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Brighid seguiu seus sentidos aguçados para detectar magia.

Chegaram até uma caverna nada convidativa. O lado de fora estava enfeitado por animais putrefatos e cadáveres empalados em estacas. Alguns cadáveres estavam sem cabeça, outros sem braços ou pernas. De alguma forma, acabaram virando almoço.

Aquilo era um claro sinal de aviso.

Safira tapou o nariz e recordou-se do povo de seu vilarejo.

O sangue, os corpos, o cheiro, tudo isso a deixava enjoada.

O estômago dela embrulhou e ela pulou do cavalo. Correu até encostar em uma árvore e vomitou todo café matinal.

Bleé!

— Consegue continuar? — perguntou Colin.

Safira limpou a boca com as costas das mãos.

— Eu consigo, só preciso respirar um pouco…

— Brighid! — chamou Colin. — Consegue encantar o cavalo para ele ficar pelas redondezas?

Ela fez que sim.

— Deixa comigo!

Esticando os pequenos braços em direção ao cavalo, ela falou algumas frases em língua ancestral e o cavalo trotou para dentro da floresta.

Os instintos de Colin indicavam que um perigo eminente o aguardava dentro daquela caverna. Ele cerrou os punhos e começou a andar para dentro dela, Safira e Brighid o seguiram.

Recitando outro encantamento, Brighid conjurou um orbe de luz que iluminou um corredor de pedra. Eles não conseguiam avistar o fim, mas sentiam que o perigo estava em todo lugar. Colin enfiou a mão no seu cinto de perna e puxou sua adaga.

O interior da caverna era assustador.

Havia pilhas de cadáveres de raças diferentes, misturando sangue, entranhas e qualquer coisa considerada vil.

Eles ficaram cada vez mais tensos. A respiração deles ficava acelerada, e o medo os abraçava mais forte a cada ruído que ouviam. Medo daquilo que estava no escuro, escondido observando-os. O medo primitivo de algo que não conseguiam ver, um medo atrelado a seus ossos.

Então, depois de alguns minutos, eles chegaram a um espaço amplo onde não havia absolutamente nada.

— É aqui o covil? — perguntou Safira com temor na voz.

— Parece que sim — respondeu Colin. — Mas ele não parece estar aqui — ele olhou para os dois lados — Será que saiu para caçar?

— Não! — Disse uma voz gutural, potente o bastante para os fazerem mijar nas calças.

Os olhos de Colin se arregalaram e ele olhou para todos os lados tentando encontrar o dono da voz. Safira pegou com força na mão de Colin, quase quebrando-a e Brighid voejou até o ombro dele.

— Ratinhos… — disse o demônio, fazendo toda caverna tremer. — Não sei se são corajosos ou estúpidos para ignorar todos os avisos que deixei.

— Por que não sai do escuro para falar com a gente? — perguntou Colin com a voz trêmula.

— Um filhote de dragão, uma Fada e… um Elfo Negro? Não… você não é um Elfo, tem o cheiro deles, se parece com eles, mas não é um deles. Um mestiço talvez… ou… outra coisa.

Uma pata grande e peluda deixou a escuridão com um rigoroso tremor.

Baam!

Foi quando o demônio se revelou.

Ele era coberto por um pelo negro metálico, sua calda era enorme, grande o bastante para dar a volta na caverna.

Tinha a cabeça de uma pantera e seus olhos eram amarelos como o ouro. Suas patas peludas escondiam garras do tamanho de um homem adulto, e seu bafo era fétido, como se sentissem o cheiro de um mar de cadáveres.

Pavor.

Foi o que Colin sentiu ao ver a criatura por inteiro. Ele estava completamente paralisado, não conseguiu se mover nem um centímetro sequer.

Só voltou a si quando sentiu uma dor lacerante na mão esquerda.

Ao olhar, fitou Safira apavorada apertando ainda mais forte sua mão. As pernas dela tremiam e seu olhar portava o mais absoluto desespero.

— Um Bakurak?! — disse Brighid bastante surpresa. Fazia séculos que ela não via um ser daquela raça.

— Oh! Então a fadinha sabe sobre mim? — disse o Bakurak naquela voz demoníaca que reverberou por toda caverna.

Brighid engoliu em seco.

Ela estava com medo, mas não estava tão apavorada quanto seus companheiros, afinal, mesmo que grande, aquele ser não passava de um filhote. Para a sorte dela, Bakuraks eram seres solitários, que se separavam de sua mãe no nascimento. No mais, ela não precisaria se preocupar com um segundo Bakurak aparecendo para atrapalhar.

— Pensei que estivessem extintos — disse a Fada baixinho.

— Existem poucos de nós hoje em dia — O Bakurak se ergueu. Ele tinha ao menos 15 metros de altura e andava sob quatro patas sacudindo aquela cauda longa. — Eu estava mesmo com fome, por sorte o meu café da manhã veio até mim.

A cada passo que ele dava a caverna parecia tremer ainda mais.

— A vila da estrada, foi você quem fez o contrato com eles, não foi? — perguntou Colin, esforçando ao máximo para não demonstrar medo.

— Sim, coisinha, fui eu. Por que se importa com aquele bando de humanos gananciosos?

No fundo, Colin não se importava. O bem-estar seu e de suas companheiras era prioridade, mas o acordo de dívida eterna era bom demais para ser deixado para trás, ainda mais se a vila voltasse a prosperar, como disse o ancião.

— Fiz um acordo com eles, preciso que quebre o contrato.

Ahahahah!

O Bakurak gargalhou, gargalhou tão alto que os pássaros alçaram voou, os animais correram para longe e a caverna toda estremeceu. As paredes começaram a rachar e pedaços enormes de pedregulho começaram cair violentamente em volta deles.

— Você é hilário para uma coisinha tão pequena, vai ser o último que vou matar, que tal?

— Brighid! — murmurou Colin. — Consegue vencer isso?

— A-acho que sim…, mas precisarei de tempo.

— Certo, consegue usar suas magias de suporte em mim e em safira?

— Consigo, mas vocês podem-

— Equilibre, nos cure ao mesmo tempo em que nos buffa, consegue fazer isso enquanto se concentra para depois acabar com o monstro? Eu e Safira ganharemos tempo!

Safira apertou ainda mais a mão de Colin e ele olhou para baixo, encarando-a.

— Cuidado, Safira, precisarei dessa mão para lutar!

— E-Eu não consigo lutar contra isso, eu queria, mas não consigo! — disse ela com a voz chorosa.

— Consegue! Se concentre nos meus comandos, Brighid vai nos ajudar, então a gente precisa fazer nossa parte, está bem?

Ela soltou a mão de Colin e enxugou as lágrimas rapidamente.

— Consegue fazer o que pedi, Brighid?

— Consigo!

— Ótimo!

— O que estão cochichando aí? — indagou o Bakurak erguendo a enorme pata.

Os três se separaram de imediato e o demônio enterrou sua pata no chão, levantando poeira que cobriu todo interior da caverna.

Baam!

Colin saiu da fumaça correndo em volta do Bakurak com uma velocidade incrível, parecia um simples vulto que se teleportava.

caveira

Status Temporário.
Nome: Colin.
Idade: 23.

Árvore primária: Céu. Nível: 01
Árvore secundária: Pujança. Nível: 01
Árvore secundária: Caos. Nível: Bloqueada.

HP: 1110 + (2000).
MP: 280 + (2000).

Habilidades:

Força: 22 + 20 (592 segundos restantes).
Destreza: 25 + 20 (592 segundos restantes).
Agilidade: 21 + 20 (592 segundos restantes).
Inteligência: 17 + (592 segundos restantes).
Estamina: 23 + (592 segundos restantes).

56 pontos em pujança. Pontos necessários para o nível 2: 112 pontos.

50 pontos em céu. Pontos necessários para o nível 2: 200 pontos.

 “Então isso é o poder de uma árvore? Sinto que consigo manipular minha mana livremente… é como se eu soubesse exatamente o que fazer.”

A Fada estava concentrada, escondida na escuridão, utilizando todo seu conhecimento para fazer com que Colin e Safira se tornassem magos poderosos mesmo sem treino, e aquilo exigia muito dela.

O corpo de Colin e Safira estava oscilando entre o extremo desconforto e o mais puro bem-estar. Se não fosse a magia de cura de Brighid, o corpo deles estariam em pedaços.

— Vocês não passam de formigas! — urrou o Bakurak.

— Agora, Safira!

Ela deixou a fumaça com as duas mãos erguidas em direção ao Bakurak.

Todo aquele poder que ela estava sentindo, a fez criar uma coragem que ela nunca sentiu antes.

E mesmo estando de frente para um ser poderoso, ela não se sentiu intimidada.

“Se concentre, sinta a mana fluir pelo seu corpo, o calor nas palmas de sua mão e o expanda! É como absorver as chamas, mas agora você vai expulsá-la! Certo, eu consigo!”

[Esfera do caos flamejante].

 Uma gigantesca bola de fogo deixou o círculo mágico das palmas de Safira e atingiu o tórax do Bakurak, lançando-o com tudo na parede da caverna.

Baam!

Toda montanha se estremeceu, um tremor que deu para ser sentido a quilômetros de distância.

Os moradores da vila da estrada olharam para as montanhas ao fundo e engoliram em seco.

— Começou… — murmurou o ancião.

Safira estava incrédula com o que havia acabado de fazer. Ela olhou para as duas mãos e depois encarou a nuvem de poeira que havia deixado ao enterrar seu oponente na parede.

Colin também sentia o mesmo, mas seu corpo se adaptou rápido as mudanças. Ele apoiou os pés na parede e, como um raio cruzando o céu noturno, Colin avançou com uma estocada em direção ao pescoço do Bakurak, mas foi atingido pela cauda do monstro.

Boom!

Um estrondo fez Colin se chocar violentamente contra a parede.

— Colin! — berrou Safira.

Safira estava de pé, mana carmesim estava em volta de seu corpo. Um círculo mágico se formou a sua frente.

“Tá!” pensou ela “É só fazer como nos treinos. Se concentra, Safira, você consegue! Seja útil!”

Ela ergueu os braços na direção do Bakurak e outro círculo mágico apareceu em frente suas mãos. Uma esfera feita de chamas se formou e ganhou tamanho, ficando até maior que a própria Safira.

Vush!

A bola de fogo zuniu no ar e atingiu o Bakurak no rosto, explodindo em seguida.

Booom!

Aquela explosão fez com que o Bakurak fosse enterrado por pedras.

A caverna começou a desmoronar e Colin surgiu do meio da poeira em um flash azulado que deixava faíscas por onde passava. Ele pegou Safira no colo, deixando a caverna em uma fração de segundos.

A montanha inteira veio a baixo, vales foram rachados ao meio, terremotos atingiram vilas próximas e a poeira subiu até os céus.

Tossindo sangue, Colin colocou Safira no chão e apoiou a mão em seu peito.

— Colin! Você está bem? — perguntou ela apoiando a mão em seu ombro.

— Brighid não estava brincando, isso cansa bastante.

Colin estava intrigado com outra coisa.

Safira havia usado duas magias e conseguiu fazer um estrago colossal e nem aparentava estar cansada. Ele, por outro lado, só fez correr e estava exausto.

caveira
[Status: temporário]

[Tempo restante: 487 segundos.]

[Mana: 1382]

Um novo tremor se iniciou, e dele o Bakurak ressurgiu jogando pedregulhos para cima com uma rajada incandescente. As pedras que queimavam caiam em volta do vale como se fossem pequenos meteoritos.

Pouco a pouco, o vale inteiro começou a incendiar.

Era impossível encarar aquilo e não ficar impressionado com tamanho poder. Nem mesmo Colin acreditou estar enfrentando um ser como esse.

Seu corpo tremia de ansiedade e excitação.

Era a primeira vez que sentia algo assim.

Ele queria fugir, mas sua vontade de lutar e ver como acabaria era mais forte.

O rugido do monstro foi ouvido além daquele reino, foi o anúncio de algo demoníaco, algo que se escondia nas entranhas do mundo.

O monstro abriu a boca e uma energia começou a se formar em frente a ela. A energia se concentrou em uma esfera escura, poderosa o bastante para os colocar em alerta.

Uma rajada de vento emanava da esfera enquanto ela ficava cada vez maior.

— Safira! Vamos fugir daqui!

— Mas Colin, olha! — ela apontou para trás.

O vilarejo ficava bem na direção do ataque.

Colin não tinha noção do quão destrutivo seria aquele ataque, mas se o vilarejo fosse destruído, ele ficaria sem sua sonhada recompensa.

Então, o Bakurak disparou aquela esfera, que destruiu árvores e tudo que estivesse no caminho.

Colin deitou protegendo Safira e a esfera escura passou direto, bem longe de os acertar. O destino daquele poder era o vilarejo, e foi para lá que se dirigiu aquela esfera de energia massiva.

Há alguns quilômetros de atingir o vilarejo, a esfera começou a brilhar em tom esverdeado e desviou seu caminho, indo em direção aos céus, explodindo num estrondo ensurdecedor.

Kaboom!

Por um segundo, o céu pareceu ter ganhado dois sois.

“Valeu Brighid!”

Colin não se tocou que outro golpe estava sendo preparado, desta vez ia em sua direção um poder bem mais destrutivo que o anterior.

Como se disparasse um canhão super potente, a esfera de poder se aproximou de Colin em uma velocidade quase imperceptível para seus olhos.

Assim que o poder estava prestes a varrê-lo da existência, o seu braço direito começou a emitir runas agressivas, as mesmas runas que viu quando fez o contrato com o ancião.

As marcas pareceram ferro quente sendo marcado em sua pele, e o colar de pedra que o ancião lhe deu também começou a brilhar, rachando e se autodestruindo no processo.

Como se soubesse o que teria que ser feito, Colin ergueu a mão na direção da esfera de energia, a tocou e ela desapareceu por completo, como se fosse sugada.

Aquilo pegou até mesmo o Bakurak de surpresa.

“O que diabos foi isso?” indagou o Bakurak “Isso foi magia de Errante, não foi? Seus olhos também são amarelos como os de um Altmer, as tatuagens iguais aos daquelas mulheres… é um membro do clã Bëoranar?”.

Vendo que seu movimento foi frustrado, o Bakurak avançou, tentando atingi-los com sua pata destrutiva, mas Colin e Safira conseguiram desviar por pouco.

Colin ainda sentia a dor das runas cravadas em seu braço, mas decidiu ignorar a dor por hora.

Ele rolou e bateu as duas mãos no chão destruído.

“Só testei isso em lobos, mas deve funcionar com alguém grande assim!”

[Prisão relâmpago].

Um círculo mágico azul envolveu todo o solo em volta deles. Faíscas brotaram do chão como se fossem correntes, enrolando-se por todo corpo do Bakurak impedindo seus movimentos.

— Agora, Safira!

Safira se concentrou, e três círculos mágicos se formaram frente a sua bola de fogo que ficava maior a cada segundo.

O Bakurak já era experiente o suficiente em batalhas para saber que aquilo significava problema, e um dos grandes.

“Esse filhote de dragão… o formato dessa mana, então ela é um Caído? Um caído e um Errante andando juntos de uma Fada? Não é só isso, o formato da mana da Fada… ela também é um ser do abismo?”

[Caos flamejante].

A bola de fogo subiu.

Atingiu uma boa altura e depois desceu dos céus como se fosse um cometa, atingindo o Bakurak com um poder destrutivo tamanho, que o enterrou há alguns metros no solo, levantando poeira até as nuvens.

Boom!

Brilhante e quente, Brighid parecia uma estrela distante, brilhando intensamente no firmamento.

Um círculo mágico brotou do céu envolvendo toda montanha destruída e um pouco além dela. Era algo belo e destrutivo, algo que ninguém nunca presenciou antes. O nível de magia da pequena fada estava muito além da compreensão de Colin ou de qualquer um que testemunhasse a grandeza daquele poder.

Do círculo, correntes de prata saíram do solo e desceram dos céus, prendendo o Bakurak em uma espécie de cruz gigantesca. Apertou-o tão abruptamente que ele mal conseguia respirar. O ser do abismo conhecido como Bakurak estava impotente, cheio de ferimentos e sangrando como um porco prestes a ser abatido.

Colin se aproximou dele e ergueu a cabeça para encarar seus olhos amarelos.

— Devia ter aceitado nosso acordo e libertado a vila do contrato que impôs a eles — disse Colin segurando sua adaga.

Safira chegou logo atrás.

O monstro, completamente derrotado, não parecia tão intimidador agora.

Colin correu os olhos pelos ferimentos da criatura.

— Se eu tivesse rompido o contrato — disse o Bakurak. — Teriam me deixariam em paz?

— Provavelmente não — respondeu Colin envolvendo sua adaga com mana elétrica. A mana deixou a lâmina da adaga longa, como se fosse uma espada de duas mãos.

— Algum último desejo, fera?

O Bakurak apenas sorriu.

— Vocês nem sabem o que são, né? — O bakurak encarou Safira e depois Brighid. — É bom saber que mesmo se me matarem, seres piores que a mim ainda estão soltos por aí, não é, garoto?

Colin franziu o cenho.

— O que quer dizer com isso?

O monstro abriu seu sorriso de orelha a orelha, exibindo aquela arcada dentária imponente de dentes pontiagudos.

— Ande logo com isso, coisinha.

Woosh!

Num salto, Colin cortou a cabeça do monstro, que veio ao chão num estrondo agonizante.

Bam!

O gigantesco círculo mágico de Brighid que cobria a montanha desapareceu em pequenos fragmentos, com a cruz e as correntes, fazendo o corpo pesado do Bakurak desabar com tudo naquele chão fragmentado.

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Olá, eu sou o Stuart Graciano!

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