Selecione o tipo de erro abaixo

Resquícios de explosões podiam ser vistas detrás das nuvens, iluminando o céu de maneira cadenciada. Ultan e Bledha travavam um combate intenso. O imperador, segurava sua espada flamejante, enquanto a caída segurava uma espada negra cheia de olhos e bocas. Conforme trocavam golpes, a espada de Bledha ficava mais afiada e mais poderosa, enquanto Ultan se sentia pressionado.

A mana dele estava sendo sugada gradualmente.

Ting, Ting, Ting!

A troca de golpes entre os dois reverberava por boa parte do céu. Aquele campo de batalha combinava com eles, seres que se achavam superiores a qualquer um.

A cada golpe, parte do céu era engolida por uma escuridão pior que a noite, e a outra parte era engolida por uma luz mais brilhante que a do sol.

Ultan partiu para cima cingindo a espada acima da cabeça, Bledha se defendeu, rebatendo aquela lâmina para o lado. Tentou estocar Ultan, mas foi a vez dele se defender. Num rápido movimento, Ultan rasgou o ar, lançando um corte flamejante na direção de Bledha. Abrindo um sorriso de canto, ela ergueu a espada e o corte flamejante foi sugado pelas dezenas de bocas ao longo de sua lâmina.

Após um suspiro, Bledha devolveu aquele golpe na forma de um corte escuro que forçou Ultan a desviar.

Assim que o fez, Bledha apareceu no ponto cego de Ultan e o cortou de cima para baixo, mas ele se defendeu.

O impacto daquele golpe fez as nuvens se afastarem, lançando ambos em direções opostas, mas Ultan estava metros abaixo de Bledha.

Sorrindo, Bledha encarava a capital inteira em chamas. Erguendo o braço direito, uma espada negra do tamanho de um prédio de cinco andares se formou acima de sua cabeça.

Vush!

Ela desceu o braço e a espada avançou como um torpedo. Ultan desviou por pouco, sentindo aquela espada colossal passar ao seu lado.

Aquela coisa seguiu sua rota, enterrando-se no chão da capital, causando um medonho estrondo que abalou uma parte da cidade.

O impacto fez residências quebrarem por inteiro. Paredes colossais tombaram, causando ainda mais destruição e matando aqueles que ainda tiveram o azar de estar por perto no momento do impacto.

Ultan ergueu o braço esquerdo e um círculo carmesim com cinco metros de diâmetro ganhou forme frente a palma de sua mão.

Do círculo, uma tormenta de fogo capaz de iluminar não só a capital, mas também regiões próximas engoliu Bledha. Aquele poder avassalador só desapareceu ao alcançar a atmosfera.

Assim que o fogo dissipou, Ultan viu que Bledha não havia ido tão longe, ela mal havia saído do lugar.

Com sua espada, ela sugou parte daquela enorme mana que passou pela mesma.

— Nada mal… — Gracejou abrindo um sorriso.

Ultan empinou o nariz e encarou Bledha com desprezo.

— Pensei que você fosse mais forte. A grande Bledha… rainha das trevas… diziam que tudo que acontecia no mundo era por sua vontade, mas vejo que isso não passou de histórias para te engrandecer. Tudo que você faz é sugar magia, não passa de uma mulherzinha sem talento.

— O camponês que virou imperador dizendo esse tipo de coisa… O trono e meia dúzia de lambe botas o deixaram egocêntrico demais. Você e essa nação podre só prosperaram porque eu permiti, e agora, eu decidi erradicá-la e é assim que será.

Ultan se preparou para lutar.

— Como se eu fosse deixar!

Bledha abriu os braços.

— Olhe o que se tornou sua nação que suou tanto para construir! Está tudo queimando, se tornando cinzas de um império que nunca chegou perto de se tornar tão grande quanto o antigo império dos vampiros. Você é uma piada, Ultan. Será varrido para debaixo do tapete da história junto deste império.

Ele achou aquela conversa hilária. A confiança de Ultan era algo palpável. Em momento algum ele se sentiu intimidado, muito menos se sentiu em desvantagem no embate. Para ele aquilo era apenas brincadeira de criança. Mesmo que o império ruísse e seus súditos fossem reduzidos a cinzas, ele não se importava, afinal Ultan julgava ser o próprio império.

— Você fala demais para uma mulherzinha sem talento. Menos conversa e mais ação. Ainda não terminei de me aquecer.


Andando pela rua repleta de corpos e vísceras, Kylen, magrelo de cabelo escuro penteado para trás e pele pálida, vislumbrou o cenário desolador com uma felicidade descabida.

— Não disse a vocês que vir até a capital para o torneio seria algo incrível? — Abriu os braços totalmente avermelhados e cheio de costuras — O cheiro de carne queimada e sangue. Continua maravilhoso como sempre!

O rosto dele com duas tatuagens em formato de linhas vermelhas marcadas saindo do canto de seus olhos e descendo da bochecha para o pescoço, demonstrava o mais puro êxtase.

— M-Me ajude! — suplicou uma mulher — M-Meu filho est-

Crack!

O pescoço dela girou e seu corpo desabou.

— Viu isso?! — Kylen não conseguia se segurar de felicidade — Podemos matar à vontade e ninguém suspeitará de nós, hahaha!

— Melhor deixarmos essa cidade antes que sejamos engolidos por ela — disse Liliah.

O cabelo dela era branco e curto, indo até seus ombros. Ao redor de seus olhos havia uma forte maquiagem avermelhada, o mesmo vermelho sangue cobria o batom de seus lábios. Sua pele era tão pálida quanto a de um cadáver, e mesmo no verão, seu vestido era grosso e escuro. Assim como sua calça, suas botas e luvas.

— Sabe qual cheiro é esse?! — indagou Kylen empolgado — De magia corrompida, magia forte pra caralho! Suponho que a gente devia dar uma olhada.

— Sabia que devia ter ido embora há três dias. — Resmungou Liliah.

Kylen diminuiu o passo passando seus braços avermelhados pelo ombro de Gradock, que também era pálido como um cadáver. Seus olhos escuros causavam pânico a quem os encarasse por tempo demais. Ele também era magro, mas seu corpo era definido. Seu cabelo era acinzentado partido ao meio. Usava camisa manga longa preta com sapatos da mesma cor. As calças eram vermelhas, assim como seus suspensórios. No seu pescoço, ia um colar pequeno e dourado, com a imagem de um anjo de asas abertas.

— Ei, Gradock, o que acha de darmos uma olhada? Será rapidinho, quem sabe essa pessoa seja forte o suficiente para nos entreter?

Gradock retirou as mãos de Kylen de seus ombros.

— Liliah tem razão, devíamos deixar a cidade. Existem pessoas fortes invadindo esse lugar.

Das nuvens, bolas de fogos despontavam, caindo entorno da capital. O embate entre Ultan e Bledha estava a todo vapor.

— Uau! Quanta magia! — Kylen flexionou os joelhos e saltou para cima de uma residência, observando os impactos de fogo reverberarem por detrás das nuvens — Caramba! Algum de vocês consegue voar?! Queria tanto ver quem está lutando ali…

Os três sentiram um arrepio na espinha.

Manas poderosas estavam próximas.

— Isso cheira a magia mística! — Kylen olhou para trás, avistando Nezludra sentada na beirada do prédio vestindo uma capa preta que a cobria da cabeça aos pés — Quem é você?

— Sua organização, a encruzilhada… — Nezludra abriu um sorriso sedutor — Estão contratando crianças agora?

Odenya despontou na esquina lá em baixo, trajando a mesma capa preta da companheira. Jogou o capuz para trás, revelando seu cabelo dourado, quase branco.

— São só crianças, Nezludra, tem certeza disso?

Kylen piscou os olhos e Nezludra havia desaparecido, indo lá para baixo.

— Eles vão servir, só tem três deles aqui.

Após saltar, Kylen alcançou o chão, indo para perto de seus companheiros.

— Servir para o quê?

— Mandar uma mensagem! — disse Dorothea sentada com as pernas cruzadas em cima do que restou de uma casa. Também trajava a mesma capa negra que suas companheiras.

Suor escorreu pela têmpora de Liliah.

— Bruxas! — ela exclamou.

— Nossa… — Nezludra fez beicinho — É assim que nos chama? Você se parece mais com uma bruxa do que nós. Já que também é um ser místico como a gente, uma fada transmutada, acertei?

Erguendo as mãos, Liliah ficou em guarda.

— Não tenho medo de vocês!

— Menina… não viemos brigar com vocês, queremos que deem um recado aos “chefões” da encruzilhada.

O sorriso de Kylen desmanchou.

— E se recusarmos? — indagou Liliah.

— Bom, essa é a escolha de vocês, mas garanto que seus mestres pensariam duas vezes antes de negar um pedido nosso.

Kylen apoiou a mão no ombro de Liliah e a fada assentiu abaixando os braços.

— Que recado vocês querem passar? — indagou.

— Menino esperto! Diga a eles que é melhor a encruzilhada ficar longe do continente. As coisas aqui vão se reorganizar depois de hoje, e é melhor que vocês mantenham distância.

Nenhum dos três recebeu bem aquelas palavras.

— Está nos ameaçando? — Kylen cerrou os punhos — Quem vocês pensam ser para falar desse jeito com a encruzilhada? — O braço vermelho de Kylen ficou com veias saltando.

Nezludra apoiou o punho frente aos lábios, gargalhando baixinho.

— Garoto, seus superiores estão em guerra contra os Song e Jack Ubiytsy está os comandando. Também soube que a encruzilhada começou a recuar. — Ela abriu um sorriso o provocando — É melhor você voltar para casa antes que Jack consiga varrer a organização de vocês para debaixo do tapete. Se levantar o braço contra mim novamente, juro que me alio a Jack nessa empreitada e juntos daremos um fim merecido a vocês, usuários de sangue.

Após engolir o seco, Kylen abaixou os braços.

— Tsc! Isso não acabou, me ouviram? — Kylen dobrou os joelhos e saltou para cima de um telhado, pulando de casa em casa até desaparecer.

Seus companheiros deram uma última olhada nelas e fizeram o mesmo.

— Você assustou as crianças. — Debochou Odenya — O que faremos agora, nos esconderemos como sempre?

Nezludra assentiu.

— Graff deve aparecer em breve. Da última vez que nos vimos, as coisas não terminaram muito bem. Selamos Alucard e ajudamos a eliminar os vampiros. Se ele nos encontrar, é provável que nos mate.

— Porque decidiu manter a encruzilhada longe? — indagou Dorothea — Quanto mais inimigos, melhor, não concorda?

— Concordo com Dorothea. — Afirmou Odenya — Graff, caídos, encruzilhada, era melhor que todos eles se matassem de uma vez.

— Irmãs, não sejam tão apressadas. Após hoje, é provável que tenhamos nomes promissores em ascensão.

Odenya cruzou os braços.

— Está falando da apóstola de Drez’gan?

Nezludra fez que não com a cabeça.

— Mesmo sendo poderosa, ela está prenha. Uma fada grávida é tão inútil quanto papel molhado. Estou falando do garoto, o filho de Coen.

Tanto Odenya quanto Dorothea franziram o cenho.

— Quer aproximar do garoto? — indagou Dorothea — É uma péssima ideia, ele é tão problemático quanto o pai. Não se esqueceu que já criamos as duas filhas daquele homem? No final, não serviu para nada.

— Irmã, você enxerga tudo por uma ótica pessimista. O garoto ainda é jovem, é fácil de manipular, ainda mais alguém com aquele temperamento. Se o garoto sobreviver a hoje, ele vai se tornar uma peça importante contra Coen, caídos, encruzilhada, Graff, até mesmo Drez’gan. — Ela ergueu o indicador — O importante é trabalhar bem alguns pilares. Por isso atiçaremos o cão preso a coleira e em seguida o libertaremos.

— Entendi… — assentiu Odenya — E como planeja fazer isso?

Nezludra abriu um sorriso sádico.

— Não preciso fazer nada, isso já está se desenrolando.

— O que quer dizer com isso? — indagou Odenya.

— Retornem para o pântano, partirei assim que tiver certeza que as coisas se resolveram aqui.

— Nezludra! — Chamou Dorothea — Se Coen, Graff ou o caído Volfizz estiver por perto, não pense em enfrentá-los, me ouviu?

— Pensa que sou burra? É claro que ficarei longe desses homens.

As três sentiram um arrepio na espinha e olharam em direção ao coliseu, vendo uma enorme luz esverdeada brilhar ao longe.

— Isso… é mana do abismo, não é? — Dorothea engoliu o seco.

— É o que parece… — Nezludra estava vislumbrada com a forma daquela mana — Parece que as coisas estão ficando interessantes. É melhor vocês voltarem, darei uma olhada nisso.

Odenya deu as costas, dirigindo-se até um beco sórdido.

— Boa sorte com essa mana, estou fora! Vem, Dorothea, deixe Nezludra com toda essa loucura dela.

— Vai me dizer que não está curiosa sobre a mana, irmã? — Nezludra encarou Dorothea — Sei que você está, não tenho culpa se sou a única corajosa aqui.

— Isso é estupidez. — respondeu Odenya — Isso é mana do abismo, mana do Deus morto, deve ser coisa da mulher de cabelo verde. — Ela fez uma pausa — Olhe para o céu — As três olharam. Havia uma pequena rachadura no espaço, era tão pequena que poderia passar despercebida — Muitos usuários poderosos de magia morreram em pouco tempo, e há manas incrivelmente poderosas reunidas em um único lugar, chega a ser sufocante. Se isso se prolongar o véu vai cair, foi assim da última vez. Querem ser pegas no cataclisma? Porque ele provavelmente transformará parte do grande império de Ultan em poeira.

Nezludra tinha ciência daquilo, mas o desenrolar dos eventos atiçou sua curiosidade.

— Se as coisas ficarem ruins, prometo que vou embora o mais rápido possível.

Odenya deu de ombros.

— Faça o que você quiser, nós vamos para bem longe daqui. Vamos, Dorothea. — Usando magia de polimorfia, Odenya virou uma pomba branca e bateu as asas.

— Toma cuidado! — Dorothea saltou de onde estava e antes de tocar no chão seu corpo também se transformou. Ela assumiu a forma de um beija-flor marrom.

Nezludra encarou os céus, fitando a rachadura.

— A queda do véu… será um evento interessante presenciar.

Picture of Olá, eu sou o Stuart Graciano!

Olá, eu sou o Stuart Graciano!

Comentem e Avaliem o Capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥