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Colin mal conseguiu dormir pensando no sonho que teve na noite passada e nas habilidades que conseguiu recentemente e onde poderia chegar com elas. Ele olhou pro lado, vendo Brighid dormir de maneira serena.

Para não a acordar, Colin se levantou devagar, abriu uma gaveta ao lado da cama, apanhou um monte de papéis e foi direto para a cozinha.

Era de manhã, então Kodogog não estava ali, muito menos Leona que havia começado a passar mais tempo com as outras garotas.

Ele jogou os papeis em cima do balcão e foi até a estante. Abriu as gavetas da estante de cima e tirou de dentro dela uma sacola cheia de pães.

Se abaixou e pegou uma garrafa de leite na estante de baixo. Encheu o copo de leite e abocanhou com vontade um pedaço do pão.

Em seu estado atual, Colin comia por dois ou até três.

Atualmente, seu metabolismo estava acelerado.

Ele não sabia dizer se era devido ao contrato com Jane ou se era um efeito colateral da árvore da pujança.

Bebeu um pouco do leite e começou a foliar os papéis.

Eram os esboços que ele havia comprado do anão no Norte.

Naquelas folhas amarelas envelhecidas estavam projetos de todo tipo, tinham até mesmo projetos de cunho bem futurísticos se tratando do contexto desse mundo.

A própria prótese de Melyssa era uma prova disso.

O anão conseguiu esboçar bem como seria se a mecânica e magia se fundissem em um só. Metade daquelas invenções funcionavam com vapor e pistões, a outra metade funcionava perfeitamente com magia.

Colin não era um engenheiro ou entendia uma mecânica mais complexa, porém, o anão havia deixado instruções claras em seus projetos.

Haviam anotações contendo medidas, notas de rodapé cruciais, além dos desenhos, serem bem instrutivos. O que mais chamou atenção de Colin foi o fato de o anão estar desenvolvendo uma espécie de cidade flutuante, onde pedras mágicas faziam a cidade inteira flutuar.

Havia dois grandes problemas nas anotações do anão.

O primeiro, eram as enormes ametistas usadas para fazer rochas flutuarem. Elas eram normalmente encontradas em rochas magmáticas em cavernas onde vulcões estão adormecidos a eras, e essas cavernas são cheias de seres perigosos e mortais.

O segundo problema, era energizar essas ametistas com mana. Energizá-las só funcionaria caso tivessem um mago com uma mana bastante elevada. O mago também tinha que ter o controle absoluto de sua mana.

A pedra não poderia ser energizada nem demais e nem de menos, caso contrário, a ametista seria destruída.

Colin resolveu deixar isso de lado por um instante, ele tinha outras preocupações no momento. Ele não se esqueceu da conversa que teve com Molkar, o príncipe do império do sul.

Ele não confiava em Molkar, mas ter um príncipe do seu lado quando todos queriam sua cabeça era algo a se ponderar.

O único problema seria assassinar o rei de um império.

Ele não era como Stedd, Colin não agia como um mercenário ou um assassino de aluguel.

Colin estava longe de ser um fã do império, e ele sabia exatamente o que soldados do império fizeram a ele no passado.

Com a conversa de ontem, sua mente começava a ficar mais aberta para certas questões.

Havia fortes indícios que Ultan queria os recursos naturais dos elfos negros, mas mexer com eles era como cutucar uma onça com vara curta.

Elfos negros eram tão temidos quanto odiados.

Walorin havia lhe dito que Elfos Negros eram impiedosos e supremacistas. Se Ultan os provocasse, as chances de eles retaliarem eram enormes.

Brighid estava grávida, e em breve ela perderia os poderes, se tornando uma mulher completamente normal. Mesmo que fosse temporário ainda seria um risco.

Apesar de estar mais forte, ele sentiu que ainda não estava pronto para ocupar o lugar de Brighid na guilda. Ele precisava treinar, aprender a usar seus novos atributos e pensar como antigamente nos combates.

Ele havia ficado forte tão rápido que ser mais rápido e mais forte que o inimigo já era sinônimo de vitória.

Colin estava acomodado.

Todos da guilda pareciam se virar bem sem ele, e Colin sabia que eles tinham seus próprios assuntos para resolver.

Após terminar de beber o leite, Colin calçou os chinelos se preparando para sair, até que ouviu Brighid no corredor.

— Acordou cedo… — disse ela.

— É… eu não estava tão cansado. E você, dormiu bem?

Ela coçou o olho e fez que sim.

Foi até a bancada e também encheu um copo com leite. Os olhos dela se concentraram nos papéis em cima da mesa, então ela começou a folheá-los.

— O Que é isso?

— Comprei de um anão no Norte. Alguns projetos parecem bem interessantes.

Colin se afastou da porta e foi até sua esposa.

Sentou com um banco do lado dela e começou a mexer nos papéis. Apontou com o indicador para o projeto com as ametistas.

Mesmo que fosse algo complicado, Brighid entendeu bem rápido como aquilo funcionava.

— Parece que isso precisa de um ritual e então é só energizar a ametista…, mas o ritual para energizar algo assim é bem demorado e cansativo.

Colin ergueu a sobrancelhas.

Ele não havia lido nada sobre um ritual.

— Ritual?

— Sim! Para fazer as ametistas flutuarem, depois que tiverem no ar, a mana das pedras manterá flutuando quando o ritual for desfeito.

“Entendi… talvez esse seja um projeto mais simplificado do que aquele planejado pelo anão.”

— Você é mesmo um poço de conhecimento.

Brighid abriu um sorriso convencido.

— Após viver tanto tempo você acaba aprendendo uma coisa ou outra. — O sorriso dela se desfez — Não é isso que te preocupa, né? Por que não me conta o que é?

Colin coçou a nuca e a encarou no fundo dos olhos.

— O príncipe do império do sul com quem conversei me disse um monte de coisas. Uma delas foi a situação do império e os possíveis futuros passos de Ultan, passos bem perigosos, a meu ver. E tem o fato que em breve você perderá seus poderes e eu não sei se consigo proteger todo mundo como você…

Depois de um suspiro, Colin desviou o olhar e se concentrou nos farelos de pão da bancada. Uma coisa era proteger a si mesmo, a outra, seria proteger um monte de gente de ameaças que poderiam vir de todos os lados.

— Brighid, posso fazer um pedido?

Ela deu uma golada no copo de leite, ficando com um bigodinho.

— Pedido?

— Antes da sua gravidez avançar e você perder os poderes, poderia me treinar? Não preciso aprender sobre combate, mas sobre mana, minhas tatuagens, controle… Se eu conseguir ao menos isso, então ficarei mais tranquilo. Você a única pessoa para quem posso pedir isso…

Fazia muito tempo que eles não treinavam juntos.

Ela ergueu a mão mostrando a lua marcada em sua palma.

— A gente se casou, esqueceu? Sou sua esposa, sua consorte, é claro que ajudarei você! Será bom para mim também, preciso desenferrujar.

Colin apontou com o queixo para barriga dela.

— Tem certeza que tá tudo bem?

— Ei! Eu ainda sei me cuidar. Fico enjoada às vezes, mas não é nada que me deixe inválida. Que tal a gente começar hoje?

— Hoje?

Ela fez que sim.

— O torneio de guildas deve começar em uma semana, e pelo que me lembro, você é bem rápido quando o assunto é aprender.

Ele assentiu.

— Entendi, então tudo bem.

— Tá, então você vai me ajudar a preparar o almoço, e depois dele a gente vai, pode ser?

— Sem problema.

E assim foi.

Brighid preparou carne de porco com alguns cereais.

Após tomar gosto pela cozinha, a fada não conseguia fazer nenhum prato ruim. Tudo parecia tão gostoso que nem os melhores chefes da capital se equiparavam a isso.

Uma hora depois do almoço, os dois foram para o quarto e Brighid preparou seu costumeiro ritual de treinamento. Desenhou um grande círculo no chão do quarto para poderem ir para um plano simulado.

Ambos vestiram roupas mais finas possíveis, já que coisas externas não atrapalhassem na criação do plano simulado.

Colin resolveu treinar apenas com um short de malha cinza e Brighid usava uma regata branca bem justa ao corpo, assim como seus shorts que iam até um palmo acima da metade de sua coxa.

Após fazem a posição de lótus, o círculo mágico repleto de runas começou a ganhar forma e uma magia esverdeada percorreu todo o quarto, mudando por completo sua forma.

Logo eles estavam em um campo verde ensolarado.

A última vez que Colin vivenciou algo assim foi com Lina, bem antes de ele partir em direção ao covil dos vampiros.

Ele havia se esquecido de quanto aquilo era incrível.

— Certo! — Brighid se levantou e amarrou o cabelo em um rabo de cavalo — Você tem dois novos títulos, certo? Mestre da espada e invocador, mas ambos estão níveis um. Você disse que não queria que eu o ensinasse combate, mas se quiser subir o nível do “Mestre da espada”, você terá que treinar.

Colin apoiou a mão na cintura e coçou a nuca.

— Tem certeza? Não é mais fácil só aprender sobre mana e evoluir meu nível de invocador?

— É, mas não vamos fazer isso por enquanto. Você consegue manipular mana muito bem, consegue criar armas com mana elétrica, mas meu palpite é que você não usa muita técnica.

Colin deu de ombros.

— Morgana me ensinou a me virar em uma luta. O que faço é bater em alguém com toda minha força acertando os pontos fracos. Foi assim com duas enormes estátuas de pedra que enfrentei.

Brighid fez que sim com a cabeça.

— Como sabia serem os pontos fracos?

— Me baseei segundo os pontos fracos que normalmente todos os seres têm; olhos, mandíbula, virilha, mãos, nervo ciático, plexo solar e por aí vai.

“Entendi.” Pensou Brighid “O estilo de combate dele é bem violento, combina bem com usuários da pujança.”

— Você tem um ponto! — disse Brighid erguendo o indicador — Mas quando você ataca, esses pontos também ficam bem vulneráveis em você. O que tirei disso, é que você sabe atacar, mas não sabe se defender, correto?

De fato, Colin não costumava se defender enquanto lutava. As diversas cicatrizes em seu corpo e seus históricos de combate entregavam isso.

Quando enfrentou as estátuas, armadura ou até mesmo Thaz’geth, o dano recebido foi enorme. Se seu corpo não fosse resistente, então ele poderia ser facilmente morto.

Após ver Walorin em combate, Colin havia ficado fascinado em como ele conseguia se defender de golpes poderosos usando simples movimentos.

— No abismo… — disse Colin — Tinha um cara que conseguia rebater golpes com força o suficiente para abrir uma fenda no chão. A companheira dele disse que ele rebatia os golpes redirecionando a pressão de mana para onde quisesse.

Pensativa, Brighid apoiou a mão no queixo.

“Redirecionar a pressão de mana… Isso requer uma análise apurada e um incrível tempo de reação.”

— Não era só isso — Colin continuou — A postura de combate dele cobria todos os pontos fracos de seu corpo. Ele era praticamente uma muralha.

“Deve ser algum estilo oriental” Brighid encarou Colin de cima a baixo “Colin é uma muralha natural, se ele conseguir concentrar mana nos pontos de ataque na hora exata, então será bem difícil ele sofrer qualquer tipo de dano. Ele também é naturalmente rápido. Provavelmente ele não precise de uma postura de combate, já que o foco dele é o ataque, mas seria interessante que ele aprendesse a redirecionar os pontos de pressão da forma certa.”

Brighid assumiu sua posição de combate.

— Colin, me ataque com toda sua força!

Ele ergueu as sobrancelhas espantado com aquele pedido.

— Ficou maluca? Não quero machucar você.

Ela abriu um sorriso de canto.

— Não gosto de me gabar disso, mas sou uma das apóstolas de Drez’gan. Sor’uth me ensinou a usar magia com perfeição e Braz’gallaan me ensinou sobre o cosmos, matemática e o vasto infinito. Até mesmo Thaz’geth me ensinou uma coisa ou outra. Já me acostumei com esse corpo e estou com força total. Não se preocupe, Colinzinho, você não vai me machucar com um soco.

Foi a vez de Colin abrir um sorriso de canto.

— Você me convenceu, se prepare!

Colin não se segurou e avançou na velocidade máxima, quebrando o chão ao redor dele e levantando poeira.

Ele cerrou os punhos e concentrou uma quantidade significativa de magia.

A análise de Brighid era de fato perfeita.

Mesmo que o tempo de Colin partir até ela fosse equivalente a um piscar de olhos, ela conseguia ver todos seus vasos de mana, as fibras de seus músculos se contraindo e o ponto certo de onde bater para redirecionar aquela mana.

No momento que Colin ia atingir o rosto dela, Brighid desviou a direção daquele golpe com as pontas dos dedos. Durou um instante, mas Colin sentiu que no momento que os dedos de Brighid encostaram nas costas de sua mão, sua mana ficou instável, então se ouviu a explosão daquele golpe devastador.

Boom!

Brighid redirecionou o golpe para a direita. Assim que a poeira abaixou, ambos viram uma fissura enorme que se estendia por quase cinquenta metros.

— Impressionante! — exclamou Brighid — Você tem mesmo a força de um monarca!

Quem estava realmente impressionado era Colin.

Brighid havia aprendido agora a redirecionar o ponto de pressão ou ela já sabia?

— Como conseguiu fazer isso? — ele perguntou e Brighid apontou para os próprios olhos bastante convencida.

— Análise e tempo de reação! — Ela se espreguiçou — Eu disse a você, meu amor, estou com força total!

Colin franziu o cenho e veio uma certa indagação em sua mente.

— Dos apóstolos de Drez’gan — disse ele — Qual sua posição?

— Está perguntando em termos de poder, força, reserva de mana?

— No geral…

Ela apoiou a mão no queixo pensativa.

— Og’tharoz com certeza é o mais forte, ele é praticamente o exército de um homem só. Braz’gallan é o mais inteligente se tratando do conhecimento sobre o infinito cosmos, mas eu consegui alcançá-lo na época por ser um ser místico. Também consegui superar Thaz’geth após fazer pacto com os elementais e sou tão boa quanto Sor’uth se tratando de usar magia com perfeição. — Ela cruzou os braços e fez que sim duas vezes — Og’tharoz é o primeiro, eu sou a segunda, Braz’gallan o terceiro, Sor’uth a quarta e Thaz’geth a quinta.

“Isso explica muita coisa.”

Animada, Brighid começou a se alongar.

Ela finalmente estava no seu ápice.

Brighid não tinha mais a maldição de Volfizz, o que limitava em muitas suas habilidades. Ela já havia se acostumado com seu corpo, sem falar que pelas experiências recentes, sua percepção sobre tudo havia praticamente triplicado.

Havia uma legião do abismo sob ordens dela, sem falar que ela conseguia usar todas as habilidades de um apógrafo.

Se ela enfrentasse Anton hoje, o mago seria destruído facilmente.

— Acho que você vai ser capaz de me desenferrujar, enquanto isso, eu te ensino a usar melhor sua análise. — Ela tocou a testa de Colin com o indicador, um gesto que o próprio Colin costuma fazer — Você é da árvore-do-céu, seu tempo de reação é naturalmente superior ao de outras árvores, então rapidinho você aprende.

Ele balançou a cabeça enquanto sorria.

— E as pessoas vivem dizendo que o monstro sou eu.

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Olá, eu sou o Stuart Graciano!

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