Selecione o tipo de erro abaixo

Samantha estava dividida entre ajudar a derrotarem a criatura ou impedir os demônios de adentrarem os portões. Os soldados de armadura prateada estavam morrendo gradualmente, mas eles ainda conseguiriam lutar.

Foi então que ela deu meia volta rumo aos portões. Ajeitou uma pequena seta em sua balestra e apontou para cima, disparando em seguida. Ao atingir o pico mais alto de seu trajeto, abriu-se um enorme círculo mágico amarelo no céu, e dele, começaram a cair dezenas de setas.

Stuck! Stuck! Stuck!

Muitas das setas atingiram os demônios, outras, apenas cravaram no chão. As criaturas continuaram avançando sem parar e Samantha forçou uma parada, derrapando. Ergueu o braço direito e estalou o dedo.

Boom! Boom! Boom!

Um muro de fogo foi erguido em uma linha reta por quase cem metros de extensão. As pessoas do ducado ficaram vislumbradas com aquilo, até mesmo os soldados de armadura prateada não puderam deixar de olhar.

— Acabem com a criatura! — Berrou Samantha olhando para trás — Eu cuido dos demônios!

Aqueles homens assentiram e ergueram as espadas.

— É só um demônio! — Berrou um dos soldados — Acabem com ele!

Os homens começaram a se organizar, formando um anel entorno da criatura. Os carniceiros mais jovens tomaram posição nos pontos mais altos como torres e telhados. Miraram seus arcos e balestras na criatura, esperando o momento certo para dispararem.

A criatura ergueu o braço para esmagar um dos soldados de cima para baixo, sendo alvejado por uma chuva de flechas. Uma das flechas acertaram seu olho e a criatura se debateu.

Após um berro, dobrou os joelhos e avançou contra os carniceiros no telhado. Eles se dividiram. Uma parte foi para trás se posicionando como flanco atiradores e a outra parte desembainhou adagas e espadas.

Eles estavam decididos a enfrentar a criatura de frente.

Boom!

Uma bola de fogo atingiu a criatura e ela rugiu mais uma vez. Seu rosto pegava fogo enquanto ela se debatia balançando os braços em todas as direções possíveis.

Boom! Boom! Boom!

Três grandes bolas de fogo atingiram o monstro, que começou a se debater ainda mais agressivamente.

— Agora!

Os carniceiros avançaram, cortando o monstro em pontos estratégicos. Primeiro destruíram os tendões da perna direita, fazendo-o bater um dos joelhos no telhado. Os flancos atiradores também fizeram sua parte, disparando incessantemente contra o monstro.

Soldados de armadura também avançaram em sincronia. Aproveitando que a criatura estava atordoada, cortaram aquele enorme braço que caiu dos telhados em um estrondo. Logo depois continuaram atingindo a criatura com mais e mais cortes, até que todos eles se afastaram, e um enorme círculo mágico apareceu em cima da criatura.

Dois magos de armadura recitavam encantamentos, e uma enorme bola de fogo despencou do céu, destruindo a criatura junto aquela residência onde estava.

Boom!

Todos se protegeram da onda de choque, e a criatura permaneceu numa pequena cratera, se debatendo enquanto tentava se recompor. Mais magos se juntaram e foram até a beirada, lançando magias de fogo no demônio incessantemente, até que estivesse completamente incinerado.

Aquilo havia sido uma vitória completa.

Samantha também estava do lado de fora, combatendo uma horda que não parava de chegar. Sua sorte era que com sua habilidade, suas setas eram quase infinitas, algo que ela preparou por meses.

Lá fora, havia um cenário de guerra. Plantações inteiras queimavam enquanto o sangue de demônios encharcava a terra fértil. Haviam milhares de partes de corpos deles espalhados entorno, e outra centena de buracos causados pelas setas explosivas de Samantha.

Os monstros deixaram de avançar e começaram a recuar, mas Samantha continuou atirando suas setas neles todos, os explodindo um por um até reduzir aquela enorme horda a nada.

Assim que o último deles caiu, não se ouviu mais nada, e as pessoas começaram a deixar seu esconderijo. Parte do ducado estava destruído, mas a maioria viu aquilo como vitória. Estavam sem seus melhores homens e mesmo assim haviam conseguido se virar contra demônios poderosos.

Se Samantha não estivesse ali, o resultado poderia ser outro.

Os carniceiros, junto aos homens de armadura prateada, começaram a se organizar para tratar dos feridos quanto antes. As baixas foram mínimas, a maioria era homens de Ayla.

Muitos agradeceram a Samantha pela ajuda, e perguntaram a ela de onde ela veio. A mercenária apenas disse que veio conversar com Colin, um amigo de longa data.

Disseram a ela que ele havia partido em uma expedição para limpar os territórios próximos e que voltaria em poucos dias. Até lá, Samantha resolveu ajudar no que fosse possível.


Nos fortes, a situação também estava controlada. Dasken enfrentou o mesmo demônio que atacou o ducado. A maioria de seus homens focavam suas habilidades exclusivamente no uso da força. Com uma estratégia elaborada de cerco, a criatura não foi páreo e ninguém foi morto.

Falone enfrentou um demônio de quase cinco metros com braços largos e poderosos. Entre os três comandantes, ele era o que melhor sabia organizar seus homens. Houveram algumas baixas do seu lado, mas conseguiram vencer a criatura usando estratégia de batida e retirada constantes, até que o demônio perdesse suas forças. Assim que aconteceu, avançaram com tudo, o estraçalhando e pendurando sua cabeça em uma estaca no alto da torre.

Lettini e seus homens enfrentaram um demônio alado, bem-parecido com aqueles que Colin enfrentava. A criatura era rápida, mas nem um pouco esperta. Lettini e seus homens atraíram o demônio com flechas, forçando-o a ir para mais à direita, onde seus ganchos tinham alcance.

Trouxeram o demônio para baixo e o esfaquearam até a morte sem muito problema. Lettini resolveu desmembrar o demônio membro por membro, dizendo que aquela era a vontade dos carniceiros, era a vontade de Colin.

Em seu grupo também não houve baixas.

O ataque de Alexander havia se mostrado um fracasso total. Ele esperava resistência, mas não neste nível. O experimento 33 tinha muito em que melhorar.

Colin ainda enfrentava os demônios em uma batalha frenética. O nível daqueles dois estava bem acima daqueles enviados para pontos estratégicos de seu território.

Ting!

Colin defendeu das garras de um deles com a parte plana da enorme espada e tentou cortar suas asas, mas a criatura esquivou-se por pouco.

Woosh!

Avançaram os dois em simultâneo. Colin continuou esquivando-se e se defendendo freneticamente de criaturas que ficavam mais rápidas a cada segundo.

— Você faz jus a sua reputação, carniceiro — disse Rian no fundo, observando tudo com as mãos para trás. — Destruiu o covil de goblins sozinho e ainda por cima venceu um terrasque. Você é sem dúvidas, especial. A meretriz de cabelo branco pode ter visto algo em você e resolveu usar em seu benefício próprio. Já pensou que ela pode estar te usando?

“A sensação que sinto é a mesma de quando enfrentei Nag.”

Com a parte plana da espada, Colin atingiu uma das criaturas no ombro, o afundando na parede do salão em um estrondo.

Boom!

“Eles são mais fracos que Nag, não é só isso, Nag era um ser perfeito, estes são todos deformados e cheios de imperfeições.” Colin saltou para trás, esquivando do avanço da outra criatura e continuou se esquivando daquelas garras velozes “Nag era um Orc, e esse são… humanos?”

Zium!

A criatura enterrada na parede bateu as asas, avançando na direção de Colin como um torpedo. Colin apoiou a ponta da espada no chão, dobrou os joelhos e saltou dando um giro completo, cortando a criatura ao meio.

Scrash!

 Suas duas partes caíram rolando, deixando suas tripas se espalharem pelo chão. Ele encarou a outra criatura, e franziu o cenho ao ver aquele semblante desfigurado exalar tristeza.

A criatura começou a lacrimejar, e aquilo deixou Colin em alerta. Pensou que fossem só monstros, mas eles tinham consciência.

— Ja…Ke… — balbuciou a criatura.

“Então eles sabem falar.”

Colin transformou Claymore em uma lança, levou o braço lá atrás e a jogou contra a criatura atônita, transpassando seu crânio.

Crash!

— Em vez de transformar usuários habilidosos de magia, escolheu fazer com humanos inexperientes? — Colin caminhou até sua lança cravada na parede e a arrancou de lá, transformando-a em uma espada — Pensei que Alexander fosse esperto. Depois de tudo que ouviram, vocês ainda me subestimam.

Rian assentiu com um sorriso.

— Como líder, você entende que alguns peões devem ser sacrificados para um bem maior. Eu queria apenas ver como os novos abençoados se saiam contra o “chefão”. — Ele olhou para os dois lados — Bem, parece que minha tentativa de o matar aqui foi um completo fracasso. Nós nos veremos em outra ocasião, carniceiro Colin.

Colin apontou a espada para Rian.

— Qual é, vai embora assim depois de elevar minhas expectativas em você?

Rian deu de ombros.

— Não há porque enfrentá-lo agora. Minha missão era testar as cobaias, não sujar minhas mãos enfrentando você. Melhor se apressar para retornar ao ducado. Não deve ter sobrado muita coisa.

Bam!

Rian ergueu o braço a tempo e conjurou uma barreira, bloqueando uma estocada de Colin. Fora algo quase instantâneo.

A barreira começou a rachar.

“Que força monstruosa!”

— Surpreendente, carniceiro!

Boom!

 A barreira emitiu uma luz forte o suficiente para repelir Colin, que se recuperou após derrapar alguns metros. Rian foi envolto por uma redoma púrpura e começou a flutuar em direção aos céus.

— Tenho que parabenizá-lo, você será a cobaia perfeita para testar tudo que o experimento 33 consegue fazer.

Colin apoiou a espada no ombro, o encarando de baixo.

— Experimento 33?

— Nos reencontraremos, carniceiro.

Uma fulgurante luz amarela envolveu Rian e ele desapareceu por completo. Poeira ainda caía do teto e havia ao menos vinte goblins no local. Colin estava preocupado com o que havia acontecido com seu ducado e com as garotas, mas terminaria o que começou e limparia de vez aquele covil antes de partir.


Após quase uma hora, Colin matou todos os goblins restantes escondidos, principalmente os recém-nascidos. Encontrou toda comida dos goblins em pontos profundos do covil e ponderou em realizar outra excursão para buscar os suprimentos.

Ouro, armas e armaduras também haviam aos montes. Havia comida o suficiente para um mês inteiro para todo ducado. Sozinho, seria impossível carregar tudo.

Era hora de retornar para casa.

Seria uma volta exaustiva. Ele estava sem cavalo, com sono e sujo de sangue. Provavelmente lutaria contra criaturas e animais durante toda volta.

Massageou os ombros enquanto se aproximava da entrada do covil. Alexander havia dado o primeiro passo, declarando guerra ao resolver atacá-lo daquela forma. Mesmo com Ayla, ele não achava prudente fazer o mesmo por hora.

“Experimento 33… É dele que Alexander tira o poder? É ele que tem atributos da grande árvore? Esses “abençoados” não eram tão fortes quanto Nag, mas se ficarem mais poderosos, pode ser complicado para meu o povo”.

Assim que estava próximo da entrada, viu várias silhuetas. Shalya estava ali junto as outras garotas que resgatou. Todas se apavoraram ao ver Colin coberto de sangue da cabeça aos pés.

— Shalya?! Eu não disse para vocês irem à frente?

Ela curvou o corpo.

— Perdão, senhor, mas aquelas criaturas que nos escoltavam desapareceram próximas à entrada do covil, então decidimos ficar e esperar o senhor… — Ela se recompôs — O senhor… Conseguiu? Realmente matou todos?

“Entendi, devem ter desaparecido quando a mana da Claymore acabou”.

Colin olhou para o fundo do covil e alisou o cabelo encharcado de sangue para trás.

— É, peguei todos, mas houveram algumas complicações. Enfim, estão todas bem?

Elas assentiram e Colin apontou para o covil.

— Tem quartos com suprimentos e vi um punhado de roupas lá atrás. Vocês podem ir lá se vestir. Aproveitem e tragam todo suprimento e armas que conseguirem carregar — Colin suspirou e encostou na parede, deslizando até se sentar — Vou ficar aqui e esperar vocês.

As garotas cruzaram olhares.

— Não precisam se preocupar — disse ele — Matei todos os goblins, confiem em mim. Goblins têm alguns carrinhos de mão também, pode ser útil para a gente. Só preciso descansar por cinco minutos.

Elas continuaram imóveis, até que Shalya deu um passo à frente.

— Vamos! Senhor Colin já fez muito por nós, vamos retribuir o favor!

Uma a uma as garotas concordaram, indo para dentro do covil. Todas tinham entre dez a vinte anos, jovens demais para terem vivenciado o inferno, mas estava tudo bem agora, em breve estariam em casa.

Picture of Olá, eu sou o Stuart Graciano!

Olá, eu sou o Stuart Graciano!

Comentem e Avaliem o Capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥