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Situado no meio de uma floresta de pinheiros coberta por neve, estava um chalé. A construção de madeira tinha dois andares, com um telhado íngreme coberto de neve. As paredes de madeira eram escuras e contrastavam com a paisagem branca ao seu redor.

As janelas do chalé eram grandes e estavam decoradas com cortinas brancas. Elas ofereciam uma vista deslumbrante da floresta e do cenário de neve. Ao entrar no chalé, era possível sentir o cheiro de lenha queimando na lareira. O interior era decorado com objetos de madeira esculpidos à mão e tecidos quentes, criando um ambiente aconchegante e agradável.

Dentro dele, Safira estava muito bem agasalhada, usando casaco escuro, cachecol, calças, meias grossas e uma touca. Sentada em frente a lareira, ela quebrava os gravetos e jogava no fogo.

Sentada em seu ombro, estava uma Pixie.

A criaturinha com asas de borboleta tinha um tamanho pequeno, cerca de 15 centímetros de altura. Suas asas eram delicadas e coloridas, com um padrão de borboleta em tons de rosa, laranja e amarelo. Quando flutuava no ar, ela as mantinha sempre em movimento, vibrando rapidamente.

Seu cabelo era branco como a neve, com fios finos e leves que caíam em ondas soltas até seus ombros. Ela tinha olhos grandes e expressivos, em um tom de roxo claro que brilhava suavemente. Sua pele era de um tom roxo pálido, com um brilho suave.

Ela estava vestida com um vestido feito de pétalas de flores em tons de rosa e violeta. As pétalas eram presas com fios de ouro delicados, formando um vestido elegante e fino. Ela usava uma tiara de folhas verdes em sua cabeça, adornada com pequenas flores brilhantes.

— Esse lugar é um tédio — disse a Pixie em uma voz aguda. — Faz dois dias que estamos aqui e não encontramos nada.

— Você tem que aprender a relaxar — respondeu Safira quebrando mais um graveto. — Não precisamos ter pressa em um tempo como esse.

— Não foi você que ficou milhares de anos presa numa esfera — disse a Pixie fazendo beicinho. — O frio não vai matar a detentora da chama primordial, vamos sair logo daqui e voltar para casa.

Safira suspirou e ergueu-se.

— A gente pode pegar lenha, mas não usarei magia para me manter aquecida.

— Minha nossa, quanta frescura.

Sem dizer mais nada, Safira foi até a porta e desceu o capuz felpudo até a testa. Girou a maçaneta sendo açoitada pelo frio glacial. Fechou a porta atrás dela e enfiou as mãos nos bolsos do agasalho.

Suas pegadas deixavam marcas que logo eram apagadas pelo vento. Safira caminhou em silêncio por alguns minutos e encontrou a árvore que queria cortar.

Era um grande pinheiro com seu tronco grosso e forte, coberto de casca áspera e escamosa em tons de marrom escuro e cinza. Os galhos do pinheiro se estendiam em todas as direções, formando uma copa densa e ampla. Suas agulhas eram longas e finas, em um tom de verde-escuro brilhante, formando um tapete denso que cobre a árvore. A fraca luz do sol penetrava pela copa, criando uma sombra suave e acolhedora sob a árvore.

— Nix, minha foice.

A Pixie estalou os dedos e uma rachadura abriu na frente de Safira. Ela enfiou sua mão lá dentro e retirou sua foice, a mesma que havia ganho de Elhad.

Aquela lâmina era afiada e curva em formato de meia-lua, também era feita de um metal negro escuro e brilhante, com um fio afiado e serrilhado que causa ferimentos profundos. O cabo era longo e esguio, também feito de metal negro, e tinha um adorno na ponta do cabo que representava uma cabeça demoníaca.

Wosh! Wosh!

Girou a foice sobre o eixo da mão e cortou o ar duas vezes, devolvendo a foice a rachadura no espaço que desapareceu em seguida.

O grande pinheiro começou a ranger alto e a balançar violentamente, como se lutasse contra uma força invisível. Seus galhos tremeram e suas agulhas foram agitadas pelo vento, até que, finalmente, com um estalo alto e um estrondo ensurdecedor, a árvore caiu pesadamente no chão.

Bam!

O impacto foi tão forte que o solo tremeu e a neve foi levantada ao redor da árvore caída. A copa do pinheiro se espalhou pelo chão, assim como os galhos quebrados e as agulhas que também foram espalhadas em todas as direções.

Safira crispou os dedos e suas unhas cresceram afiadas. Ela as enfiou na base do tronco e começou o arrastar com uma das mãos enquanto mantinha a outra aquecida no casaco.

— Devíamos caçar algo para comer — resmungou a Pixie. — Que tal um urso?

A Caída revirou os olhos.

— Não tem ursos nessa região, e você sabe disso.

— Vai que a gente dê sorte e acabe aparecendo um.

— Isso é impossí-

[Rugido!]

Ouviram algo estridente e penetrante, tão alto que foi possível sentir a vibração no ar, sacudindo as árvores e pedras ao redor.

Não estava tão longe dali, mas não parecia o rugido de um ogro ou urso, mas de outra coisa que parecia ter vindo de outro mundo.

— Eu não disse? — A Pixie abriu um sorriso convencido.

Woosh!

Um enorme dragão passou por cima delas, sacudindo os pinheiros. Enquanto o dragão passava por cima das árvores, foi possível sentir uma poderosa lufada de vento no rosto, o cheiro da fumaça e do fogo que exalava de sua boca e a sensação de estar testemunhando algo ordinário.

As escamas da criatura eram brilhantes e refletiam a fraca luz do sol, as asas enormes que parecem cobrir o céu, e sua cauda longa que se movia com graça e força. Enquanto o dragão passava, o som de suas asas batendo e o rugido de sua respiração completavam a experiência, criando um espetáculo que Safira dificilmente esqueceria.

Inchando os pulmões, a criatura cuspiu fogo, deixando um rastro de fumaça e fogo em seu caminho, enquanto se aproxima dos pinheiros. Ao atingir o topo das árvores, a chama se espalhou e envolveu cada galho e agulha em um lampejo brilhante de luz e calor intenso.

Outro dragão tão majestoso quanto apareceu no céu. Ele também inchou os pulmões e cuspiu fogo, uma tormenta que foi direto para o chão. O fogo se alastrava com rapidez e intensidade mesmo na neve, queimando tudo o que tocava, transformando as árvores em brasa e fumaça em poucos segundos. Ouvia-se som ensurdecedor do fogo estalando e crepitando, enquanto o cheiro de pinheiro queimado preenchia o ar.

O resultado foi uma cena impressionante de beleza destrutiva, em que o fogo ardia intensamente enquanto os pinheiros eram engolidos pelas chamas e derretia a grossa camada de neve.

Os dois monstros gigantes alçaram voo circulando um ao redor do outro, observando-se com atenção enquanto preparavam suas chamas para o ataque. Quando o momento certo chegou, os dragões abriram suas mandíbulas e soltam grandes bolas de fogo em direção ao adversário.

Boom!

As bolas de fogo chocaram-se no ar, gerando uma explosão de chamas e fumaça que envolveu os dois dragões. O calor era intenso, e o som da batalha era ensurdecedor, com os rugidos dos dragões ecoando pelo ar.

— Corre, vovô!

Um garotinho e um velho fugiam daquele duelo de gigantes. O bater de asas traziam ventanias incessantes, e sem equilíbrio, o velho foi açoitado por uma delas, caiando na neve.

Woosh!

Outra tormenta de fogo queimou mais uma leva de pinheiros. Um dos galhos quebrou e despencou na direção do velho. Safira estava longe para fazer qualquer coisa. O garotinho, que usava uma capa grossa de lã cobrindo seus ombros, parte de suas pernas, e um gorro de lã que cobria suas orelhas e cabeça, olhou para cima, vendo o galho ficar cada vez maior à medida que se aproximava.

Ele se jogou sobre o avô e encolheu-se.

— Garoto idiota, foge daí!

Swin!

O enorme galho foi cortado ao meio por outra pessoa.

Um garoto, um pouco mais novo que Safira, segurava uma espada de vácuo. Ele estava coberto por uma capa preta que descia até os tornozelos e um capuz que cobria parte de sua cabeça. Sob a capa, ele vestia roupas de inverno, incluindo um suéter de lã cinza, calças pretas e botas de couro. Ele também usava luvas pretas de couro que cobriam suas mãos e uma echarpe cinza que envolvia seu pescoço.

— Você está bem? — perguntou ao garotinho que assentiu ainda apavorado. — Ótimo, consegue se levantar? — assentiu novamente. — Vá com seu avô para o mais longe que conseguir!

O velho tentava erguer-se quando sentiu uma fisgada no tornozelo.

— E-Eu não consigo me mover!

Bam!

Em uma visão assustadora, um dos dragões havia caído e estava vindo em sua direção, destruindo os pinheiros como um rolo compressor.

Com um estrondo ensurdecedor, o dragão colidia com as árvores, que se partiam e caiam em sua queda. O impacto chacoalhava o solo, e a fumaça e o pó da neve elevavam-se no ar.

Safira tirou a outra mão do bolso, crispou os dedos e segurou com ambas as mãos a base do pinheiro quebrado com toda sua força. Deixou a mana fluir do seu corpo e saltou, levando grosso tronco consigo.

Girando o tronco, Safira colocou a força no movimento de arco, quebrando algumas árvores até atingir o enorme dragão com o tronco.

Crash!

A imponente criatura mudou de trajetória e parou alguns metros depois. Farpas de madeira caíam entorno como gotas de chuva.

Sem palavras, os três encaravam aquela garota com chifres que parecia bem intimidadora em um primeiro momento.

— Vão ficar aí parados?

O garoto com a capa ajudou o velho a erguer-se. Mancando, o velho começou a se afastar rapidamente acompanhado de seu neto.

— O-Obrigado, muito obrigado!

— Como a gente vai vencer essas coisas? — indagou o rapaz ao lado de Safira.

— A gente? — ergueu uma das sobrancelhas. — Você devia ir com eles, vai acabar se machucando. São dois dragões, você não teria chance.

Ele encarou Safira de cima a baixo.

Se não fosse pelo movimento anterior, ele teria dito o mesmo.

— Eu posso ajudar!

— Não, não pode.

O dragão que Safira atingiu começava a se levantar, sacudindo o corpo como um cão. Ele a encarou e fumaça saiu de suas narinas.

Seu alvo havia mudado.

Engolindo o seco, o garoto ficou intimidado, enquanto Safira estava quieta. Sua Pixie continuava em seu ombro. A pequena bocejou e olhou para o dragão que planava no ar e observava o que se desenrolava lá em baixo.

Ouvindo o barulho de cristal, o garoto viu uma alabarda de gelo formar acima de sua cabeça. Assim que a Pixie moveu o indicador, a alabarda foi na direção do dragão no céu.

O impulso daquela coisa foi tão assustador que árvores mais fracas foram arrancadas pelas raízes e o garoto cruzou os braços na altura do rosto, protegendo-se da neve que se espalhou.

Enchendo os pulmões, o dragão disparou uma tormenta de fogo na direção da alabarda, mas ela não derreteu mesmo sendo feita de gelo.

Scrash!

A lança destruiu a garganta do dragão.

Fogo vazava do buraco e lentamente a criatura perdia altitude. Tentou se manter no ar batendo as enormes asas, mas não conseguiu.

Bam!

O dragão veio ao chão.

A queda do dragão foi acompanhada pelo silêncio repentino, com o som do impacto ecoando pela floresta. Os pássaros que voavam agora estavam em pânico, voando em todas as direções. O ar estava pesado com o cheiro de fumaça e queimado, e a luz do sol se tornava difusa através da nuvem de neve.

Boquiaberto, o garoto ao lado de Safira nunca havia visto um poder como aquele.

O outro dragão abriu as asas e alçou voo, com as asas batendo lentamente e com dificuldade. O voo era desajeitado e lento, com o dragão lutando para manter a altitude enquanto se afastava.

A caída permaneceu imóvel, encarando dragão com as mãos nos bolsos. A ventania sacudia seu agasalho, as árvores e o garoto ao seu lado mal conseguiam se concentrar, mas ela permaneceu firme, como se nada conseguisse a abalar.

Abaixo dela, formou-se um enorme círculo mágico carmesim que tinha símbolos e runas antigas escritos em um vermelho intenso. O círculo era grande o suficiente para acomodar várias pessoas em seu interior, e era envolvido em uma aura mística e misteriosa.

— Garoto, se eu fosse você, me afastaria.

— O quê?

O chão abaixo dela começou a derreter e borbulhar. Sentindo um perigo iminente, o jovem saltou para longe. Várias correntes de fogo intensas e ardentes deixaram o círculo e dançam no ar. Guiadas pela vontade de Safira, elas foram na direção do dragão que voou ainda mais alto.

Woosh! Woosh!

O enorme réptil alado esquivava das correntes, mas não importava o quão alto ele fosse, aquelas correntes pareciam não ter limite, até que finalmente o pegou.

Elas entrelaçaram na sua cauda, pescoço e torso.

Por mais que se esforçasse, o dragão não conseguia desvencilhar-se, sendo arrastado até o chão.

Safira tirou uma das mãos dos bolsos e o espaço na frente dela rachou. Enfiando a mão na rachadura, ela retirou sua foice novamente. Concentrou mana na lâmina e a mesma começou a exalar uma aura sombria e assustadora.

Swin!

Safira cortou o ar, cortando também a cabeça do dragão.

Bam!

O resto de seu corpo veio ao chão e o círculo mágico desapareceu. Safira caminhou até o dragão, antes majestoso e poderoso e que agora jazia inerte no solo. Seu corpo escamoso estava caído de lado, as asas e garras espalhadas em um ângulo estranho. Uma trilha de destruição foi deixada no caminho até o dragão, com árvores e arbustos esmagados e a terra revolvida.

Ela retirou sua mão direita do bolso e tocou a carcaça do animal.

Seu corpo enorme começou a se desfazer em cinzas.

Safira sentia o chão frio abaixo de seus pés, suas botas haviam derretido devido ao calor infernal do círculo mágico.

— Tsc! É por isso que não queria usar magia.

— E-Espera! — disse o garoto com os olhos arregalados. — Q-Quem é você? E-Eu sou Eden, Eden Zahar!

Ela o encarou por cima dos ombros.

— Vá para casa, garoto.

[Alma de dragão absorvida].

Dobrando os joelhos, Safira saltou, indo na direção onde o outro dragão havia desabado. O garoto considerou segui-la, mas ela já havia desaparecido.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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