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Capítulo 258 – Fuga.

Brighid sentava-se na cela escura e úmida, com uma pequena luz de tocha fornecendo a única iluminação. Seu rosto pálido estava cansado, e seus olhos estavam fixos na porta da cela, esperando ansiosamente que Elhad cumprisse sua promessa de libertá-la.

— Psiu! Bonitinha, lembra de mim? Hehe! — O guarda de ontem havia retornado. — Aquele mesquinho do Elhad, soube que ontem ele te arrastou para os fundos. — Ele lambeu os beiços, a encarando de cima a baixo. — Ele não pode ficar com você só para ele, é injusto, não concorda?

Brighid continuou com uma expressão irresoluta.

— O que foi? Não vai ficar feliz? Aposto que nunca experimentou um homem de verdade antes, hehe!  — Ele aproximou da cela e enfiou as mãos nos bolsos. — Isso, continua com essa carinha, quero ver os seus olhos se revirarem quando eu estiver te fazendo mulher!

Brighid abriu um sorriso de canto e meneou a cabeça.

— Você? — zombou. — Tudo isso é para me assustar? Sério? — ela tombou a cabeça para o lado e abriu um sorriso de escárnio. — Meu marido faria você borrar nas calças em menos de cinco segundos.

Furioso, ele segurou as grades.

— Gosta de fazer piadinhas, né? Sua vadia de merda! Tsc… seu marido me faz borrar as calças? Eu te faria minha na frente dele, enquanto ele olha sem fazer nada!

Brighid não desfez a expressão de escárnio.

— Está estampado no seu rosto, você é do tipo que só fala.

— O que disse?

— Não se faça de surdo, você ouviu.

Cerrando os dentes, ele enfiou as mãos nos bolsos puxando um molho de chaves. Enfiou a chave no cadeado e abriu a cela abruptamente.

— E agora, sua vadia? Não tem para onde correr, né? Hehe, vai, diz aquelas coisas na minha frente agora! Diz!

Com as mãos amarradas, Brighid ergueu-se.

— Por que não vem até aqui? — ela sussurrou. — Tá com medo, homenzinho?

Ele puxou a adaga da cintura e se assustou com a confiança de Brighid, recusando-se a avançar.

Boom!

Um tremor intenso sacudiu o solo, causando uma vibração que se propagou por toda a área. A força do impacto foi tão intensa que a própria estrutura ao redor começou a tremer, fazendo com que a poeira acumulada no teto se soltasse e caísse como uma chuva fina.

— Que merda foi essa? — indagou o homem olhando ao redor.

“Bem na hora, Elhad”.

Uma sucessão de guardas, com suas armas em punho, atravessou o corredor em uma corrida frenética. Seus passos rápidos ecoaram pelo ambiente, adicionando um senso de urgência à situação.

— Estão nos atacando? — indagou aos guardas do corredor que sequer deram ouvidos a ele. — Ei! Seus desgraçados, não estão me ouvindo?

Boom!

Uma violenta trepidação sacudiu o local mais uma vez, ecoando através das estruturas. Os olhos do guarda fixaram em uma cena caótica que se desenrolava à sua frente. Prisioneiros, outrora aprisionados em suas celas, emergiram delas com uma feroz ira.

Movendo-se rapidamente, eles atacavam os guardas desavisados, subjugando-os e tomavam suas armas, como punhais e adagas, usando-as sem piedade para apunhalar seus captores.

A violência era palpável no ar.

Antes que pudesse correr, o guarda levou um pontapé nas costas, batendo o rosto na parede, quebrando o nariz.

A adaga escapou de suas mãos trêmulas, caindo com um tilintar metálico no chão. Os olhos do guarda se fixaram na cena que se desenrolava diante dele.

Prisioneiros confinados na cela de Brighid rapidamente reagiram à oportunidade que se apresentava. Agarrando o molho de chaves com agilidade, eles começaram a desafivelar as correntes que os mantinham cativos.

— Porcaria! O meu nariz, quebrei a porcaria do meu nariz!

Ele observou Brighid com seus lábios curvados em uma expressão séria, e seus olhos brilhavam com uma intensidade gélida.

— Me-Merda!

Ele continuava caído no chão, com o nariz sangrando e os olhos arregalados de pavor.

— Po-Podemos chegar a um acordo, certo? E-Eu não ia machucar você, eu juro!

Os prisioneiros haviam se libertado e deixaram o molho de chaves no chão. Brighid o pegou, liberou seus cadeados e alisou os pulsos. Pegou a corrente no chão e caminhou até o guarda que ficava apavorado a cada passo que ela dava.

— E-Ei, você quer sair daqui, né? Po-Posso te guiar até a saíd-

Bam!

Brighid o chutou no plexo solar, deixando-o sem ar. Enquanto ele se revirava, a fada passou a corrente por seu pescoço.

— Vou perguntar somente uma vez, onde estão minhas coisas?

Ela afrouxou as correntes e o guardou tossiu algumas vezes.

— N-No corredor seguindo a direita, é uma porta de madeira, a única porta de madeira dessa prisão!

— Ótimo!

— Me poupe por favo-

Brighid começou a estrangulá-lo.

— Agora que me disse o que queria, não preciso mais de você — sua voz doce havia desaparecido junto ao seu semblante gentil. Ela não falava como uma fada, mas como uma regente do Abismo. — Pessoas como você são desnecessárias nesse mundo.

Ela afrouxou as correntes, deixando o guarda puxar o ar para os pulmões e novamente tornou a estrangulá-lo, esboçando um sorriso de canto ao vê-lo se debater de maneira tão desesperada.

— O que foi? O que aconteceu com o homenzinho que disse que me faria mulher? — Ela afrouxou as correntes para que ele recuperasse o ar e o estrangulou novamente. — Acha que alguém como você encostaria um único dedo em mim? Barata petulante, devia reconhecer o seu lugar.

Brighid continuou forçando as correntes, e parte dela estava gostando daquilo.

— Não tem forças para se soltar, homenzinho? Típico de vermes como você, mas cansei disso.

Crack!

Ela quebrou o pescoço guarda e deixou seu corpo tombar para o lado. Abaixou e pegou a adaga que ele havia deixado cair.

Apressada, correu pelo corredor, tendo sido ignorada por alguns guardas e prisioneiros.

Matou dois guardas que avançaram em sua direção e encontrou a porta de madeira. A abriu lentamente vendo vários pertences espalhados.

Seus olhos ávidos encontraram a mochila próxima.

Lá estavam sua katana e o anel de casamento, que ela colocou no dedo com um movimento rápido. Buscou um pequeno laço e outros adereços em meio aos pertences, guardando-os nos bolsos. Enquanto o barulho lá fora aumentava e tudo parecia tremer ainda mais, ela procurou por uma bainha e encontrou uma perfeita, com um cinto para guardá-la.

Encaixou a adaga e a bainha no cinto, e juntou algumas joias e moedas nos bolsos. Para completar, pegou uma capa escura e abaixou o capuz até os olhos.

Abriu as portas cautelosamente e avançou ligeira pelo corredor, mergulhando em toda aquela confusão.

Prisioneiros matavam guardas, guardas tentavam correr tanto dos prisioneiros quanto do teto rochoso que não parava de desabar.

Brighid degolou dois guardas que vieram em sua direção e sem hesitar, ela estendeu a mão e segurou o braço trêmulo de uma senhora, oferecendo-lhe apoio e impulsionando-a a correr para a liberdade.

Juntas, elas se uniram ao grupo de prisioneiros em fuga, dirigindo-se para o exterior do local, onde o caos se desdobrava em uma cena visceral.

Ao chegarem ao lado de fora, a visão que se apresentava diante dos olhos de Brighid era de completo descontrole.

Prisioneiros, agora em liberdade, atacavam furiosamente seus captores, disseminando o caos por todas as direções.

O som metálico de lâminas colidindo ecoava pelo ar, entrelaçado com os gritos de dor e agonia daqueles envolvidos na batalha.

Em meio a esse cenário infernal, as chamas vorazes rugiam e se erguiam, criando uma iluminação distorcida em contraste com a noite fria.

Fumaça densa e tóxica subia das torres de madeira em chamas, obscurecendo a visão e causando dificuldades respiratórias.

Em meio a pequena guerra, prisioneiros corriam em todas as direções, tentando escapar das garras de seus captores. Alguns atacavam os soldados com armas improvisadas, enquanto outros simplesmente tentavam correr para a segurança das árvores próximas.

Os poucos guardas tentavam manter a ordem, mas estavam claramente sobrecarregados. Alguns estavam feridos, mancando ou cambaleando em meio ao tumulto. Outros lutavam com bravura, mas claramente estavam perdendo a batalha.

Em meio a tudo isso, chamas ardentes devoravam barracas e tendas, criando grandes pilhas de cinzas e fumaça negra. As vozes dos prisioneiros se misturavam aos gritos dos captores em uma cacofonia ensurdecedora de caos e confusão.

Olhando para o lado, Brighid viu que a violência desenfreada do caos em que estava mergulhada era evidente, pois um dos guardas era impiedosamente esfaqueado, enquanto outros eram consumidos pelas chamas, sofrendo uma morte agonizante.

Impulsionada pela necessidade de escapar daquele cenário infernal, Brighid correu em direção à floresta, seus pés afundando na neve gelada a cada passo, enquanto o som ensurdecedor e a balbúrdia diminuíam gradativamente.

O cansaço tomou conta de seu corpo exausto, e ela se apoiou nas costas de uma árvore, buscando ar para recuperar o fôlego. Seu peito arfava em ritmo acelerado, e a sensação do frio penetrante da neve e o silêncio que agora envolvia a floresta trouxeram um breve alívio para sua mente tumultuada.

Bam!

Enquanto Brighid buscava um momento de descanso apoiada nas costas da árvore, pequenos flocos de neve desprendiam-se dos galhos próximos, pousando suavemente em seus ombros.

Ao olhar para cima, seus olhos encontraram a figura de Elhad, que se erguia altivo em um dos galhos mais altos da árvore.

— Você é bem rápida. — Ele saltou do galho, caindo frente a ela.

Com seu semblante sério, Brighid apontou a katana para ele.

— Não precisa ficar tão hostil — disse ele. — Não irei te golpear dessa vez.

Ela abaixou a espada, mas não desfez seu semblante.

— Aqui! — Ele enfiou a mão no sobretudo e retirou um mapa perfeitamente dobrado, entregando nas mãos dela. — Você está no Império do Sul. Este é um país enorme, e o exército é controlado por Lumur.

Brighid tirou a mochila das costas e guardou lá dentro o mapa.

— Lumur, o membro do lótus e o primogênito de Ultan?

— Sim, ele escapou da queda de Ultan de alguma forma. Há outra coisa que precisa ficar atenta, você se tornou um símbolo para algumas pessoas do continente.

“Símbolo?”

— Que tipo de símbolo?

— Quando Ultan caiu, muitos habitantes relataram que viram você conjurar golens, pássaros que tinham capacidades curativas e lutar contra pessoas extremamente poderosas sozinha. Lembra do Anton?

— Claro, o nobre mais irritante que conheci.

Elhad assentiu.

— O irmão dele tem muitas conexões e possui muitas terras. Assim que Ultan caiu, ele deve ter assumido o posto de homem mais rico do continente. Anton abriu catedrais em seu nome, e aos poucos sua influência aumenta em cada canto.

Ela devolveu a katana a bainha.

— Entendi… tem notícias da Samantha, Stedd, Lei Song?

— Samantha está viva. — Ele caminhou e sentou-se em uma pedra. — Algumas fontes me disseram que ela entrou em contato com Colin recentemente.

Brighid suspirou aliviada.

— Que bom que ela está bem…

— Minha rede de informação se limita a esse continente, mas soube por alto que Stedd e Lei Song estão no oriente, enfrentando uma guerra de clãs poderosos para assumir o controle do país de Janesferry.

Ela assentiu.

— Loaus, Liena, Wiben e Kurth, eles… se foram mesmo? — indagou cabisbaixa.

— Sim…

— Pelas mãos de Safira?

— Não posso afirmar.

Elhad mergulhou a mão em seu sobretudo, retirando um objeto reluzente. Uma carta de prata cintilante brilhava em suas mãos, capturando a atenção de Brighid.

Elhad lançou a carta em direção a ela.

Brighid esticou os dedos e, com habilidade, capturou a carta de prata no ar.

— Vá para o centro do império do Sul e procure pelo Anoitecer Florido. Entregue essa carta de prata para uma mulher chamada Isabela, ela te levará até Colin com segurança.

Brighid enfiou a carta no bolso.

— Não vai mesmo vir comigo?

— Não posso. Vá encontrar o seu marido e os seus filhos. Dê um abraço no senhor Colin por mim.

Ela assentiu.

— Assim que as coisas se resolverem, vamos procurar por Sashri, eu prometo!

— Acredito em você, senhorita Brighid. — Ele ergueu-se, afastando a neve da roupa com bofetes. — Sei que sabe se virar, mas tome cuidado. Você é bonita demais, doce e atraente demais. Isso pode te dar dor de cabeça, ainda mais no Império do Sul, que é cheio de grupos rebeldes.

Ele também desceu o capuz até os olhos e caminhou em direção à penumbra.

— Elhad! — Ele se virou. — Obrigada!

Sem dizer nada, ele apenas deu um tchau, desaparecendo na escuridão.

Brighid olhou para a lua gibosa e depois olhou para suas mãos, mexendo no anel de casamento.

“Certo, Anoitecer Florido”.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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