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Capítulo 163 – Faltam cinco

Os três lótus restantes continuaram usando de todo seu arsenal contra Morgana. Hodrixey conseguia bloquear ataques pesados com maestria, mas logo que seus escudos eram erguidos, Morgana fazia questão de estilhaçá-los.

A monarca do pélago tentou acertá-la com água, gelo e até mesmo gás, mas nada parecia funcionar. Sem seus pandorianos, a monarca do caos tentava fazer o possível usando sua força e tentando ao máximo mesclar suas habilidades com as de seus companheiros.

Mesmo que suas reservas de manas fossem extensas, eles tinham que usar uma quantidade acima da média contra Morgana, que lentamente se aproximava do fim.

A vampira não usou nada mais que ataques básicos focado exclusivamente em força bruta, e eles eram mais que o suficiente.

Scrash!

Após socar o escudo conjurado de Hodrixey, Morgana o fez derrapar enquanto o mesmo se preocupava em recuperar o equilíbrio.

A mana de Hodrixey não duraria muito até se extinguir, e ele temia isso. Ainda havia Carmilla, que encarava todo combate de longe.

“Os garotos já devem ter deixado o espelho, assim espero.”

— Se cansou, conjuradorzinho? — Morgana dobrou os joelhos — Espero que não!

Boom!

Ela avançou destruindo o solo.

Hodrixey ergueu uma barreira antes de Morgana quebrá-la e mandá-lo para longe. Após isso ela saltou, desviando da trilha de estacas de gelo.

Ainda no ar, Morgana cerrou o punho, levando o braço lá atrás. Após se concentrar, ela socou o ar, bem em direção a monarca do pélago. Hodrixey foi mais rápido, erguendo uma barreira em volta da companheira.

A barreira conjurada foi completamente destruída, deixando a monarca exposta.

Morgana preparou outro golpe e socou o ar.

A monarca do caos tirou sua companheira de perigo antes da onda de choque feita de ar comprimido chegar ao solo, causando uma grande explosão.

Boom!

Pedra voou para todo lado.

Aquele foi um soco forte o suficiente para abrir um buraco em uma muralha com pelo menos 5 metros de espessura. Morgana caiu na fumaça que ela mesma causou, ocultando-se.

A dúvida de Hodrixey era quem a vampira tentaria atacar, ele ou suas companheiras.

Concentrando-se, o diretor conjurou uma miríade de espadas que pairavam em seu entorno. Apontou com o indicador e a miríade avançou rapidamente em direção a nuvem de poeira, causando ainda mais destruição.

Boom! Boom! Boom!

Ofegante, Hodrixey abaixou os braços, sentindo uma pontada no peito.

Estava bem próximo de alcançar o seu limite.

Todo seu corpo ardia, e ele sentia os batimentos de seu coração em cada uma de suas veias.

“Isso deve ter a ferido…”

Tap!

Ouviu-se o som de um tapa e toda aquela poeira desapareceu devido à onda de choque.

Ela continuava de pé e sem um único arranhão.

— Sabe de uma coisa, lótus?! Já lutei com muitos conjuradores durante minha vida. As conjurações de vocês são imponentes no início, mas depende tanto do seu próprio corpo quanto da quantidade de mana que carrega, e você está pecando em ambos.

Ajeitando a postura, Hodrixey apontou os braços para a vampira, mas seu corpo sentiu finalmente o esforço. Sangue jorrou de seu nariz e um de seus joelhos foi ao chão.

Cof! Cof!

“Merda! Cheguei ao meu limite!”

— Ainda não acabou! — A monarca do pélago fez outra trilha de estacas de gelo, mas Morgana já estava de saco cheio de lhe dar com ela.

A vampira se moveu tão rápido que apareceu atrás de ambas e, com as costas da mão, explodiu a cabeça das duas em um único movimento.

Plaft!

O corpo de ambas veio ao chão.

Hodrixey sentiu um arrepio na espinha e olhou para trás, vendo a imponente Morgana próxima a ele.

— Você é o último. — Ela o agarrou pelo pescoço, levantando-o — Foi divertido no início, mas vocês conjuradores são bem limitados quando ficam sem mana. Últimas palavras?

— Morgana, o seu nome, certo? — O diretor esforçava-se para falar — Colin treinou com você há alguns meses, não foi?

Ela o soltou.

Hodrixey caiu de bunda no chão enquanto acariciava o pescoço.

— O que você é dele? — ela indagou.

— Infelizmente, apenas um conhecido. Você estava no relatório de Lina, ela disse que uma mulher vampiro alta e forte os ajudou a parar a invasão e ainda manteve um bando de órfãos seguros. Só não sei como alguém com descrições assim seria capaz de tamanha carnificina…

Morgana se agachou, encarando-o nos olhos.

— Vocês humanos sempre acabam confundindo as coisas. Não fiz isso para ajudar vocês, e sim para ajudar Colin. Já que você é apenas um conhecido, então ele não sentirá sua falta.

— Provavelmente não… Você parece ter algum apreço por ele, então, por que está ajudando no ataque?

— Estou apenas seguindo ordens.

Hodrixey assentiu.

— Está trabalhando com os caídos, não está? — Morgana ficou em silêncio — Foi o que imaginei. Pensa que os caídos vão poupar Colin se ele tentar lutar contra a invasão?

— … Onde quer chegar?

— Você está aqui, cumprindo sua missão, enquanto Colin e seus amigos correm perigo… não o conheço tão bem quanto você, mas o que acredita que ele fará quando descobrir que você ajudou no ataque?

Morgana franziu o cenho e Hodrixey notou que ela estava pensando sobre o assunto, então, decidiu entrar mais fundo na mente da vampira.

— Aquele grupo de crianças que você ajudou a salvar estão na capital agora… Como supõe que Colin reagirá ao descobrir que elas foram mortas? Pode ser ainda pior, como ele ficaria se visse os próprios companheiros morrerem bem na sua frente? — Morgana desviou o olhar e engoliu o seco — Você pode ter razão em acreditar que estou confundindo as coisas, mas você ao menos se importa com o garoto… Ambos sabemos que ele tentará lutar contra os invasores até que morra, porque é assim que ele é.

— Já chega! — Carmilla se aproximou — Você já ficou vivo por tempo demais!

— Pense sobre isso, Morgana…

Crash!

Carmilla empalou Hodrixey no peito. O diretor golfou sangue e tossiu algumas vezes antes do brilho da vida deixar seus olhos.

Aquele papo deixou Morgana pensativa. Antes, a invasão era tratada como diversão, agora, ela começou a ficar preocupada. Não temia somente por Colin, mas por seus companheiros e as pessoas com qual ela formou algum laço.

Ela havia questionado Graff sobre a invasão, mas ele conseguiu a convencer de participar, prometendo oponentes poderosos para batalhar contra ela e, no fim, julgou que passar um tempo com Colin e seus amigos no castelo foi uma das melhores coisas que já experimentou.

Após se erguer, Morgana encarou Carmilla.

— Vamos para a capital!

— E desrespeitar as ordens de Graff? Você está deixando a emoção tomar conta de suas ações, precisa pensar!

— Já pensei. Aliás, por que tio Graff pediu para não intervimos na invasão se os inimigos seriam os caídos? Não seria melhor que todos lutássemos juntos?

Carmilla desviou o olhar.

— O que você está escondendo de mim? — indagou Morgana.

— Eu não deveria dizer isso a você, mas também me preocupo com Colin e os amigos dele, não vou mais me martirizar por isso…

Morgana apoiou as mãos no ombro da amiga.

— O que foi?

— Tio Graff foi com intenção de destruir os caídos e quem quer que estivesse em seu caminho. Ele vai com força total… Sobre as pessoas em seu caminho, ele incluiu aquela companheira do Colin, a de cabelo esverdeado… Colin não deve ficar parado, e isso deve envolvê-lo também…

Carmilla sentiu as mãos fortes de Morgana apertarem seus ombros.

— Por que tio Graff faria algo assim? O alvo dele deveria ser somente os caídos, como ele prometeu!

— A companheira de Colin é um apóstolo do Deus morto.

Os olhos de Morgana arregalaram.

— Impossível! Eu a vi, ela é doce, tem uma mana gentil… não tem como ela ter alguma relação com o Deus morto.

— Sei disso… mas mesmo assim, tio Graff não deixará de agir usando sentimentos. Se um dos arautos dele for morto, então o Deus morto vai se enfraquecer… Não sei o que ele realmente quer… mas acredito que Graff deseja ser o único o topo.

Morgana franziu os lábios e desviou o olhar. Ela estava em dúvida se seguiria as ordens de Graff ou as desobedeceria e se resolveria com seu tutor depois. Porém, ela não deixaria Graff matar Colin, e isso poderia gerar um grave conflito entre ambos.

Ela encontrava-se em um dilema.

Seguiria seu tutor, ou o que achava ser o correto?

— Não sei o que faço…

Carmilla apoiou as mãos no rosto dela.

— Nós nunca fomos contra tio Graff porque isso não colocava nossos valores em jogo, mas nós duas sabemos muito bem que tipo de homem ele é… não precisa agir, mas… temos mais de um milênio de existência, a culpa ainda vai nos atormentar por muito tempo…

— E quanto a Lestat e Orlock?

— Eles também são contra o tio Graff, mas não sei o que fariam se nos virássemos contra eles…

Após um suspiro, Morgana assentiu.

— Não quero me envolver na guerra entre tio Graff e os caídos, apenas manterei Colin e os amigos dele a salvo, tenho certeza que tio Graff entenderá.

Morgana se afastou da companheira e assoviou.

Willy, a baleia, saiu do meio das nuvens, deixando a lua cheia brilhar intensa no céu noturno.

— Irei com você! — disse Carmilla.

— Não! Se tio Graff perder a cabeça, você é a única que pode convencer Lestat e Orlock a pará-lo. Por isso você tem que ficar e não correr o risco de ele se virar conta você.

Aquilo era verdade. Carmilla era a principal mediadora entre Graff e seus sobrinhos.

— Morgana, cuidado!

— Não se preocupa. — disse com um sorriso — Sou bem forte!

A vampira dobrou os joelhos e saltou para o alto, indo bem para cima das costas da baleia. Mexendo as nadadeiras, a imponente Willy voo acima das nuvens, desaparecendo no firmamento.

Carmilla estava bem preocupada. Apesar da aparência imponente, Morgana sempre foi a mais sentimental dos vampiros. Ela sabia que a prima estava lutando internamente contra os próprios sentimentos.

Também conhecia bem seu tio, para saber que se Morgana tentasse algo contra ele, Graff não pouparia esforços para eliminá-la.

À terra entorno dela chacoalhou, e ela viu a colossal serpente branca rastejar em meio as árvores, seguindo sua mestra. O enorme lobo de Morgana também avançou ao longe, rápido como o vento.

Com os três pandorianos juntos, Carmilla concluiu que Morgana estava considerando a opção de batalhar contra o tio, já que a mesma estava indo com força total.


Depois de alguns minutos correndo entre os telhados, Elnan alcançou o lugar desejado. Saltou do telhado e caiu frente a uma porta de madeira.

Os galeões estavam bem longe, e os portais de Ehocne não haviam sido abertos naquela parte da cidade.

As ruas estavam tranquilas, mas já podia ouvir-se o burburinho de explosões ao longe. As pessoas não se preocuparam, já que julgaram ser parte da festa que acontecia no coliseu.

— Este é o endereço que está no papel.

Ele olhou para os dois lados e não viu ninguém.

Retirou uma adaga do interior do paletó e em um corte rápido e limpo fez a maçaneta cair no chão.

Com a mão esquerda, ele empurrou a porta fazendo-a ranger e deixando o vento frio invadir aquela casa aconchegante. O vento, derrubou alguns quadros que estavam na estante e Deb veio correndo, pensando que alguma das crianças havia deixado a porta aberta.

Ela parou na porta, deparando com a figura assustadora de um homem alto vestindo sobretudo segurando uma adaga.

Assustada, Deb deu um passo para trás.

— Q-Quem é você?

Elnan abriu um sorriso e começou a caminhar na direção de Deb, deixando-a ainda mais apavorada. Seu primeiro pensamento remeteu-se a segurança das crianças, então, ela deu as costas ao assassino e correu até a sala de estar, vendo as crianças brincarem descontraídas como sempre. Assim que botaram os olhos em Deb, notaram haver algo errado.

— Crianças! Fujam o mais rápido que conseguirem!

Os pirralhos não questionaram ao verem um homem alto surgir atrás de Deb.

Esticando braço, ele tapou a boca de Deb e enfiou a adaga em seu abdômen. Com a boca tapada, ela só grunhiu.

Elnan não se contentou só com aquilo, então a esfaqueou mais seis vezes e a largou, deixando Deb desabar no soalho de madeira.

As crianças ficaram em choque.

Meg agiu por instinto e segurou a mão dos mais novinhos, Brey e Bill, correndo imediatamente para os fundos.

Potter viu aquilo e imediatamente pegou a espada de madeira que costumava usar para brincar de duelo com Tobi, colocando-se frente as crianças.

Sua mente ainda não havia digerido o que havia acabado de acontecer com Deb, mas ele era o mais velho e sentia responsável por todos eles.

Foi assim no ducado, e não deixaria de ser assim agora.

Ele queria fugir, mas o homem a sua frente logo os alcançaria. Pensou em Colin, sua principal figura paterna e em como ele estava disposto a se sacrificar por eles.

Potter faria o mesmo por sua família.

Tobi ponderou realizar o mesmo, mas Melyssa segurou sua mão e o puxou para os fundos, fazendo que não com a cabeça. Para Tobi, Potter era praticamente um irmão e seu maior incentivo. Ele não desejava ficar para trás, mas ao observar aquele homem mais uma vez, desesperou-se, então, deixou ser conduzido por Melyssa para os fundos.

Achando a cena engraçada, Elnan abriu um sorriso de canto.

— Vai ficar para trás para proteger os pirralhos? Corajoso, porém, idiota.

Potter olhou para Deb, que engasgava com o próprio sangue. Ela tentava sussurrar para que ele fugisse, mas Potter recusou fugir antes que seus irmãos escapassem em segurança.

Fugir era algo que Colin jamais faria.

— Vou te matar! — Potter apertou o cabo de madeira da espada e avançou.

Se divertindo, Elnan desviou daqueles golpes previsíveis e lentos, porém, carregados de fúria.

— Você tem movimentos bons! — zombou Elnan — Seria um ótimo espadachim, é uma pena que isso tenha que terminar dessa forma.

[Perfura!]

Num movimento rápido, Elnan quebrou a espada de madeira de Potter e o atravessou com a adaga, bem do lado esquerdo do peito.

Deb grunhia em desespero ao avistar a cena, afinal, ela criava aquelas crianças como se fossem seus filhos, e ver Potter ser empalado com uma adaga doeu bem mais do que ser esfaqueada no abdômen.

Agachando, Elnan se aproximou do ouvido de Potter, que estava com os olhos arregalados.

— Agora vou atrás dos seus amigos. E não me culpe, garoto, culpe a Colin por essa recepção maravilhosa.

Lentamente, Elnan retirou a adaga do peito de Potter e o garoto golfou sangue. Deu dois passos para trás e caiu enquanto tentava segurar em algo.

Elnan o observou tentar puxar ar para seus pulmões cheios de sangue e, depois de mais alguns segundos, Potter parou de respirar.

O brilho em seus olhos desapareceu.

Olhando para o lado, Elnan viu que a empregada já não respirava também.

Abriu um sorriso ao encarar o rosto de Deb exalando desespero.

Caminhando até o garoto, Elnan agachou e limpou sua adaga na blusa de Potter.

— Agora faltam cinco.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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