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Anoiteceu, e a resplandecente lua cheia brilhava no céu, iluminando por inteiro a ilha das fadas. A lua estava enorme, tão grandiosa e tão próxima que dava a impressão de ser possível tocá-la.

O vento frio invadia as casas, alcançando uma residência que foi recém construída para adaptar-se ao tamanho de pessoas comuns. 

Do lado de fora estavam algumas fadas, ansiosas para receber alguma boa notícia. Na casa ouviam-se gritos de dor de uma mulher.

Brighid estava deitava na cama de pernas abertas, corpo todo suado e vestindo uma camisola bem fina. O rosto dela estava corado e sua respiração bastante ofegante. Aquele trabalho de parto já durava 8 horas interruptas.

Jayla, sua mãe, outras fadas maiores e Morgana ajudavam no parto.

Exceto pela vampira, todas estavam cansadas e Brighid tentava tirar forças para que as crianças saíssem o mais rápido possível. Ela já não sabia de onde tiraria forças para prosseguir com o parto.

Então, a cabeça de um deles apareceu e Brighid gemeu enquanto fazia ainda mais força.

— Vamos! — disse Jayla ansiosa — O primeiro já está vindo! Grandona, nos ajude!

Engolindo o seco, Morgana ficou com as mãos próximas à vagina de Brighid e observou uma cabeça que estava começando a aparecer.

— Filha, mais força, vai, você consegue!

Brighid rangeu os dentes e gemeu bem alto enquanto a primeira criança era empurrada para fora. Aqueles gritos assustaram até mesmo Morgana.

Assim que a cabeça apareceu por completo, o resto do corpo começou a ser empurrado para fora. Foi quando Brighid parou de gemer e começou a berrar.

Finalmente veio ao mundo a primeira criança.

— Morgana, envolva o bebê em uma manta, rápido!

Jayla cortou o cordão umbilical com magia e Morgana, com um cuidado que jamais teve, envolveu o recém-nascido em um pano limpo.

O bebê mexia os bracinhos e as pernas do jeito que podia. Não demorou até que ele começasse a chorar. Era a primeira vez que a vampira segurava algo tão puro. Ficou com medo de que seu jeito mais bruto o ferisse de alguma forma. Com esmero, ela o deitou em um berço onde as fadas se certificaram de limpá-lo.

— É um menino! — disse uma das fadas — Um menino perfeito!

Brighid queria vê-lo, mas ainda tinha mais dois para chegar. Fez ainda mais força e foi a vez de outro menino sair.

O cordão umbilical foi cortado, Morgana o envolveu com um pano, o colocou em outro berço e ele foi limpo, iniciando em seguida um choro bem alto.

— Outro menino perfeito! — Comemorou a fada.

Brighid estava a um passo de desmaiar. Havia feito tanta força que seu corpo estava molenga. Ela parecia ter pulado em um lago de tão suada que estava.

Era a primeira vez que Morgana via tanto sangue fora dos grandiosos banquetes de Graff.

— Eu não aguento mais… — A voz de Brighid estava rouca, cansada.

Sua mãe, que se parecia muito com a filha, segurou uma das mãos dela.

— Falta somente mais uma, meu amor, e depois acabou. Vamos! Você consegue!

Brighid assentiu e respirou fundo.

Morgana se posicionou novamente e Brighid começou a fazer força mais uma vez. Ela mordeu um pano para que seus dentes não trincassem e segurou a cabeceira da cama, quase a quebrando.

As fadas do lado de fora se assustaram com os grunhidos assustadores.

A garota começou a sair.

Diferente dos irmãos que tinham cabelo preto, a garota tinha fios de cabelo esverdeado. Brighid continuou se esforçando e a garota saiu por inteira, iniciando o seu choro.

As fadas no quarto estavam bastante emocionadas, principalmente porque foram 8 horas de trabalho de parto e era incomum nascerem três crianças com sangue místico.

Normalmente fadas nasciam uma, a cada século, mas três de seus descendentes vieram ao mundo no mesmo dia. Aquele seria um acontecimento que entraria para a história das fadas. 

Os olhos semicerrados de Brighid vagavam pelo quarto e sua respiração continuava pesada. Ela recuperou o fôlego e olhou para Morgana.

— Morgana… — Sussurrou — Posso vê-los?

Jayla assentiu e Morgana pegou o primeiro garoto que havia parado de chorar em seus braços. Ele era tão pequeno que quase sumia nas mãos dela.

A vampira também estava um pouco emocionada. Ela nunca havia participado de um parto antes, e seu tempo com Brighid a fez se apegar a amiga. A fada era gentil, calma, e uma boa companhia. Após passar vários meses fingindo serem irmãs, parte de Morgana havia se apegado a essa ideia. 

— Olha só a mamãe! — Morgana entregou o garoto nos braços de Brighid e ela não se conteve de emoção.

Três vidas haviam sido geradas dentro dela, fruto de um amor bem intenso. O começo da gravidez foi bem difícil. Ela havia se separado do pai de seus filhos, mas Morgana cuidou dela durante aquele momento de fragilidade, e ela era extremamente grata a ela por isso.

O menino que segurava tinha a pele morena, cabelos escuros e seus olhos, que abriram um pouco, eram de um amarelo intenso. Era uma cópia de Colin, assim como Colin era quase uma cópia do pai.

O sorriso bobo da mamãe entregava sua felicidade. O garoto continuava encarando a mãe e esticou os braços miúdos para tocá-la.

— Ele é lindo… Você irá crescer e será bem-parecido com seu pai, só espero que seja um pouco mais calmo. Seu nome será Cohen, o mais velho. Você guiará seus irmãos por um caminho justo e honroso.

Morgana pegou o pequeno Cohen e o devolveu ao berço. O cobriu e pegou o filho do meio. Ele também tinha cabelos escuros, olhos amarelos, mas seu tom de pele era mais claro, como o dela.

— Como é fofo! — Brighid não parava de sorrir — Você é o filho do meio, seu nome será Caiuyn, o do meio. Você será o responsável por manter seus irmãos unidos, então desejo força a você, meu amor!

Após envolver a criança em um manto, Morgana o devolveu ao berço e entregou a Brighid, sua filha mais nova. Seu corpo era menor que dos seus irmãos, seu cabelo era esverdeado como o da mãe e seus olhos eram amarelados como os do pai.

Brighid a pegou nos braços e tocou gentilmente seu narizinho enquanto sentia seu coração inundar-se de felicidade. A menininha teria seus traços, e ela se sentiu mais sentimental que o normal ao ver uma versão diminuta de si mesma.

— Ela é minha cara, não é?

Morgana assentiu, apesar de não ver distinção nos rostinhos rechonchudos e enrugados.

— Finalmente você, a caçula. Seu nome será Celyne. Se seus irmãos puxarem demais o papai, você estará aqui para puxar a orelha deles e mantê-los no caminho certo.

Era estranha a sensação de ser mãe. Brighid sentia como se seu mundo se resumisse aqueles três, um laço que havia sido criado desde as primeiras semanas de gestação que agora haviam se fortalecido.

Sua alma havia sido marcada para sempre.

Brighid, por um momento, ficou preocupada com Colin. Ela sabia que ele era instável, e não sabia como ele estava, mas ela suplicava para os doze que estivesse bem, afinal, ela queria que o marido sentisse aquilo que ela sentia ao ver todos seus filhos bem e saudáveis.

No momento ela tinha que se concentrar nas crianças, ser o porto seguro para eles. O continente estava um caos, era perigoso voltar no momento. O melhor seria ficar na ilha e se fortalecer com o tempo.

Seus poderes voltariam gradualmente.

“Desculpa, Colin, mas aguenta mais um pouco. Cuidarei dos nossos filhos e depois você cuida da gente.”

   — A gente vai arrumar tudo por aqui — disse Jayla mal contendo a emoção. Ela era avó, um privilégio que poucas fadas tinham — Por que não descansa, mamãe?

Brighid esboçou um sorriso de canto e cerrou os olhos. Ela não queria nem se trocar ou tomar um banho. Estava tão cansada que dormiria fácil por vários dias.

Cerrando os olhos, ela se sentiu a mulher mais feliz do mundo.

No céu, tão alto que quase tocava as nuvens, Coen estava de pé em um círculo mágico encarando a gigantesca ilha das fadas. As luzes simplórias daquela ilha reluziam dando um encanto único ao lugar. Agasalhado, o errante estava com as mãos nos bolsos enquanto o vento açoitava suas vestes.

Woosh!

Outro portal abriu-se ao seu lado.

— Imaginei que estaria aqui — disse Ehocne com as mãos nos bolsos do agasalho.

— Meus netos e seus sobrinhos nasceram. — Ehocne continuou em silêncio — Isso me faz lembrar quando você e sua irmã vieram ao mundo. Celae ficou genuinamente feliz, ficou mais brilhante, mas isso desapareceu conforme a doença agravou. Só voltou a ficar sorridente novamente quando seu irmão nasceu.

Ehocne encarou o pai e também olhou para baixo.

— O que o senhor vai fazer?

— Eu? Nada. A vampira está lá em baixo e seus pandorianos estão por perto. Enfrentá-la sem um plano é perigoso, afinal, estamos falando do cão de guarda da terceira geração. Por hora, vamos retornar.

Ehocne assentiu.

— Certo.

Ela retornou para o portal e desapareceu.

Coen abriu um sorriso olhando a ilha mais uma vez.

“Rainha do abismo e sua cadela vampira, melhor que aproveitem o tempo que resta a vocês.”

Um portal se abriu a sua frente e ele também desapareceu. 

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Olá, eu sou o Stuart Graciano!

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