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Capítulo 169 – Eu ataco primeiro

O campo de batalha parecia uma zona de guerra, onde dois exércitos enormes se enfrentavam. De um lado, Brighid, e do outro, os caídos.

Com a poderosa espada, Brighid defendia os golpes de poder imensurável de Walorin. Golpes estes, aplicados com os punhos nus. Ela também desviava dos disparos de vácuo de Var’on e ficava atenta a Ehocne para não ser subjugada por algum portal dimensional. Tudo isso enquanto ainda curava parte da capital e ajudava na evacuação com seus golens.

Bam!

Um disparo poderoso de vácuo foi lançado na direção dela. Brighid ergueu a mão e o disparo entrou em seu círculo mágico.

— Peguei você!

Walorin tentou acertá-la pelo flanco esquerdo, e um círculo mágico abriu frente ao rosto dele.

Boom!

O disparo de vácuo que Brighid absorveu, atingiu Walorin com o dobro do poder original, enterrando-o na parede do coliseu.

Batendo as asas, ela avançou na direção de Ehocne rapidamente.

— Quer mesmo me enfrentar, fofinha?

Ehocne ergueu a mão direita e um círculo mágico apareceu a sua frente, bloqueando a estocada de Brighid.

Tiing!

A onda de choque levou embora as arquibancadas. Lentamente, os pés de Ehocne afundavam no chão.

“Quanta força! Mas você não vai me vencer, não importa quão poderosa seja!”

A mana de Brighid começou a ser absorvida pelo círculo mágico da errante.

— Isso é tudo que têm, fofinha?

“Sabia!” pensou Brighid ainda forçando sua lâmina contra Ehocne“Ela tem algum parentesco com Colin, consigo sentir a mana dela perfeitamente agora!”

Após bater as asas, Brighid voou para cima, encarando o cenário desolador.

— O que foi, bonitinha, assustei você?

Brighid continuou em silêncio.

“Uma errante… É diferente lutar contra um deles fora dos treinos com Colin, para piorar, ela é uma conjuradora. Não posso me dar ao luxo de perder mais mana que o necessário.”

— Ela é forte — disse Walorin saindo dos escombros e limpando o sangue do nariz com as costas das mãos — Não esperava menos da apóstola de Drez’gan.

— Não perca o foco! — alertou Ehocne, ainda focada em sua oponente — Ela ainda está se segurando.

Cerrando o punho, Var’on pegou sua espada feita de uma linha fina, quase invisível, e lançou um corte na direção de Brighid.

Ligeira, a fada ergueu a mão e conjurou uma barreira.

Scrash!

 Brighid não esperaria que aquele golpe fosse tão forte.

A barreira dela foi completamente destruída, e ela sentiu uma fisgada no braço, deixando sua espada escapar por seus dedos. Walorin aproveitou a brecha, avançando num salto rumo ao flanco esquerdo de sua oponente.

Seu golpe era pesado e continha uma mana densa, porém, refinada e pura. Var’on também decidiu investir em um ataque, lançando seu corte arqueado no flanco direito da fada.

Brighid agiu por reflexo e abriu os braços, defendendo aqueles dois golpes pesados com suas barreiras.

Scrash! Boom!

Mais uma vez, a barreira de Brighid foi quebrada e a onda de choque terminou de destruir o que havia restado do coliseu.

Cof! Cof!

Como uma apunhalada, Brighid sentiu uma dor lacerante no abdômen, e isso a fez abaixar a guarda por um instante. Era tudo que os caídos precisavam.

— Morra!

Ainda no ar, Walorin cerrou os punhos e desferiu uma metralhadora de golpes na direção de Brighid, que cruzou os braços na altura do rosto.

Bam! Bam! Bam!

Mesmo usando aquela armadura, Brighid sentia os golpes pesados de Walorin. Não havia dúvidas, a força bruta daquele homem era algo assustador.

Sua armadura estava começando a rachar.

Walorin abriu um sorriso de orelha a orelha e levou sua mão lá atrás, canalizando 70% de sua mana naquele golpe.

— Acabou para você, cadela de Drez’gan!

Boom!

Ele a socou para baixo, a afundando no chão do coliseu abruptamente em um estrondo ensurdecedor. A cratera causada por aquele golpe conseguiu engolir construções imponentes e algumas residências que insistiam em se manter de pé.

Até mesmo aquelas pessoas mais distantes sentiram o tremor. Toda estrutura, já abalada entorno, cedeu.

Uma nuvem de poeira havia subido aos céus.

Longe dali, Ehocne e os outros saíram de dentro de portal para o telhado de uma torre que estava em ruínas.

Eles observavam o tamanho daquela destruição, com a gigantesca nuvem de fumaça cobrindo todo local destruído após o golpe de Walorin.

— Aquela vadia deve estar morta! — Comemorou Walorin ofegante.

— Ainda não acabou. — disse Ehocne — Ela é um apóstolo do Deus Morto, o máximo que você deve ter conseguido, foi feri-la.

Walorin encarou a companheira incrédulo.

— Ficou louca? Usei mais da metade da minha mana naquele ataque, se ela conseguir se levantar depois disso, então não sei o que faremos.

Várias estruturas continuavam desabando.

No centro da cratera, Brighid se erguia apoiando uma das mãos no joelho. Conforme levantava, partes de sua armadura se desprendiam, virando pó. Sua coroa estava pela metade, suas manoplas destruídas e de sua cabeça gotejava bastante sangue.

Ela apoiou a mão no abdômen e tossiu algumas vezes.

Desde o confronto com Anton que ela não ficava naquele estado.

— Ela está viva! — Ehocne se preparou para avançar e finalizar seu alvo, mas Var’on tocou seu ombro antes disso.

— É perigoso se aproximar. — disse ele.

— E qual o seu plano?

Var’on juntou as mãos, inclinou os braços para o lado direito do peito e dobrou os joelhos concentrando uma quantidade absurda de mana.

— Duvido que ela sobreviva a um canhão Galick nesse estado. É melhor vocês se afastarem, usarei 80% de toda minha reserva de mana.

Tanto Walorin quanto Ehocne arregalaram os olhos.

— Tem certeza? — um suor seco escorreu pela têmpora de Ehocne.

— Tenho!

Ehocne assentiu e conjurou um portal, o adentrando.

Walorin olhou para a cratera e depois olhou para Var’on concentrado.

— Acabe logo com isso! — ele adentrou o portal.

Lentamente, uma mana enorme começou a ser condensada por Var’on, algo que até mesmo Brighid sentiu, mesmo estando tão longe.

Enquanto seus inimigos já festejavam, uma andorinha foi até Brighid. Aquela era uma de suas evocações. Aproximando-se, a andorinha cochichou algo no ouvido dela.

— Entendi… — balbuciou Brighid — Pode ir para casa.

A andorinha se desfez em pequenas partículas.

Ela havia trago boas notícias.

Boa parte das pessoas estava longe da zona de perigo. Isso significava que ela não precisava mais manter os milhares de evocações ativas.

Após suspirar, os braços de Brighid estavam se curando rapidamente. Ehocne olhou aquilo com espanto. Uma cura tão rápida quanto aquela só significava uma coisa.

— Uma monarca arcana de tríade… — balbuciou a caída — Tsc! Que merda! Bledha ainda não terminou com o imperador? Precisaremos dela aqui!

Walorin se assustou ao ouvir aquelas palavras. Os caídos não eram nem um pouco fracos. O problema, era que sua força estava sendo ofuscada pela mulher lá em baixo.

Brighid esticou a mão e sua espada veio voando até ela. Após isso, ela cravou sua lâmina no chão e juntou as mãos, iniciando uma prece silenciosa.

“Meus campeões, ouçam o chamado de sua rainha. Que a névoa do abismo inunde os planos superiores, que meu chamado chegue até vós, que os oceanos transbordem em sangue e que o plano da morte se torne absoluto”.

Dois círculos mágicos se abriram ao seu lado e duas criaturas começaram a imergir daqueles círculos.

O próprio Drez’gan havia lhe ensinado aquela prece. Como general do grandioso exército da morte que residia no abismo, Brighid tinha seu próprio batalhão com tenentes, capitães e soldados fieis a seu comando. Dentre aquela miríade de almas pútridas, duas se destacavam. Um deles era um soldado que carregava uma enorme espada, e o outro era um assassino.

O soldado tinha uma longa capa preta aos farrapos, assim como sua armadura ornada e cheia de detalhes horripilantes. O assassino não usava capa, mas suas vestes eram quase idênticas ao do companheiro. Debaixo do elmo de ambos se via os olhos esverdeados fulgurantes.

Seus campeões se curvaram perante sua rainha.

Eles aguardavam suas ordens.

— Koe, Caspian… ergam-se, meus campeões.

Eles se ergueram, emanando aquela energia podre e pegajosa. Seus campeões tinham a maldição da ojeriza. Qualquer ser de vontade fraca perdia a vontade de lutar ao encará-los. Alguns até mesmo tinham ataques cardíacos só de se aproximarem.

Var’on deixou de executar sua mana e encarou aquilo incrédulo. O poder que aquela mulher emanava era algo que ele nunca havia visto, nem mesmo entre os caídos.

O poder de Brighid não era maléfico somente para os filhos que carregava, mas também para si mesma. Ela já havia passado de um ponto onde o risco de vida dela e daqueles em seu ventre estavam elevadíssimos.

Aquilo tinha que acabar rápido.

— Conseguem sentir as três manas poderosas entorno? — indagou Brighid — Eles serão os alvos de vocês.

“Isso é péssimo!” pensou Ehocne “Esse poder é corrompido demais, até mesmo para absorver.”

— Vamos recuar! — disse para Walorin — Precisamos nos reorganizar e pensar em algo!

Walorin, que foi sempre orgulhoso por sua força e habilidades, estava duvidando de si mesmo, cogitando em levar o que Ehocne disse em consideração.

— C-Certo! Busque Var’on!

Tarde demais.

Koe, o guerreiro, apareceu atrás de Var’on em uma velocidade que superava em muito a do som. Virando-se rapidamente, Var’on defendeu-se do golpe daquela espada com sua espada fina de vácuo, mas o golpe foi tamanho que o arremessou em outra torre.

Boom!

A torre veio abaixo enterrando o caído junto.

Var’on saiu debaixo dos escombros com suas mãos sangrando em demasia. Tentar defender aquele golpe o fez se ferir gravemente.

“Porcaria! Se eu não reagir posso morrer!”

Antes que conseguisse executar quaisquer golpes, Var’on sentiu uma manopla de ferro na boca.

Crash!

Koe praticamente enterrou o punho nos dentes de seu oponente, o jogando longe, fazendo-o transpassar diversas residências aos escombros ao ponto de ele desaparecer na escuridão.

Ehocne olhava aquilo incrédula.

Var’on estava sendo superado por um mero espectro. Ela não teve tempo de pensar ao sentir a lâmina da adaga negra de Caspian em sua garganta.

Assim que sentiu a lâmina gelada, desapareceu. Reaparecendo em cima de um telhado enquanto alisava garganta.

Foi por pouco.

Apavorado, Walorin encarava seus companheiros serem superados com tamanha facilidade que ele se sentiu coagido a sair correndo dali o mais rápido possível.

Crash!

Olhando para baixo, Walorin viu seu abdômen ser atravessado por uma espada negra. Ele nem ao menos viu aquilo chegar.

No momento que Koe iria parti-lo ao meio, Ehocne apareceu a seu lado e tocou o ombro de Walorin, fazendo sumir.

Os olhos esverdeados de Koe a encararam.

Foi a vez de Ehocne desaparecer.

Brighid não mais sentiu a mana de nenhum dos três. Eles haviam desaparecido completamente, talvez tivessem fugido para outro plano.

Os campeões se prostraram diante sua rainha num piscar de olhos.

Ela estava prestes a enviá-los de volta, mas sentiu um forte poder vindo do topo de uma das torres.

— Aí está você — disse ela — A mana poderosa que senti desde o começo.

O longo cabelo dourado de Volfizz balançava junto a sua capa preta que cobria seu corpo.

Um portal abriu ao seu lado e Ehocne saiu lá de dentro.

Ofegante, ela apoiou um dos joelhos no chão.

— Walorin e Var’on… E-Eu não estou conseguindo curá-los.

— Mantenha-os vivo por hora, consegue fazer isso?

— A-Acredito que sim, mas não sei por quanto tempo.

— Faça o possível, eu assumo daqui.

Ehocne engoliu o seco.

— Tome cuidado, senhor…

— Tudo bem, agora vá.

Após abrir um portal, Ehocne o adentrou.

Volfizz saltou em direção a cratera, ficando a alguns metros de Brighid. Ela se recordava daquele homem, o homem que tomou a vida de seu pai, o homem que tornou toda sua raça escrava e que roubou a reserva de mana das raças místicas por eras.

Ela jamais se esqueceu daquele rosto.

— Impressionante… — disse Volfizz a encarando de cima a baixo — Subjugou três caídos como se não fosse nada. Creio que houve um erro de cálculo, Bledha disse que Graff era o maior de nossos problemas, mas ela estava errada. O maior de nossos problemas é com toda certeza, você.

Brighid continuou em silêncio.

O açoite do vento balançou a capa de Volfizz e os cabelos brancos de Brighid.

— Que estranho… Sinto mana mística vindo de você, mas você conseguiu ferir Var’on e Walorin, que são humanos, então minha maldição não está mais presente em você… o que você é? Uma Dríade, uma fada, ou… uma bruxa?

— Você matou o meu pai! — Os olhos dela ardia em fúria.

— Ah! Toda essa emoção em palavras… deve ser uma fada, sim, não há dúvidas.

Brighid apertou o cabo de sua espada. A mana daquele homem era quase dez vezes maior que a sua, mas a diferença de mana não a preocupava, e sim, o tempo que ela conseguiria continuar lutando antes de seu corpo se tornar inútil.

Ela havia feito tudo que estava ao seu alcance. Curou parte da população, ajudou no combate e evacuação com seus golens e atraiu as manas mais poderosas para si, fazendo três caídos fugirem no processo.

Volfizz sabia que a deixar viva era um problema, principalmente para os planos de Coen. Encará-la o fazia recorda-se do passado, recorda-se de Alucard. Por um instante, ele relutou se deveria enfrentá-la, mesmo com toda sua reserva de mana atual.

O plano era selar um único ser poderoso, que seria Graff, mas outro ser poderoso apareceu. Sua única opção seria matá-la, mas isso o deixou em alerta.

“Mesmo ela estando com a guarda aberta, sinto que serei morto se me aproximar. Essa mulher provavelmente tem um domínio melhor na esgrima em relação a mim, e também creio que em uma luta com os punhos ela também seja superior. Só me sobra o uso da magia, uma opção que me coloca anos-luz na frente, mas por que tenho a estranha sensação que ela é superior a mim nisso também?”.

Volfizz começou a flutuar enquanto acumulava uma assustadora quantidade de mana.

— Tenho que parabenizá-la por pressionar meus companheiros a tal ponto! — bradou — Mas você não me vencerá! — Ele mirou o braço direito na direção de Brighid — Transformarei você em poeira!

Brighid continuou parada.

“Ela não irá me atacar? Nem ao menos tentará se defender? Tsc… Vai receber um poder como esse a queima-roupa? Será que não é o suficiente para matá-la? Se acalme Volfizz, você está deixando que ela plante dúvidas em sua cabeça, ela está blefando!” 

— Você não vai me enganar!

O rosto sério de Brighid desabrochou em um sorriso.

Ela gargalhou baixinho, uma gargalhada maliciosa que deixou Volfizz em alerta máximo.

— Qual a graça?

Brighid apoiou a espada no ombro e a mão na cintura.

— Se sua única vantagem sobre mim, for a quantidade de mana, então você já perdeu.

“Um blefe?”

— Tsc! Acredita mesmo que cairei nas suas provocações?

— Falei a verdade. Se tem tanta dúvida, por que não tenta me atacar? Mas por favor, faça isso direito, lute como um homem e me ataque com o poder mais forte de seu arsenal — Brighid abriu um sorriso de canto — Afinal, você é o caído mais poderoso, não é?

Volfizz desfez o poder que preparava e um suor seco escorreu por sua têmpora.

“Ela está blefando, não está? Claro que está! Não fiquei séculos acumulando mana atoa!”

— Se você não vai me atacar — Brighid segurou a espada do lado do corpo, como se fosse sacá-la — Então pode deixar que ataco primeiro!

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