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Ayla estava do lado de fora da casa em que estava hospedada. Seus braços estavam cruzados e seus pés inquietos. Se recordava de Colin ter dito que daria uma volta, mas um dia já havia se passado. O sol estava começando a nascer e ela estava morta de preocupação.

Passou pela cabeça dela a possibilidade de alguém ter o arrastado para uma armadilha e o capturado, mas descartou a possibilidade levando a força de Colin em conta. Pensou que ele fosse um traidor, mas também descartou essa ideia rapidamente. A rainha acreditava na boa índole do homem que escolheu como marido.

Ela nunca havia ficado tão preocupada e tão brava com algo.

— Onde ele se meteu? A invasão começa amanhã ao amanhecer e ele simplesmente desaparece…

Ergoth percebeu que ela estava preocupada e tentou apaziguar a situação.

— A senhora devia ficar calma, senhor Colin é bem forte, ele com certeza está bem.

— Espero que esteja, porque ele vai ouvir um monte por me deixar preocupada assim.

Ao longe, Colin se aproximava com outras duas pessoas. Seu corpo ainda não havia se recuperado por inteiro, mas ele transmitia certa calma. Valagorn havia assumido uma forma mais humana com a ajuda de Jane, seu objetivo era não levantar indagações desnecessárias. Ele estava com um tom de pele claro, seu cabelo continuava branco e seus chifres haviam desaparecido. Ele trajava um sobretudo púrpuro com camadas de roupas por baixo, e Jane continuava encantadora.

Ayla olhou para aqueles dois e depois focou seu olhar em Colin.

— Onde você estava e quem são esses?

Colin passou por ela com as mãos nos bolsos, indo para dentro sem dizer nada.

— Você não me ouviu?

— Vamos conversar lá dentro. — disse ele.

E assim fizeram. Suas invocações nada disseram, apenas ficaram caladas ouvindo seu invocador falar. Jane mantinha seu olhar sedutor o tempo todo, encarando tanto Colin quanto Ayla, e Valagorn estava entediado, bocejando vez ou outra. Colin explicou tudo que havia acontecido, disse ter os invocando e que precisou de tempo para terminar o ritual.

Ocultou a parte de ser induzido a dor lacerante por vontade própria para não a preocupar ainda mais. Após tudo resolvido, Ayla suspirou aliviada e o abraçou.

— Não devia ser tão imprudente assim… Quando for sumir por horas, ao menos me diga para onde vai.

Colin não esperava aquele abraço. Sem jeito, ele deu dois tapinhas nas costas dela, colocou as mãos em seus ombros e a afastou gentilmente.

— Se tudo começa amanhã de manhã, então temos que nos preparar. Aquelas criaturas provavelmente ficaram dias marchando, não vamos desapontá-los.

Ayla assentiu.

— Vou vestir minha armadura.

— Certo, vestirei a minha também.

A rainha se retirou para os fundos e Colin suspirou, enfiando as mãos nos bolsos.

— É isso? — indagou Jane — Saio do abismo para cair direto em uma guerra num lugar esquecido pelos deuses? Devia ter me invocado alguns meses antes, garoto.

— Eu não saberia invocar você. Estudei um pouco de invocação nesses seis meses, fiz o máximo que pude para trazer vocês dois até aqui.

Valagorn assentiu, bocejando mais uma vez.

— Seria interessante um pouco de ação após séculos parado.

— Val — chamou Colin — Era você quem sustentava aquela torre, não era? O que acontecerá com ela agora que você saiu?

— A torre será destruída e as criaturas voltarão para seus planos de origem, ao menos foi assim que projetei para acontecer.

— Entendi, vou me preparar, passaremos um bom tempo cavalgando. Se estiverem com vontade de tomar banho, ou tirar um cochilo, a hora é agora.

— Vamos fazer isso, depois que tudo estiver resolvido — disse Jane sentando no sofá e cruzando as pernas — Vá se preparar, garoto, a gente ficará bem.

Colin assentiu e foi para os fundos.

— Depois de tudo que me contou, acredita que o garoto é a escolha certa? — Indagou Valagorn.

— Colin? Ele não é a escolha certa, é o que sobrou. O garoto tem alguns defeitos horríveis, mas depois de tudo ele ainda está de pé, e fez contrato com dois seres milhares de vezes mais poderoso que ele. Alguma coisa o garoto tem. O que você acha de ser o pai e eu a mãe? — Indagou Jane empolgada — Vamos ser mentores do garoto, como seus pais. — Jane apoiou o indicador na bochecha — Não sei como é ter um filho, mas é isso, não é? Criá-lo para algo grandioso?

De braços cruzados, Valagorn fez uma careta estranha.

— Ele já é um homem crescido, não acho que isso seja necessário.

— Não acha? Ele estava disposto a jogar metade da energia vital no lixo para invocar nós dois. Se eu não tivesse dado um puxão de orelha e o ajudado, o pirralho estaria desmaiado até agora com a chance de morrer cinquenta anos antes do prazo. — Jane cruzou os braços após um suspiro — O garoto não sabe quando parar. Eu estive na cabeça dele, ele sente falta da mãe mais do que qualquer coisa.

— E você acredita que ocupará esse lugar?

— Não totalmente, mas não vou deixar o pirralho se matar enquanto não matar Drez’gan.

Valagorn abriu um sorriso de canto e meneou a cabeça.

— Uma súcubos agindo como mãe… Não consigo imaginar o quão estranho isso pode ser. — Ele abanou uma das mãos — Tentarei aconselhar o garoto da melhor forma, mas pelo que me contou, ele é cabeça dura e não aceita ordem, ouvir a gente será um milagre.

Jane abriu um sorriso sedutor.

— Darei o meu jeitinho.

Ayla retornou trajando sua armadura de couro negra. Sua espada estava na cintura, e seu cabelo preso em um rabo de cavalo com mechas ao lado das orelhas.

Usando a análise nela, Jane abriu um sorriso.

— Você tem pandorianos interessantes para uma mortal.

Ayla franziu o cenho, mas nada fez. Cruzou olhares com Jane e depois com Valagorn que pareceu não dar muita importância.

— Como você sabe? — Indagou Ayla em tom autoritário.

— Garotinha, não dá para esconder nada de nós. Não estamos tão fortes agora, mas você devia ter cuidado. — Ela abriu um sorriso sedutor — Suas intenções com Colinzinho não me interessam, mas é melhor não tentar nada estúpido com o meu garoto, entendeu?

Ayla apoiou a mão no cabo da espada.

— Está me ameaçando?

— Ameaçando? Eu nunca faria isso, majestade.

— Já estão prontos? — Indagou Colin massageando os ombros no final do corredor.

— Chefinho! — chamou Jane — Qual o plano?

— Plano? Iremos até lá e destruiremos aqueles Hobgoblins, esse é o plano.

Jane bateu palmas.

— Por isso você é o chefe!

Colin não sabia se ela estava zombando ou sendo sincera.

— Vamos partir com Ergoth, ele preparou os cavalos.

Valagorn colocou o capuz sobre a cabeça e Jane fez o mesmo, vestindo uma capa escura sob seu ombro. Aqueles dois estavam empolgados para ver o desenrolar dos eventos.

— Como se sente? — Indagou Ayla caminhando ao lado de Colin.

— Normal eu acho. E você?

— Um pouco nervosa… É minha primeira vez em uma invasão assim, sem falar nos possíveis um milhão de inimigos. Sou acostumada a me defender, não a atacar.

— Com medo de perder para hobgoblins, majestade?

— Medo? Não. Acho que esse nervosismo é apenas ansiedade.

Eles subiram em seus cavalos e Ergoth se aproximou montado em um lobo gigante. O orc portava seu grandioso machado nas costas e trajava roupas de animais ao redor do corpo.

— Senhores e senhoritas — disse o Orc — Prontos para a marcha?

— Não vai mais ninguém conosco? — Indagou Valagorn em cima de seu cavalo pardo.

— Essa não é uma vila guerreira, sinto muito se sou o único que pode ajudá-los nisso.

O Elfo do mar abanou as mãos.

— Sem problema.

Ergoth assumiu a dianteira, seus companheiros foram logo atrás. Jane e Ayla cruzavam olhares algumas vezes, com Jane dando risadinhas enquanto Ayla continuava com semblante sisudo.

Seriam longas horas de viagem.


O acampamento de Nag estava agitado. O grande senhor da guerra sabia que uma horda de criaturas marchava para o grande forte dos Hobgoblins, tropas lideradas por novos regentes. Apressados, Orcs preparavam suas armas de guerra e alguns dos seus homens já marchavam para a fortaleza de pedras dos hobgoblins. Nag não estava a fim de esperar seus inimigos virem até ele, já que com os Hobgoblins, ele tinha a vantagem numérica.

Na tenda, um Hobgoblin trajava armadura avermelhada. Ele era um pouco menor que um humano, e sua inteligência era superior que a de um goblin comum.

— As legiões já estão posicionadas! — disse o Hobgoblin com a mão apoiada no cabo da espada em sua cintura — Os invasores serão massacrados antes de chegarem ao forte. Nossos muros são altos, e conseguimos atingir resultados satisfatórios com nossos novos canhões. Será uma batalha tranquila.

Nag sabia que a vantagem era deles, mesmo assim estava apreensivo. Ele nunca havia conseguido invadir o território de Ayla de forma definitiva, pois tinha conhecimento que a caçadora de Orcs era alguém que não poderia ser derrotada dentro de seu território. Com a ajuda de Rian, ele a atraiu para longe de casa, mas agora ela estava acompanhada do líder dos carniceiros, alguém que diziam ser tão brutal quanto uma horda de orcs. Apesar de seus números expressivos, seus inimigos conseguiram unir as tribos hostis contra ele, e isso o assustava.

— Ótimo! — Nag foi até o canto e pegou seu enorme machado — Aqueles mestiços querem trazer a guerra até nós, mas somos nós que vamos até eles. Se partirmos agora, conseguiremos interceptá-los quase no meio do caminho até o forte. Separe uma legião e marche rumo a horda de criaturas.

Hobgoblin assentiu.

— O carniceiro e a rainha, se os encontrarmos faremos questão de os destruir. — O hobgoblin curvou seu corpo e se retirou para fora montando em seu cão selvagem.

— Tic-Tac! — disse Rian saindo da escuridão no fundo da tenda — Seu tempo está acabando, Nag. Em breve você enfrentará o carniceiro e para o seu próprio bem, é melhor que vença, caso contrário, senhor Alexander ficará muito desapontado.

Nag bufou e apontou o machado para Rian, que estava sorrindo com as mãos para trás.

— Não serei derrotado por dois mestiços!

— Espero que não. — Rian ergueu o indicador — E não se esqueça, se sentir que não conseguirá vencer, basta beber o frasco que dei a você.

Nag abaixou o machado.

— Não preciso da sua magia para vencer, sacerdote. Se já acabou, peço para que saia, estou muito ocupado.

— Claro, desejo boa sorte a você, Nag, você vai precisar.


Bonlion liderava um esquadrão de Gnolls portando bestas. Sorrateiros e silenciosos, os Gnolls se esgueiravam por pequenos acampamentos militares de Hobgoblins e massacravam todos eles, abrindo caminho da grande marcha de criaturas pela floresta. Gnolls usavam dedos, orelhas, dentes e em alguns casos até cabeças como troféus, amarrando a sua armadura.

Eles também roubavam os equipamentos e armas, aproveitando para armar ainda mais aquela horda que se aproximava do Forte. Aquele esquadrão liderado por Bonlion estava a quase um dia inteiro adiantados do resto da horda. O efeito surpresa era crucial naqueles ataques, e ele estava funcionando.

Mais de vinte acampamentos militares foram massacrados, e a cada minuto se aproximavam do grande forte. Da floresta, eles já conseguiram ver aquela fortaleza enorme feita de mármore branco. Escondidos na mata, eles observavam a movimentação no forte com uma luneta.

— Capitão! — chamou um Gnoll em cima das árvores — Eles estão agitados, é provável que já saibam de nós e que marchem antes das nossas máquinas de guerra chegarem.

Bonlion sabia o que fazer.

— Comecem a cavar!

Rindo em demasia, cinco Gnolls colocaram suas bestas de lado e começaram a cavar o chão como cães. Suas patas enormes só deixavam as coisas mais fáceis. Em segundos já haviam cavado quase um metro.

— Vocês! — Apontou para outro grupo Gnoll — Preparem as armadilhas e abram caminho para as máquinas de guerra.

Rindo sem parar, os Gnolls começaram a fuçar nas bugigangas que carregavam no corpo, preparando a confecção de bombas.

No forte, os líderes de legião se preparavam para marchar. Queriam pegar seus inimigos antes que os pegassem.

Trombetas de dentro do forte foram soadas e os portões do grande forte abriram. Um número expressivo de Hobgoblins trajando armaduras saía do castelo. Mesmo que Bonlion e as criaturas estivessem bem longe, conseguiam ouvir o estrondo de milhares de botas pisoteando a terra.

Os hobgoblins marchavam para a batalha.

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Olá, eu sou o Stuart Graciano!

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