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Capítulo 149 – Você é igual a ele

Cruzando as pradarias como um raio esmeralda, Brighid se afastou o mais longe possível de Colin com as três criaturas de Leidvard logo atrás.

O anjo, com um único par de asas, envolveu todo o seu corpo com mana e avançou em direção a Brighid, triplicando sua velocidade.

Vush!

Ele apertou o cabo da espada e avançou em direção ao pescoço dela, mas Brighid se abaixou a tempo, desfazendo suas asas de mana e deixando o Celis passar direto.

Enquanto derrapava, Brighid se concentrou nas outras duas criaturas que se aproximavam. A Celis apertou o cabo de sua lança, e a criatura com dois pares de braços conjurou espadas de luz, uma para cada braço.

A fada bateu a mão direita na grama e conjurou uma espada de mana na mão esquerda.

“O Celis com chifres deve dar mais trabalho!”

Girando a lança dourada, a Celis tomou a frente em uma estocada.

Nhack!

Antes de sua lança atingir Brighid, uma boca enorme de basilisco saiu do círculo mágico frente a fada e abocanhou aquela Celis com lança e tudo.

O basilisco deixou o círculo mágico por completo, cuspiu a Celis e a abocanhou mais uma vez, sacudindo-a violentamente de um lado para o outro.

Os dentes de um basilisco eram de tamanha potência, que conseguiam quebrar rocha bruta sem dificuldade.

A terceira criatura que se aproximava abriu as asas e freou no ar, assim, parando de avançar.

Faminto, o basilisco arrancou as asas da Celis que não parava de berrar em desespero.

Som de carne sendo estraçalhada e os gritos de socorro, ecoaram por toda pradaria, assim como o rosnado agressivo do basilisco.

Mesmo sendo uma evocação, o basilisco mantinha a natureza de quando era um animal vivo. Ele se divertia com a comida. Abocanhou a Celis mais uma vez e a sacudiu até ela ficar inconsciente. Só então arrancou a cabeça dela em uma mordida e a mastigou enquanto o sangue reluzente de um Celis pintava a grama de vermelho.

Percebendo que seus outros dois inimigos estavam em choque com a cena, Brighid estalou os dedos e o basilisco desapareceu, deixando os restos daquela mulher no chão.

Enquanto os mais jovens se concentravam no combate de Colin, os usuários de magia mais experientes observavam o confronto de Brighid.

Com a espada de mana na mão esquerda, Brighid deu alguns passos na direção do corpo destroçado daquela Celis e se abaixou, tocando uma parte do corpo dela com a mão direita.

O que restou do corpo daquela mulher começou a se desfazer em cinzas.

Brighid esticou o braço direito e um círculo mágico se abriu a sua frente. De dentro, saiu a Celis que ela havia acabado de matar.

Usuários mais experientes de magia sabiam que aquele tipo de coisa era possível, mas apenas usuários com uma vasta experiência conseguiam evocar um ser como aquele logo após matá-lo.

Aquela demonstração só lhes mostrou que Brighid tinha domínio perfeito não só da mana, como da (Prana) e suas ramificações.

— Você… — Falou a criatura com quatro braços. Seu tom de voz era grave e arranhado — Você serve ao Deus morto!

Celis, antes alva como a neve, agora estava resumida a um verde-esmeralda.

Brighid deu mais um passo e sua evocação ficou de costas para ela, se concentrando na criatura com um único par de asas.

— Chamam Dreaz’gan de Deus agora?

A criatura se afastou mais um pouco.

“Isso não foi uma simples técnica de evocação” pensou a criatura “Isso foi necromancia, mas ela não é um Litch… Um ser místico que pode usar necromancia… é a primeira vez que vejo algo assim.”

— Você não é uma mulher comum, dá pra sentir nos meus ossos, mas eu também não sou uma evocação comum! Só fiz contrato com aquele garoto para poder enfrentar inimigos poderosos como você!

Ávido por um combate de verdade, a criatura apontou as quatro espadas na direção de Brighid e um enorme círculo mágico começou a se formar, acumulando um calor infernal ao redor.

A evocação de Brighid bateu asas e avançou na direção do outro oponente, deixando Brighid cuidando do Celis mais poderoso.

“Não há dúvida” pensou Brighid enquanto aguardava seu oponente completar sua habilidade “Ele consegue usar a luz. Deve ser o primeiro monarca arcano da flama que enfrento. Pelos meus treinos com Colin, meus reflexos estão apurados, e eu me sinto bem. Se eu não exagerar ficará tudo bem.”

O círculo ficava maior a cada segundo, acumulando ainda mais calor.

Erguendo o braço direito, Brighid conjurou um escudo, e a criatura achou graça naquilo. O poder dele conseguiria destruir facilmente o escudo de um monarca, devido a seu poder destrutivo.

Ver Brighid tão confiante ao conjurar um escudo deixou a situação ainda mais cômica.

— Pensa que consegue deter meu Orbe da corrupção?

Brighid continuou em silêncio e a criatura interpretou aquilo como um sim.

O orbe triplicou de tamanho e começou a girar, acumulando ainda mais poder.

O escudo de Brighid parecia não ter muita mana. Para a criatura, aquela mulher seria trucidada, mas ele havia recebido ordens para não matar, porém, ele deu de ombros e resolveu ir com tudo.

— Cumprimente o Deus morto por mim! — A Orbe foi disparada.

Ela era tão quente e tão brilhante que parecia uma miniatura do sol.

Os usuários de magia que assistiam Brighid estavam curiosos em ver como Brighid lidaria com aquilo. Aquele Orbe continuou se aproximando, ainda mais rápido, incinerando tudo pelo caminho.

Naquela altura, o orbe era enorme, uma imensa bola de fogo com uma avassaladora capacidade destrutiva.

O Orbe alcançou Brighid.

Vush!

De repente, o orbe sumiu.

Não houve explosões, magias extravagantes ou até mesmo qualquer som. Aquele poder simplesmente desapareceu.

“O quê?” A criatura ficou sem entender absolutamente nada “O que diabos ela fez?”

A barreira de Brighid desapareceu.

Ela apertou o cabo da espada e partiu na direção da criatura, que se assustou com a repentino avanço da fada.

“O que foi aquilo? Ela absorveu meu Orbe? Como? Por que ela quer uma luta direta comigo? Essa mulher tem algum truque na manga, eu tenho que manter distância e pensar!”

Enquanto partia para cima da criatura, Brighid conjurou dezenas de espadas longas que pairavam ao redor dela.

Vush! Vush! Vush!

Batendo as asas enquanto fugia, A criatura desviou da primeira espada e bateu asas mais uma vez, indo para o alto.

Brighid parou de correr e derrapou por alguns metros.

A espada que segurava se desfez em partículas minúsculas e se juntou rapidamente, assumindo a forma de um arco. As espadas que pairavam sua cabeça se fundiram em uma única flecha.

Brighid mirou um pouco acima da trajetória da criatura e esticou a corda do arco, disparando a flecha.

Assim que o projétil atingiu o ponto desejado por Brighid, a flecha se transformou em um círculo mágico, e um gigante feito de mana esverdeada, usando armadura e empunhando uma espada longa, caiu, em queda livre, bem em cima da criatura.

A criatura abriu as asas para perder velocidade e desviar daquilo, mas não conseguiu a tempo. Aquela espada enorme o atingiu e desceu com ele até o solo num estrondo.

Boom!

Foi como se parte de uma montanha tivesse despencado do céu, rachando a pradaria por metros a fio.

Alguns pedaços de terra se deslocaram metros acima, outros, metros abaixo. Brighid ficou de longe assistindo toda aquela destruição.

O gigante se ergueu e começou a estocar o chão repetidas vezes, até que se ouviu o tilintar de lâmina e o gigante derrapou para trás.

Pesado do jeito que era, o gigante conseguiu deixar um rastro de destruição conforme deslisava.

A criatura continuava viva, mas seu corpo sangrava em demasia. Girando os braços, a criatura focou em destruir o gigante com suas espadas de luz, mas conseguiu somente arranhar aquela armadura que cobria seu corpo.

“Isso deve mantê-lo ocupado.” Brighid desfez o arco e caminhou até sua evocação, que havia abatido o outro Celis.

Crash!

A evocação de Brighid retirou a lança do peito do Celis e Brighid se abaixou, tocando a testa dele e transformando aquele corpo todo em cinzas.

Outro círculo magico apareceu, e o Celis com um único par de asas saiu lá de dentro.

Boom!

O gigante de mana foi voando na direção de Brighid, e antes de atingi-la, ele se desfez em minúsculas borboletas, que rapidamente se juntaram novamente, transformando-se em uma espada enorme que foi em direção a criatura que se encontrava do outro lado da pradaria.

Ting!

A criatura rebateu aquela espada de mana para longe, mas a espada se subdividiu em dezenas de adagas, indo na direção da criatura mais uma vez.

Ting! Crash! Crash! Ting!

Enquanto ele rebatia algumas adagas, outras cravam em sua pele e desapareciam, deixando marcas rúnicas naquela pele pálida.

Brighid continuava de longe, observando tudo com sua análise.

“Como eu esperava, ele é forte, mas peca em lutar contra múltiplos alvos ao mesmo tempo. Até mesmo meu gigante que nada usava além de força bruta foi um empecilho para ele. Acho melhor acabar com isso e voltar para o Colin.”

Aaaaaa!

A criatura urrou e todas as adagas de Brighid foram destruídas.

Sangrando da cabeça aos pés e arfando em demasia, a criatura encarou Brighid com aqueles olhos vermelhos cheios de fúria.

— Desgraçada! — As veias do braço da criatura saltaram para fora e os chifres dele ficaram maiores — Pensa que brincará comigo até quando? Eu sou luz, eu sou morte!

Ting!

A criatura se moveu tão rápido, que aquilo pareceu um teleporte. A plateia mal conseguiu acompanhar aquele movimento, nem mesmo os veteranos como Hodrixey.

As evocações de Brighid se moveram tão rápido quanto, bloqueado aquele ataque com suas lâminas de luz.

— Acredita que essas evocações baratas conseguem me acompanhar?!

Ting! Ting! Ting!

A criatura começou a rodear entorno de Brighid, tentando atingi-la de todos os pontos possíveis em frações curtas de segundos.

O que se via, era três “flashs” de luz indo de um lado para o outro sem parar em um tilintar incessante de lâminas se chocando.

Era frustrante para a criatura dar tudo de si e sua oponente não dar a mínima. Brighid continuava imóvel, apenas observando suas evocações a protegerem por conta própria.

“Que velocidade incrível! Fiz o certo em enfrentar esses três, sozinha. Colin, provavelmente, não conseguiria acompanhar essa velocidade.”

Depois de um suspiro, Brighid fechou e abriu os olhos, encarando A criatura diretamente. O corpo daquela criatura paralisou de imediato, e as duas evocações de Brighid o empalaram.

Crash! Crash!

— Sua… — A criatura golfou sangue. Uma lança o atravessava suas costas e uma espada seu peito.

“I-Impossível! Eu estava me movendo extremamente rápido, e mesmo assim ela conseguiu me acompanhar. Nenhum de nós conseguiu sequer tocá-la, ela não usou nenhuma outra habilidade que não fosse conjuração.”

A criatura cruzou olhares com Brighid e se sentiu minúsculo. Aquela pressão, a forma daquela mana, o poder que vinha dela, nada daquilo não só era parecida com a do Deus Morto, como era exatamente igual a dele.

“Então é isso. Não pensei que a encontraria em um lugar como esse.”

— Entendi o que aconteceu… com o meu Orbe… — Ele golfou sangue mais uma vez — Você é a apóstola dele que consegue caminhar fora do abismo, não é? Eu me lembro… do seu nome… Kag’thuzir, o anjo do desespero… — Ele abriu um sorriso de canto — O que a prometida do rei faz com um garoto como aquele? O Deus Morto sabe sobre isso?

Brighid caminhou até a criatura que ficou de joelhos.

— Foi uma boa luta. — disse ela se preparando para tocar a testa dele.

— Quanta modéstia, Kag’thuzir… não consegui nem fazer você suar…

Um círculo vermelho brilhante apareceu no céu ao longe. Aquele círculo, não deveria ser ignorado, principalmente pela enorme quantidade de mana que pairava o céu.

“É ali que Colin está! Será que…”

Brighid sentiu uma pontada que veio diretamente do útero. A dor foi tão forte que ela quase caiu de joelhos.

Ela apoiou as mãos no abdômen e tossiu algumas vezes. Assim que a dor passou, ela se concentrou e respirou fundo.

Os futuros filhos dela estavam bem, o problema era que seu próprio corpo estava rejeitando parte da magia impura que ela conjurava.

Suas proles estavam sendo geradas usando somente a mana pura de um ser místico. Ao Brighid usar sua mana impura, ou seja, a mana do abismo, havia um conflito dentro dela, um conflito que atingia diretamente os fetos.

Seu corpo tentava se controlar sozinho, priorizando a segurança da prole. Porém, aquilo a machucava. As proles não sentiam dor, mas Brighid sentia, e muita.

Fazer daquela criatura na sua frente sua evocação poderia agravar o problema.

Celis a pegou apoiando os braços debaixo do braço dela e a ergueu no alto, deixando a criatura abatida ali.

Uma tormenta deixou o círculo mágico ao longe e tudo começou a tremer.

Bastaram alguns segundos para que à terra abaixo de Brighid começasse a rachar, deixando fendas que começaram a arder em brasa.

O corpo da criatura foi engolido pelas chamas e Brighid se concentrou no círculo ao longe. Enquanto aquilo era assustador, também era belo. Depois de tudo ser engolido pelas chamas, aquela tormenta desapareceu, deixando uma enorme nuvem de fumaça.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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