Selecione o tipo de erro abaixo

O grande dia do torneio havia finalmente chegado.

Era a primeira vez que eles adentravam os portões da universidade e ficaram surpresos ao ver tantas pessoas. Após entregar as pedras que receberam durante a inscrição na entrada, foram orientados a seguir para um lugar que funcionaria como uma espécie de coliseu.

A arquitetura do lugar era bem única, estando em simbiose perfeita com a natureza. Outras construções se assemelhavam bastante a casas e estalagens medievais de madeira e pedra lascada.

Após caminhar por minutos, seguiram a multidão e passaram por um corredor decorativo, onde haviam diversos quadros de pessoas que Colin não fazia ideia de quem eram.

Os três atraiam diversos olhares, principalmente Brighid que era muito bela.

Ela atraía o olhar de garotos, adultos e idosos, era quase como se fosse uma celebridade. A aura que ela transmitia era doce e gentil, fazendo qualquer pessoa abrir a guarda assim que ela se aproximava.

Colin portava sempre seu semblante fechado, e na maioria das vezes atraia olhares de raiva ou medo. A pequena Safira ficava um pouco perdida com tantos olhares concentrados nela.

Seus olhos se concentravam exclusivamente no chão bem encerado, em que se dava para ver o próprio reflexo sem problema.

Um a um, os alunos se dividiram.

Colin e seu grupo seguiram juntos por um corredor bifurcado que dava direto para a arena.

— Ei! Brighid! — chamou Colin. — Você não tem aquela maldição que você não pode machucar humanos?

Ela fez que sim e sorriu.

— Não há tantos humanos aqui, e fica tranquilo, existem diversas maneiras de se derrotar alguém sem a ferir.

Colin desviou olhar encarando Safira.

— E você, tá legal? — Ela fez que sim.

— Não precisa se preocupar conosco, deveria se preocupar com você. O senhor não tem tanta mana, e dá para sentir que tem muita gente forte por perto.

Ele deu de ombros e afagou os cabelos de Safira.

— Relaxa, pequena, eu me viro.

Eles haviam chegado à Arena de combate que parecia mais um coliseu.

Na plateia, quase todo veterano estava presente, além de alguns habitantes locais.

O recrutamento de novos estudantes era tratado como forma de espetáculo. Diferente dos alunos da elite, dentre os bolsistas, somente os melhores se destacavam. Para acompanhar o show, estavam alguns vendedores ambulantes, comerciantes da alta cúpula, caçadores de talentos e até mesmo membros de guildas que serviam diretamente ao império.

Na plateia estava vários veteranos, incluindo os mais poderosos da universidade.

De braços cruzados e com um dos pés em cima do banco, Stedd estava prestando atenção em Colin lá em baixo. Ao seu lado esquerdo, estava uma Elfa negra de pele levemente rosada e o Elfo Elhad.

— Aquele Elfo Negro é o daquele dia, não é? — perguntou Elhad. — Aquele cara com as duas garotas?

Stedd abriu um sorriso.

— É ele sim! Anton também está ali.

— Isso não devia ser justo! — disse Sashri, a Elfa negra. — Anton é mais forte que quase todos esses calouros. E você disse que ele caçará aquele garoto… Colin o nome dele, não é?

Stedd fez que sim.

— Parece que Wiben pagou caro para Anton dar um jeito em Colin.

Ela ergueu a sobrancelhas desconfiada.

— E como você sabe disso?

Stedd deu de ombros.

— Tenho meus contatos.

— E onde está Loafe? — perguntou Elhad.

— Esse tipo de espetáculo é entediante para ele. São só um bando de bolsistas brigando por migalhas. Soube que além de Anton e Colin, existem outros bem fortes. Esse ano será interessante.

Ouvindo o barulho de botas pesadas, Stedd retirou seus pés do banco e um Orc enorme passou por ele, sentando-se ao lado de Elhad.

O Orc ocupava dois assentos e meio. Ele estendeu a mão para Stedd entregando-lhe um saco de pipocas.

— Aqui está, Stedd; — disse o Orc em um tom bastante grave.

— Valeu, Kodogog! Agora é só aproveitarmos o espetáculo.

Em um palanque superior, junto a outros professores, estava o diretor Hodrixey e sua secretária Millie, uma Elfa da floresta de pele clara e cabelo castanho amarrado em um coque.

Hodrixey vestia um terno simples e aparentava ser alguém jovem, bem diferente do que Colin imaginava. Ele tinha cabelo preto, olhos claros e barba rala.

O diretor esperou todos os alunos chegarem à arena e recitou um encantamento que fazia com que sua voz ribombasse para todos os cantos, como um alto-falante.

— Bem-vindos! Espero que estejam ansiosos para os grandes combates de recrutamento. Ano passado fizemos uma prova escrita, mas este ano resolvemos focar em combates diretos para familiarizar vocês com batalhas reais. Os professores e eu chegamos a um consenso, haverá uma grande batalha aqui, uma batalha de grupos.

Um burburinho se iniciou entre os candidatos.

Alguns se conheciam, mas a maioria estava participando sem nenhum companheiro. Colin e as garotas eram uma exceção.

“Um battle royale?”

— Se juntem em times de quatro pessoas, vocês têm cinco minutos antes do início da prova.

Rapidamente, pessoas próximas as outras formaram grupos. Alguns chamaram Brighid e Safira, mas elas recusaram educadamente.

Ninguém queria se juntar a um grupo onde Colin estivesse, principalmente por ser um mal-encarado e, outros participantes próximos à guilda de Loafe sabiam que ele seria caçado por Anton e seus homens.

Um garoto, um pouco mais alto que Safira, cutucou Colin no ombro.

Colin se virou, deparando-se com um pirralho de cabelo ruivo portando um sorriso gentil.

— Posso entrar no seu grupo? — perguntou o moleque.

Colin olhou para os dois lados, esperando que mais alguém estivesse disposto a entrar no seu grupo, mas só recebeu olhares de desprezo e ódio para com ele. Como faltavam alguns segundos, Colin cedeu ao pedido.

— Só não nos atrapalhe.

O garoto fez que sim e entrelaçou os dedos atrás da cabeça.

— Não atrapalharei, senhor!

— Pode me chamar de Colin. Essas são Safira e Brighid.

Ambas cumprimentaram com a cabeça e Kurth curvou o corpo realizando uma reverência.

— Me chamo Kurth, muito prazer!

Hodrixey anunciou que o tempo havia esgotado, e estava formado 270 grupos.

Círculos mágicos apareceram abaixo de todos os grupos e todos os alunos brilharam intensamente.

Woosh!

Eles foram teleportados para um lugar o meio de uma cidade pós-apocalíptica.

As estruturas e prédios de arquitetura gótica pareciam abandonados a eras. As estradas calçadas estavam cobertas por grama e o clima que imperava era o entardecer. Atrás deles havia uma floresta densa que causava calafrios somente ao encarar. 

Um imenso telão feito puramente de mana foi exibido acima da arena onde os estudantes outrora estiveram, focando em vários grupos promissores, pareciam-se muito com os telões de futebol da terra.

Os estudantes mantinham-se concentrados, com seus olhares fixos nas peças restantes das equipes.

Entre eles, Brighid destacava-se por sua notável beleza, atraindo olhares curiosos de todos ao seu redor. No entanto, não era apenas sua aparência que despertava interesse, mas também seu poder mágico.

Os mais sensíveis às artes arcanas ficavam assustados com a intensidade de sua aura, enquanto outros, como Anton, sentiam-se profundamente admirados.

Uma gota de suor escorreu pela têmpora de Anton, mas longe de intimidá-lo, isso apenas aumentou sua excitação.

Colin, o alvo principal de seu interesse, aparentava não possuir uma grande reserva de mana, mas seu olhar enigmático transmitia uma sensação de perigo iminente.

Essa ameaça apenas instigava ainda mais o entusiasmo de Anton, pois o desafio e a imprevisibilidade do trabalho tornavam tudo ainda mais interessante.

Seria uma oportunidade única para ele testar suas próprias habilidades e provar-se digno do seu lugar naquela disputa intensa.

Um número apareceu no topo da arena, o número exibido era o 135.

— Apenas metade dos grupos irão passar desta etapa. — A voz do diretor vinha de todos os cantos daquele lugar. — Quando este número chegar a zero, significa que os que sobrarem terão passado e serão bem-vindos na universidade. Uma das principais virtudes de um mago é saber trabalhar em equipe, fundindo a batalha e estratégia. Não se preocupem de lutarem até a morte, no momento que receberem um golpe fatal, vocês serão teleportados em segurança, mas estarão eliminados. Boa sorte a todos!

Centenas de círculos mágicos apareceram abaixo dos estudantes e todos os grupos foram separados.

O grupo de Colin foi parar em meio a mata, afastado de tudo e todos. A partida mal havia começado, e eles escutaram uma explosão ao longe. Ao olhar para o telão no topo da arena, viram o número: 134.

— Então começou — murmurou Colin.

— Qual o plano? — perguntou Kurth à Colin.

Ele coçou a bochecha e se agachou em cócoras. Apanhou um pedaço de graveto e começou a desenhar na terra.

Desenhou o rosto caricato de sua equipe.

— Hodrixey não disse que se um do grupo ficasse incapacitado todo o grupo seria desclassificado, então estou desconsiderando esta opção. Acredito que se sobrar um de nós, então ainda estaremos na competição. A melhor forma seria nos separarmos e eliminarmos o máximo de equipe que conseguirmos.

Ele circulou seu personagem e o de Kurth.

— Eu e Kurth seremos uma dupla, Brighid e Safira serão outra. Hodrixey não disse que éramos obrigados a lutar, mas essa prova não faz sentido sem combate. Concluo que esta prova é para ver o nível de habilidade tanto em combate quanto a habilidade para evitá-lo. A prova não tem tempo, e isso nos dá uma vantagem.

Colin olhou para os números no céu.

[131]. 

— Não precisamos de pressa. — Voltou os olhos para seus companheiros — O mais sábio seria ficar aqui e esperar, mas estou com vontade de lutar, preciso tirar essa tensão dos meus ombros e ver o nível das pessoas que estão nessa prova.

Colin encarou Kurth.

— Antes de prosseguirmos, preciso saber qual sua árvore. Somos uma equipe, e precisamos ser sinceros uns com os outros aqui, portanto não esconda nada.

Kurth engoliu em seco e fez que sim.

— Sou pertencente a árvore do vácuo, classificado como mago de nível dois. Minha especialidade se resume a grandes ataques de destruição concentrada, normalmente sou bem inútil no corpo a corpo, mas minha magia é bastante eficiente contra grupos grandes.

Colin fez que sim e olhou para Brighid, que assentiu com a cabeça.

— Certo, então nossa formação continua sendo perfeita. Safira pertence à árvore da Flama nível 3. Sou da árvore do céu, nível 2, e Brighid…

Colin hesitou, ponderando sobre revelar a verdade, mas optou por manter algumas informações ocultas, pelo menos por enquanto.

— Brighid pertence à árvore do Conjuro, nível 5.

Kurth arregalou os olhos, tomado pela surpresa.

Era a primeira vez que ele tinha a oportunidade de estar diante de um usuário de nível cinco, e para sua espantosa admiração, era uma mulher de uma beleza extraordinária. O rapaz engoliu em seco, sentindo um nervosismo palpável, mas conseguiu assentir timidamente, incapaz de conter a intensidade de suas emoções diante dessa descoberta inesperada.

— Vocês… são todos incríveis… não sei se consigo acompanhá-los… — murmurou ele.

Colin tocou no ombro do garoto.

— Não precisa se preocupar conosco, somos uma equipe agora, eu protejo você durante a prova, e garanto que elas farão o mesmo.

Safira sorriu e fez que sim. Brighid fez o sinal de vitória com os dedos enquanto exibia um sorriso gentil.

— Senhor Colin… darei o meu máximo!

— Era isso que eu queria ouvir, vamos nessa!

Antes de partir, Brighid chamou Colin em um canto e eles afastaram-se das crianças. A preocupação de Brighid era com o nível das pessoas naquela prova.

Ela conseguia se virar, mas não poderia dizer o mesmo de Colin, que aparentava ser um pouco inconsequente em seu jeito de agir.

Os olhos dela exalavam preocupação enquanto o encarava.

— Tem muita gente forte aqui… — disse ela cruzando os braços e aproximando-se dele em um passo, falando mais baixo, quase sussurrando — Tem certeza que é melhor a gente se separar? Sei que treinaram, mas mesmo assim…

— Não precisa se preocupar, não vai acontecer como daquela vez no beco.

Brighid desviou o olhar.

— Ei! Não confia em mim?

— Confio…

Colin tocou o indicador na testa dela.

— Então não faz essa cara, você fica mais bonita quando tá sorrindo.

Brighid franziu os lábios e abriu um sorriso de canto enquanto corava.

— Se cuida, fada.

— Vo-Você também!

Kurth e Safira observavam aqueles dois de longe.

— Eles são namorados? — indagou Kurth com os dedos entrelaçados atrás da cabeça.

— O quê? N-Não! São só bons amigos.

— Entendi…


Bem no meio da cidade, sem se esconder de ninguém, Anton esperava que alguém viesse o enfrentar em campo aberto, mas todos sabiam quem ele era ou ouviram histórias sobre suas habilidades.

— Para onde vamos? — perguntou a pandoriana coelho olhando para os dois lados.

— Caçar aquele tal de Colin? — perguntou um humano de cabelos pretos e olhos azuis ao lado da pandoriana.

— Não sejam tão apressados. — disse Anton massageando os ombros — Sentiram a mana daquela mulher de cabelo verde, não sentiram? Colin não é o problema aqui, ela sim! Se encontrarem Colin, vocês têm permissão para derrotá-lo. Se encontrarem com aquela mulher, não a enfrentem.

Anton olhou para o contador e depois encarou seus companheiros.

— Vamos nos separar.

A pandoriana e o humano fizeram que sim e se dispersaram, restando apenas Anton e um Elfo negro. Diferente de Colin, o Elfo tinha orelhas pontudas e sua altura passava de dois metros.

— O que vai fazer? — perguntou o Elfo enquanto estava sentado meditando. — Consegui rastrear Colin, vai atrás dele?

Anton apoiou uma das mãos no queixo.

— Memorizou o formato da mana da mulher de cabelo verde?

O Elfo fez que sim.

— Espera aí, Anton, não me diga que…

— Isso mesmo! Ela e Colin estão juntos?

— Não. Acabaram de se separar.

— Perfeito! Vamos indo.

Relutante, o elfo engoliu em seco e olhou mais uma vez ao redor. Ele sabia que Anton era forte, mas a mana que vinha da mulher de cabelo verde era mais poderosa, poderosa o bastante para se igualar a um monarca e isso o assustava.

— Aquela mulher pode ser um Monarca… — disse Crizyus, tentando fazer o companheiro mudar de ideia.

Anton parou de se mover e encarou o amigo por cima dos ombros.

— E daí?

Crizyus engoliu em seco.

— Não acredito ser uma boa ideia enfrentá-la…

— Até parece que esqueceu que sou um usuário de nível 7. E outra, minha árvore é a mais destrutiva dentre todas as doze. Lutar contra a possível Monarca será moleza.  Já venci outros monarcas antes, então relaxa.

Crizyus tinha fé completa em Anton, afinal, ele nunca perdeu uma briga desde que era um usuário de nível 3.

Anton nasceu com um propósito claro: alcançar a excelência em tudo o que fazia. Desde o início, sua criação foi meticulosamente planejada para garantir que ele tivesse todas as ferramentas necessárias para triunfar.

O dinheiro nunca foi um obstáculo, pois Anton teve acesso aos melhores mestres, equipamentos de primeira linha e uma biblioteca repleta dos mais valiosos e raros livros.

A busca implacável pela perfeição acabou moldando Anton de uma maneira peculiar. Sua prepotência era evidente, alimentada pelo conhecimento que adquiriu e pelas conquistas que alcançou.

O egocentrismo tornou-se uma característica marcante em sua personalidade, pois ele acreditava que tinha o direito de se sentir superior.

E, de fato, quando se tratava de combate, Anton conseguia facilmente se posicionar entre os cem melhores do continente, mostrando habilidades que deixavam seus oponentes admirados e temerosos.

Picture of Olá, eu sou o Stuart Graciano!

Olá, eu sou o Stuart Graciano!

Comentem e Avaliem o Capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥