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Após o feroz confronto entre os exércitos rivais, o cenário de batalha em uma das ilhas de Janesferry era uma pintura de destruição e caos.

As terras outrora verdes e férteis agora estavam marcadas por cicatrizes profundas, resultado das investidas impiedosas dos guerreiros samurais. O ar estava impregnado com o cheiro acre da pólvora e do metal, enquanto a névoa da batalha pairava sobre o campo, como um véu sinistro.

Os sons da guerra ainda ecoavam pelo ar, agora substituídos pelos gemidos agonizantes dos feridos e pelos gritos dos sobreviventes em busca de seus aliados e entes queridos. Entre os escombros das estruturas destruídas, espadas e lanças quebradas jaziam abandonadas, testemunhas mudas da carnificina que ali ocorreu.

Os rios próximos, outrora fonte de vida e abundância, agora corriam vermelhos com o sangue dos caídos. As margens estavam repletas de cadáveres, tanto aliados quanto inimigos, seus rostos congelados em expressões de dor e desolação. Os campos, antes exuberantes, estavam agora pisoteados e transformados em um mar de lama e destroços.

As árvores circundantes, outrora símbolos de serenidade e paz, estavam marcadas por golpes de espadas e flechas cravadas em seus troncos. Seus galhos se curvavam sob o peso dos corpos que pendiam, como sombras fantasmagóricas dançando no vento.

Os pássaros que antes enchiam o ar com seus cânticos haviam silenciado, deixando apenas um vácuo de melancolia.

Nas proximidades, os remanescentes dos exércitos se agrupavam, exaustos e feridos, curvando-se sob o peso do sofrimento e da perda.

As vestes rasgadas e manchadas de sangue testemunhavam as batalhas travadas, cada fio de tecido contando uma história de coragem e sacrifício.

Bandeiras que tremulavam orgulhosamente no início do conflito agora estavam desbotadas e rasgadas, símbolos de um poder quebrado e de um destino incerto.

Enquanto o sol se punha no horizonte, lançando seus últimos raios de luz sobre o cenário desolado, o silêncio se instalava.

Um homem alto, com seus cabelos longos e soltos, trajava um impecável kimono escuro, que fluía ao redor dele como sombras dançantes. Sua figura era imponente, seus ombros largos denotando força e destreza. Seu olhar, fixo no cenário pós-guerra, revelava uma expressão neutra, quase imperturbável, como se estivesse imerso em um estado de contemplação profunda.

Apesar da carnificina que o cercava, ele permanecia impassível, os olhos percorrendo as paisagens desoladas e marcadas pelo conflito.

Seus lábios se mantinham fechados, guardando os segredos de sua vitória conquistada com maestria. Era evidente que aquele homem, comandante de seu clã, havia emergido triunfante daquele campo de batalha, agora sob o domínio absoluto de seu clã na ilha oeste de Janesferry.

Seus traços refinados e firmes refletiam a dureza e a determinação que o levaram à vitória.

As cicatrizes em sua face eram lembranças visíveis de batalhas passadas, testemunhas mudas de sua determinação e habilidade no combate.

Seus olhos, entretanto, revelavam um fogo interior, uma chama inextinguível que o impulsionava em direção ao seu objetivo.

— Sato! — chamou uma voz atrás dele. — Pensei que já tivesse se retirado para o castelo.

Sem encarar o seu companheiro, Sato grunhiu em concordância.

— Ainda não, a guerra nessa ilha acabou, não há porque ser apressado. Vencemos com um contingente menor, finalmente há um único clã dominando a ilha Oeste.

O rapaz ao seu lado era misterioso. Seus olhos puxados permaneciam cerrados, como se protegessem segredos profundos.

Um sorriso eternamente presente adornava seus lábios, insinuando uma soberba além do comum.

Vestido com roupas escuras que se fundiam perfeitamente com as sombras, ele se movimentava com uma elegância sutil, quase como se seus passos não emitissem som algum.

Um manto negro, levemente adornado com símbolos místicos, flui ao seu redor, conferindo-lhe um ar enigmático. Seu kimono ajustado era da mais fina seda negra, realçando a aura opulenta que o circundava.

Mas era em sua cintura que residia o verdadeiro poder.

Três katanas impecavelmente afiadas estavam presas em suas bainhas, uma ao lado da outra.

Cada lâmina possuía um punho ornamentado com detalhes intricados, refletindo a maestria dos artesãos que as forjaram.

— Impressionante o que conseguiu fazer aqui, e esse nem era o nosso exército principal. — O sorriso daquele homem alargou-se. — Foi uma jogada perigosa, Sato, aqueles samurais velhos poderiam ter nos liquidado.

Sato o encarou de canto.

— Mesmo se esse contingente fosse destruído, ainda teriam a mim e a você para derrotarem, Takahashi.

— Claro, é verdade. — Takahashi permaneceu ao lado de Sato, ficando tão contemplativo quanto seu amigo. — Soube das notícias que chegaram do Oeste?

Sato continuou em silêncio, instigando Takahashi a continuar.

— Leyvell está morto. Parece que foi morto por um meio Elfo ou coisa assim. — Takahashi esperava que a expressão do companheiro mudasse, mas isso não aconteceu. — Vai me dizer que nem isso pode te deixar triste?

— Por que isso me deixaria triste?

Takahashi deu de ombros. — Primeiro o Ruivo, bem justo quando ele pegou uma missão para assassinar uma mulher, todos os caçadores de monarcas desaparecem, agora Leyvell estava atrás dessa mesma mulher e ele acabou morto por esse Elfo. — Ele alargou ainda mais o seu sorriso. — Soube que eles são bem íntimos, marido e mulher talvez.

— Não tenho interesse no ocidente, muito menos nos assassinos desses dois. Se eles morreram, então significa que eram fracos, não valem nem a tentativa de vingança. — Ele encarou Takahashi. — Devia parar de me importunar com coisas frívolas.

— Hihi, tá bom, me perdoe. — Com as mãos para trás, ele encarou o cenário desolador. — Bem, retornarei ao castelo que tomamos, devia fazer o mesmo. Poupamos as concubinas do imperador, os rapazes vão se divertir, fazer um pouco de bagunça.

Sato continuou em silêncio.

— Bem — continuou Takahashi. — Aproveite a vista, sen-sei, já eu, beberei até cair.

Seu companheiro afastou-se, e Sato continuou vislumbrando a desolação em um por do sol que aos poucos se extinguia.

A desolação ao seu redor parecia não o afetar, pois sua mente estava focada no futuro e nas oportunidades que surgiriam com seu clã no controle da ilha Oeste.

— Tsc! — Ele fez muxoxo e deu as costas ao pôr do sol. — Que coisa patética, derrotados por ocidentais. Vocês se preocuparam em criar um grupo de criminosos qualquer, eu criarei um império.

[…]

Graff, em sua forma juvenil, encontrava-se assentado no píncaro do penhasco, suas pernas pendendo sobre o abismo imponente.

Os fios de seu cabelo negro dançavam ao compasso da brisa noturna. Seu olhar, fixo no horizonte distante, parecia perdido em uma teia de pensamentos profundos.

Vestido com uma camisa branca de mangas compridas, que exibia botões delicados ao longo da frente, e calças de couro em um tom de marrom escuro, Graff emanava uma elegância discreta. Em seus pés botas de couro preto, firmes e robustas.

Lá embaixo, o cenário se revelava sombrio e enigmático.

As árvores retorcidas e desprovidas de folhas pareciam contorcer-se em uma angústia silenciosa, ecoando o tormento das terras selvagens. O vento, impiedoso, uivava através das rochas e das montanhas, desenhando uma sinfonia selvagem na escuridão.

A noite era um véu de frieza e mistério, envolvendo tudo em seu abraço sombrio.

A luz pálida da lua cheia derramava-se sobre o horizonte, revelando uma paisagem melancólica e solitária. Sob esse espetáculo celestial, Graff permanecia imóvel, como uma figura solitária em meio à vastidão imponente do mundo, até que essa solidão plena foi quebrada por passos que vieram de trás dele.

Sem nem mesmo olhar, ele já sabia quem era.

— Carmilla… o que você quer?

Os cabelos dela eram curtos na altura dos ombros e tinha cor negra como a noite, contrastando com sua pele quase translúcida. Vestida com um elegante vestido gótico escuro, suas mangas bem longas escondiam suas mãos delicadas.

Seus olhos vermelho sangue também se destacavam naquela escuridão, deixando-a ainda mais assustadora.

— É sobre Morgana… — disse ela aproximando-se. Cada movimento que ela fazia parecia coreografado, com sua elegância natural e postura impecável. — O senhor já sabe o que aconteceu, né? Não vamos atrás dos culpados? Não vamos atrás dela?

Graff permanecia contemplativo.

— Ela nos trocou pelo garoto. Foi escolha dela.  

— Mas… foi aquele Errante que a machucou, nem sabemos se está viva… — Carmilla desviou o olhar. — Ela ainda é da família…

Os olhos de Graff ficaram irados, com veias saltando de sua têmpora.

— Acha que não sei disso? Acha que eu não me importo com Morgana? — Aqueles olhos irados encaram Carmilla por cima dos ombros, fazendo-a travar. — Era para a fada ter dado um jeito naquele Errante e nos Caídos, por isso tirei dela a maldição, mas ela foi incompetente.

Carmilla engoliu em seco, com medo de dizer qualquer coisa que pudesse irritar ainda mais o seu tio.

— Tio Graff… isso também foi culpa nossa… Você quis acabar com os caídos no dia que Ultan caiu, mas os Caídos também nos enganaram… se não fosse por Brighid, o senhor também seria selado como tio Alucard.

Graff ficou quieto, sendo açoitado pela brisa noturna.

— Sabe, Carmilla, por anos pensei em como a vinda do meu irmão poderia ser benéfica para nós, mas fiquei aqui, assistindo esses vampiros inferiores tentarem recriar o passado. Nostradamus foi o mais próximo de criar algo descente, mas ele era fraco demais, então fiz questão de limpar a bagunça dele, eu não podia deixar que gente como ele manchasse o nosso nome. Agora há poucos vampiros, quase nenhum, mas os que sobraram possuem o ápice do poder. Sendo sincero, nunca me importei com esses sentimentos da Morgana em relação ao Errante. Fomos forjados assim, Carmilla, somos predadores, gostamos de manter por perto aqueles que são poderosos, e Morgana escolheu o Errante e aquela fada. Ela só seguiu os seus instintos, e eu seguirei os meus.

Graff começou a erguer-se lentamente. Carmilla ficou em silêncio vendo o tio se erguer à medida que as sombras o envolviam como um véu.

— Meu pai foi um homem desprezível, e minhas mães eram fracas demais, longe de serem o que somos hoje. Porém, meu pai era um sobrevivente e o predador mais perigoso da sua era, mas a era dele não era grande coisa. A nossa era é cheia de predadores perigosos, e isso é excitante. — O véu entorno dele começou a se desfazer, revelando sua forma adulta. — Diga aos garotos para se prepararem.

Carmilla engoliu em seco.

— Para quê?

— O Errante não escondeu apenas Tiamat no topo da torre do infinito, há algo a mais nela. Vamos escalá-la até o fim.

Asas de morcego feitas de sombras começaram a surgir nas costas de Graff. — Espera, tio Graff, aonde vai?

— Trazer Morgana de volta.

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Olá, eu sou o Stuart Graciano!

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