demais pra só querer isso de você…

Colin abriu um sorriso de canto.

— Ciúme? Não achei que fadas tinham algo assim.

Brighid franziu o cenho e fez beicinho.

— Eu não tinha, até me apaixonar por você!

— Então a culpa é minha?

— É!

Brighid ficou na frente de Colin e o abraçou, passando as mãos pelos ombros dele e ele pela cintura dela.

— Vamos pra casa? Conversar com esse monte de gente me deixou cansada.

Colin afastou uma mecha do cabelo dela e a beijou. Depois do beijo, Brighid encostou a cabeça no peito dele.

— Hodrixey me chamou para fazer parte do lótus… — disse ela baixinho.

Aquilo surpreendeu Colin em um primeiro momento, mas ele já imaginava que aquilo fosse acontecer cedo ou tarde. Brighid era valiosa demais para o próprio império deixar escapar.

— E você aceitou?

Ela fez que não.

— Prefiro ficar com você do que com eles. Aquela gente não presta.

— Imaginei.

A brisa soprou mais uma vez, e as nuvens deram um espaço pra lua cheia aparecer. Ela estava tão perto que parecia enorme. Brighid se desvencilhou de Colin, apoiando as mãos no balaústre de concreto.

Colin a abraçou por trás e a beijou na bochecha, ficando ali, agarradinho a ela.

— A vista daqui é linda… — disse Brighid — Já viu algo assim?

— Só quando era criança. Morei no interior um tempo, então era fácil ver um céu tão estrelado, mas nada se compara a isso.

— O céu da ilha das fadas é tão bonito quanto esse… um dia a gente vai lá ver.

Colin a abraçou apertado por trás e encostou o queixo no ombro dela.

— Quando eu conseguir caminhar entre planos, te levo no meu mundo, mas acho que não tem muita coisa interessante lá além do cheiro do esgoto e fumaça.

Brighid se virou, ficando frente a Colin.

Passou as mãos pelos ombros dele e o beijou.

Os olhos de Brighid se concentraram no nada e seu semblante se entristeceu.

— O que foi? — indagou Colin.

— Não é nada… É que as vezes penso nas visões do Lithium…

Colin abriu um sorriso de canto.

— Às vezes fico pensando se o tal “destino” me trouxe até aqui ou me manteve vivo durante todo esse tempo, e eu prefiro acreditar que ele não teve nada a ver com isso. Agora tenho você, Safira, as crianças, o pessoal da guilda… mesmo que esse destino de morte esteja escrito pra mim, não significa que vou aceitá-lo assim de cabeça baixa. Se tem uma coisa que eu aprendi, é que eu sou péssimo quando o assunto é morrer.

Ao menos naquilo Colin tinha razão. Nem ele mesmo conseguiu tirar a própria vida.

As palavras dele a confortaram, nem que fosse só um pouco.

Então Colin resolveu afastar aquele assunto mórbido.

— Eu disse as crianças que eles iriam ganhar irmãozinhos. Brey ficou com ciúmes, mas ficou bem feliz também.

Brighid achava bem fofo a relação de pai e filha que Colin tinha com Brey. Era até difícil de acreditar que um homem tão intimidador como Colin fosse baixar completamente a guarda perto de crianças.

— Essa garotinha te ama mesmo, né? Até te chama de pai.

Colin deu de ombros.

— Ela é só uma criança querendo ser criança, assim como todos eles. Minha infância foi boa até certo ponto, depois disso tudo virou uma bagunça. Acho que se eles tiverem uma infância feliz, então já está de bom tamanho pra mim.

A cada dia que passava, Brighid conhecia Colin melhor, e ela gostava do que conhecia, afinal, era com ele que ela queria passar o resto da vida.

— Ah! — exclamou Colin — Esqueci de te avisar, mas eu disse as crianças que a gente vai morar junto em uma casa enorme, Deb também vai, então espero que não se importe com isso.

Brighid o encarou com um olhar ainda mais apaixonado.

— Claro que não me importo. Vai ser bom pros nossos filhos crescerem cercados de irmãos mais velhos.

Colin deu nela um selinho.

— Só vai ser difícil cuidar desse monte de criança, mas a gente dá um jeito.

— É, a gente consegue.

— Falando nisso, fadas se casam?

Brighid pensou um pouco.

— Sim…, mas é bem raro… eu mesma só vi um único casamento entre fadas.

Colin assentiu.

— No meu plano de origem as pessoas se casam com frequência, mas se divorciam na mesma intensidade. Não acho que esse vai ser o caso aqui. — Colin fez uma pausa enquanto a encarava nos olhos — As pessoas já pensam que somos casados, então Brighid, quer casar comigo?

Ela ficou em silêncio por alguns segundos. Os dois teriam filhos, mas um pedido oficial de casamento significava que ambos pertenceriam ao outro pelo resto de suas vidas, ou quem sabe além dela.

Brighid abriu um sorriso bobo. Colin não havia a pedido em namoro e ela não esperava um pedido de casamento.

Mesmo sendo raro entre as fadas, o casamento era algo sagrado. Assim que o juramento entre ambos fosse feito, as dríades abençoariam e os elementais selariam aquele pacto eterno entre dois seres.

— Sim! Eu quero me casar com você!

— Então vamos lá!

— Espera, quer fazer isso agora?

— Porque não? Fadas não são seres mágicos? Tem uma lua enorme atrás de você, e sobre sua cabeça há um infinito estrelado. Não tem ocasião mais “mágica” que essa. Sem falar que tanto eu quanto você estamos vestidos pra ocasião.

Colin tinha razão, o clima estava perfeito.

Brighid segurou as mãos de Colin.

— Colin… você tem certeza? Não está mesmo fazendo isso por impulso?

Colin ergueu as sobrancelhas.

— Impulso? Acho que não. Você não é humana, e eu também não sou, eu acho…, mas mesmo assim, você é o ser mais incrível que eu já conheci. Além do mais, tem muita coisa pra gente enfrentar junto. Tem os caídos, Drez’gan e sabe-se lá mais o que. A gente só vai oficializar isso de uma vez por todas, porque eu pensaria duas vezes?

Brighid assentiu, ainda estampando um sorriso apaixonado.

— Posso fazer o ritual? — ela perguntou.

— Ritual?

— É… Casamentos são como contratos, contratos poderosos. Partilharei minha vida com você e você partilhará a sua vida comigo. Seremos o consorte um do outro, não só em forma física, mas também em espírito… Talvez isso assuste você…

Colin segurou a gargalhada.

— Porque isso me assustaria?

Ela deu de ombros.

— Não sei…

A verdade era que ela estava com medo de Colin rejeitar, já que casamento para seres da natureza como as fadas, era algo extremamente sagrado, mas para humanos e outras raças o casamento não era tão impactante.

— Vai, faz o ritual logo antes que eu mude de ideia. — disse Colin com um sorriso de canto.

Brighid segurou as mãos dele.

Aquilo seria algo bem rápido, porém, deveria ter consentimento de ambas as partes.

— Que as dríades permitam o nosso desejo. Que a senhora da floresta me permita a realização dessa união, e que os elementais mantenham essa união até o fim de nossos dias.

As mãos de Colin ficaram quentes, e uma brisa mais intensa estava em volta dos dois.

— Colin, me aceita como sua consorte neste plano e além dele?

— Aceito!

— E eu o aceito como meu consorte, neste plano e além dele.

A brisa parou e Colin sentiu a palma da mão direita formigar. Ele a encarou, e nela havia um sol tatuado, enquanto que na mão de Brighid havia uma meia lua.

— Pronto! — disse Brighid com um sorriso bobo estampado no rosto — Acho que estamos casados…

— Esse foi o casamento mais rápido que já vi…



Parabéns! Você formou laços matrimoniais com um ser místico!

Descrição: Fadas são seres que devotam sua vida milenar a um único parceiro. O matrimônio é a prova que este ser místico confia completamente naquele que escolheu como cônjuge.

Parabéns! Você agora consegue controlar as Dríades que Brighid invocar!

Parabéns! Você agora consegue controlar as Ninfas que Brighid invocar!

Parabéns! Você agora consegue controlar os Elementais que Brighid invocar!

Atributo desbloqueado: Invocador: Nível 1.

 

Aquilo deixou Colin levemente surpreso. Era como se ambos tivessem firmado de fato um contrato, mas os ganhos dele foram algumas habilidades de Brighid, incluindo controle de alguns seres e evocação.

— Brighid, você também ganhou algo?

Ela assentiu, tão espantada quanto Colin.

— Minha força, agilidade, estamina, inteligência e destreza aumentaram exponencialmente. Eu nunca ouvi falar nisso antes…






Sentado no balaústre olhando para a lua estava Graff. Sua mente estava vagando em pensamentos longínquos, pensamentos que remetiam a eras atrás.

Ele abriu um sorriso de orelha a orelha enquanto encarava aquela lua gigantesca.

— Carmilla… — disse Graff sem olhar para trás — Também se recordou?

Ela fez que sim.

— A lua também estava linda desse jeito quando ele foi banido, não estava?

Graff desmanchou seu sorriso e assentiu.

— Estava. É interessante o que um acontecimento traumático faz com a cabeça de uma criança, não é? A maioria de vocês eram pirralhos quando aconteceu.

Carmilla se aproximou, chegando mais perto da sacada para observar a lua.

— Ainda tenho pesadelos com aquela noite. — disse ela.

— Claro, afinal, foi a noite em que a segunda e a terceira geração foram massacrados. Também foi a noite da queda da grande era dos vampiros.

Picture of Olá, eu sou o Stuart Graciano!

Olá, eu sou o Stuart Graciano!

Comentem e Avaliem o Capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥