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Capítulo 184 – Rumo ao forte

Cobertos por capas negras e montados em cavalos robustos, Ayla e os carniceiros avançaram em direção ao oeste rumo a fronteira de seu território. Como esperado, não encontraram nenhum impedimento nas primeiras horas, já que era um território seguro e calmo. Aproveitaram para visitar algumas vilas menores onde foram muito bem recebidos, guardando ainda mais provisões no alforje do cavalo.

Ainda faltava muito até marcharem até o forte, cerca de mais dois dias inteiros. Após meio-dia de viagem, alcançaram um rio que ficava próximo de um dos grandes vilarejos estacionários de Runyra, encheram seus cantis, fizeram o almoço e prosseguiram novamente até um vale, e ali ficaram até o anoitecer.

Falone ascendeu a fogueira, e Dasken deixou o javali que caçou assar. Era preferível ter a companhia das estrelas do que ficar dentro de uma tenda. A rachadura no céu só deixava tudo ainda mais belo.

O som da madeira crepitando e o piar das corujas eram as únicas coisas que ouviam. Colin e os carniceiros sentiram uma paz que não conseguiam descrever. Sua viagem até o reino de Ayla foi agitada e caótica, aquela paz deixava Lettini apreensiva, sempre desconfiada olhando para o mato toda vez que ouvia algum pássaro noturno piar.

Era essa sensação que Colin queria levar aos moradores de seu ducado. Desejou em silêncio que Alunys e Leona estivessem seguras, assim como todas as pessoas de seu vilarejo. Se a aliança com Ayla funcionasse, então um grande futuro estava por vir.

— Fazia tempo que eu não acampava — Ayla segurava os ossos do javali com a ponta dos dedos — Não lembrava que era tão libertador.

Sem etiqueta, Colin cuspiu os ossos do javali nas chamas.

— Devia tentar acampar no meu território, se achasse tão libertador assim eu lhe daria 10 mil moedas de ouro.

— Daqui a um tempo será, a gente vai limpá-lo assim que resolvermos o problema com os Orcs.

Colin deu outra mordida no pedaço de coxa do javali que segurava — Já decidiu que vai me ajudar? — Indagou de boca cheia.

— Estou inclinada a isso, mas meu problema ainda não foi sanado, então vamos apenas especular isso.

— Você que sabe.

Os carniceiros comiam como selvagens, mastigavam de boca aberta e seguravam a carne com bastante brutalidade. Cuspiam ossos a cada minuto e não seguravam arrotos, nem ao menos disfarçavam.

Ayla continuava os observando, se perguntando se todos os carniceiros eram assim. Ela não achou ruim, apenas diferente. Nem todos haviam nascido em berço de ouro como ela, então etiqueta não era algo que poderia esperar deles.

Ouviram algo no mato e o clima agradável dos carniceiros mudou por completo.

— Tem alguém vindo.

Ayla ficou tranquila, pois aquelas eram suas terras, terras seguras. Lettini apontou seu arco para o mato e Dasken se ergueu com a mão no cabo. O farfalhar ficou mais agressivo e um homem ensanguentado saiu da mata.

— Me ajudem! — Disse antes de cair no chão.

Colin e os outros não foram ajudar, até mesmo Ayla ficou mais séria, apoiando a mão no pomo de sua espada.

— Tem algo vindo! — Falone sacou sua espada e saltou para trás.

Da mata, três grandes orcs despontaram segurando seus enormes machados. Eles eram enormes, trajando aquela armadura demoníaca ficavam ainda mais assustadores.

Um dos Orcs de pele esverdeada e careca avançou contra o rapaz no chão.

Scrash!

Colin transformou Claymore em uma espada, dobrou os joelhos e destruiu o machado do Orc antes que atingisse o rapaz. Foi um golpe rápido, os Orcs mal perceberam de onde havia vindo. Os olhos amarelos de Colin se cruzaram com os do Orcs e Colin avançou contra o brutamontes, atravessando seu peito com Claymore.

Crash!

O errante não usou mana, seu reflexo apurado e força bruta foram o suficiente.

Derrapando, os Orcs restantes pararam de se mover, prestando atenção naquele homem que abateu um dos seus como se não fosse nada. Era comum que outras criaturas fugissem apavoradas, mas Orcs não eram assim.

— Uma barata mais forte! — disse um dos orcs com a voz arranhada — Ele é meu!

O orc cingiu o machado e uma flecha atravessou o seu pulso. Ele fixou seus olhos em Lettini e ela arrepiou-se por inteira. Aproveitando que a criatura estava atônita, Falone e Dasken avançaram pelo flanco. Concentraram mana em seus braços e lâminas, rasgando o Orc pelas laterais em um rápido movimento.

Swin!

Devido à dor, o orc soltou seu machado.

Falone foi para trás do Orc o empalando e Dasken avançou contra os companheiros da criatura. Sem pensar duas vezes, os orcs urraram e partiram para cima do guerreiro portando uma espada longa.

Dasken estava sozinho contra três oponentes.

Cerrando os punhos sobre o cabo da espada longa, Dasken derrapou movendo sua espada em um movimento arqueado, cortando um dos Orcs profundamente no tórax, quase o partindo ao meio.

Outra criatura avançou pelas laterais, visando o pescoço do carniceiro, mas quem teve o pescoço atingido foi ele. Lettini concentrou mana na ponta da flecha e disparou, varando o pescoço do Orc. Ela puxou a corda do arco novamente, esperando Dasken criar outra abertura com a criatura que restou.

Crash!

Em outro movimento arqueado de baixo para cima, Dasken conseguiu arrancar os dois braços da criatura e Lettini disparou, atravessando o crânio do Orc que veio a baixo.

Toda ação havia durado menos de cinco segundos.

Antes dos monstros tocarem o chão, os carniceiros guardaram suas armas, uma sincronia perfeita que Ayla só viu em soldados experientes, acostumados com o combate.

— O que aconteceu? — Indagou Colin ao homem ofegante no chão.

— Orcs! — Ele esforçava para se levantar — Eles estão por toda parte!

— O que disse? — Ayla joelhou perto do rapaz — Orcs invadiram Runyra? Quando?

O rapaz tossiu duas vezes e Lettini se aproximou com um cantil em mãos, entregando ao rapaz.

— Uma águia chegou hoje de manhã, o forte caiu, e a vila forte também. Estávamos em peregrinação rumo a capital, mas Orcs nos surpreenderam, então fugi…

Ayla se ergueu com o cenho franzido.

— Fiquem aqui, eu já volto.

Colin segurou o pulso dela.

— Não ouviu o garoto? Orcs já estão no seu território, se ir sozinha pode acabar sendo surpreendida e se ferir.

Com um repelão, Ayla afastou as mãos de Colin.

— É o meu povo, não vou ficar aqui parada enquanto mancham minha terra de sangue!

Cabrum!

Faíscas amarelas circundaram o seu corpo e ela desapareceu após o estridente trovejar.

Colin coçou a nuca e também se ergueu.

— Assim que tirarem o garoto do risco de morte, tragam os cavalos e ele. Seguirei aquela rainha maluca.

Pegando mana de Claymore, faíscas celestes circundara o corpo de Colin e ele também desapareceu na mata. A vila estava próxima, já era possível ver focos de incêndio e ouvir os gritos de desespero da população.

Colin chegou a tempo de ver um flash amarelo avançar em direção aos Orcs, decapitando-os em uma velocidade impressionante. Ayla derrapou enquanto parava, vendo os corpos daqueles monstros desabarem na relva.

Ainda haviam trolls e ciclopes segurando tacapes. Ayla girou a espada, se concentrou e avançou em uma estocada, atravessando os corpos das criaturas ligeiramente, indo de um lado para o outro como se os costurasse.

Assim que terminou, girou a espada limpando o sangue e a devolveu a bainha.

O vilarejo era incendiado, havia um número significativo de cadáveres desmembrados, os Orcs não poupavam nem mesmo as crianças.

Os habitantes que sobreviveram pegavam água do poço para apagarem o fogo, enquanto outra parte tentava fornecer os primeiros socorros, aqueles com uma chance de sobreviverem, estava um completo caos.

A preocupação de Ayla era que invasões como aquelas estavam acontecendo em vilas menores. Levaria um dia para que uma carta chegasse até a capital, e ela não poderia recuar e deixar mais pessoas serem mortas.

[Rugido!]

Eles olharam para cima e viram a silhueta de um dragão. Logo viram sua boca brilhar e a criatura cuspir chamas na direção do poço.

Crash!

Uma lança atravessou a grossa pele do dragão e seu voo ficou prejudicado. A fera caiu, causando abalos sísmicos. Colin foi até o monstro e retirou sua lança, transformando Claymore em um anel.

Todos os inimigos haviam sido abatidos.

— Ayla! — berrou Colin do outro lado — Vou ajudá-los a apagar as chamas, ajude os sobreviventes!

Ela assentiu com a cabeça e correu até um velho que havia perdido a perna e seus netos de oito e dez anos estavam desesperados com todo aquele sangue. Ayla rasgou um pedaço de pano e fez um torniquete da forma que foi possível. A maioria das pessoas estava com membros decepados.

Colin invadiu as residências em chamas, tirando os sobreviventes.

Aquela ação conjunta durou dez minutos até que as coisas se acalmaram. Os carniceiros chegaram minutos depois, ajudando com os feridos. Trataram dos primeiros socorros e acolheram os mais fragilizados.

Sujo de carvão, Colin se aproximou de Ayla, que estava com as mãos sujas de sangue.

— E então, rainha, qual o plano?

Ayla franziu os lábios, olhou para os dois lados e se concentrou. Sentiu mais manas rumo a oeste, bem onde estava o forte.

— Vamos nessa direção — Ela apontou com a espada — Algum escriba aqui? — Indagou passando o olho por aquele mar de feridos — Algum? — Ninguém respondeu.

Aquelas pessoas precisavam de auxílio, mas ela não queria perder tempo e deixar que orcs massacrassem mais vilarejos.

— Tsc! Vamos avançar, infelizmente não há muito o que fazer aqui. Não podemos retornar e correr o risco de os Orcs avançarem ainda mais, e não podemos ficar, pois, a ajuda vinda de Runyra levará um dia inteiro. Você! — Ela apontou para um garoto que estava com leves escoriações — Use meu cavalo e vá até Runyra, explique a situação e digam para se prepararem para abrigar refugiados de cidades vizinhas. Diga a Tony para deixar os homens prontos para a batalha. — Ela enfiou a mão na bolsa da cintura e retirou uma moeda única, entregando para o garoto — Mostre isso aos guardas e eles vão ouvir você.

Engolindo o seco, o garoto assentiu.

— Colin, você e seu pessoal vem comigo, precisarei de vocês. Conservem mana, não sei quantos Orcs são, talvez sejam centenas e podemos lutar por horas sem descanso.

Ayla foi até o cavalo de Colin e subiu nele. O errante ficou sem entender porque seu cavalo foi roubado ao invés de um dos seus subordinados.

— Não podemos perder tempo, vêm! — Ayla ergueu a mão para Colin e o ajudou a subir no cavalo, deixando Colin atrás enquanto ela segurava as rédeas.

Após sacudir as rédeas, o enorme cavalo negro de Colin avançou, galopando como se sua vida dependesse disso. Os carniceiros estavam logo atrás. Ayla usava o mínimo de análise possível, tentando encontrar outros focos de magia enquanto o robusto cavalo avançava pela pradaria.

— Esses Orcs atrevidos! — disse furiosa, competindo com o barulho do galope — Fui tola em enfrentá-los com o menos de risco possível. Já que eles querem guerra, então eles terão! Ela olhou Colin por cima dos ombros — Está comigo, carniceiro?

— E eu tenho escolha?

— Não se preocupe, cumpra sua missão e prometo que será bem recompensado!

Usando a análise, Ayla viu manas serem apagadas rapidamente.

— Achei eles! Vamos nos apressar!

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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