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Capítulo 138 – Prana, Apana e Udana

Os dois vagaram floresta adentro em direção a mata.

Caminharam por quase dez quilômetros até encontrar uma área plana de relva baixa. Entorno era cheio de árvores, mas não era algo que os atrapalhava.

As folhas farfalhavam com aquele vento gélido, e Colin deu seu moletom para Brighid, ficando com uma regata escura, já que o mesmo não sentia tanto frio devido ao título: pele de ferro.

Ela amarrou o cabelo em um rabo de cavalo e ergueu o indicador estufando o peito.

— Bom, você já conhece mana, mas você já ouviu falar de prana?

Colin apoiou a mão no queixo e fez que não.

— É a primeira vez que escuto isso.

Ela abriu o sorriso convencido de sempre.

Brighid fez o número dois com os dedos.

— Existem duas importantes categorias arcanas, a mana e a prana, com a prana tendo algumas subcategorias. Mana normalmente vem de dentro para fora, já a prana é de fora para dentro. Imagine prana como sendo um conceito universal que permeia todo o cosmos, ela é absorvida por todo tipo de ser através do ar que respiramos.

Colin assentiu.

— É por causa da grande árvore? — ele indagou e Brighid fez um sim, com a cabeça.

— Exatamente! Alguns seres têm mais facilidade de absorver prana, e consequentemente criam uma sinergia melhor com ela. Seres místicos, como eu, têm essa facilidade, e você também tem por ser um errante.

“Entendi… Ser um errante tem muita vantagem, não sei como eles quase foram extintos séculos atrás…”

— Você disse que prana tem subcategorias, quais são?

Ela ergueu o indicador.

— Apana! Assim que você absorve a prana, você pode usar essa energia para limpar seu interior e ficar somente com prana puro no corpo. Feito isso, você pode usar Udana, com ela você dá forma material a prana. É assim que uma evocação é feita, porém, as criaturas que evocar terão que estar marcadas nos traços de sua alma.

“São muitas terminações, mas não parece tão complicado.”

Brighid apontou para o fundo da floresta.

— Tem uma caverna por ali, vem, vou mostrar a você como funciona.

— Caverna?

— Sim, tem algum animal forte lá dentro, e pelo meu palpite deve ser um basilisco. — Ela abriu um sorriso — Ia ser incrível se eu tivesse um basilisco em meu repertório de evocação!

— E, por que não deixa esse basilisco para mim?

— Colinzinho, meu amor, você tem que começar com animais mais fáceis. Se começar com um basilisco, ele pode acabar causando uma ferida permanente na sua alma.

“Ferida permanente…”

— Tudo bem, então vamos para essa caverna…

Brighid abraçou o braço direito de Colin e eles adentraram a caverna que estava há duzentos metros dali.

— Mantenha sua análise sempre ativa quando for enfrentar um basilisco, ou caso contrário você pode se transformar em pedra ao cruzar o olhar com ele.

Colin já ativou sua análise, permitindo que ele enxergasse no breu da caverna e deixou seus olhos amarelados brilharem ainda mais intensamente.

Brighid parou de se mover e se desvencilhou de Colin.

— Amor, fica aqui e preste atenção no que irá acontecer, tá?

— Tá!…

Ela foi andando calmamente para o fundo da caverna.

Três pares de olhos avermelhados brotaram da escuridão e as paredes começaram a tremer enquanto poeira caía do teto. Colin sentiu um arrepio na espinha ao encontrar com uma criatura tão pavorosa.

O basilisco tinha três pares de olhos e cinco pares de pernas. Tinha cerca de dez metros de altura e quase trinta de largura. Seus dentes eram pontiagudos e sua baba ácida resvalava na terra. A pele da criatura parecia feita de pedra e era de um tom acinzentado.

Roooar!

Urrou a criatura.

Brighid esticou a mão direita e conjurou uma espada feita de mana. Ela era fina e longa, tendo dois metros e meio de comprimento.

Ela caminhava em direção ao basilisco enquanto arrastava a ponta da espada no chão.

— Olha isso, amor! — ela berrou — Conjuradores conseguem manifestar sua mana para o objeto conjurado. Usei 10 mil de mana para conjurar essa espada, mas se eu usar mais 200 mil de mana nele, consigo fazer isso.

Ela apontou a espada na vertical em direção ao basilisco.

A criatura abriu a boca e começou a correr na direção de Brighid, batendo aquelas patas pesadas no chão.

Ela continuou parada lá, até que sua espada se esticou em uma fração de segundos.

Crash!

Ela atravessou o basilisco indo da boca até a ponta da cauda e forçou a espada para cima, o cortando ao meio.

Brighid não sentiu a espada pesada por maior que ela ficasse.

Boom! Boom!

Os pedaços pesados da criatura caíram para o lado tremendo toda caverna.

Colin ficou boquiaberto com o que acabou de presenciar. Até mesmo ele teria dificuldade de derrotar algo como aquilo, mas Brighid fez parecer brincadeira de criança.

A espada dela se desfez em minúsculas partículas e ela caminhou até o basilisco, o tocando com mão a esquerda.

Logo depois ela se afastou e juntou as mãos em uma palma.

Por um instante, foi como se Brighid não estivesse ali. Mesmo Colin a enxergando, era como se ela estivesse invisível.

Foi uma sensação que durou pouco tempo.

O desespero abateu sobre ele assim que sentiu Brighid se encher com uma energia diferente da mana, e isso fez Colin sentir como se estivesse sendo esmagado pela pressão do oceano.

A respiração dele ficou pesada e ele começou a sentir um calor infernal, mas tudo se desfez tão rápido, fazendo ele se sentir tão bem quanto acordar de uma noite bem dormida.

O basilisco gradualmente se desfazia, como se fosse incinerado, se transformando em cinzas.

Brighid deu um suspiro e apoiou as mãos na anca.

— Ufa, foi mais difícil do que pensei.

Colin engoliu o seco.

Havia uma parte dele que estava assustado, mas havia outra que estava em êxtase. Brighid era de fato o ser mais poderoso do continente.

— O que você fez? — indagou Colin se aproximando para ver o basilisco se desfazer.

Brighid suspirou mais uma vez.

— Usei Apana e limpei meu interior para ficar somente com prana, agora meu corpo está preparado para realizar o terceiro passo, a Udana.

— Tudo bem? Você parece bem cansada…

Ela suspirou mais uma vez.

— Não achei que fosse tão difícil fazer isso grávida. Estou grávida de três, foi como se eu tivesse que fazer o processo por quatro tomando o máximo de cuidado para não machucar os bebês.

Foi a vez de Colin suspirar.

— Não se esforce demais.

Ela inclinou a cabeça para o lado abrindo um sorriso.

— É fofo da sua parte se preocupar comigo, mas eu vou ficar bem, sei o que estou fazendo. Agora mostrarei a você a Udana, ou resumindo, evocação material.

Brighid inspirou fundo e soltou o ar enquanto juntava as mãos.

Um círculo mágico enorme abriu atrás dela.

O enorme basilisco saiu de dentro do círculo mágico. Ele não tinha forma etérea, e diferente do tom de pele acinzentado de minutos antes, ele agora tinha um tom esverdeado.

Com um sorriso convencido, Brighid estufou o peito.

— Essa é uma evocação! O que achou?

Colin não tinha palavras para descrever aquilo.

— Incrível… Você é realmente incrível…

— Eu sei! Dá para evocar mais de um basilisco, mas criaturas tão grandes assim necessitam de muita mana para serem evocadas. Não é necessário sempre limpar o interior e enchê-lo de prana, a recomendação é que isso seja feito mensalmente. Porém, quanto mais limpo estiver, mais forte será sua evocação.

“Brighid é forte demais, chega a beirar o bizarro. Se Drez’gan chegar perto de algo assim, então significa que atualmente eu seria destruído sem muito problema. Tsc! Não me vejo alcançando-a tão cedo, e isso é frustrante… Se alguém tão forte assim aparecer enquanto ela estiver sem poderes…”

— Colin… — ela chamou em tom de preocupação —  tudo bem? Você parece tenso…

Ele abanou as mãos.

— Fica tranquila, eu  legal. Acho que é minha vez, certo? Que tal a gente procurar algum lobo?

O semblante de preocupação dela desapareceu.

— Certo!

Os dois seguiram para fora com o enorme basilisco os seguindo.

Colin matou um lobo cinza e se sentou frente ao corpo do animal para se purificar.

Brighid explicou que a purificação funcionava como se ele inspirasse e expirasse de maneira profunda. A mente se esvaziava, o corpo esvaziava e por um instante, até a própria existência do indivíduo deixaria de existir.

Em seguida, tudo seria como se ele enchesse os pulmões.

Seu corpo estaria limpo e sua mana recuperada.

Aquela era a primeira vez de Colin, e Brighid sabia que não seria nada fácil conseguir algo assim, nem para gênios como Colin.

Ela ficou sentada em cima do basilisco evocado prestando atenção no marido.

O amadurecimento de Colin era algo notório.

Brighid ainda pensava na manhã, quando Colin teve embate contra um primeiro-tenente. A luta foi tão fácil que nem chegou a ser um desafio.

Colin tinha a vantagem de aguentar apanhar por seu corpo ser resistente, e ainda mais vantagem de ser da árvore-do-céu e um errante de chave incompleta.

Para a fada, Colin tinha tudo para superá-la, e conseguir dominar a prana e suas três categorias seria um passo mais próximo para se tornar um monarca arcano.

 


Eles ficaram ali quase a madrugada toda.

Brighid tirou uma soneca no basilisco e acordou do breve sono focando os olhos em Colin.

Ele ainda estava parado lá.

Brighid bocejou e coçou o olho com as costas da mão.

“Ele não parece ter evoluído muita coisa, mas é o Colin, logo ele dá um jeito.”

 


A manhã inteira passou e Colin ainda não havia obtido progresso.

Brighid estava começando a ficar com fome. Fazia horas desde que ela comeu algo, nem mesmo bebeu uma gota d’água neste período.

“Acho melhor eu voltar e deixar ele aqui…, mas se ele conseguir atingir o primeiro estágio, tenho certeza que ele precisará de algum auxílio, porém, estou grávida, não é como se eu pudesse ser desleixada com meus desejos fisiológicos… Certo, melhor falar com ele, Colin vai me entender.”

— Col-

Vuuush!

Uma pressão assassina passou por ela de maneira abrupta.

Aves alçaram voo entorno e animais começaram a correr desesperados.

Brighid sentiu um calafrio e engoliu o seco enquanto cruzava os braços.

“Isso… foi assustador… é a terceira vez que sinto essa mesma sensação, primeiro foi com Drez’gan, depois Graff e agora…”

Pequenas ondas de calor circundavam o corpo de Colin.

Depois de um suspiro, ele se ergueu com o corpo todo suado, como se o mesmo tivesse acabado de sair da piscina.

— Caramba!… — Murmurou Colin olhando para a mão direita.

Brighid saltou do basilisco e foi até Colin.

— Muito bem! — disse batendo palmas — Você conseguiu se purificar, como se sente?

— Mais leve… e bem cansado…

Brighid ergueu o indicador e estufou o peito.

— Agora falta uma coisa para estar completo.

— Evocar o lobo que matei…

Ela apoiou as mãos na cintura e fez que sim com a cabeça.

— Você matou o lobo, agora vou te ajudar a marcá-lo na sua alma.

— E como vai fazer isso?

— Me dá sua mão esquerda. — Ela pegou a mão esquerda dele e começou a desenhar uma runa em sua palma — Isso é uma runa que vai ajudar a marcar a alma do lobo em sua alma. Você o matou, então você tem a posse da vida dele antes da alma dele partir para planos posteriores.

Enquanto desenhava a runa, Brighid franziu os lábios e encarou Colin no fundo dos olhos.

— O que foi? — ele indagou.

— Você tem que me prometer que não vai sair matando qualquer criatura para se tornar evocação sua.

— Por que isso agora?

Ela desviou o olhar.

— Sei dos seus impulsos… essa sua vontade bestializada de si mesmo que tenta reprimir… não quero que você se torne um homem que mata por prazer, não é esse o tipo de pai que quero para os nossos filhos…

Colin franziu o cenho.

— Eu nunca matei quem não merecia, você sabe disso.

Brighid franziu os lábios. Ela sabia que Colin estava mentindo. Ela ainda se recordava do homem na estrada há um ano. Colin disse coisas horríveis a ele, fingiu que o ajudaria e depois o matou. Brighid só não sabia que ele era o pai de Kurth.

— Eu sei que não, é que com essa nova regra do torneio…

Colin revirou os olhos.

— Vai pedir para não matar agora?

— Não vou pedir isso, só quero que você se controle. Pode me prometer isso?

Colin deu um suspiro.

— Posso… só vou matar quem tentar matar a mim ou qualquer um da guilda. Satisfeita?

— Um pouco…

Ela terminou de desenhar a runa.

— Pronto… agora toque o lobo e depois dê forma a ele em sua mente. Se concentre e fique calmo.

Colin ficou em cócoras e fitou o lobo morto que já estava começando a cheirar mal. Ele tocou a pelagem do animal com a mão esquerda e sentiu seu corpo todo ficar quente.

Pouco a pouco o lobo começou a virar cinzas.

Brighid juntou as mãos em um tapa.

— Junte as mãos assim e se concentre.

Foi o que Colin fez.

Juntou as mãos e se concentrou em dar forma ao lobo que matou. Um círculo mágico apareceu na frente dele e o lobo saiu lá de dentro.

Seu tom era azulado e a pelagem dele saltava tímidas faíscas.

Clap, clap, clap!

Brighid bateu palmas esboçando um sorriso. Ela estava orgulhosa que Colin conseguiu algo assim em tão pouco tempo.

— Você conseguiu! — exclamou ela — Falta te ensinar sobre runas, mas nem eu mesma domino esse conhecimento com maestria.

“Uma disciplina que ela não domina com perfeição? Tá aí algo bem raro de se ver”.

— E como evoco Jane? — ele perguntou.

— Da mesma forma que evocou o lobo, mas ela tem um contrato com você. Tecnicamente você tem a posse a alma dela, só não se apresse demais, você vai precisar de mais experiência para evocá-la. Como eu já disse antes, Jane é uma evocação de grau especial. Evocá-la sem preparo pode acabar te matando.

“Entendi… mais experiência.”

— Porque a gente não vai para cidade correndo? — ela sugeriu — Você pode me levar no colo, o que acha?

Colin cruzou os braços e levantou uma sobrancelha.

— Por que eu te levaria no colo se você consegue andar?

Ela fez beicinho e cruzou os braços.

— Estou desde ontem a noite aqui com você sentindo um frio dos infernos. Nada comi e nem bebi nada. Não saí daqui a um minuto sequer, te ensinei novos conceitos de magia e ainda por cima ensinei você a evocar. Tudo que eu queria era que meu marido fosse prestativo e me carregasse até a cidade… — Ela apoiou a mão na barriga — Vou carregar seus filhos por nove meses inteiros e você não pode me carregar por dez quilômetros?

— Quanto drama… — Colin se abaixou para ela subir nas costas dele — Vem, sobe logo.

Ela pulou nas costas dele.

— Por isso eu te amo! 

— Não se acostuma, não sou seu burro de carga.

— Também não sou seu saco de pancadas, mas você vive me batendo sempre que a gente “dorme junto”.

Colin engoliu o seco e olhou para o lado meio sem jeito.

— Eu não  te batendo de verdade… é coisa de momento, e tapa nem machuca tanto assim.

— Ah! Não? Experimenta levar um monte durante horas.

— …

Ela apertou a bochecha dele.

— É engraçado ver você ficar sem jeito.

O basilisco se desfez em pequenas partículas, assim como o lobo de Colin. Brighid passou o braço esquerdo pelo pescoço de Colin e apontou com o direito na direção da capital.

— Vamos lá pangaré! Upa, upa cavalinho!

— … Quantos anos você tem? Quatro?

Ela abraçou o pescoço de Colin e deu uma gargalhada abafada no ombro dele.

— Desculpa, é que eu sempre quis falar isso hihi.

— … Certo… se segura.

— Pode deixar!

Faíscas celestes circundaram o corpo de Colin e ele desapareceu em meio a mata.

 


O torneio aconteceria em dois dias.

Todo mundo estava se preparando à sua maneira. Fossem aqueles que seriam participantes do torneio em si, quanto aqueles que participariam do plano de Bledha.

Loafe estava focado em matar Colin e toda sua guilda, enquanto o ruivo e seu pessoal faziam horas e horas de reuniões particulares somente com o fim de elaborar planos e mais planos para derrotar Brighid, já que a missão era capturá-la sem a matar.

Anton estava relutante em participar, algo dentro dele dizia que algo ruim estava prestes a acontecer.

Lumur tinha a mesma sensação, afinal, ele estava ajudando os caídos para assumir o trono do pai, mas ele já pensava em um plano B caso os caídos decidissem o trair.

Graff estava despreocupado com a possibilidade de enfrentar os lótus. Suas preocupações se voltavam a Volfizz. Desde que ele soube que o caído mais poderoso deixou a ilha das fadas, algo dentro dele permaneceu inquieto. Ele tinha certeza que os caídos estavam planejando para ele, mas Graff não era do tipo que ficava sem um plano.

Ele tinha a certeza que no momento, em sua forma perfeita, ele era mais poderoso que Alucard em seu auge. Graff tinha algo especial esperando os caídos, e para aquele que estava por trás deles.

Os Ubiytsy estavam relativamente quietos. Eles fariam somente o necessário e sairiam de cena. Não havia o porquê fazer algo desnecessário que os colocassem em risco.

Porém, Stedd não tinha a mesma sensação. Por saber que algo aconteceria enquanto ele estivesse em uma dimensão simulada, ele permanecia ansioso.

Ehocne já havia preparado tudo, ela já sabia exatamente o que fazer. A errante já sabia que Colin era o seu irmão mais novo e isso deixou seu coração em dúvida.

Ela era um soldado, alguém que vivia cumprindo ordens e sempre cumpriu com êxito. Ela observou seu irmão, viu como ele era, quem eram os seus amigos e como ele estava se virando bem após chegar a esse mundo sozinho.

Ehocne estava quieta, sentada em uma cadeira de pedra abraçando as próprias pernas. O redor dela se parecia com uma cripta escura, com castiçais iluminando estátuas celestiais.

Passos foram ouvidos no final do corredor.

— E então — indagou Saphielle. Ela estava com as duas mãos enfiadas nos bolsos do casaco escuro — O que tem de tão sério para me contar?

Ehocne se sentou direito e suspirou. Seu suspiro fez uma nuvem de fumaça naquele ambiente gélido.

— Eu não quero mais fazer isso…

Saphielle também deu um suspiro e encostou na parede.

— Preocupado com nosso irmão? Eu já disse que ficará tudo bem.

— Você diz isso porque não é você que está na linha de frente organizando tudo. Eu estou sempre com eles, sabia? Eu mato por eles, sangro por eles, sou o capacho daquele bando de loucos. Simplesmente cansei…

Saphielle desvencilhou da parede e foi até a irmã.

— Você tem que aguentar, ou não vamos conseguir parar o papai. Ele ainda confia em você, então você tem que continuar fingindo.

Ehocne franziu os lábios e assentiu.

— Ele parece com o papai, mas eles são bem diferentes…

— Quem, Colin?

Ehocne fez que sim com a cabeça.

— Ele me faz lembrar a mamãe… Colin cuida de um bando de pirralhos, ele é tão carinhoso que me faz lembrar a mamãe quando éramos mais novas… Não quero lutar contra meu próprio irmão…

— Eu também não quero, mas pense bem, somos nós duas nesse fogo cruzado entre errantes e caídos. Se qualquer um deles ganhar, então significa que todo mundo perdeu.

Ainda sentada, Ehocne encostou a cabeça no peito de Saphielle e a abraçou pela cintura.

— Bledha vai tentar selar Graff depois que matar o imperador, e isso me assusta. Aquele vampiro é tão insano quanto o papai.

Saphielle fez carinho nos cabelos da irmã.

— Fica calma, vai ficar tudo bem. Bledha é forte, não é? Se Graff for selado, será menos um louco para nos preocuparmos.

— Por que não fala com Colin? É mais fácil trazê-lo para o nosso lado…

— Eu sei que é, mas ele ainda não está pronto. Dei a ele localizações de seres que descendem do abismo para que ele faça contratos.

Ehocne ficou em silêncio por um instante.

— Não está com medo de ele se machucar? — ela indagou.

Saphielle fez que não.

— Ele é sangue do nosso sangue. Colin ficará bem, não precisa ficar preocupada.

Ehocne se desvencilhou da irmã. No fundo, Ehocne era uma pessoa sensível. Era um extremo cansaço mental para ela fingir quem de fato não era.

— Eu tenho que voltar — disse Ehocne se erguendo — Bledha em breve vai começar a se mover.

As duas se abraçaram, um abraço bem apertado.

— Se cuida, Ehocne.

— Você também.

Ehocne ergueu o braço direito e adentrou o portal.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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