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Capítulo 193 – A guerra do território hostil – Parte 02

Soltando fumaça pelo nariz, Dasken observava o desfiladeiro ao longe. Após acabar com a invasão, as forças de Ayla e os carniceiros focaram em partir para o forte destruído, encontrando uma carnificina. O cheiro de putrefação era insuportável.

Corvos e abutres devoravam os corpos enquanto homens de Ayla carregavam corpos de orcs e os jogavam na enorme pira que haviam ascendido.

— Acha que eles foram para o território hostil? — Indagou Tuly observando o desfiladeiro ao lado de Dasken.

— Provavelmente. — Assoprou a fumaça do cigarro — Você cumpriu as ordens da sua rainha, seu trabalho acaba aqui.

Tuly assentiu.

— Obrigado, carniceiro, sem a ajuda de vocês eu não sei quantos dos nossos teriam-

— Tudo bem, não precisa agradecer. — Dasken tergiversou, descendo as escadas do forte, passando por homens carregando corpos de orcs — Lettini, Falone, se preparem, vamos para o território hostil.

A medrosa Lettini arregalou os olhos.

— V-Você sabe que está cheio de monstros lá, não sabe? S-Senhor Colin sabe se virar, n-não precisa de nós.

— Ele é nosso líder. — disse Falone massageando os ombros após ajudar a carregar alguns corpos — Se tudo aqui está resolvido, então devemos acompanhá-lo.

Lettini engoliu o seco ao perceber que não ganharia aquela discussão.

— Carniceiro! — chamou Tuly e Dasken virou-se de costas — Boa sorte!

O carniceiro soltou fumaça do cigarro pelo nariz e assentiu, terminando de descer as escadas e indo em direção ao cavalo acompanhado de seus dois companheiros.

No território hostil, os hobgoblins marchavam com ímpeto pelas terras que pertenciam a eles. Era um número bastante expressivo, expressivo o suficiente para tomar um país. Ainda faltavam horas até que a invasão começasse oficialmente, mas Bonlion e as criaturas não tinham tempo a perder.

Se permitissem que aquela marcha continuasse, seria o fim do território hostil, um genocídio sem precedentes. Pensativo, Bonlion considerou opções junto a uma pequena parte de Gnolls que haviam preparado bombas e armadilhas.

Muitos deles sabiam que enfrentar um número tão organizado de Hobgoblins seria suicídio, mas não havia outra alternativa. Um dos Gnolls terminou de escrever em um papel e amarrou em uma corda no pescoço de um corvo. A ave bateu as assas, desaparecendo na mata.

A mensagem era endereçada as forças mais ao longe, especialmente para as criaturas que empurravam as máquinas de guerra. Na carta, dizia para que eles se preparassem para a batalha em algumas horas, e que eles tentariam segurá-los o máximo possível.

Fuoon!

Uma trombeta foi soada de dentro do forte. As portas colossais se abriram, e dela, ogros presos em correntes arrastavam canhões em longas carroças. Elefantes gigantes eram como fortes ambulantes com bases de madeira construídas em suas costas. O confronto estava se escalando e as criaturas que observavam aquela força descomunal escondidos ficaram com medo de avançar.

Seria uma dezena de criaturas contra milhares, esperança era algo que nenhum deles tinha.

— Como vão às armadilhas? — indagou Bonlion.

— Tudo pronto, senhor, os escavadores também terminaram.

— Conseguiram chegar até o castelo?

— Sim, senhor!

Bonlion assentiu e desembainhou sua espada fazendo o som de aço raspando em aço.

— Quantas bombas conseguiram construir?

— Mais de cinco dúzias, senhor.

— Ótimo, vão todos para o interior do castelo e espalhem bombas por onde conseguirem, isso deve segurá-los aqui até que eles voltem, e separe outro grupo para continuar construindo bombas, elas são nossa melhor opção.

O Gnoll observou Bonlion se afastar, e seu coração se encheu de pânico.

— O que o senhor está…

Bonlion enfiou sua espada no chão.

— Me dê uma bomba!

Fuçando nas tralhas, o Gnoll tirou uma bugiganga feita de pregos, pólvora e metal enferrujado. Era tão pequena quanto uma bola de golfe. Caminhou até Bonlion e a colocou com cuidado em sua mão.

Respirando fundo, Bonlion deixou sua mana se manifestar, e mesmo distante, alguns hobgoblins sentiram aquela aura sendo emanada da floresta. O homem-leão respirou fundo e levou o braço peludo lá atrás. Sua análise focou no gigantesco elefante e na pequena entrada que havia em sua sela, uma entrada para os olhos.

Woosh!

Bonlion jogou a bomba. Seu movimento rápido trouxe uma rajada de vento e aquele objeto minúsculo atravessou a floresta e alcançou sua altura máxima, até que começou a cair, bem em direção ao rosto do Elefante.

— Me dê outra! — pediu enquanto a bomba ainda estava em seu trajeto.

Repetindo o movimento, ele lançou, desta vez na direção de um dos ogros.

Um dos Hobgoblins em cima do elefante olhou para o lado vendo algo se aproximar de sua criatura, mas já era tarde demais para que ele fizesse algo.

Boom!

Foi certeiro.

Um dos olhos do elefante foi estilhaçado, e a criatura urrou descontrolada, mas antes que os Hobgoblins pudessem entender o que estava acontecendo, uma segunda bomba chegou, explodindo na cabeça de um dos ogros.

Atordoado, o elefante começou a caminhar de um lado para o outro, esmagando diversos Hobgoblins no processo. Sem direção para onde ir, o elefante caminhou trôpego até se chocar contra outro elefante, destruindo por completo as torres de madeira em suas costas.

O ogro balançava os braços de um lado para o outro, atingindo diversos Hogboblins no processo.

A grande marcha foi interrompida e aqueles que já haviam avançado começaram a retroceder para ajudar na retaguarda. O caos estava instaurado.

— Funcionou! — comemorou um Gnoll — O senhor conseguiu!

Bonlion pegou sua espada.

— Vamos em direção ao castelo, rápido!

Os hobgoblins estavam indo em direção a floresta, e Bonlion junto de seus parceiros, começaram a correr para dentro do buraco feito pelos Gnolls. Era um buraco apertado pala Bonlion, mas ele conseguia se mexer.

Correram de quatro por aquele buraco até sair no calabouço da fortaleza. O chão e as paredes eram úmidas e havia centenas de celas naquele local, até mesmo máquinas de tortura que eram iluminadas pelas fracas luzes das velas.

Nas celas haviam mulheres orcs. Estavam nuas e tão magras que era difícil entender como elas ainda estavam vivas. Sacando sua espada, Bonlion arrebentou os cadeados. Ele não fazia ideia de como as tiraria dali com vida, mas daria um jeito.

— Continuem! — bradou Bonlion — Plantem as bombas pelo forte em lugares estratégicos e as armem sincronizadamente para serem detonadas em uma hora!

Gnolls começaram a se apressar e se separaram, enquanto outra parte ajudava as mulheres orcs, havia até grávidas entre elas, grávidas de goblins.

Não foi só Bonlion que sentiu, mas os Gnolls também, uma pressão assustadora que veio dos fundos. Olhos azuis saíam da escuridão e as correntes balançavam com a pressão emanada.

Ouviram o caminhar de botas e Rian saiu do escuro com as mãos para trás. Bonlion apontou a espada para o sacerdote e se pôs na frente daquelas mulheres orcs.

— Quem é você? — Suor seco escorreu pela têmpora de Bonlion. Sem perceber, seu braço começou a tremer como da vez que enfrentou Colin.

“Ele… ele é tão forte quanto senhor Colin?”

Rian apoiou uma das mãos no peito e curvou o corpo em uma reverência.

— Rian, muito prazer. — Ele ajeitou a postura — Você deve ser Bonlion, certo? Ouvi dizer que você é forte. — Rian olhou para os dois lados — Bombas? Um pouco ousado, não concorda?

As mulheres Orcs se abraçaram assustadas, enquanto os Gnolls estavam imóveis, com medo de mover um único músculo.

— Continuem! — disse Bonlion ainda tremendo — Eu cuido dele!

Rian abriu um sorriso de canto malicioso.

— Então vamos lutar? — Indagou Rian dando mais um passo — Não acredito que seja uma boa ideia. — Apontou com o queixo para as mulheres atrás dele — Goblins e suas sub-raças, sempre selvagens. Vá, podem espalhar bombas, evacue as reféns, eu não ligo, mas você apontou a espada para mim, você fica.

Aquelas palavras arrepiaram o pelo de Bonlion. Aquele homem não era como Colin, ele era pior, sua aura era mais pegajosa, mais sinistra. Sentiu como se estivesse de frente para um titã demoníaco.

— Vão! — disse Bonlion apreensivo — Vou segurá-lo aqui, já alcanço vocês.

Gnolls e as mulheres Orcs sentiram um arrepio na espinha e viram Rian apontar o dedo para eles. Um círculo mágico apareceu na ponta de seu dedo e todos os seres da sala foram lançados na parede de concreto de repente. A pressão exercida estraçalhou os corpos frágeis daquelas mulheres e os Gnolls, acionando também as várias bombas.

Kaboom!

Dentro do forte, viu-se terra sendo espalhada para cima e parte do muro rachou. Pedregulhos caíam como chuva pelo forte, esmagando máquinas de guerra, tendas, matando goblins aos montes e rachando o grande muro de mármore, o abalando por inteiro.

Apavorados, Hobgoblins fitavam a cortina de fumaça recém-formada apontando balestras, bestas e os canhões que ainda funcionavam. Muitos dos seus morriam em armadilhas do lado de fora, e uma invasão pelo interior deixava a situação ainda mais complicada.

A fumaça dissipava, mostrando um enorme buraco no chão onde Rian estava inteiro enquanto Bonlion estava com um dos joelhos apoiando no chão, usando sua espada como muleta para não cair. O corpo dele estava encharcado de sangue e seus pulmões mal conseguiam se encher de ar.

— Pensei que você fosse morrer depois de tudo, mas ainda está de pé. — Rian bateu palma três vezes — Reconheço você, Bonlion, mas me diga, sobreviver a uma explosão mortal é a única coisa que pode fazer?

Apertando o cabo da espada e movido por seu ódio, Bonlion se ergueu. Ele suspirou e seu corpo ficou maior e ganhou músculos enquanto sua mana bestial transbordava. A batina de Rian foi açoitada e o próprio sacerdote abriu um sorriso de canto.

Finalmente ele iria se divertir após muito tempo parado.

— Então você começará com o bom e velho corpo a corpo? Previsível.

Bam!

Bonlion disparou em uma velocidade avassaladora, e Rian conjurou um escudo púrpuro com uma das mãos, bloqueando aquele poderoso ataque que trouxe outra nuvem de fumaça.

Woosh!

Rian saiu da fumaça voando para cima portando um sorriso faceiro em seu belo rosto. Bonlion dobrou os joelhos e saltou num estrondo.

— Bom movimento, criatura, mas não pode me vencer em um combate direto!

O sacerdote apontou o dedo para Bonlion e um círculo mágico se formou na ponta de seu dedo, mas o grande leão pisou em um círculo mágico que apareceu em pleno ar abaixo de sua pata. Em um rápido ziguezaguear ele foi para as costas de Rian. Apertou o cabo da espada e deu um ensurdecedor rugido, mandando o sacerdote para baixo.

Boom!

Bonlion concentrou mana na espada e lançou dois enormes cortes arqueados imbuídos com mana carmesim.

Boom! Boom!

Mais poeira nublou o local. Os hobgoblins estavam confusos, não sabiam a quem atacar, pois nenhum deles nunca viu aqueles dois antes, mas por Rian estar lutando contra Bonlion eles não interferiram.

Ainda em queda livre, Bonlion concentrou mana para mais um poderoso corte e o lançou, levantando outra nuvem de fumaça e fazendo o muro de mármore rachar ainda mais.

Boom!

Bonlion veio ao chão com a mão cerrada pelo cabo da espada. Arfando, sua visão se concentrava na nuvem de poeira que lentamente se dissipava. Um vento forte levou a poeira, revelando Rian ainda inteiro, limpando a poeira da batina.

“Não consegui sequer arranhá-lo!” As feridas de Bonlion continuavam a sangrar a cada segundo, ainda mais após ele ficar maior e mais forte, bombeando ainda mais sangue “Quando o golpeei lá em cima, não senti como se meu golpe tivesse funcionado com êxito, ele bloqueou, mas como?” Bonlion usou a análise vendo uma camada fina de mana cobrir o corpo de Rian “Uma armadura de mana? Não, isso não seria o suficiente para bloquear o meu golpe, a menos que… É isso, ele usa gravidade, por isso conseguiu esmagar os Gnolls e Orcs lá em baixo, mas isso não é habilidade de um monarca arcano da terra? E pelo que sinto, o garoto está longe de ser um monarca, então como?”

— Você tem bons movimentos, para uma criatura, claro. Foi um bom aquecimento, mas prolongar uma luta com você não é interessante para mim, e acredito que seria uma perda de tempo para ambos. Qual o seu Deus, fera?

Bonlion dobrou os joelhos e se preparou para avançar.

Rian esticou a mão na direção do leão.

— Não irá me dizer? Ótimo, não precisarei orar para sua alma descansar em paz.

Boom!

Furioso, Bonlion avançou. Seu foco era arrancar a cabeça de Rian, mas ficou relutante quando o garoto abaixou seu braço, abrindo totalmente sua guarda.

“Porcaria, não era para um rei temer um sacerdote, então por que estou apavorado? Isso, é o medo da mor-”.

Crash!

O corpo de Bonlion foi obliterado, esmagado de cima para baixo assim que ele chegou a cinco metros de Rian. Nada restou além de sangue no local.

Hobgoblins sentiram um medo descomunal do homem lá em baixo e a ele apontaram seus canhões, os carregando rapidamente.

Rian limpou uma gota do sangue de Bonlion que havia respingado em seu rosto com o dedão e a lambeu, sentindo o gosto.

— Pensei que por ser um monstro, seu sangue fosse diferente, mas é apenas sangue, o mesmo gosto sem graça das outras raças.

Boom!

Um dos canhões foi disparado na direção de Rian, mas antes de atingi-lo, o projétil desviou a metros dele, indo em direção a outro grupo de Hobgoblins atrás do mesmo.

— Tsc… Essas criaturas inferiores, sempre tão irritantes. O carniceiro ainda não chegou, então não tenho mais o que fazer aqui.

Rian abriu os braços, apontando as palmas de suas mãos para lados opostos. O nariz dele começou a sangrar enquanto as colossais paredes de mármore do forte rachavam, desprendendo generosos pedaços de pedregulho, esmagando os Hobgoblins e abrindo um buraco nos muros que lentamente desabavam.

Os Goblins começavam a correr enquanto tudo desmoronava.  O chão começou a tremer, causando abalos sísmicos e uma fissura na terra abriu-se, se estendendo por parte do forte, engolindo aquele lugar como um buraco negro.

Após terminar, Rian estava de pé, flutuando com as mãos para trás. Ele abriu um sorriso admirado com toda destruição que causou.

— Estou me lembrando como se faz. — Ele olhou ao redor — Bem, ainda há muitos Hobgoblins vivos. As criaturas do território hostil devem estar chegando, assim como Nag e o meu alvo, Colin. — Ele abriu um sorriso largo e seus olhos esbugalharam — Merda, estou ficando empolgado! Ande logo, carniceiro, apareça de uma vez!

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