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O inverno chegou a Yushan, no extremo oriente, como uma vingança implacável dos Deuses. A neve caía incessantemente, cobrindo a cidade com um manto branco e impondo um frio intenso que cortava até os ossos. As ruas estavam repletas de pessoas apressadas, envoltas em pesados agasalhos na tentativa desesperada de se protegerem do clima impiedoso.

A situação era ainda mais cruel para os mais pobres, que sofriam com a escassez de comida e lutavam para se manterem aquecidos em suas humildes moradias.

Enquanto isso, os comerciantes mais astutos enxergavam uma oportunidade de enriquecer em meio ao caos. Manipulando os preços dos produtos essenciais, eles tiravam proveito da miséria alheia, acumulando fortunas às custas do sofrimento da população.

Os líderes da cidade, conhecedores das artimanhas do jogo político, usavam sua riqueza e influência para manter as pessoas submissas, comprando sua lealdade e garantindo a estabilidade de seus próprios interesses.

Enquanto o povo enfrentava a dureza do inverno, nos corredores secretos do Palácio Imperial, uma reunião estratégica se desenrolava.

Os conselheiros do imperador estavam reunidos em sigilo absoluto, debatendo acaloradamente sobre a melhor estratégia para pôr fim à guerra que assolava o reino há anos.

As mentes mais brilhantes do império estavam ali, discutindo táticas militares, alianças políticas e tramas de diplomacia intricadas, buscando uma solução que traria a tão desejada paz ao reino dilacerado pelo conflito.

O imperador estava sentado em uma cadeira alta, silencioso e sombrio, enquanto ouvia as opiniões dos seus conselheiros com uma expressão de preocupação.

Os conselheiros do império, trajando vestimentas esplêndidas e luxuosas, eram verdadeiras representações de status e distinção.

Seus trajes elaborados eram confeccionados com os tecidos mais finos, como a seda ou o brocado de seda, adornados com bordados e ornamentos intricados. Cada detalhe de suas vestes era meticulosamente escolhido para simbolizar sua posição na hierarquia do império.

Os conselheiros de maior relevância ostentavam túnicas de mangas largas e compridas, cuidadosamente presas por um cinto suntuoso. Sobre seus ombros, usavam uma capa curta que acrescentava um ar de solenidade e prestígio à sua figura. A tonalidade e o comprimento das túnicas variavam conforme o status e a posição social de cada conselheiro, uma exibição visual do poder que exerciam perante a corte imperial.

Acomodados ao redor de uma imponente mesa redonda, os conselheiros formavam um círculo de influência e sabedoria. No centro da mesa, em uma cadeira mais elevada, o imperador ocupava seu lugar como uma divindade, observando atentamente seus súditos e detentor absoluto das decisões que moldariam o futuro do império.

— Senhor — disse um dos conselheiros. — Os bárbaros do Norte já foram parados. Nossos homens capturaram todos os integrantes e os decapitaram como ordenado.

— Isso! E todas as províncias do Oeste, aliadas aos Song, caíram — disse outro conselheiro suando frio. — Fa-Falta pouco para os derrotarmos!

Apreensivos, continuaram encarando o imperador assumir uma expressão nada agradável.

Ele tinha uma mandíbula forte, sobrancelhas bem definidas e olhos penetrantes. Seu cabelo era longo e escuro, e suas vestes eram brancas com detalhes dourados.

Irritado, ele encarou seus conselheiros como se fossem vermes incompetentes.

— Vocês só me trazem notícias pequenas, nada realmente relevante. “Conquistamos uma província aqui, matamos bárbaros ali”, mas não me trazem a notícia de que a casa Song foi aniquilada e que arrancaram a cabeça de Jack Ubiytsy.

A tensão pairou o ar.

— Be-Bem… — disse um deles ajeitando a gola. — Essa tarefa ficou incumbida a Encruzilhada… se eles não estão conseguindo executar essa tarefa, então…

O salão mergulhou em um silêncio ainda mais profundo, interrompido apenas pelo eco distante de uma risada misteriosa. Os conselheiros, intrigados, direcionaram seus olhares para a origem do som, testemunhando a presença de um homem.

Com uma palidez quase sobrenatural, sua figura se destacava no ambiente. Seus cabelos escuros e longos caíam em cascata sobre os ombros, enigmáticos como a noite. Seus olhos, penetrantes como os de um predador astuto, pareciam capturar a essência das almas que os encontravam. Um maxilar firmemente esculpido conferia-lhe uma aparência decidida.

Vestindo várias camadas de roupas feitas de lã, o homem envolvia-se em um manto de mistério e proteção.

Suas vestes eram compostas por uma túnica interna, um casaco e um manto, todos imersos na escuridão noturna. Cada botão, meticulosamente trabalhado em metal, revelava a atenção aos detalhes presente em sua vestimenta.

A gola alta e reta conferia um ar imponente e distinto ao traje, talvez fosse uma marca de sua identidade.

Mas o que mais chamava a atenção era o dragão bordado com maestria nas costas do homem. Era como se a fera mitológica estivesse viva.

— Vocês adoram colocara culpa da incompetência de vocês na gente — disse aproximando-se com os braços cruzados. — Que eu saiba, na nossa linha de combate, estamos sendo eficientes. Empurramos Jack Ubiytsy mais de 200 quilômetros em 1 ano.

— E-E daí? — disse um conselheiro irritado. — Você devia ter o matado ao invés de ficar brincando de gato e rato com um assassino que ameaçou diretamente o imperador!

O imperador espremeu a vista.

— Drewalt! — disse em tom firme. — Confiei meu exército e meus homens a você, mas o questionamento do meu conselheiro é válido, por que Jack Ubiytsy ainda respira?

Drewalt emergiu das sombras com uma cadência deliberada, avançando em direção ao imperador com uma aura inegável de poder.

Soldados, alerta e temerosos, posicionaram-se à sua frente, obstaculizando o caminho do vampiro.

Um sorriso sinistro e sutil traçou os lábios de Drewalt.

O imperador, percebendo a tensão que pairava no ar, não fez menção de ordenar que seus homens baixassem a guarda. O ambiente estava impregnado de uma atmosfera carregada de expectativa, à espera do próximo movimento de Drewalt.

— Guerras não são vencidas da noite para o dia, imperador — disse o vampiro. — Para vencer uma guerra é preciso destruir completamente o inimigo, arrasar suas cidades, matar todos os seus homens e escravizar suas mulheres e crianças. Uma vez que você controla completamente o inimigo, você venceu a guerra. Seu oponente não é a casa Song, são os Ubiytsy, e sem ofensas, imperador, o oponente de Jack não é o senhor, é a Encruzilhada.

As palavras desafiadoras de Drewalt foram o estopim que acendeu a ira contida nos conselheiros. Um fervor inflamado tomou conta deles, soltando suas línguas afiadas em resposta ao insulto proferido pelo vampiro.

— Como ousa dizer isso para o imperador?

— Quer ser decapitado? Vampiro imundo!

A indignação ecoou pelo salão, ecoando como trovões. As vozes dos conselheiros, rugiram em resposta à audácia de Drewalt, desafiando seu atrevimento em dirigir-se dessa maneira ao imperador.

A cólera pulsava em cada palavra pronunciada, pontuando o ar com um veneno ardente.

As ameaças e insultos foram lançados em um frenesi de acusações, as vozes se sobrepondo umas às outras em uma cacofonia indignada. O tom das palavras revelava o desprezo e a repugnância que sentiam em relação ao vampiro, que era considerado uma criatura impura, manchada por sua própria natureza.

Drewalt permaneceu impassível, encarando os conselheiros com seu sorriso de canto, como se as provocações e insultos não fossem mais do que meros sussurros insignificantes em seus ouvidos.

A resposta silenciosa de Drewalt, sua serenidade no meio do caos, deixou os conselheiros ainda mais irritados. A audácia do vampiro em manter-se calmo e indiferente diante de suas ameaças e indignação só serviu para atiçar o fogo de sua fúria.

Um silêncio tenso pairou sobre o salão quando o imperador ergueu a mão com autoridade, exigindo a atenção de todos os presentes. O eco do seu comando reverberou pelas paredes, instantaneamente silenciando as vozes indignadas dos conselheiros.

Um homem de confiança se aproximou cautelosamente do imperador, entregando-lhe um pergaminho cuidadosamente selado. As mãos do imperador apertaram o pergaminho com firmeza, demonstrando a importância do conteúdo que estava prestes a revelar.

Com um olhar grave e determinado, o imperador dirigiu-se aos conselheiros, sua voz carregada urgência. As palavras fluíam de seus lábios com um tom de preocupação mesclado com uma pitada de indignação.

— Meus espiões do continente me trouxeram notícias. Sabe o que está acontecendo? Um homem está tentando conquistar o Centro-Leste, sabe qual o nome dele? — Ele fez uma pausa. — Colin! Sabe o que descobri pesquisando sobre esse Colin? Ele foi líder de uma guilda onde estava, advinha quem? Isso mesmo, o filho mais novo de Jack Ubiytsy!

As palavras do imperador caíram como uma bomba no salão, e o murmúrio dos conselheiros rapidamente se transformou em um alvoroço agitado. A revelação abalou suas convicções e desencadeou uma onda de especulações e teorias sobre as implicações dessa descoberta.

O imperador segurou o pergaminho com força, seus dedos quase amassando o papel.

— Não percebe que estão conspirando contra mim? Jack está fazendo sua jogada! Se ele tiver todo o Leste do grande continente, a chance de invadir Jenesferry aumenta drasticamente, e com Jenesferry tomada, eles vão navegar até aqui e nos destruir! Exijo que faça alguma coisa!

Drewalt balançou a cabeça com um sorriso enigmático estampado em seus lábios pálidos, enquanto sua voz ecoava pelo salão com uma mistura de confiança e despreocupação.

— Jenesferry está envolvida em uma guerra muito mais intensa e sangrenta do que a que enfrentamos neste continente e no grande continente. Não será tão difícil tomá-la como pensa, um dos líderes de uma das facções rebeldes é Sato Honda — revelou Drewalt, provocando um novo alvoroço entre os conselheiros.

No entanto, o imperador permanecia irredutível em sua irritação, não se deixando convencer facilmente pelas palavras do vampiro.

— E daí? — O imperador continuava irritado. — Sato é outra ameaça em potencial, ou você acha que ele é uma ameaça menor que Jack?

Drewalt manteve seu sorriso enigmático, aparentemente divertido com a reação do imperador. Com calma e confiança, ele respondeu.

— Não, meu imperador, não subestimo Sato Honda. A Encruzilhada está presente em todos os lugares, inclusive no grande continente. Você acha que não estou ciente do que ocorre além de nossas fronteiras? Mesmo que esse jovem Colin consiga conquistar o Leste, acredita realmente que Sato permitirá que ele permaneça vivo depois do que ele fez?

O imperador ergueu uma sobrancelha, perplexo com as palavras de Drewalt. Sua voz soou impaciente.

— Do que está falando? — indagou o imperador.

— Esse garoto, Colin, está envolvido na morte dos seus dois amigos, O Ruivo e Leyvell. Esses três eram como irmãos — Drewalt deu as costas. — Sato é o mais habilidoso dos três, fique tranquilo, Colin não passará dele, isso se ele dominar mesmo o Leste. Agora tenho que ir, imperador, até mais.

Num piscar de olhos, Drewalt desapareceu diante dos presentes, como se nunca tivesse estado ali. Os guardas, aliviados, retiraram as mãos dos cabos de suas espadas, e um suspiro coletivo de alívio ecoou pelo salão.

Os conselheiros, no entanto, não puderam deixar de se sentir inquietos diante das palavras e do comportamento de Drewalt.

— Senhor — começou um dos conselheiros, visivelmente preocupado. — Confia mesmo nesta criatura? 

O imperador, mergulhado em seus próprios pensamentos, franziu o cenho.

— Ele é útil por enquanto, então daremos a ele um voto de confiança.


Drewalt permanecia imóvel, sua figura escura e imponente contrastando com o cenário noturno. Seus olhos, cheios de mistério, estavam fixos no palácio imperial, que brilhava como um farol no horizonte.

Enquanto Drewalt observava a majestosa construção, uma figura feminina emergiu das sombras, como se fosse parte da própria escuridão.

Ela se aproximou dele, vestindo uma túnica negra que parecia fundir-se com a noite. Seu rosto, marcado por olhos vermelhos como sangue, exalava uma aura de mistério e poder. Sua pele era pálida como um cadáver e seus cabelos brancos como flocos de neve.

A mulher ficou ao lado de Drewalt, sua postura altiva e arrogante revelando uma confiança inabalável. Seus olhos vermelhos percorreram o palácio do imperador, como se vislumbrassem além das paredes e corredores, penetrando nos segredos mais profundos do poder.

— Vai suportá-lo até quando? — disse com uma voz poderosa.

— Falta pouco para criarmos a chave, então não precisaremos mais participar desse teatro.

Ela assentiu.

— É por isso que não enfrentou Jack diretamente?

— Jack não me interessa, mas você tem razão. Não podemos enfrentar Jack em um combate decisivo, não até que tenhamos a chave.

Ela ficou em silêncio por um instante, contemplando as luzes do distante palácio.

— Ele não iria querer isso…

— Pouco me importa o que ele iria querer.

A mulher virou as costas, pronta para partir.

— Sua obsessão ainda será sua ruína — advertiu ela em um tom sutil.

Drewalt apenas deu de ombros, ciente dos riscos que enfrentava.

— Talvez… — murmurou ele. A mulher desapareceu na escuridão, deixando Drewalt sozinho com seus pensamentos.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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