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Depois de aprender sobre o ponto de mana e ter uma melhor noção de combate, estava na hora de aprender sobre evocações.

Brighid estufou o peito e inspirou fundo, erguendo o indicador mais uma vez, um gesto que ela fazia com frequência quando explicava algo.

— Você aprendeu a redirecionar sua mana a ponto de ela ser tão forte para bloquear um ponto de pressão de um determinado ataque, sem falar que consegue manipular sua mana a ponto de fazer qualquer arma que tenha vontade usando mana elétrica. — Ainda com o peito estufado, ela abaixou o indicador e apoiou as duas mãos na cintura — Tem pessoas que conseguem invocar animais facilmente, apenas colocando um ponto de condição ou usando um ritual. Stedd, por exemplo, ele coloca a marca dele em alguma coisa “ponto de condição” e um tubarão é invocado.

Colin apoiou a mão no queixo e assentiu.

“Então Stedd também é um invocador?”

— Aquela companheira de Loafe, Remora, ela conseguia invocar um monte de seres diferentes sem muita dificuldade. — disse Colin apoiando as mãos na anca.

— Sim, mas remora não é uma invocadora, ela é uma conjuradora.

Colin ergueu as sobrancelhas.

— E qual a diferença?

— Invocadores podem invocar quantos seres quiserem usando sua mana como moeda de troca, mas para isso acontecer, eles precisam matar o ser que eles querem invocar e fazer um ritual para o ser se tornar invocado. Já conjuradores, conseguem fazer tudo isso sem nenhuma condição, apenas usando a imaginação e a própria mana.

Colin assentiu.

— Você é monarca do vácuo e do conjuro, não é? O que consegue conjurar?

Brighid assentiu e abriu seu famoso sorriso convencido.

— Você quer ver?

Ele deu de ombros.

— Mostra aí.

Ela estendeu a mão e um pequeno beija-flor feito de mana esverdeada ganhou forma.

O beija-flor voou e pousou na cabeça de Colin.

— Também dá para fazer um monte deles. — Um círculo mágico apareceu na palma da mão de Brighid. Um bando inteiro saiu do seu círculo mágico, um após o outro. Depois de alguns segundos eles já eram centenas. — Consigo fazer qualquer coisa com eles. — Ela estalou o dedo e o bando se juntou, transformando-se em uma gigantesca espada de quase dez metros. — Também dá para mesclar algumas conjurações, por exemplo, essa!

Um círculo mágico com trinta metros de diâmetro apareceu acima deles, e dele saiu uma cabeça, patas, asas e uma enorme cauda.

Brighid havia conjurado um imponente dragão esverdeado.

A enorme espada se desfez e cobriu o corpo do dragão como uma armadura.

Um suor seco escorreu pela têmpora de Colin.

Ele estava incrédulo com quanto poder Brighid tinha. Aquilo era a coisa mais impressionante que ele já viu.

— Se concentrar mais um pouco, dá para fazer bem mais. Dá para conjurar os golens como fiz, juntar os elementais, o dragão e ainda atribuir magia a todos eles. Demorei quase um século para conseguir controlar tudo isso de uma vez.

Colin suspirou e deu de ombros.

— Ainda bem que não sou seu inimigo.

O enorme dragão esverdeado se abaixou e Brighid fez carinho na bochecha dele.

Ela apontou para a tatuagem na mão esquerda de Colin.

— Posso ensinar você a evocar Jane, uma versão que você possa controlar por sua livre e espontânea vontade.

Colin engoliu o seco e encarou sua tatuagem por um instante.

Jane era alguém que o intimidava em vários níveis. Ele não tinha medo dela, só sentia que ela era alguém grande demais para estar sob seu domínio.

Apesar de tudo, Jane era uma ex-rainha e uma arquiduquesa de um dos fossos do abismo. Ela era extremamente única e necessária para ele.

— Tá… e como eu a evoco?

Brighid ergueu o indicador.

— Invocação é complicado, primeiro você tem que começar com seres inferiores como pássaros ou lobos. Eles gastam menos mana e são fáceis de evocar. Jane é um ser superior de consciência própria ligada por um contrato. Invocá-la exigirá uma experiência que você ainda não tem.

— Entendi.

— Quer dar uma volta fora do vilarejo? — ela perguntou — Se você matar alguns lobos, realizo o ritual, e você poderá invocá-los.

Colin assentiu.

— Pode ser.

— Tá, então vamos voltar.

O plano, junto ao dragão, rachara por inteiro e logo depois quebrou em milhares de centenas de pedaços minúsculos, que logo se transformaram em partículas e desapareceram.

Olharam pela janela e viram o sol nascer. Eles haviam ficado quase 24h na dimensão, e mesmo assim, nenhum deles parecia cansado ou com sono.

Toc, Toc, Toc!

Alguém estava chamando na porta da entrada. Colin deixou o quarto e pegou uma camisa na cama, caminhando em direção a porta enquanto a vestia.

Assim que abriu a porta, ele viu um soldado segurando um papel em mãos.

O soldado, de armadura prateada, se sentiu intimidado com o errante.

— S-Senhor Colin, é o senhor?

— Sim. Algum problema?

Ele entregou uma carta para Colin com o selo da corte imperial.

Colin apanhou o papel e retirou o selo, desdobrou a carta e a leu lentamente.

Algo havia sido mudado de última hora nas regras do torneio. Em vez das guildas mais fortes terem somente três participantes, foi acordado na corte que todos os membros de uma guilda poderiam participar.

A prova aconteceria em uma dimensão simulada, mais precisamente na dimensão conhecida como “Espelho do diabo”.

O espelho do diabo era uma torre com dez níveis e com diversos perigos e criaturas poderosas que ficavam mais difíceis de se enfrentar conforme subiam de andar.

A estimativa era de que cinquenta guildas participassem do grande festival.

— É como o torneio de seleção… — Disse Brighid lendo a carta atrás de Colin — Mas a estimativa de cinquenta guildas não é demais? Tem guildas com mais de 100 membros.

— Por que essa mudança de regras agora? — indagou Colin.

O soldado engoliu o seco, encarando Brighid de cima a baixo. Ele nem havia prestado atenção no que Colin havia perguntado.

— Desculpe, disse alguma coisa, senhor?

— Por que mudar as regras agora?

— A-Acredito que seja devido ao benefício do ganhador do torneio… Como todas as guildas são convidadas a participar, foi acordado que a guilda vencedora faria parte do império de Ultan, atuando com o aval do próprio imperador… isso inclui também residência própria e os membros receberão o salário de um oficial, além de uma possível cadeira na corte do império.

Brighid e Colin olharam um pro outro um tanto desconfiados.

Aquilo era uma proposta boa demais para um simples torneio.

— Qual a pegadinha? — indagou Brighid.

O soldado a olhou de cima a baixo mais uma vez. Brighid estava um pouco suada e com sua roupa de treino que era bastante justa. Sem se preocupar com Colin a sua frente, ele olhou para as pernas dela, subiu pela cintura, focou nos seios e depois naquele belo rosto rosado e levemente corado devido ao calor.

“Caramba… o que uma gostosa dessa está fazendo junta de um Elfo fodido desse? Que desperdício… Será que porque ele tem esse corpo definido? Droga! Acho que eu devia começar a malhar para ter uma mulher como essa.”

Ele engoliu o seco e pigarreou.

— Desculpa senhora, não entendi o que quis dizer com “pegadinha”




— Não estão dando benefícios demais para os vencedores? Residência, salário de um Oficial, cadeira na corte… essas coisas envolvem muito dinheiro, não é imprudência dar isso a guildas que saíram raramente juntas em missões?

O soldado assentiu.

— A senhora tem razão, porém, os dez níveis foram feitos e pensados para somente aqueles com as melhores habilidades sobrevivessem ao desafio, e diferente do torneio de seleção do começo do ano, esse torneio é permitido matar.

Colin apoiou a mão no queixo.

Mesmo que estivesse permitido matar, a maioria dos alunos entraria de bom grado. A oportunidade que Ultan estava dando era alta demais para uma recusa, não só isso, era a chance de fazerem seus nomes e o de suas famílias atraírem a devida atenção.

O torneio era uma ótima oportunidade financeira, principalmente para os alunos bolsistas que dariam tudo de si em algo assim.

— É permitido itens mágicos e armas? — indagou Colin ao soldado.

— Sim, qualquer tipo de arma ou magia está permitida.

“Isso é problemático…” pensou Colin “Os Alunos mais abastados podem ter vantagem nisso, assim como os veteranos como Anton ou Loafe, que tem magias bem destrutivas em seu arsenal.”

— Todo mundo da guilda é obrigado a participar?

O saldado fez que não.

— O senhor pode inscrever o nome da sua guilda, mas cabe a cada um escolher se participa ou não.

— Entendi. — Colin olhou para Brighid, que também esperava que o marido tomasse uma decisão.

Colin olhou para o soldado e o mesmo sentiu um arrepio na espinha. Mesmo não parecendo ser hostil, a pressão que emanava dele era algo que o fez suar seco.

Aquilo era sombrio, nefasto, era como se estivesse na presença de um monarca.

“Que merda é essa?” pensou o soldado apavorado “Será que ele percebeu que eu estava secando a mulher dele? É claro que percebeu, agora ele quer me matar! Que merda, eu não tenho culpa! Será que devo implorar pela minha vida? Não, ele mandou um dos nobres mais importantes do império pro hospital só por irritá-lo, eu sou só um mero soldado, ele vai me matar, que merda, eu ainda nem me casei!”

Sem perceber, o soldado começou a tremer e Colin ergueu uma das sobrancelhas.

— Tudo bem com você, soldado?

— Ah! Claro, eu estou bem… Bom, e-eu tenho que ir, então é melhor que o senhor compareça a quinta torre com a carta de convocação em mãos para inscrever sua guilda, t-tenha um bom dia!

Ele olhou para Brighid uma última vez e fez uma reverência, desaparecendo ligeiramente no corredor.

Colin deu de ombros e fechou a porta.

— E então, o que você acha? — Ele perguntou.

Brighid deu mais uma lida na carta.

— Vai ser algo bem desequilibrado. Os alunos mais novos e mais inexperientes serão massacrados, mas por quê?

— Talvez isso não tenha dedo do Hodrixey e sim dos nobres. Acha que isso é um prelúdio do que está por vir?

Brighid cruzou os braços.

— Como assim?

— Os mais fracos com certeza vão morrer se escolherem participar, além disso, podem ter guildas financiadas por nobres do alto escalão cuja a única finalidade seja matar outros estudantes, quem sabe caçar certos “inimigos” e silenciar possíveis ameaças. Ou talvez isso pode ser um funil. Eles escolherão as guildas melhores ranqueadas para se juntarem a eles na possível guerra contra os Elfos Negros.

Aquilo deixou Brighid preocupada, pois ela sabia que pelo histórico do marido, era bem difícil de ele não se jogar em algo tão perigoso como isso.

— Você sabe que não precisa participar se não quiser, né? — disse Brighid preocupada — Tem muita gente que não gosta de você, e se mandarem alguém para te matar?

Abrindo um sorriso de canto, Colin a abraçou pela cintura.

— Tenho mais seis dias para me preparar, e você é minha mestra, se esqueceu? Ficarei bem, afinal, eu não estarei sozinho. Safira e os outros devem participar.

A verdade, era que Colin mal podia se segurar para participar de algo assim. Ele mantinha a postura por fora, mas por dentro, ele estava eufórico, afinal, apostar sua vida em uma batalha era algo que o deixava demasiadamente excitado.

Brighid franziu os lábios e pensou por mais alguns segundos.

— Tá… — disse ela — Mas me prometa uma coisa, se você perceber que não pode vencer quem quer que seja, então você vai fugir. Sem essa de lutar até a morte como você sempre faz, entendeu?

— Tudo bem, eu prometo.

Colin avançou para beijá-la, mas Brighid afastou a cabeça com o cenho franzido.

— O que foi? — ele indagou.

— Estou falando sério…

— Eu também estou.

Ela deu um selinho nele e manteve os olhos esmeralda no marido.

— Estou confiando em você, se quebrar essa promessa vou ficar muito chateada…

Colin a beijou mais uma vez e abriu um sorriso de canto.

— Relaxa, pode confia em mim.

Ela abriu um sorriso bobo e encarou Colin com um semblante apaixonado. Brighid não conseguiu sentir sinceridade naquelas palavras, mas ela não se importou. Estava tudo bem, desde que ele voltasse inteiro.

— Melhor a gente treinar amanhã — disse ele — Vou até a quinta torre oficializar isso e resolver algumas coisas.

Ela ficou na ponta dos pés e o beijou mais uma vez.

— Vou me trocar, voltar pro meu alojamento e comprar alguma coisa para fazer o jantar. Vai jantar comigo hoje?

— Claro.

Ela abriu um sorriso e colocou uma mecha de cabelo para detrás da orelha.

— Vê se não se atrasa, tá?

Colin sentiu a malícia na fala da esposa e assentiu.

— Então tá — disse ele — Não vou comer mais nada hoje para comer hoje no jantar e guardarei um espaço para sobremesa.

— Sobremesa?

Foi a vez dele a encarar com um olhar malicioso.

— Não se faz de idiota, você sabe do que tô falando.

Ela deu um soquinho no braço dele.

— Então vai logo, seu idiota — Ela o beijou uma última vez e o empurrou para fora.

 



 

Sentado em uma cadeira acolchoada com um dos braços engessado, Trunyson estava furioso enquanto bebia do Whisky mais caro do continente.

Na sua frente, estava o membro do lótus Vrumud, o monarca da pujança, e ao seu lado estava um homem ruivo vestindo um terno escuro bem chique.

— É melhor que vocês consigam dar um jeito no Elfo, me ouviram? Estou pagando um valor bem alto por esse serviço!

Vrumud cruzou os musculosos braços e empinou o nariz.

— O garoto é o queridinho de Hodrixey — disse o bigodudo — Sem falar que ele tem esperanças em vários alunos da nova geração que você quer que matemos… você e os nobres o deixarão furioso.

— Hodrixey sobrevive com o meu dinheiro! Ele tem que ficar calado e aceitar minhas ordens em silêncio!

Trunyson se ajeitou na cadeira e bebeu do whisky mais uma vez. Sentiu a bebida descer pela garganta e pigarreou duas vezes.

— Assim que vocês resolverem isso, a gente dá o próximo passo — disse Trunyson com um sorriso no rosto — Façam como o combinado e eu garanto bem mais que os bolsos cheios de moeda para vocês e suas organizações.

O rapaz ao lado do monarca sorriu.

— Ainda é difícil de acreditar que um garoto deixou você nesse estado — O ruivo alisou o cabelo longo para trás — Deixa eu ver se entendi direito, todo mundo da equipe do Elfo é descartável, exceto a monarca de duas árvores… Está movendo mundos e fundos por causa de uma mulher? Isso soa um tanto patético para alguém como você. Lorde Trunyson, o assassino de Elfos, sendo tão imprudente por causa de um rabo de saia… Você amoleceu mesmo.

Trunyson deu mais um gole no Whisky.

— Se você botasse os olhos naquela mulher, você entenderia. Além disso, ela me humilhou, me rejeitou na frente de toda a alta corte do império. Nunca fui tão humilhado na minha vida!

O ruivo assentiu com um sorriso e colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha.

— E o que vai fazer com ela? Torná-la sua escrava ou algo do tipo?

Trunyson abriu um sorriso malicioso.

— Aquela vadia vai sentir o inferno. Farei ela se arrepender de ter me humilhado daquele jeito!

Depois de assentir, o ruivo se ergueu, ajeitou o terno e fez uma reverência.

— Bom, ela é uma monarca de duas árvores, então terei que me preparar. Até mais, senhores.

O ruivo se retirou da sala.

— Acha que pode confiar nos caçadores de monarcas? — indagou Vrumud vendo o ruivo sair.

— Os serviços deles valem a pena. Meus amigos do continente Dricano disseram que ninguém pode derrotar os homens do ruivo, nem o próprio ruivo. A reputação dele o precede. Agora você, urso pardo, só tem que se concentrar no Elfo filho da puta que quebrou meu braço. Quero a cabeça daquele merda, me entendeu?

— Entendi muito bem, meu senhor…

— A bruxa já está preparando a poção de polimorfia. Você, seu pessoal e os homens do ruivo irão se passar por membros da guilda de Loafe.

Vrumud ergueu uma das sobrancelhas.

Ele achou que Loafe tivesse virado história.

— Achei que a guilda de Loafe não existisse mais.

Trunyson encheu o copo de whisky mais uma vez.

— A guilda vive enquanto Loafe existir. Não se preocupe, o garoto tem treinado avidamente para lutar contra Colin e seu bando de imbecis. O garoto surpreenderá nesse torneio.

Vrumud encarou Trunyson com um olhar descrente. Apesar de contratar os serviços de Vrumud e dos caçadores de monarcas, o urso pardo sabia que seria complicado se certos membros da guilda de Colin participassem.

A monarca de duas árvores já seria um problema enorme, sem falar nos destacados em combate como Colin, Stedd, Elhad e Sashri, que ocupavam certo prestígio por seus desempenhos em lutas.

Também haviam os novatos promissores como Safira e os filhos do imperador. Sem falar que o desempenho de Kurth e Alunys excedeu as expectativas nas últimas avaliações que fizeram.

Samantha e Wiben também eram bem conhecidos, principalmente Samantha, que era uma mestra de armas. A única incógnita era Lei Song. Informações diziam que ela treinou um bom tempo com a monarca de duas árvores. Se isso for verdade, então ela não deveria ser subestimada.

Vrumud estava contando com a não participação de alguns daquele grupo naquele torneio, mas temia que nenhum deles desistira caso Colin participasse, já que mais da metade dos membros tinham uma forte ligação com o mesmo.

Só de pensar em algo assim, o sangue de Vrumud fervia de excitação.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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