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Capítulo 200 – Caçadores de espectros

Brighid colocou os pés na banheira de água morna e se sentou, sentindo-se extremamente aliviada. Suspirou enquanto acariciava a enorme barriga. Já estava sendo difícil o suficiente se virar sozinha, e suas dores nas costas estavam a matando.

— Nagini! — Ela chamou. A Serpente veio rastejando dos fundos e ficou na beirada da banheira. — O que você acha de Cohen, Caiuyn e Celyne?

— O que esses nomes significam?

— Os nomes que estou escolhendo para meus filhos. Provavelmente eles vão nascer antes do Colin me encontrar, então…

A serpente sibilou e foi para perto dos ombros de Brighid.

— São nomes bonitos, mas porque todos começam com a letra “C”?

Brighid fez uma concha com a mão e molhou o rosto.

— Porque é a mesma letra das iniciais do pai. Faz parte da tradição das fadas. Por exemplo, meu pai se chamava Barin, então me nomearam de Brighid.

A serpente assentiu com um sibilar.

— Criaturas místicas e suas peculiaridades. Chamou-me aqui apenas para isso?

Brighid coçou a bochecha com o indicador meio sem jeito.

— Espero não ter enfurecido você…

— Não enfureceu. Aliás, boa escolha de nomes. Se não tem mais nada a dizer, gostaria de saber se posso voltar a dormir.

Brighid levou seus indicadores ao encontro do outro enquanto ainda estava sem jeito.

— Pode conversar mais um pouco comigo? Se não for incomodo…

— Você conversa o dia todo com os homens que veem aqui, não se cansa?

— Ah… é diferente conversar com estranhos e conversar com uma amiga.

A forma de Nagini começou a mudar.

Seu corpo ganhou forma humana da cintura para cima, enquanto da cintura para baixo havia uma grande cauda de serpente com um chocalho na ponta. O corpo de Nagini era branco como a neve e as escamas ficavam evidentes em seus braços. O cabelo dela também era um grande diferencial, formado por dezenas de serpentes brancas que sibilavam sem parar.

Seus olhos de serpente eram hipnotizadores, assim como seus lábios grossos e avermelhados.

— O que quer conversar? — Nagini fez uma concha com uma mão e molhou o cabelo de Brighid. Após isso, uma das serpentes de seu cabelo se esticou, apanhando um pente em cima da pia de mármore velho.

— Não sei… — Nagini começou a pentear os cabelos da fada — Estava pensando em escrever livros, o que acha?

— Livros? De que tipo?

— Ensinando magia. Meus filhos poderiam aprender o básico através deles, eu poderia vender cópias. Com o conhecimento que tenho, estava pensando que dez volumes seriam o suficiente para o básico.

— Cansou do crochê?

Ela fez que não com a cabeça.

— Não, mas acho que poderia deixar meu tempo mais produtivo. O que acha?

Nagini molhou o cabelo de Brighid novamente.

— Acredito que seja uma boa ideia. Mestra Morgana sempre reiterou o quão inteligente a senhorita é. Em pouco tempo conseguiria fazer uma boa quantidade de moedas, já que depois da queda de Ultan, usuários de magia se tornaram bem raros.

Ambas começaram a escutar burburinhos do lado de fora. Nagini rastejou até a janela vendo uma pequena multidão do lado de fora. Homens de capa preta conversavam com os habitantes. Usando a análise, ela constatou serem usuários de magia.

Várias coisas passaram pela cabeça da pandoriana, especulando quem eram aqueles homens, o que eles queriam, mas ela tinha outra prioridade, manter Brighid segura.

— Vista-se, parece que temos problemas.

— O que é?

— Não sei, mas seja rápida.

— T-Tá!

Após sair da banheira, Brighid enxugou o mais rápido que pôde e trajou um vestido amarelo-claro. Seu cabelo escuro estava molhado, e em seus pés ia um chinelo que pareciam pantufas. Eles serviam para amenizar as dores nos pés.

Nagini retornou a sua forma de serpente e ficou próxima aos pés de Brighid. Lentamente, a fada caminhou até a porta arrastando os pés e abriu a porta devagar, observando o que estava acontecendo.

Os homens de capa conversavam com o ancião.

— O medalhão não mente! — Magnus estava furioso — Há uma criatura do abismo neste vilarejo e não vamos ir embora até destruí-la!

De barba longa e cabelo grisalho, o ancião se sustentava em cima de uma bengala velha, que poderia quebrar a qualquer momento.

— Senhores — disse o ancião em um tom de voz cansado — não há nada assim aqui, acreditem em mim quando digo isso.

— Talvez haja! — disse uma das mulheres no fundo — A forasteira pode ser quem estejam procurando.

— Isso! — afirmou outra mulher — Ela deve ser uma bruxa que enfeitiçou os homens desse lugar!

Outro burburinho se iniciou.

Um alvo, era tudo que os caçadores de espectros precisavam para agir. Magnus fez que sim para seus homens, e muitos deles sacaram suas espadas se preparando para o confronto.

Magnus estreitou o espaço entre ele e o ancião, apoiando a mão no pomo da espada.

— Onde está essa mulher?

Sem saída, o ancião engoliu o seco e apontou para a casa de Brighid. Antes de completar o movimento, a fada fechou a porta e suspirou apoiando as mãos debaixo da enorme barriga.

— Só podem estar de brincadeira! — Talfen deu um passo à frente — Senhorita Brighid está grávida, pelos Deuses, onde está a compaixão de vocês?

— O garoto tem razão! — disse outro homem — Deviam sentir vergonha de acusá-la de algo tão vil só porque ela é uma mulher gentil!

Os moradores locais começaram uma discussão.

— O que faremos, senhor? — sussurrou um dos homens de Magnus — Vamos mesmo fazer isso?

— Somente por precaução. — Respondeu — Vamos dar uma olhada nessa mulher e se não tiver nada de errado, continuaremos procurando. A criatura deve estar aqui em algum lugar. — Magnus aumentou a voz — Pessoal, vamos dar uma olhada na mulher que falaram, se estiver tudo bem, nós apenas seguiremos nosso caminho, está bem?

Os rapazes continuaram achando aquela atitude um absurdo, mas as mulheres concordaram de imediato. Magnus e seus homens seguiram para a residência, junto aos habitantes curiosos.

Toc, Toc, Toc!

Brighid suspirou do outro lado da porta.

— Nagini, eu resolvo, tá?

— Tem certeza? — Brighid assentiu com um olhar firme — Se as coisas se complicarem, então…

— Então irei intervir.

Rastejando, Nagini se escondeu por perto, atrás de uma estante de livros vazia.

Após o suspiro, Brighid abriu a porta devagar, deixando uma fresta.

— Olá…

Alguns membros da ordem arregalaram os olhos. Faziam tempo que não viam uma mulher tão bela, até Magnus ficou um pouco desconcertado.

— Por que todas essas pessoas estão aqui? Aconteceu algo de errado? — Indagou Brighid em um tom de voz afável.

Os rapazes abaixaram ainda mais a guarda, principalmente por ver que ela estava mesmo grávida.

“Essa mulher é uma bruxa?” pensavam.

— Bem… Somos da ordem dos caçadores de espectros. — Magnus apontou para trás com o polegar sem se virar — Nosso medalhão disse haver um ser do abismo poderoso por aqui, então…

Brighid apoiou uma das mãos na boca fingindo espanto.

— Nossa, sério? Que horrível! Há algo que eu possa fazer pelos senhores?

Magnus coçou a nuca meio sem jeito.

— Não… — Ele suspirou — Me entreguem o medalhão, vamos acabar com isso.

Seus homens continuaram em dúvida. Não havia necessidade de fazer aquilo com ela, afinal, era uma mulher grávida que não aparentava perigo.

— Senhor… — sussurrou um dos seus homens — Não acho que seja necessário.

— Vamos, me entregue.

O rapaz assentiu, entregando o medalhão para Magnus que o ergueu na direção de Brighid.

— Isso será breve, senhorita, não se mexa.

O brilho do medalhão aumentou gradativamente, ele vibrou e a pedra em seu interior estourou como uma lâmpada.

Plock!

Os caçadores sentiram um terrível arrepio na espinha e se afastaram em um salto. Magnus, por outro lado, congelou e suor seco escorreu por sua têmpora enquanto ele se sentiu impotente perto daquela mulher.

— Senhor! — urrou um dos caçadores, fazendo Magnus recobrar a postura. No susto, ele se afastou em um salto, sacando sua espada e a envolvendo com mana, uma mana fina e refinada.

— Se preparem! — Os outros homens de Magnus sacaram suas espadas e começaram a preparar suas magias. Apesar de experientes, estavam em pânico, para o medalhão ser destruído daquele jeito significava que aquela mulher detinha um poder além da compreensão — Bruxa maldita! Pensou que podia nos enganar?

A população se entreolhou e se afastou assustada. As mulheres berravam dizendo que sempre souberam, já os homens ainda estavam com dúvidas.

— Senhor… — O semblante de Brighid permanecia inocente e cheio de dúvidas — O que significa isso?

Cerrando os dentes, Magnus apontou a espada para ela, mas suas mãos estavam trêmulas.

— O que significa? — Suor seco continuou escorrendo por sua têmpora — Você está morta, demônio! Rapazes, se ela estiver mesmo grávida, é melhor a matarmos antes que este demônio procrie. — Magnus abriu um sorriso nervoso de canto — Vamos fazer um lindo troféu com os ossos da aberração que ela carrega!

A expressão gentil de Brighid desapareceu. Os olhos esverdeados ficaram semicerrados e sua boca arqueou. O mais absoluto pavor foi o que os caçadores sentiram. Seus instintos diziam para fugirem o mais rápido possível, e suas mentes ficaram confusas de como uma mulher sem mana poderia ser tão assustadora.

Brighid empinou o nariz e os encarou com desprezo.

— Deviam ter ido embora quando tiveram a chance. — Até mesmo seu tom de voz mudou, indo de um tom afável para um ameaçador. Ela não falava como a doce Brighid, mas como uma das apóstolas do Deus morto.

A mudança repentina assustou principalmente os cidadãos.

— Eu sabia que era uma bruxa! — berrou uma das mulheres — Eu sabia!

“Senhorita Brighid?!” Talfen estava incrédulo.

— Nunca fiz mal a ninguém deste vilarejo — disse Brighid em um tom de voz imponente — E mesmo assim vocês continuaram me perseguindo, apontando o dedo para mim por inveja. Sabe o que eu devia fazer? Apagar esse vilarejo do mapa com todos vocês nele, mas não farei isso.

— Senhorita… — receoso, Talfen deu um passo à frente — Você é mesmo… um demônio?

Ela encarou o garoto com aqueles olhos cheios de ódio. Não havia mais volta. Brighid faria de tudo para proteger as crianças em seu ventre, então ser odiada por um garoto ou um vilarejo inteiro não era problema.

— O que acha, garoto? — Seus olhos frios encararam Magnus. O capitão daquele batalhão começou a tremer ainda mais — Se preza pela vida de seus homens, é melhor que saia daqui. Prometo ir embora e vocês nunca mais irão me ver, mas se resolver me atacar, não pouparei nenhum de vocês.

Magnus forçou um sorriso.

— Escutamos esse tipo de ameaça o tempo todo de demônios como você! Acredita mesmo que isso nos faria recuar? Nunca! Rapazes, se preparem!

— Nagini! — Chamou Brighid e a serpente rastejou até os pés dela — Você sabe o que tem que fazer.

A serpente cresceu, ficando em sua forma humanoide. Da cintura para baixo ainda permanecia sua cauda com chocalho. Encarar aquilo deixou os cidadãos tão apavorados que começaram a se dispersar. Alguns correram para dentro de suas casas, outros focaram em deixar a vila da montanha o mais rápido possível.

“Uma medusa?” se perguntou Magnus.

— Rapazes! — Vociferou — Vão com tudo! O futuro de todo oeste está em nossas mãos!

— Sim senhor!

Três homens avançaram rapidamente concentrando uma energia massiva nos punhos. O cerraram ainda mais forte e se prepararam para socar Nagini, que estava na frente de Brighid, protegendo-a.

Apesar de fortificarem seus corpos com mana, Nagini conseguia superá-los, já que sua mestra era uma monarca arcana da pujança. Precisaria de muito mais que guerreiros qualificados para abatê-la.

— Desapareça! — Com os punhos incandescentes, um dos monges saltou. De cima, ele viu a pandoriana parada e diversos pensamentos passaram por sua cabeça enquanto ele caía.

“Todo o meu treinamento será posto em prova! Que os Deuses me abenço-”.

Uma das serpentes que compunha o cabelo de Nagini, avançou contra o monge, indo na direção do pescoço.

Crash!

Em uma mordida, a jugular dele foi arrancada.

— Cuidado com as serpentes! — Vociferou um dos monges enquanto avançava.

Bam!

Ao se aproximar de Nagini, o monge tentou socá-la no rosto, mas ela segurou a mão daquele homem sem esforço, apesar de sentir que o golpe fora pesado. O corpo de serpente, da cintura para baixo, ganhou pernas cheias de escamas.

Crash!

Nagini aplicou um belo pontapé no abdômen daquele homem enquanto ainda o segurava pelo braço, ele fora jogado longe e o braço ficou.

— Homens! — berrou Magnus desesperado — Em formação!

Dez monges deram um passo à frente formando uma linha reta, assumindo a posição de combate. Seus pés direitos estavam ligeiramente para frente, enquanto os esquerdos estavam ligeiramente para trás. Os músculos de seus abdomens estavam contraídos e suas pernas estavam semiflexionadas. O braço esquerdo estava flexionado na altura do peito e o direito na altura do queixo com a palma da mão aberta.

Wooosh!

Começaram a concentrar uma abundante quantidade de magia, trazendo consigo a ventania. Cinco homens mais atrás seguravam lanças e também assumiram posições de combate, enquanto o restante estava um pouco mais atrás, preparando magias de longa distância.

— Acabem com o demônio!

Os lutadores avançaram, fortificando seus corpos com magia.

O primeiro deles tentou golpear Nagini no abdômen com os punhos, mas uma das serpentes do cabelo dela enrolou em seu braço e o jogou para longe, o enterrando em uma residência.

Boom!

Outro tentou um chute frontal, e Nagini o enterrou no chão com um soco, esmagando a cabeça daquele monge. Mais um avançou por seu flanco, mas foi recebido com um chute poderoso, causando um rombo em seu peito.

Crash!

Um dos monges chutou a canela de Nagini, mas sentiu uma rigidez poderosa. Saltou para trás, e quando percebeu, sua canela estava quebrada.

Dois monges saltaram em sua direção. A pandoriana concentrou mana nas mãos e bateu palmas, lançando uma onda de choque poderosa naqueles homens. Seus tímpanos estouraram, assim como seus olhos, coração e cérebro.

Os monges pararam de avançar, encarando Nagini abrir aquele sorriso de serpente enquanto sua língua bifurcada sibilava.

— Senhor! — Chamou um dos monges desesperado — O-O que faremos?

Aquele cenário havia se transformado em um verdadeiro inferno. A diferença de nível estava clara. A melhor saída seria Magnus se render, já que nem mesmo ele, o líder, pensava ter alguma chance.

— Bruxa! — Vociferou Magnus em seu tom de voz engrolado — Nós nos rendemos! Vamos deixá-la em paz, está bem?

Ansiosos, os caçadores aguardavam a resposta de Brighid.

— Não! — respondeu em tom firme — Dei a você uma chance, somente uma, e você a jogou no lixo. Levará para o túmulo o peso de condenar as almas de seus homens ao esquecimento.

Um dos monges se ajoelhou e largou sua arma.

Outros de sua equipe o seguiram, implorando misericórdia.

— Nos perdoe, senhora… — disse um deles com a testa apoiada na grama — Por favor, estou apelando para sua compaixão.

— Nos perdoe! — Outro apoiou a testa no chão.

— Senhora, perdão!

Brighid ergueu uma das sobrancelhas.

— Vocês me dão nojo. — Eles ergueram a cabeça — Vem até mim, ameaçam meus filhos, a mim, e depois de ficar claro a desvantagem simplesmente desistem? Nenhum de vocês será poupado, então ao menos sejam homens e morram lutando.

A maioria deles começou a tremer, outros, pegaram suas espadas enquanto continuavam relutantes em avançar. Aquela mulher era um ser poderoso do abismo, eles acreditaram em cada palavra do que ela disse.

— Nagini — Chamou Brighid — Você sabe o que tem que ser feito.

— Certo, não vou demorar.

Nagini avançou, e com as garras, rasgou a garganta de vários monges. Apesar das baixas aumentarem, eles não paravam de avançar já que não tinham nada mais a perder.

Magnus engoliu o seco ao ver seus homens que já passaram por tantos problemas juntos e enfrentaram tantos monstros diversos serem dilacerados por um único ser.

Enquanto seus homens caiam um por um, Brighid continuava concentrando seus olhos em Magnus.

— Recuar! — ele berrou — Recuem!

Seus homens estavam ocupados demais para darem ouvidos, e em menos de um minuto, havia um mar de vísceras e sangue. Magnus olhou ao redor e percebeu que ele era o único que havia restado.

— M-Merda!

Após engolir o seco, ele partiu para cima de Nagini concentrando mana na lâmina, deixando-a tão afiada a ponto de partir uma rocha sem esforço.

Woosh! Woosh! Woosh!

Nagini era escorregadia, esquivando dos golpes de Magnus sem problema. Ela cerrou o punho e atravessou o estômago de Magnus com um soco.

Crash!

O caçador deu alguns passos para trás e caiu de costas no chão, engasgando com o próprio sangue. Brighid apoiou uma das mãos debaixo da barriga e caminhou lentamente até Magnus. No caminho até ele, apanhou uma das lanças cravadas no chão e o encarou com seus frios olhos verdes.

— S-Sua… A Ordem vai caçá-la… V-Você e as aberrações que carrega irão morrer… — Magnus tossiu sangue mais duas vezes.

Brighid apontou a lança para a garganta dele.

— Então eles terão o mesmo destino que você.

Lentamente, ela enfiou a lança na garganta de Magnus, o fazendo engasgar ainda mais.

Após alguns segundo se debatendo, o líder dos caçadores morreu, junto a todos os seus trinta homens.

Os habitantes que ainda encaravam a cena ficaram sem reação. A maioria se ajoelhou e apoiou a testa no chão. Tanto as mulheres que a odiavam quanto os homens que a admiravam sentiram um pavor desmedido.

— N-Nos perdoe! — disse uma das mulheres chorando capciosamente — N-Não queríamos tê-la acusado de bruxa, p-por favor tenha piedade!

Brighid largou a lança cravada na garganta de Magnus e foi para dentro de sua casa. Pegou uma bolsa em seu quarto e jogou as roupinhas de bebê que fez dentro dela.

Aquelas eram as únicas coisas que ela tinha algum apreço. Pegou também alguns vestidos e itens de higiene pessoal, passando a bolsa por seu ombro. Dirigiu-se para fora de casa e encontrou as pessoas ainda ajoelhadas.

Brighid suspirou e seu semblante sério se desfez.

— Podem se levantar, não irei machucá-los.

Alguns se levantaram, outros continuaram de joelhos.

— Ouçam, se outros como eles aparecerem, não mintam. Digam que acabei com um batalhão inteiro e fugi. Eles não parecem ter intenção de ferir pessoas normais, então ficará tudo bem.

— I-Isso é sério? — indagou Talfen se aproximando de Brighid. O garoto estava assustado, mas se aproximou a ponto de ficar a alguns metros dela — A-A senhorita vai embora? O que aconteceu aqui não foi culpa sua, foi? A senhorita é uma boa pessoa, e-eu sinto isso…

Brighid se aproximou do garoto e afagou seus cabelos.

— Você é um bom garoto, Talfen. Eu gostaria de ficar, mas isso colocaria vocês em perigo — Ela abriu um sorriso gentil — Foi divertido passar um tempo com você. Se cuida, tá?

Talfen engoliu o seco e segurou a mão de Brighid.

— E-Eu posso ir com a senhorita! E-Eu ajudaria a criar os seus filhos e a ajudaria no que fosse necessário.

Brighid apoiou a mão no rosto dele.

— Talfen, eu sou casada, e não precisa se preocupar comigo, sei me defender.

— M-Mas-

— Ficarei bem.

O garoto engoliu o seco novamente e assentiu.

— Algum dia eu… eu verei a senhorita de novo?

— Talvez — Brighid acariciou o rosto do garoto — Você foi uma excelente companhia e um ótimo amigo. Adeus, Talfen.

Nagini estava ficando maior, assumindo a forma de uma gigantesca serpente branca. Seu corpo conseguia dar a volta no vilarejo tranquilamente. Foi apavorante para os moradores observarem aquela criatura ganhar todo aquele tamanho.

A gigantesca serpente branca abriu a boca e Brighid a adentrou. Após isso, Nagini começou a rastejar, descendo montanha a baixo, causando abalos sísmicos de baixa proporção.

Era questão de tempo até toda Ordem dos caçadores de espectros ficarem sabendo do ocorrido, já que o vilarejo abaixo da montanha viu uma enorme serpente branca deixar as redondezas.

Brighid se tornaria o alvo número um da Ordem. Eles a caçariam até o abismo se fosse preciso, mas a fada não se importava com isso. Mesmo sem poderes, ela confiava na força de Morgana e seus pandorianos.

Se a Ordem fosse atrás dela, seria apenas questão de tempo até que todo aquele grupo que ascendia na dinâmica de poder do Oeste ser completamente dizimado.

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