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Capítulo 137 – Dia de Folga

Logo após o treino, Colin e Brighid foram para o centro em direção ao albergue onde Stedd estava hospedado. Brighid ficou curiosa sobre os irmãos de Stedd, e Colin explicou que provavelmente eles eram algo bem diferente do que ela imaginava.

Eles subiram a escada e bateram na porta.

Ouviram uma gritaria do outro lado e muito barulho. Temeram que algo estivesse acontecendo com eles, mas eles eram os Ubiytsy, só um louco tentaria algo contra essa família.

A porta abriu em uma fresta, e Yebella encarou os dois de cima a baixo.

— Você é aquele amigo do Stedd, né? — indagou ela escancarando a porta.

Atrás de Yebella estava uma cena estranha.

Wilster, o mais velho, estava sentado no sofá lendo um livro em meio ao caos dos irmãos. Nebora, Malgath, Veny e Stedd estavam pulando de um lado para o outro da sala.

Veny parecia correr atrás de uma bola de meia enquanto os outros irmãos o impediam a jogando de um lado pro outro.

Malgath iria receber a bola, mas desviou o olhar encarando quem estava na porta.

— Colin?! — Todos eles pararam de se mover.

Veny cruzou olhares com Brighid e um suor seco escorreu por sua têmpora.

Após fechar o livro, Wilster ergueu a cabeça encarando aqueles dois na porta. O olhar dele era bem destoante do olhar dos irmãos.

Dava para sentir só de encará-lo que ele era perigoso, até mesmo Brighid que era uma monarca de tríade sentiu isso na pele.

Ela engoliu o seco e relutou por um segundo.

Wilster sentiu o mesmo ao colocar os olhos nela, mas não deixou suas emoções transparecerem. Seus instintos berravam para que ele fugisse dali o mais rápido possível.

Essa não era a primeira vez que isso acontecia, mas Wilster sempre pensava rápido e sua cabeça desenhava vários movimentos diferentes em micro períodos, como se milhares de movimentos acontecessem em menos de segundos.

Um complexo jogo de xadrez se desenrolava em sua mente buscando sempre o melhor movimento para matar sua presa, mas ali, nenhum dos milhares de movimentos que desenhava conseguia obter algum êxito, e era a primeira vez que isso acontecia.

Brighid era uma mulher muito bonita de semblante meigo. Até seus gestos eram delicados e sutis, mas o que Wilster viu foi um monstro impiedoso travestido em uma aparência angelical.

— Colin! — exclamou Stedd pulando o sofá onde Wilster estava —  fazendo o que aqui?

Colin coçou a nuca, ponderando convencer Stedd com as palavras certas.

— Vim convidar você para o torneio de guildas. — disse Colin — Vai ser a primeira missão que todo mundo participará, até Lei Song que você deixou sob meus cuidados.

— Pois é, eu soube do prêmio que o imperador está dando para o vencedor. Topo voltar.

Colin não esperava que ele cederia tão rápido.

— Fácil assim?

— Claro! Poderei matar à vontade, e tem outra, Loafe também participará, a gente tem assuntos inacabados.

Colin e Brighid cruzaram olhares.

— Então acho que tudo bem… Se quiser voltar ao apartamento…

Stedd assentiu e deu dois tapinhas no ombro de Colin.

— Amanhã eu dou uma passada lá para ver o pessoal. Estou com saudade do kodogog. Ah! Senhorita Brighid, essa é minha família, Yebella, Malgath, Veny, Nebora e Wilster. Estão faltando os gêmeos, mas não importa.

Brighid curvou o corpo em uma reverência.

— É um prazer conhecê-los!

— E família, essa é a belíssima senhorita Brighid.

Todos os membros da família estavam apreensivos, exceto por Yebella que não enxergava Brighid como possível inimiga.

Brighid sentiu o clima um pouco hostil e colou ainda mais o braço direito de Colin a seu corpo.

Era um pouco tenso ser encarada daquela forma por um bando de assassinos profissionais.

Colin assentiu.

— Eu tenho um lugar para ir agora, então acho que a gente se vê.

— Tudo bem, até!

Brighid e Colin deram as costas e Yebella fechou a porta.

— Qual o problema de vocês? — indagou Yebella enfurecida — Precisavam tratar a garota assim?

Veny desviou o olhar e engoliu o seco.

— Você ficou tão calma porque não a conhece. — Veny encarou Wilster — Você também sentiu, não sentiu, Wil?

Wilster assentiu.

— Ela é perigosa, muito perigosa. Se por acaso cruzarem o caminho dela durante a invasão, corram.

Stedd se espreguiçou.

— Wil está certo, Brighid está além da nossa alçada, melhor deixar pros caídos caso ela intervenha.

— Porque você aceitou participar da prova? — indagou Wil. — Cadeira no império? Se tornar membro oficial do império? Não restará império depois da invasão, você sabe disso.

— Eu sei, e eu também não estou oficialmente no plano de vocês. Decidi aceitar para ajudar o pessoal da guilda quando a invasão começar.

Wilster assentiu e se ergueu jogando o livro que lia de lado.

— Preciso descansar um pouco, quando os gêmeos voltarem me avisem.

 


Após chegar até a casa das crianças, Colin bateu três vezes na porta e quem abriu foi Melyssa, que abriu também um sorriso largo ao ver quem era.

— Senhor Colin! — Ela ergueu os braços e Colin a pegou no colo.

— Você  pesada, o que andou comendo?

Ela abriu um sorriso janelinha.

— Trouxe também sua namorada bonita, oi moça bonita!

Brighid apertou gentilmente a bochechinha dela.

— Oi! Melyssa, tudo bem?

Ainda sorrindo, ela fez que sim.

— Vieram almoçar com a gente?

Brighid fechou a porta atrás dela, e Colin colocou Melyssa no chão, bagunçando o cabelo dela.

— Infelizmente não. Onde Deb está?

— Na cozinha, vem, eu levo vocês!

Melyssa pegou a mão áspera de Colin e pegou também a mão de Brighid, os arrastando até a cozinha.

— Senhorita Deb, o senhor Colin veio te ver! — anunciou Melyssa aos quatro cantos.

Deb se assustou e quase deixou o prato que lavava cair.

— S-Senhor Colin! Senhorita Brighid! — Ela se apressou para enxugar as mãos no avental e ajeitar o cabelo — O senhor sempre aparece de surpresa hehe — disse sorrindo de nervoso.

— A gente pode voltar outra hora se estiver ocupada.

Ela abanou as mãos um pouco nervosa.

— N-Não é isso, eu só… queria estar mais apresentável quando o senhor viesse nos visitar.

— Eu vou falar pros outros que o senhor está aqui! — Melyssa correu para os fundos, deixando os três sozinhos na cozinha.

Colin olhou em volta e notou que tudo estava bem limpo, quase brilhando.

— Os pirralhos estão te dando trabalho mesmo, né? Esses pestinhas…

— S-Sim, mas não se preocupe, elas agora me ajudam com as tarefas domésticas.

Colin assentiu.

— Entendi… Deb, o que acha de um dia de folga?

— Dia de folga?

— É… você precisa se divertir também, comprar roupas novas, o que me diz? A gente dá uma volta todo mundo junto, compra presentes, brinquedos, conversa…

Ela desviou o olhar um pouco relutante em aceitar aquele pedido. Colin já tinha comentado com as crianças que eles viveriam como família, e isso a fazia pensar que ela estava o explorando.

Eles viveriam como uma família, e pensar nisso a deixava um pouco envergonhada. Seria uma experiência que ela nunca havia vivido até então.

Colin tinha certa fama e sempre quando ela visitava o mercado ouvia fofocas sobre a mesma, dizendo que ela era a escrava do errante e estava cuidando dos bastardinhos dele.

As fofocas não paravam por aí.

Até o tratamento que ela sofria dos habitantes da capital era mais hostil, com os pais de outras crianças dizendo para seus filhos ficarem longe dela e das crianças que ela cuidava.

A sorte das crianças, era que elas eram bem unidas, suprimindo a falta de novos amigos entre elas mesmas.

Deb achava admirável como Colin sofria tanta hostilidade por parte dos cidadãos e não dava a mínima. Ao menos perto de Colin, ela se sentiria menos hostilizada, já que ninguém tinha coragem de falar mal dele ou hostilizá-lo da mesma forma que faziam com ela.

— E-Eu acho que tudo bem…

Colin abriu um sorriso de canto.

— Então, ótimo, vamos lá.

Ela ergueu as sobrancelhas.

— Lá onde?

— Sair.

— A-Agora?

— É…

Deb olhou para a própria roupa suja e depois olhou para Colin e Brighid.

— E-Eu posso me trocar antes?

Colin deu de ombros.

— Claro.

— Papai! — Brey veio correndo e Colin se abaixou para abraçá-la.

As outras crianças também vieram correndo.

— O senhor veio me treinar? — perguntou Tobi pulando nas costas dele.

Colin o encarou de soslaio.

— Treinar você? Daí eu estaria encrencado, você me venceria rapidinho. Seria meio vergonhoso perder na frente dela — Colin apontou com o queixo para Brighid.

— Sua namorada também veio, senhor? — sussurrou Tobi — Melhor mesmo que o senhor não me enfrente então.

— Mentiroso! — disse Brey com o cenho franzido — Tobi não teria chance contra o papai nem em um trilhão de anos!

Tobi mostrou a língua para Brey e desceu das costas de Colin.

— Você não sabe de nada, eu venci Potter esses dias em um duelo!

— Foi sorte! — disse Potter irritado.

Colin sorriu e meneou a cabeça.

Ele estava com saudade daquele clima familiar.

— Hoje eu vou levar vocês para fazer compras, Deb vai se trocar, por que vocês não vão também?

— Então é hoje que eu ganho uma espada! — Tobi foi correndo pelo corredor e subiu as escadas. Potter foi atrás e o pequeno Bill foi andando calmamente.

Meg cruzou os braços e balançou a cabeça.

— Meninos… vem Brey, vem Melyssa, a gente precisa se arrumar também, e não se esqueça, senhor Colin, o senhor me prometeu um vestido.

Colin coçou a nuca.

Brey ficou na ponta dos pés e abraçou Colin mais uma vez.

— Papai, a gente já volta, tá?

— Vou ficar aqui te esperando.

Os dois sorriram um para o outro e as meninas subiram as escadas.

Já com o pensamento de que também morariam na mesma casa, Deb resolveu se aproximar de Brighid da melhor maneira que pôde.

— Senhorita Brighid… Bem… eu… A senhorita quer me ajudar a escolher uma roupa? Pelo sol na janela, acho que hoje será um dia ensolarado, acho que tenho algo que sirva na senhorita caso queira se trocar…

Brighid viu o pequeno esforço de Deb e assentiu.

— Eu adoraria!

Apressada, Deb jogou o avental nas costas da cadeira, pegou na mão de Brighid indo apressada para os fundos.

— Tenho certeza que tenho algo que sirva na senhorita!

Colin sorriu consigo mesmo, pensando que talvez ele estivesse na melhor fase da sua vida. Apesar de falhar em algumas coisas, ele era excelente em outras.

Brighid, as crianças, Leona e os amigos que fez até aqui, tudo isso era a ligação com sua própria sanidade. Eram essas pessoas que também ajudavam a frear parte dos desejos sombrios que tinha.

No fundo, Colin tinha medo de si mesmo. Medo do que ele poderia se tornar se não tivesse mais nada que o fizesse manter os pés no chão, e assim, dar voz aos seus desejos mais profundos.

Após aguardar por quinze minutos, as crianças retornaram com suas melhores roupas. As meninas usando vestido e macacão, e os meninos vestindo túnicas e shorts.

Foi a primeira vez que Colin viu Deb sem o uniforme de empregada e a primeira vez que viu Brighid de vestido florido.

Deb estava de cabelo solto e usava um vestido branco florido que deixava os joelhos a mostra.

Brighid usava praticamente o mesmo vestido, já que a proporção do corpo de ambas, era semelhante.

Algum desavisado poderia julgar ambas como irmãs.

Elas desceram as escadas.

As crianças não deixaram de ficar impressionadas, já que provavelmente nunca viram Deb tão arrumada.

— Então vamos? — disse Colin dando as mãos a Brighid.

— Para loja de espadas primeiro! — berrou Tobi correndo para fora.

 


Eles passearam por boa parte do centro da cidade, compraram brinquedos, roupas e Colin deu a Tobi e Potter espadas de madeira de presente. Compraram comida, um forro e foram para a praça principal fazer um piquenique.

Após comerem tudo que tinham direito em um piquenique que mais parecia um banquete real, as crianças ficaram brincando de pique e Colin se juntou a elas, deixando Brighid e Deb sozinhas conversando.

Deb falou um pouco de sua trajetória até Lina a chamar para cuidar de crianças. Ela teve uma vida simples, namorou duas vezes e nas duas foi trocada por mulheres com status mais elevados.

Ela sempre teve um ofício de servidão, e isso a jogava para escanteio, deixando nela um estigma negativo de serva.

Agora, seu estigma estava pior.

“A babá dos bastardinhos” era assim que a chamavam pelas costas e às vezes diziam na cara dela, mas ela nunca havia se sentido tão bem quanto agora.

As crianças eram como seus filhos e ela os amava como se fossem seus. Brighid também era bem gentil, ela tinha uma aura quase divina. Ela achava até engraçado como Colin e Brighid diferiam, mas se completavam de um modo estranho.

Os olhos dela se concentraram em Colin a metros de distância.

Brey estava sentada em seu ombro enquanto ele brincava de duelo com Tobi e Potter usando espadas de madeira. As outras crianças estavam sentadas em volta vendo aquilo enquanto gargalhavam alto, com Tobi sendo derrotado inúmeras e inúmeras vezes.

Aquela cena deixou o peito dela quentinho.

— Senhor Colin se dá muito bem com crianças… — disse Deb com um sorriso de canto no rosto.

Brighid também encarou aquela cena.

— Eles passaram por muita coisa juntos, elas são muito importantes para ele assim como você.

Deb ergueu a sobrancelha.

— E-Eu?

Brighid assentiu.

— Dá pra ver que você também se importa com eles. Colin não é de falar muito, mas ele valoriza muito isso — Brighid tocou as mãos dela — Deb, sei que a gente tá se conhecendo melhor agora, mas qualquer coisa pode contar com a gente, tá? Se não se sentir à vontade pra falar com Colin, você pode falar comigo, certo?

Deb franziu os lábios e desviou o olhar.

Brighid transmitia uma sensação de confiança que ela nunca sentiu antes. Ela nunca se sentiu tão abraçada assim, e ficou surpresa de encontrar isso com pessoas, vistas com maus olhos pela maioria.

Ela limpou as lágrimas que desciam pelo canto de seus olhos.

Brighid afastou uma mecha de cabelo de Deb e a olhou no fundo dos olhos.

— Deb, tudo bem?

— Sim… eu só estava pensando em algumas coisas, mas está tudo bem sim! Obrigada por perguntar.

— Montinho na Deb! — berrou Colin.

As crianças vieram correndo e se jogaram nela a abraçando.

Deitados no chão junto a Deb, muitos deles gargalhavam. Provavelmente aquele foi o dia mais divertido que tiveram na vida.

Eles ganharam roupas, brinquedos, fizeram um pique nique pela primeira vez na vida e passaram a tarde brincando com o homem que julgavam ser o grande herói de suas vidas e também, sua figura paterna que não trocariam por nada no mundo.

Tobi disse estar apertado, então Colin se retirou com o resto dos meninos para o banheiro mais próximo, deixando as garotas lá, jogando conversa fora.

Meg olhou para Deb e depois para Brighid.

— Vocês serão tipo nossas mães, certo?

— O-Oque? — indagou Deb nervosa.

Meg apoiou a mão no queixo.

— Senhor Colin disse que vai morar todo mundo junto, então ele será nosso pai, mas senhorita Deb também cuida da gente como uma mãe, e tem a namorada do pai Colin que está grávida e vai nos dar irmãos… então teremos duas mães.

— Mais ou menos… — disse Brighid.

Meg focou o olhar em Brighid, um olhar incisivo que era difícil manter contato por muito tempo.

— Senhorita Brighid, ou devo te chamar de mãe?

Era estranho ser chamada de mãe daquela forma tão direta, mas provavelmente seria algo que ela teria que se acostumar.

— Pode chamar como quiser…

— Certo! Mãe Brighid, como você conheceu o pai?

Brighid coçou a bochecha com o indicador.

— Bem, é uma longa história…

Os olhos de Meg brilharam, enquanto Melyssa e Brey ficaram paradas, mas estavam tão curiosas quanto. Ouvir qualquer história que envolva Colin era sempre intrigante e cheia de aventura.

— Conta, mãe, conta! — Meg Olhou para Deb — Mãe Deb, faz a mãe Brighid contar, por favor!

Deb e Brighid cruzaram olhares.

— Tudo bem, eu conto…

— Isso!

Enquanto isso, Colin estava ao longe tomando um gelado que se parecia com sorvete junto aos meninos. Eles estavam sentados num banco de madeira olhando o movimento.

— O senhor é famoso mesmo — disse Tobi — Todo mundo aqui encara o senhor. Hehehe devem estar tremendo de medo esses covardes!

Colin continuou em silêncio.

A maioria dos olhares era de ódio.

— Ei, senhor Colin — chamou Potter — Vai fazer mais irmãos com senhorita Deb também?

Colin quase cuspiu o gelado que estava comendo.

— O que disse?

Potter deu de ombros.

— O senhor Weny é nosso vizinho, ele mora com a empregada e com a esposa e tem filho com as duas.

Colin o encarou de canto.

— Você não é novo demais pra falar dessas coisas?

Potter cruzou os braços e fez um não convencido com a cabeça.

— É a mesma coisa com senhor Dustin, Jerin, Mikon e mais uns três homens que moram perto de casa.

— Melhor tirar essa ideia da sua cabeça, eu não sou como esse pessoal que você conhece.

— Bastardo! — disse Tobi olhando para Colin — Esses filhos fora de casamento se chamam bastardos, né?

Colin grunhiu em concordância.

— Eu sabia! — Tobi deu duas cotoveladas em Colin — Ei, senhor, não acha Deb bonita?

“Esses garotos…”

— Por que você não se comporta como Bill? Olha como ele está quietinho.

E de fato ele estava.

— Vamos lá, senhor Colin, estamos entre homens aqui.

Colin o encarou com desdém.

— Tá, eu começo! — disse Tobi erguendo as mãos — Eu acho a Meg bonita, apesar de ser muito chata.

— Credo! — exclamou Potter — Você acha minha irmã bonita? Você é cego, só pode!

Colin suspirou.

— Eu não vou falar disso com vocês — Colin se ergueu — Vamos voltar.

— Mas senhor Colin, o senhor não acha Deb bonita? Vai, responde, eu prometo que fico quieto o resto do passeio…

Colin deu de ombros.

— Se continuar me enchendo, eu falo para Meg que você a acha bonita.

— E-Ei! Isso não é justo, é um segredo!

Com o indicador, Colin tocou a testa de Tobi e deu uma piscadela.

— É o “nosso” segredo a partir de agora.

Emburrado, Tobi cruzou os braços e fez beicinho.

Eles fizeram o caminho de volta e encontraram as garotas em uma roda de conversa. Assim que elas viram que Colin estava chegando, o assunto mudou.

Estava ficando tarde, e isso significava que era hora de ir embora. Antes de retornarem para casa, Colin passou em uma loja de roupas e sugeriu para que Deb escolhesse coisas que ela quisesse comprar. Ela recusou com veemência no começo, mas a insistência de Colin e até de Brighid a fizeram ceder.

As garotas ficaram na loja enquanto os meninos ficaram lá fora jogando conversa fora.

Potter e Tobi perguntavam coisas relacionadas ao torneio, enquanto o pequeno Bill observava um grupo de formigas carregando alimentos.

— Tenho certeza que vai ser moleza para o senhor vencer esse torneio! — disse Tobi empinando o nariz — Então eu vou poder esfregar na cara daqueles merdas da rua de baixo.

— Olha só quem  aqui! — Eles olharam para o lado e viram Anton junto de sua pandoriana coelho — O que é essa creche?

Anton havia cortado o cabelo, assumindo um cabelo curto partido ao meio. Suas vestes continuavam sendo as de um aristocrata, mesmo que estivesse próximo às mediações da universidade.

— Anton…

Ele fez uma reverência.

— Já faz um tempo, Colin. — Ele olhou para os meninos e eles foram para trás de Colin — Quem são esses? Seus filhos? Hehehe.

Colin deu de ombros.

— O que você quer, Anton?

— O que eu quero? Hehehe, não é maravilhoso, Colin?! Eu e você poderemos ter uma luta magnífica, porém, desta vez será até a morte! Isso não anima você?

Animava, mas por fora ele parecia não se importar.

— Um pouco…

— Hehehe! Da última vez não correu tão bem para você, a pirralha Asmurg e a monarca, não é? Acabei com vocês três hehehe, isso porque eu era nível sete, agora que sou nível oito vocês estão fodidos.

— Mentiroso! — bradou Tobi atrás de Colin — Senhor Colin nunca perderia para alguém como você!

Anton apoiou as mãos nos joelhos e agachou para encarar o garoto.

— Hehehe, agora entendi! O pirralho deve acreditar nos boatos que espalham sobre você. Porque não diz para o garoto que perdeu para mim, hein, Colin?!

Colin enfiou as mãos nos bolsos e deu um suspiro.

— Tobi, esse idiota na sua frente me venceu, mas isso tem quase um ano. Eu não sou o mesmo de um ano atrás, nem Safira e muito menos Brighid.

Anton assentiu.

— Seria sem graça se continuassem os mesmos. — Anton olhou fundo nos olhos de Colin — Eu não sou o pedaço de lixo do Loafe, se quiser me vencer vai precisar da sua guilda inteira hehehe.

A porta da loja abriu e de dentro dela saiu Brighid, Deb e as meninas segurando sacolas. Assim que botou os olhos em Brighid, Anton sentiu um arrepio agressivo na espinha.

Elas estavam rindo e pararam ao ver que Colin estava conversando com alguém.

Anton engoliu o seco e abriu um sorriso sem graça.

— Olha só quem resolveu aparecer — Anton voltou os olhos para Colin — O que é isso? Sua família? Hehehe Não vai me dizer que o tão temido Colin está brincando de casinha com a amiguinha dele.

— A gente se vê no torneio, Anton.

— Claro, claro hehehe vai ser um prazer esfregar essa sua cara no chão de novo!

Anton enfiou as mãos nos bolsos e se afastou com calma. A verdade, era que ele estava com medo. Usuários de magia mais poderosos tinham uma sensibilidade para sentir mana de certas pessoas, mas isso acontecia raramente quando encontravam alguém de fato poderoso.

O sentimento de medo era algo que Anton havia esquecido completamente.

Ele cerrou os punhos e ficou furioso consigo mesmo por sentir medo de alguém que ele já derrotou no passado.

— Você devia se acalmar. — disse sua pandoriana achando aquela situação engraçada — O que foi, mestre? Ficou com medo da bonitinha de cabelo verde? Hihi acho que essa é nova.

— Cala essa boca! Não se faça de idiota, eu sei que você também sentiu aquela mana.

— E daí? A gente já venceu gente forte antes. — Ela deu dois tapinhas no ombro dele — Nosso pessoal não é fraco, se eu fosse você ficaria calmo.

“Ela tem razão, já venci aquela mulher antes, só preciso de um plano e tudo estará resolvido.”

Deb e as crianças perguntaram quem eram aqueles dois, e Colin explicou toda história no caminho de volta. As crianças ficaram chocadas ao saber que Colin já havia perdido antes, e ainda mais chocadas depois de Colin dizer que Brighid era mais forte que ele.

Eles chegaram a casa e as crianças foram correndo para seus quartos com as sacolas de roupas e brinquedos em mãos.

Colin e Brighid ficaram mais um pouco.

Tomaram chá e jogaram conversa fora até que finalmente anoiteceu. As crianças adormeceram, e Colin se preparou para ir embora.

Deb agradeceu pelos presentes, pelo passeio e principalmente pelo dia divertido. Ela pôde conhecer melhor aqueles dois e amou os conhecer.

Ela já sabia que Colin só tinha uma aparência intimidadora, e que, no fundo, ele era uma boa pessoa.

Conhecer Brighid foi a cereja do bolo.

A monarca não era só bonita, ela era simpática, divertida e muito inteligente. O tipo de pessoa rara que existe entre 1 em 1000.

Deb sentiu até um pouco de inveja por não conseguir ser metade do que Brighid era, mas logo aceitou aquele fato. Ser amiga daqueles dois já era um presente inestimável.

Com tudo resolvido, Brighid sugeriu que eles fossem para fora da cidade.

Estava na hora de aprender evocação.

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