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Capítulo 153 – Drocolich

A escuridão e os sons de animais noturnos se faziam presentes em quase todo lugar do quarto nível. Os alunos que conseguiram alcançar aquele nível haviam ganho certo destaque.

Poucos conseguiam chegar tão longe.

Elhad, um dos membros mais misteriosos da guilda de Colin, decidiu seguir sozinho pela floresta com a desculpa de encontrar a provável criatura que os levasse ao terceiro nível, porém, os motivos dele eram outros.

A luz da lua não conseguia passar pelos galhos frondosos e alcançar aquela floresta sinistra.

Após caminhar mais um pouco, Elhad parou e ouviu o farfalhar da brisa nas folhas das árvores.

Ele olhou para cima e cerrou os olhos inspirando fundo.

— Vocês estão me seguindo desde a cratera, por que não saem de seu esconderijo?

Olhos vermelhos saiam de trás de árvores. Não eram dezenas, eram centenas.

Swoosh!

O vento assoprou as folhas no topo das árvores e a luz da lua os alcançou, revelando um Elfo Negro de pele acinzentada logo a frente. Era um homem tão alto quanto Elhad, mas ele era magrelo com maçãs marcadas no rosto.

Seu cabelo era branco, longo e sua feição não era nem um pouco receptiva.

A armadura negra que ele trajava era algo único, forjada com magia mística de outro continente. Não era raro ouvirem sobre usuários habilidosos de magia que acabaram morrendo por usarem armaduras místicas.

Havia um boato que circulava, de que usuários de armaduras místicas poderiam criar sua própria magia, e muitos pereciam durante o processo.

O Elfo Negro deu mais um passo girou a foice negra que segurava.

A foice era outro item raro.

A lâmina era totalmente negra, com metade do cabo sendo feita de bronze negro e a outra metade dos ossos de magos poderosas de outra era.

Aquela foice era hipnotizante, e assim como Claymore de Colin, diziam que a foice foi forjada com partes da grande árvore que sustentava todo o cosmos.

— Olha se não é o traficante de informações… — O Elfo apoiou a foice no ombro — Seu nível desceu bastante para que enturmasse com humanos e um monte de esquisitos.

Elhad olhou entorno.

Apesar da clara desvantagem e de todo arsenal que o Elfo portava, Elhad não se sentiu nenhum pouco intimidado.

— Não veio conversar comigo, veio?

O Elfo negro girou a foice e bateu na grama.

— Twilightmantle, o petulante, era meu melhor amigo!

Elhad assentiu e suspirou.

— Então o motivo é esse, vingança?

O Elfo Negro sorriu e se preparou para avançar.

— Essa é a armadura de meu irmão e essa é a foice de meu pai! Me preparei para caçar você e seus amigos, mas você está aqui sozinho! Hehe não pensei que alguém fosse tão burr-

Vush!

O vento parou de assoprar por um instante, mas logo retornou, afastando as folhas na copa das árvores e iluminando Elhad segurando a cabeça do Elfo enquanto o corpo dele caía na relva.

Aquilo pegou os Elfos de surpresa.

Elhad costumava fazer missões para o império e tinha certo destaque em missões, apesar de preferir não atrair holofotes para si mesmo.

Como traficante de informações, Elhad tinha que ser discreto na maioria do tempo, e isso permitia que seu trabalho fosse melhor executado.

Havia uma simples razão para tanto Stedd quanto Sashri confiarem cegamente nele, Elhad nunca havia sido derrotado antes, nem mesmo enfrentando monarcas.

Sua genialidade em batalhas e seu foco inabalável o tornavam um soldado perfeito.

Elhad se diferia bastante de seus companheiros mais brutais da guilda. Colin preferia provocar o inimigo em combate a ponto de vencê-lo em um jogo mental, cada ataque de Stedd era focado em matar, já Elhad, gostava de causar medo no coração de seus inimigos através de ações.

Seu jeito sério, reservado e resiliente, colocavam medo na maioria de seus oponentes.

Elhad jogou a cabeça do Elfo para trás e apanhou a foice na relva.

A lâmina era leve como pluma.

— Amadores usando armaduras e armas de um profissional — Ele apoiou a foice no ombro — Se não vierem até mim, irei até vocês.


Boom! Boom! Boom!

 Safira não deixava o dracolich respirar, lançando cada vez mais cortes em sua direção enquanto desviava dos golpes de cauda da criatura em zigue-zague.

Conforme a luta progredia, sua evolução se fazia notável. Minutos atrás ela nem sequer viu a cauda do dracolich a jogar contra a parede, agora, aquela cauda parecia lenta e previsível.

Apesar de intocável, a mana de Safira descia rapidamente durante o processo.

“Estou conseguindo enfrentar um dragão!” Safira deixava escapar um sorriso enquanto ela desviava dos golpes de caudas e lançava cada vez mais cortes flamejantes.

Ela se esquivou de um dos golpes da cauda dando um passo para o lado. Aproveitou aquela chance e pisou na ponta da cauda do dracolich. Sua lâmina estava tão quente que não foi difícil arrancar a ponta daquela cauda apodrecida.

Swish! Rooar!

dracolich urrou tão alto que poeira começou a cair do teto, então, ele ergueu as duas patas dianteiras, as batendo no chão com tudo.

Bam! Crack!

Não só o chão começou a rachar, como também as paredes e parte do teto. Toda masmorra começou a tremer e grandes pedaços de pedras começaram a cair.

Tanto Alunys quanto Safira saltava de um lado para o outro se esquivando dos pedregulhos.

Elas tinham que pensar em algo e rápido, ou ambas seriam esmagadas.

dracolich abria a boca para lançar outra tormenta como a anterior. Chama púrpura se acumulava naquela boca de ossos e os olhos dele ficavam mais fulgurantes a cada segundo que carregava aquele poder.

Alunys olhou ao redor, olhou para o dracolich e olhou para Safira.

“Isso tem que funcionar!”

— Safira! — berrou — Venha até aqui, agora!

Sem pensar em nada, Safira correu para perto de Alunys desviando de rochas no caminho.

Alunys respirou fundo e apoiou as duas mãos no chão.

Trick! Trick! Trick!

Uma trilha de gelo saiu do círculo mágico abaixo dela e foi até o dracolich. No momento que o dracolich abriu a boca, uma pedra de gelo enorme saiu do fim da trilha e o atingiu no queixo, mudando a rota daquela tormenta, a direcionando para o teto.

A tormenta era tão poderosa que não importou se era rocha bruta, o que o fogo tocou foi incinerado e reduzido a cinzas. Toda masmorra começou a desmoronar, mas à medida que tudo cedia, o fogo do dracolich destruía os pedaços de rocha.

— Desative sua habilidade! — Berrou Alunys competindo com o barulho do tremor da caverna e do fogo que parecia o som de mil cavalos a galope.

Safira nem cogitou o porquê, apenas o fez.

O corpo dela parou de emitir ondas calor, os chifres e espada dela voltaram ao normal e Alunys se ergueu, erguendo também suas mãos.

Um círculo mágico azulado se formou nas palmas de sua mão e uma redoma de gelo começou a se formar entorno das duas.

Com fogo invadindo a masmorra inteira, o salão onde estavam estava se tornando um forno, e Alunys continuava conjurando sua redoma que derretia rapidamente.

Safira olhava aquilo vislumbrada. Alunys estava com marcas sérias de queimadura e mesmo assim continuava dando tudo de si. Os ferimentos da Elfa começaram a se abrir, o nariz dela começou a sangrar e ela tossiu sangue, mas mesmo assim, não parou.

O fogo do dragão não parecia cessar e a magia de Alunys estava perto do fim.

Era angustiante olhar aquele fogo roxo derreter o gelo cada vez mais rapidamente, mas Alunys não podia parar, ou ambas se tornariam carvão.

O coração dela estava rápido demais, bombeando cada vez mais sangue e a fazendo sangrar sem parar.

Safira começou a se desesperar, por saber que não poderia fazer nada além de assistir sua melhor amiga se destruir.

Crash!

Sangue saiu dos ouvidos dela, dos lábios, do nariz e dos ferimentos de uma só vez, como se algo dentro dela tivesse explodido.

Alunys caiu de joelhos e começou a tossir sem parar, com mais e mais sangue deixando seus lábios. A redoma de gelo começou a trincar e Safira não sabia o que fazer.

A mana de Alunys havia chegado ao fim, e o colar de cura que Samantha a entregou não funcionava se o portador não tivesse mana.

Lá em cima, parte da guilda de Colin estava atenta enquanto encarava uma luz tímida bem no fundo daquele buraco.

Samantha, Sashri, Leona e Lei Song se aproximaram curiosas. Outra luz havia saído lá de baixo minutos antes, e parte deles estava pensando em ir investigar.

Então, aquela luz, antes tímida, começou a ficar maior a cada segundo.

— Saiam da beirada!

Todas saltaram para trás e uma tormenta roxa subiu aos céus, cobrindo toda aquela cratera colossal.

O som daquele fogo era algo apavorante de se ouvir, algumas garotas até taparam seus ouvidos para não ensurdecerem.

Imponente e poderoso, o fogo transpassou as nuvens e pareceu chegar no “limite” daquele nível, uma espécie de barreira invisível.

Sem ter para onde ir, o fogo começou a se dispersar para os lados.

Lá em baixo, Safira começava a perder o controle.

Ela olhava Alunys sangrando de todos os lugares e não sabia o que fazer para conter o sangramento. Os brilhos nos olhos de Alunys estavam sumindo e Safira entrou em choque.

Ela apoiou as duas mãos na cabeça e começou a berrar em desespero.

— Não, não, não, de novo, não!

Se lembrou de quando seus parentes e amigos foram mortos no seu vilarejo de origem. O sangue, o cheiro de queimado, a carne rasgada, tudo veio a sua mente de maneira repentina.

Lembrou-se da mãe morta e do que sentiu no abismo quando viu Colin com uma espada atravessada no abdômen e de Leona completamente nocauteada.

Sentiu-se impotente e vulnerável como na noite do celeiro em que quase foi abusada. Os olhos dela se encheram de lágrimas e suas memórias se tornavam um ciclo em sua mente, a deixando cada vez mais desestabilizada.

Ela se esqueceu de Alunys e começou a vivenciar tudo isso repetidas vezes enquanto berrava descontroladamente.

O chão entorno da redoma começou a ficar escuro.

Nhack!

Um tubarão feito de sombras engoliu a redoma, afundando no chão.

Safira se viu completamente no escuro e aquilo levou parte de seus traumas para longe.

Scrash!

A redoma se quebrou e ela viu um salão iluminado por cristais azuis.

Era bem-parecido com os cristais do salão anterior.

Os olhos dela se concentraram em Stedd, que estava com metade do corpo queimado. Todo lado esquerdo do corpo dele estava em carne viva.

Ela nunca havia o visto naquele estado e se sentiu culpada. Pensou que se tivesse sido útil, nenhum, nem Stedd e nem Alunys estariam naquela situação desoladora.

— S-Steed! Desculpa… — Ela começou a tremer e a balançar a cabeça — Foi culpa minha, você e Alunys-

Paft!

Stedd a calou com o tapa na cara.

— Caramba, chifruda, para de fazer drama — Ele ficou em cócoras e a encarou nos olhos — Se recupera logo, isso ainda não acabou.

Safira se acalmou, alisou a bochecha e encarou Stedd.

— Mas…

— A quatro olhos vai ficar bem, agora se concentre em mim, tá?

Ela limpou as lágrimas com as costas da mão e assentiu.

Stedd apontou para trás e o Lich estava ali, completamente destruído.

Matar um Lich daquele nível sozinho era um feito surpreendente.

— Só falta o dragão, então vamos dar um jeito, eu e você, chifruda, mas antes, salvarei a quatro-olhos.

Stedd rasgou o pulso esquerdo com indicador da mão direita e moveu o pulso em direção dos lábios de Alunys, deixando seu sangue pingar.

Antes que Safira fizesse perguntas, Stedd apressou em respondê-las.

— Sou metade vampiro, meu sangue tem capacidade curativa — Ele abriu um sorriso sincero, um sorriso que Safira via pela primeira vez — Não vou deixar meus amigos morrerem. Não se preocupe, Alunys não virará um vampiro bebendo o sangue de um híbrido.

Stedd ergueu-se e, tanto o corpo dele quanto o de Alunys começaram a se curar.

— Preciso levar a quatro olhos para longe, consegue segurar o dragão por um tempo?

Ela não tinha certeza, mas assentiu. Após ver seus companheiros realizando feitos incríveis, ela sentiu precisar retribuir o esforço de ambos.

— Consigo!

— Ótimo!

Stedd pegou Alunys no colo e ela abriu os olhos lentamente. Ela já havia tido aquela mesma visão quando Doran a espancou meses atrás.

A Elfa se sentiu inútil e gradualmente começou a recordar-se do passado.

Os olhos dela encheram de lágrimas e Alunys começou a se encolher nos braços de Stedd.

— Desculpa… — fungou — Eu não consegui ajudar em nada de novo…

Stedd suspirou.

— O que há de errado com vocês? O dracolich é poderoso, tão poderoso quanto um dragão de verdade. Vocês são fortes, usem esse confronto como uma lição para evoluírem no futuro. O mais importante é que vocês estão vivas — Ele olhou para uma e depois para outra — Estou orgulhoso, das duas.

Era a primeira que ouviam aquelas palavras saírem da boca de Stedd. Normalmente ouviam apelidos e piadas depreciativas, mas ele estava sério desta vez.

Primeiro, ficaram confusas, depois se acalmaram, encarando Stedd com os olhos brilhando.

Foi a vez de ele ficar envergonhado após ver a reação de ambas.

— Só vamos sair logo desse lugar — ele olhou para cima — Meus pais e meus irmãos não vão acreditar quando eu disser que cacei um dracolich hehehe!

O mesmo tubarão os engoliu, engolindo também o corpo do Lich.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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