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Ainda caminhando pelo ladrilho reluzente de pedras, já era possível ouvir o barulho das festividades ao longe. Ouviam-se trovadores cantarolarem histórias sobre o império e seus heróis acompanhados do som quase poético que se fazia um alaúde.

Os quatro se apressaram e adentraram um salão que parecia mais uma pequena casa por fora, mas por dentro, ele aumentava quase vinte vezes.

Haviam mesas forradas cheias de comida, pessoas conversando em rodas de conversa e além de tudo, todos estavam bem vestidos para a ocasião.

No teto, lustres reluzentes cintilavam, iluminando belamente parte daquele enorme salão.

Ao fundo, havia uma escada detalhada a ouro que levava para os lugares da elite imperial composta pelos filhos e filhas dos soldados e funcionários da corte que serviam diretamente ao imperador.

Garçons e garçonetes passavam de um lado para o outro levando os melhores vinhos fornecidos pelo império e alguns petiscos. Stedd era um degustador nato de vinhos e, pelo cheiro forte, ele percebeu que o diretor não havia economizado nem um pouco.

Os olhos de Colin não conseguiam acompanhar por completo os detalhes. O papel de parede era dourado com pequenas coroas desenhadas por todo sua extensão.

Os trovadores estavam quase no meio de todo salão em um palanque de mármore. Todos eles vestiam a caráter, como se estivessem mesmo se apresentando para o próprio imperador.

Assim que um garçom passou na frente de Stedd, ele apanhou a garrafa e uma taça. Tirou a rolha com o dente e encheu seu copo enquanto caminhava para uma mesa vazia mais ao canto.

O forro da mesa era bordado de uma maneira única. Pareciam ervas-cidreiras se entrelaçando uma na outra.

— Finalmente um lugar livre! — disse Stedd se jogando na cadeira. — Por que não se sentam?

— Preciso encontrar Safira e Brighid — disse Colin olhando para os dois lados. — Quando eu as achar volto aqui.

Stedd acabou com a taça de vinho em um sole gole e a encheu novamente. Depois apontou com o queixo para detrás de Colin.

— Não são elas ali?

Colin virou calmamente e encarou Safira e Brighid conversando isoladas próximas à parede. Safira estava vestindo um vestido colado ao corpo. Ele era bem avermelhado com detalhes pretos. Ela usava brincos que mais pareciam pequenas pedras preciosas. Seus cabelos negros estavam bem escovados, seus olhos se destacavam devido ao delineador. Suas bochechas estavam levemente rosadas e seus lábios estavam suavemente tingidos com a cor avermelhada.

Brighid estava com seu longo cabelo levemente cacheado solto.

Os olhos dela pareciam brilhar de forma bem mais intensa do que o de costume. O seu vestido era verde com detalhes pretos. As mangas de seu vestido eram bem longas e a base da saia se arrastava no chão. Suas bochechas também estavam levemente rosadas e seus lábios pareciam brilhar, como se estivessem convidando para um beijo.

Aquela foi a primeira vez que Colin não a viu como fada, mas sim como mulher.

Ele se sentiu extremamente aliviado de vê-las bem. Ponderou ir até lá, mas ser discreto não fazia o seu tipo.

Colin ponderou fazer algo que tinha mais o seu estilo, então, ele encheu os pulmões, apoiou as duas mãos em volta dos lábios e berrou. Berrou bem mais alto que o som das festividades, das conversas paralelas e que os instrumentos musicais dos trovadores.

— Safira! Brighid!

Os trovadores pararam de tocar, as conversas cessaram e todo salão se voltou para Colin de pé, estampando seu sorriso.

Um silêncio sepulcral invadiu o salão.

As duas encararam Colin do outro lado e por alguns segundos não tiveram reação. Os lábios de Brighid começaram a tremer e seus olhos se encheram d’água.

— Colin… — balbuciou incrédula com o que via.

Safira segurava o choro na garganta tentando parecer forte, mas quando se tratava de Colin, ela abaixava a guarda. Brighid segurou as bordas do vestido e começou a correr em direção a ele enquanto lágrimas de alívio desciam por suas bochechas.

Ela se jogou nos braços dele, quase o derrubando no chão. Pela primeira vez em muito tempo, Colin conseguiu retribuir um abraço na mesma intensidade. Ele sentiu as curvas de Brighid em seu corpo, mas não conseguiu pensar em nada a não ser em um extremo alívio.

A carga emocional daquele abraço era pesada. Por um momento ele se sentiu mal de deixar ambas tão preocupadas com ele a tal ponto.

— Não precisa chorar — disse ele com as mãos na cintura dela, e ela, com as mãos no ombro dele. — Eu disse para você antes, não disse? Aquele raladinho não ia me matar.

Engolindo o choro, Brighid fez que sim e apoiou a cabeça no peito de Colin.

— Não faz isso de novo… — disse ela baixinho.

— Não farei…

Brighid se afastou e Colin viu uma Safira chorosa, mas também bastante brava. Os lábios dela tremiam e Colin se abaixou na altura de safira, deu um sorriso e abriu os braços.

Ela deu mais alguns passos para frente enquanto mexia nos dedos. Uma mania antiga da Safira do passado.

— Anda logo, pequena, meus braços estão começando a doer.

Ela Correu até ele e o abraçou bem apertado.

Mesmo sendo da árvore da Pujança, ele sentiu aqueles braços em volta do seu pescoço. Colin retribuiu o abraço a tirando do chão.

Foi a primeira vez desde que se conheceram que Colin retribui tal forma de carinho. Ele até já havia a socado no rosto uma vez, mas um abraço como aquele era algo inédito na relação dos dois.

Os dois tinham uma conexão longínqua. Mesmo que ambos estivessem a pouco tempo juntos, a sensação era que eles já se conheciam a anos. Houve momentos em que Colin foi um irmão para Safira e até mesmo um pai, e ela o admirava por isso, querendo se parecer com ele até mesmo nos defeitos.

— Para de chorar, pequena. Você tá muito bonita, não precisa estragar isso por minha causa.

— Tá…

Colin a apoiou no chão devagar, e com o dedão nas bochechas dela limpou suas lágrimas. Safira ficou parada, apenas encarando Colin, que exibia um sorriso bastante raro. Ele terminou afagando os cabelos dela e sorriu enquanto encarava as duas.

Ele não se recordou da última vez que ficou tão feliz com algo. Talvez, foi quando seu pai lhe deu um Playstation 2 na infância.

O salão continuou parado encarando toda a cena. No andar superior designado a elite, Anton abriu um sorriso de canto.

— Aquele não é o Elfo Negro que lutou com Anton? — cochichou uma voz.

— Sim, é esse mesmo, e aquela não é a bolsista que conseguiu o maior número de patrocínios na história da universidade?

— Sim, aquela pequena com chifres, ela também ficou entre os 30 melhores nos resultados gerais, não ficou?

— Ficou! Sem contar que elas parecem estar com aquele lixo do Stedd e sua turma de imbecis!

— Eu sempre desconfiei, lixo sempre acaba encontrando lixo.

Nenhum deles deu importância para os cochichos que vinham de todo lugar do salão somado a olhares de nojo.

— Temos que admitir — disse a pandoriana coelho. — O seu amiguinho sabe como fazer um show.

— É, ele sabe — disse Anton com um sorriso.

— Então ele está aqui… — disse Wiben em um canto.

Por sorte, Loafe não decidiu fazer nada contra ele depois que soube que ele havia pago Anton para eliminar Colin da prova.

— Fique quieto! — disse Samantha, sua namorada. — Quer que ele nos ouça?!

Vendo toda a cena emocionante, Stedd se ergueu, apoiou o copo e a garrafa de vinho na mesa e começou a bater palmas. Por alguns segundos, ele foi o único a fazer isso, mas logo todos do salão bateram palmas, quase como se fossem condicionados a isso.

— Bom! — disse Stedd para que todos ouvissem — Depois desse reencontro emocionante, que tal algo mais alegre para agitar a festa, trovadores?!

Depois de um toque nas cordas do alaúde, o trovador evocou uma canção alegre de baile. Eles batiam os pés, tocavam flautas intensamente e o cantor parecia colocar todo ar dos pulmões naquela música.

— Que bom que todo mundo se reencontrou, porque a gente não se senta agora? — Sugeriu Stedd apanhando a garrafa de vinho e enchendo sua taça.

Alunys e Kurth já estavam sentados do lado um do outro. Colin se sentou no meio de Brighid e Safira. Um garçom passou e colocou as taças na mesa, enchendo-as de vinho e deixando ali também alguns petiscos.

— Bem! — disse Stedd. — Eu não me apresentei ainda, permitam-me — Ele ergueu-se e se curvou. — Stedd Ubiytsy, a seu dispor. Sou colega de quarto de Colin, é um prazer conhecê-las.

Sem jeito com o modo cortês de Stedd, ambas apenas fizeram que sim com a cabeça.

Safira encarou Alunys e depois olhou para Kurth.

— Acredito que você já conheceu minha colega de quarto — disse ela baixinho.

— Ah! Sim! — Colin coçou a bochecha. — Alunys. Ela parece uma garota muito gentil, combina com você.

Envergonhada, Alunys cerrou os punhos segurando o vestido e virou a cabeça para o lado. Nem mesmo ela entendia como uma garota sem graça como ela acabou no meio de tantas pessoas com notoriedade.

Aquele era sem dúvidas o grupo que mais chamava atenção, ainda mais depois do pequeno show de Colin.

Diferente do resto deles, Alunys sentia olhares agressivos a açoitarem de forma quase física. Não havia dúvidas de que a chance de fazerem amigos ali era ínfima. Isso não devia somente porque a maioria odiava Colin e seu grupo, mas sim porque eles eram fortes e consequentemente isso os tornavam perigosos. E agora, Alunys também se tornava um alvo desse ódio somente por estar junto a eles.

Dois Elfos se aproximavam lentamente trajando suas vestes de gala. Um deles era um Elfo da floresta, tão alto quanto senhorita Millie, a outra, não tinha mais que 1,60 de altura. Ela tinha a pele escura tendendo para um rosa, e seus olhos eram rosados.

— Stedd! — disse o elfo exibindo seu sorriso quase perfeito.

— Esse deve ser o famoso Colin, eu estava ansiosa para conhecê-lo — disse a Elfa.

— Sim, esse é Colin, o assassino do Bakurak. — Colin fez que sim. — E Colin, esses são Sashri, a sombria, e Elhad, o improvável. — Sashri sorriu e deu um oi acenando com a mão, enquanto Elhad apenas fez que sim com a cabeça.

Colin estava impressionado, todos os grupos ao redor eram divididos por raças, mas Stedd e seus amigos eram de raças diferentes, sem contar o fato que Stedd se dava bem com Kodogog que era um Orc.

— Vocês… se dão até bem para um grupo tão diversificado — disse Colin.

Aquela pergunta não os pegou de surpresa, na verdade, eles já esperavam uma pergunta assim.  Stedd sorriu e deu de ombros enquanto estampava um sorriso debochado.

— A resposta é bem simples, é porque somos os rejeitados. Sashri foi rejeitada pelos Elfos Negros por ser baixa demais. Pessoas pequenas demais para eles representam a fraqueza. O pai de Elhad foi exilado pelos Elfos da Floresta, simplesmente por se dar bem com humanos. Os humanos não me aceitam porque pertenço a uma família de assassinos, e os nobres não me aceitam por meus bolsos não serem tão cheios… resumindo, todo mundo aqui é deslocado.

Mesmo em silêncio, Alunys se identificou com as palavras de Stedd. Ela não se sentia tão deslocada quando estava junto daquele grupo, afinal, todos ali eram odiados na mesma intensidade por toda universidade.

Um burburinho se iniciou ao fundo.

Foi quando Loafe adentrou o salão com seus dois companheiros inseparáveis.

A presença deles era tamanha, que todos evitavam ficar em seu caminho.

— A celebridade do lugar chegou — Murmurou Stedd. — Esse é Loafe e seus dois companheiros. Alguns chamam eles de Arautos da calamidade, pois, por onde passam deixam somente sangue e desgraça. Eu não me meteria com eles por hora se fosse você.

— E por que eu faria isso? — indagou Colin.

— Vai saber…

Outro burburinho se iniciou, desta vez, outro grupo havia entrado no salão. Eram Elfas da floresta, todas muito belas por sinal.

A líder estava no meio, com aproximadamente 1,80 de altura, cabelos longos loiros, lábios rosados e um corpo esbelto curvilíneo que se destacava bastante naquele vestido. Outro detalhe que chamava atenção eram seus olhos, tão amarelos quanto os de Colin.

— A irmandade do alvorecer! — disse Stedd apontando com o queixo. — Aí está a segunda guilda mais forte da universidade. A líder delas é a princesa Eilella. — Depois de um gole da taça, Stedd continuou. — Aqui vai uma curiosidade: os pais de Eiella estão em guerra contra o reino em ascensão do pai de Loafe. Os tios da princesa foram mortos, sua família perdeu quase metade do território, sem contar a brutalidade com que o pai de Loafe trata seus prisioneiros. As Elfas são estupradas e tratadas como uma fábrica reprodutora de mestiços que servirão ao exército. Já os elfos, são mortos ou escravizados nas grandes montanhas. Resumindo, eles se odeiam.

Mais ao fundo, quase isolados, havia um grupo de Elfos Negros. Todos os evitavam e eles pareciam não se importar muito com isso. Eram extremamente altos e pareciam estar sempre mal-humorados. O tom de pele deles ia de um moreno suave, negro, até um azulado escuro.

Stedd apontou novamente com o queixo para o grupo de Elfos negros e eles notaram, dando uma encarada maligna para Stedd que deu de ombros, afinal, ele adorava provocar.

— Aqueles são os Elfos Negros. — Stedd encheu mais uma vez sua taça — De longe, eles são o grupo com o pavio mais curto desse lugar. Sashri era da mesma guilda deles, mas como já lhe contei antes, ela foi rejeitada.

Colin entendia pouco a pouco como aquele lugar funcionava.

A hierarquia não diferia das escolas que frequentou quando criança. Sempre havia aqueles que se destacavam dos demais, sendo afortunados, bonitos, ou sendo bons em esportes.

Algumas garotas cercavam Loafe o chamando para uma dança, já seus dois companheiros retiraram-se para aproveitar a bebida e as festividades.

Kurth não havia esquecido o que viu quando se encontrou com Remora, e o olhar deles se cruzaram por um segundo.

Assustado, Kurth apenas desviou o olhar, enquanto Remora exibiu um sorriso de canto.

As pessoas começaram a abrir espaço novamente enquanto Anton e seus companheiros desciam as escadas. O mais estranho, era que ele caminhava em direção a Colin e seu grupo e as pessoas notaram isso.

Todos estavam cansados de ouvir histórias sobre Colin e de como ele era alguém sem escrúpulos. Circulavam boatos de que ele havia quebrado a mão de Samantha somente por ela tentar encostar nele.

As meninas diziam umas para as outras que se tratando de Colin, elas não estavam seguras, mas haviam outras que se atraiam pelas histórias, seja pela brutalidade ou pela pequena fama daquele que lutou de igual para igual contra Anton.

— Olá, Colin! — disse Anton exibindo um sorriso debochado.

Brighid e Safira ficaram sérias. Elas não haviam se esquecido da prova de seleção, muito menos do estado que Colin ficou depois dela.

— Então você finalmente acordou, pensei que fosse ficar naquela cama para sempre.

— Eu precisava mesmo de um longo descanso — Colin apoiou as mãos na cintura — E seus amigos, estão bem? Da última vez dei um jeito neles.

— Ora seu… — resmungou o Elfo negro Crizyus.

Anton levantou uma das mãos, calando seu companheiro.

Ele não havia descido ali somente para irritar Colin, ele queria alertá-lo para algo grandioso que estava por vir, afinal, ele havia se divertido bastante na luta entre eles.

— Daqui a oito meses haverá o torneio entre Guildas, espero que se junte a uma bem rápido e comece a treinar. Quem sabe vocês tenham alguma chance contra nós, hehe.

“Torneio de Guildas?”

Anton deu dois tapinhas no ombro de Colin e se virou de costas.

— Você tem um pessoal interessante aí, não me decepcione!

Depois de uma olhada rápida entorno do salão, Stedd decidiu entrar no jogo. Esse era o momento certo para enfim ter a atenção que desejou sempre.

Gente como ele adorava apostar alto, mesmo que fosse para perder.

— É isso mesmo! — disse Stedd em voz alta, aproveitando que todo salão prestava atenção neles. — No torneio das Guildas daqui a oito meses, vamos ser os campeões! Derrotaremos você e qualquer um dos nobres de merda desse lugar!

Sem exceção, todos ao redor encararam Stedd com uma expressão séria.

Ele estava provocando filhos mimados de pessoas com cargo alto no império. Havia pisado no orgulho deles e nos nomes de suas famílias ao chamá-los de “nobres de merda”.

Muitos ficaram furiosos, mas nada fizeram.

Eles sabiam que aquele grupo era forte. Tinha uma monarca do lado deles, um assassino e pessoas que se destacavam entre os demais estudantes por suas habilidades de combate.

Se Alunys não estivesse próximo deles, ela com certeza teria entrado em pânico. Em silêncio, ela ficou nervosa. Não parava de pensar que foi de uma garota praticamente invisível, para a lista de uma das mais odiadas da universidade em questão de segundos.

Colin e o pessoal de Stedd não ligaram muito para os olhares incisivos, pois, já estavam acostumados.

Uma coisa era provocar uma pessoa isoladamente, mas todos eles de uma vez, era loucura. Colin sentiu toda aquela hostilidade em cima deles, mas não fez nada.

“E aquele papo de ‘Eu não me meteria com eles’, vale só para mim?”

— Ei! Você aí, barata de cabelo prateado! — disse Loafe acompanhado dos dois membros de sua Guilda. — Você tem coragem para falar de nós sem prestar o devido respeito, ponha-se no seu lugar!

Diferente de quando encontrou Safira, Loafe estava hostil e, sua mana estava bastante visível. Ela era tão intensa que cobria facilmente o grande salão. As janelas começaram a tremer, as roupas dos convidados pareciam receber uma intensa rajada de vento e até as taças começaram a cair.

Loafe parou de caminhar assim que Anton se colocou em sua frente. Uma tensão ainda maior tomou conta do lugar e as pessoas se afastaram.

Diferente de Loafe e do resto dos nobres, Anton não se sentiu ofendido. Ele também era descriminado por outros nobres por sua família ter origem humilde.

— Onde pensa que vai? — Anton abriu um sorriso. — Você não vai encostar um dedo neles sem passar por mim antes.

A atitude de Anton pegou Colin e suas amigas de surpresa. Se não fosse pelos boatos de que aqueles dois se odiavam, ele teria pensado que Anton fez aquilo para o proteger.

— O que disse? — Loafe cerrou os punhos e suas veias saltavam de ódio.

— Tá com merda nos ouvidos?

No momento que Loafe iria partir para cima de Anton, Remora segurou seu pulso de maneira firme, quase o quebrando. Não estava aparente, mas ela estava usando toda sua força bruta.

— Aqui não, senhor Loafe! Estamos no meio de uma festa, controle-se!

— Tsc! — Loafe abaixou o braço e sua mana se extinguiu. Foi como se um tornado desaparecesse do nada.

Os elfos negros saíram de onde estavam e se aproximaram devagar, intimidando todos pelo caminho.

A demonstração de poder, mesmo que ínfima de Loafe, não os abalou de forma alguma.

— Também ouvimos você falar de nós — disse um dos Elfos Negros. — disse que temos pavio curto, certo? Que tal você ver esse “pavio curto” em primeira mão?

— Detesto concordar com os Elfos Negros — disse a princesa Eilella enquanto se aproximava. — Mas você é bem atrevido para um humano do seu nível.

Ao cruzar seu olhar com o de Colin, a princesa sentiu uma inexplicável sensação de familiaridade. Seus olhos se encontraram por um breve instante, mas foi o suficiente para despertar nela uma conexão inexplicável.

O plano de Stedd de provocá-los havia dado mais que certo.

Mesmo que tivesse dito para Colin não se meter com eles, Stedd fez o total oposto. Toda elite da universidade estava ali, diante dele. Sua decisão estúpida fez com que os grupos mais fortes da universidade voltassem seu ódio diretamente para ele e seu grupo.

— Não falei de vocês com respeito porque vocês não merecem! — disse Stedd com um sorriso debochado no rosto.

Aquilo foi a gota d’água.

Loafe estendeu a mão na direção de Stedd e, antes que pudesse fazer algo, ouviu um berro.

— Senhores! — urrou a secretária. — Sugiro que façam essa troca de gentilezas depois. Eu gostaria de chamar atenção para um convidado importante essa noite, ele é um dos nossos principais benfeitores.

Toda atenção se voltou para o palco dos trovadores que era onde Millie estava. Um homem de cabelos negros, roupas pomposas e com uma espada damasco na cintura subiu ao palco.

— Peço uma salva de palma para o Senhor Trunyson!

As pessoas começaram a aplaudir.

Trunyson era de fato um homem importante. Ele era um dos principais aliados do pai de Loafe e um homem bastante influente no império, mas Colin o conhecia de outra forma.

— Colin… — balbuciou Safira espantada.

— É, eu sei — Afirmou com um demasiado ódio.

Brighid percebeu que seus dois amigos ficaram diferentes assim que botaram os olhos naquele homem em cima do palco.

— Quem é ele? — perguntou ela baixinho a Colin.

Colin suspirou e tentou manter a calma.

— Antes de encontrarmos você, Safira e eu havíamos acabado de sair de um vilarejo. Enterramos todos os habitantes, inclusive a mãe de Safira. — Faíscas celestes estavam começando a emanar do corpo de Colin. — Foram os homens desse cara que me torturaram por vários dias. Por ordens dele sofri a merda de um inferno!

Stedd reparou que Colin estava com a palma da mão aberta e uma adaga elétrica se formou nela. Ele olhou para Colin e depois olhou para o homem no palco. Nem mesmo ele era tão louco para atacar alguém tão influente para o império daquela forma.

— Ei, ei! — disse Stedd. — Você tá pensando mesmo em fazer isso?

Alunys tapou os olhos com as mãos e começou a murmurar.

— Eu sabia! Caos generalizado, caos generalizado, caos generalizado…

Colin dobrou os joelhos.

Seu ódio repentino nublou seus pensamentos e o deixou ainda mais imprudente. Atacar um oficial do império era uma sentença de morte que nem mesmo ele poderia escapar. Mesmo que fugisse, os membros das guildas sob ordem direta do imperador o caçariam até o inferno se necessário.

Como na terra, ele sabia que gente com influência ou dinheiro eram raramente punidas da forma correta. Se ele não agisse, a justiça em que acreditava jamais seria feita.

— Ele me tratou como verme antes! — Colin apertou o cabo de sua adaga. — Fui tratado bem pior do que lixo, e os homens dele teriam estuprado Safira se eu não tivesse impedido. Não importa quem ele é, de onde ele veio ou se é amigo do filho da puta do imperador. Ele tem que morrer, aqui e agora!

Não só os amigos de Colin estavam sentindo sua mana hostil, mas Loafe, Anton, Eilella e os Elfos negros sentiram aquele poder latente vindo de Colin.

Por baixo da manga daquele gibão, a tatuagem de Colin brilhava em um alvo bem forte.

— Espera! — Stedd apoiou uma das mãos no ombro de Colin. — Você não tá pensando direito, quer morrer tanto assim?

— Tira a mão de mim!

Stedd era um assassino profissional, ele sabia dizer o que era ou não perigoso somente olhando para aquilo. No momento, Colin tinha os olhos de uma besta selvagem.

— E-Espera! Colin avançou na direção de Trunyson como um flash celeste.

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