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Em cimas dos cavalos, Brighid e seus companheiros viram as pessoas se acomodarem para fora de suas casas. Ela havia retornado para o pequeno vilarejo, tendo sido ovacionada por todos os que ajudou.

Assim que desceu do cavalo, aquelas pessoas foram até ela, a parabenizando e parabenizando os outros membros de seu grupo. O semblante de felicidade deles era reconfortante, até mesmo para ela, que ainda estava concentrada nas palavras de Drez’gan.

O pequeno vilarejo estava agitado naquela manhã ensolarada enquanto seus moradores se preparavam para partir. Os habitantes do vilarejo trabalhavam freneticamente, colocando seus pertences cuidadosamente embalados em carruagens robustas. Homens fortes, recrutados por Isabella, ofereciam uma ajuda solidária, erguendo caixas e móveis com destreza.

As carruagens eram de madeira sólida e bem construídas, com rodas largas e resistentes que conseguiriam enfrentar os desafios do terreno acidentado à frente.

Suas carrocerias eram espaçosas o suficiente para acomodar uma variedade de móveis, utensílios e suprimentos.

Cada carruagem estava puxada por cavalos vigorosos, seus pelos brilhavam à luz do sol.

Os cavalos usavam arreios de couro bem trabalhados, ajustados com precisão, e pareciam estar prontos para a jornada que tinham pela frente.

Enquanto as carruagens eram carregadas e os cavalos cuidadosamente preparados, um senso de determinação e solidariedade pairava sobre o vilarejo. A comunidade estava unida em face da incerteza, trabalhando juntos para garantir que todos tivessem uma chance justa de recomeçar em um novo lugar.

Após a humilde recepção, Brighid foi para uma das choupanas, e ficou surpresa quando viu Isabella em pessoa a aguardando com roupas grossas de inverno cobrindo o seu corpo curvilíneo.

Apesar da chegada da primavera, o frio ainda imperava.

A mulher por trás do Anoitecer Florido estava sozinha, com um sorriso sedutor estampado no rosto.

— Muito bem, santa, sabia que você conseguiria.

Brighid retirou sua capa, apoiando-a nos braços da cadeira e se sentando.

— Veio cumprir sua parte do acordo? — indagou Brighid com seu doce tom de voz.

— Claro, que tipo de mulher eu seria se não cumprisse? Meu pessoal irá escoltar você e essas pessoas até Runyra. — Ela retirou uma carta do casaco e apoiou na mesa. — Entregue isso a sua amiga por mim.

— Amiga?

— Sim, a outra esposa de seu marido. — Isabella abriu um sorriso de canto. — Deve estar ansiosa para conhecê-la.

Brighid franziu o cenho, pegou a carta e guardou no bolso da capa apoiada nos braços da cadeira.

— Onde está o seu senso de humor, santa? E você acabou de retornar de uma missão importante após vencer alguém que estava dando problema fazia alguns anos, devia sorrir mais.

— Não tenho tempo para isso, preciso encontrar os meus filhos.

Isabella assentiu com um sorriso sedutor.

— Filhos, sempre nos deixam malucas. No começo você não quer que eles cresçam, e então isso inevitavelmente acontece, restando apenas lembranças. Nossa sorte é que somos poderosas, podemos usar a magia ao nosso favor e enganar a natureza. — Ela começou a fuçar no casaco novamente, retirando uma carta e a balançando. — Essa aqui é para você, quem escreveu foi a sua amiga, Rainha Ayla. 

Brighid ficou encarando a carta nas mãos de Isabella por um instante.

— Não vai pegar? Pode ter coisas importantes.

Sem dizer nada, Brighid pegou a carta e a abriu, começando sua leitura silenciosa.

“Querida Brighid,

Espero que esta carta a encontre bem. Primeiramente, gostaria de expressar minha gratidão por sua ajuda em resolver os problemas que assolavam o Império do Sul, sua dedicação e coragem são admiráveis, e sei que as pessoas que salvou têm que agradecer a você pelos tempos mais tranquilos que virão.

Quanto ao assunto mais delicado, quero que saiba que nossos filhos estão seguros e saudáveis. Coen, apareceu há algumas semanas e os deixou comigo. Desde o momento em que foram devolvidos, tenho feito o possível para cuidar deles como se fossem meus próprios filhos. Eles são crianças encantadoras e não se preocupe, estão sendo cuidadas da melhor forma possível.

Entendo completamente que possa haver preocupações suas sobre minha relação com Colin, e quero assegurar-lhe que nossa situação atual é uma que merece sua compreensão. Em sua ausência, tive que tomar decisões difíceis para o bem do reino e de nossos filhos. Não se trata de substituí-la, mas de garantir a estabilidade e a segurança de todos.

Sobre Colin, ele está bem, mas no momento está em uma missão para fortalecer-se, e como já ouvi bastante sobre você, acredito que poderíamos trabalhar juntas já que tenho que coordenar tudo aqui dentro sozinha e ainda por cima manter as crianças a salvo enquanto minha gravidez continua avançando.

Eu adoraria ter a oportunidade de conversar pessoalmente com você sobre tudo isso. Espero que possamos encontrar um momento adequado para isso em breve. Sei que a situação é complicada, mas, como mãe, você sempre será uma parte importante da vida de nossos filhos. Estou disposta a trabalhar junta com você para garantir que o bem-estar da nossa família seja sempre nossa prioridade máxima.

Com sinceridade e respeito,

Ayla Silva Lorarel.” 

Brighid ficou em silêncio por um instante, até que deu um longo suspiro relaxando na cadeira. A primeira sensação que a dominou foi a de alívio.

Saber que seus filhos estavam vivos, saudáveis e sendo bem cuidados era um fardo que finalmente se aliviava. O peso que ela carregara em sua busca agora se transformava em uma sensação de paz.

— O brilho retornou aos seus olhos, santa — disse Isabella. — Devem ser boas notícias, presumo.

Brighid dobrou a carta com cuidado e a enfiou no bolso.

— Você é uma espiã, com certeza você sabe o que estava escrito aqui.

Isabella deu de ombros. — Espero que não leve para o coração, o meu trabalho é saber das coisas. — Ela ergueu-se. — Pronta para irmos até Runyra? Será uma viagem de alguns dias, sugiro não perder tempo, mas se quiser descansar ou tomar um banho…

— Se você vai comigo, por que me deu essa carta para entregar a essa Ayla?

Isabela deu uma piscadela.

— Você deve ser a segunda pessoa mais importante de Runyra no momento, mesmo não tendo pisado lá. As pessoas a veem como a primeira esposa de Colin, além de que muitos acreditam que você realmente é um ser divino. Sabe como as pessoas comuns são, certo? Você e Ayla tem sua fama, tudo isso enquanto carregam o status de esposas do imperador.

Brighid continuou em silêncio e Isabella continuou.

— Ayla conquistou mais terra em alguns meses do que Ultan em décadas, e você é a única Monarca de tríade viva, além de, claro, ser adorada em Valéria. Mas sabe quem ganha com tudo isso? Isso mesmo, o seu marido. Um homem que consegue se casar com duas mulheres assim, chama bastante atenção. Ele pode não ter tantos seguidores como você, e nem ser amado por um país como Ayla é, mas as pessoas acham que ele tem seu mérito.

— E aonde quer chegar com essa conversa toda?

— Em lugar algum. Só saiba que um império inteiro está sendo moldado com esse sentimento lúdico sobre vocês três, principalmente sobre o imperador. As histórias sobre os feitos dele estão sendo sopradas por todo continente. Um homem que conseguiu cativar o coração de uma Santa e uma rainha tem sua importância.

Brighid também se ergueu, trajando novamente sua capa.

— Com ciúmes dela, fada? — provocou Isabella.

— O que sinto em relação a essa mulher só diz respeito a mim.

— Claro…

Brighid se dirigiu até a saída. — Vamos logo para Runyra, não podemos perder tempo.

— Como queira, majestade.

— … vai ficar me chamando por alcunhas aleatórias agora?

Elas caminharam para fora da choupana. — Você será uma rainha, já que seu marido é um rei. Até onde sei, a legislação de Runyra nem a igreja da Deusa da neve proíbe isso. — Isabella abriu um sorriso de canto. — Nem a “sua” religião proíbe, então, sim, você será uma rainha… uma rainha e uma Santa, não é empolgante?! Você será a primeira na história, e Runyra terá três regentes, estou ansiosa para ver onde tudo isso vai nos levar, você não?

Brighid não pensava em nada além dos seus filhos no momento e na conversa que teria com Ayla. A carta da rainha não falou muito, mas deixou claro que ela estava indo direto para o olho do furacão. Isso não a abalava, tudo conspirava para a volta de Drez’gan, e no momento, se fortalecer devia ser prioridade. 

— Prefiro não pensar nisso agora — respondeu Brighid. — Vou tirar um cochilo na carruagem e a propósito, se você vai sair do país, o seu bordel não ficará ameaçado?

Isabella abanou uma das mãos. — Não se preocupe, Helga assumirá o meu lugar. Ela é a minha fiel pandoriana, cuidará de tudo sem problema.

Brighid adentrou uma carruagem. — Se você diz…


O Grande Palácio da Coligação do Norte era uma imponente estrutura de mármore branco, erguida majestosamente no coração de um vale coberto de neve.

Suas torres altas se destacavam contra o céu gelado, refletindo a luz do sol como diamantes. As paredes eram adornadas com intrincados relevos de neve e gelo, representando a identidade única da região.

Grandes janelas de vidro transparente, mas frio ao toque, permitiam uma visão panorâmica da paisagem nevada que se estendia ao redor.

Jane, agora incorporada como o Grande Barão Sigurd, caminhou pelo longo corredor que levava à sala de reuniões. O chão de mármore polido refletia a luz de lustres de cristal que pendiam elegantemente do teto alto. A cada passo, suas botas ecoavam pelo corredor silencioso.

Ao entrar na sala de reuniões, os olhos de Jane encontraram elfos da neve que vestiam roupas extravagantes de inverno, adornadas com detalhes de cristais brilhantes que capturavam a luz de maneira hipnotizante. Seus semblantes sempre sérios e orgulhosos.

A sala estava disposta em torno de uma longa mesa de carvalho escuro, onde os nomes mais proeminentes do Norte estavam sentados.

Jane podia sentir os olhares curiosos e avaliadores voltados para ela quando entrou na sala. Um trono, com seu encosto alto esculpido com padrões de flocos de neve e gemas azuis, estava vago, aguardando sua presença.

Com passos firmes, Jane caminhou até o trono e se sentou com uma dignidade recém-adquirida. Ela sentiu a pressão dos olhares sobre ela, mas manteve sua expressão séria e controlada. Ao seu redor, os murmúrios diminuíram e a atenção foi voltada para ela.

Os Elfos da Neve presentes eram líderes de clãs, magos influentes e guerreiros renomados. Cada um tinha um papel vital na Coligação do Norte e suas expressões indicavam a seriedade da situação que os trouxera àquela reunião.

Jane, agora o Grande Barão, sabia que estava prestes a liderar discussões de extrema importância para o destino daquelas terras.

— Sigurd! — disse um Elfo alto de semblante grosseiro. — Chegamos a um consenso sobre a proposta da rainha de Runyra. Não dobraremos os joelhos para ninguém, muito menos para um mestiço.

— Resolveremos o assunto com Yanolondor nós mesmos — disse outro Elfo. — Reunirei meus melhores homens e partirei para acabar com ele de uma vez por todas, um ataque decisivo e certeiro.

Jane assentiu. — Então é assim que o grande norte cai? Por decisões mesquinhas e orgulho?

Alguns não gostaram do tom do mensageiro.

— Do que está falando? Está dizendo que não somos capazes de nos protegermos? Quer que aceitemos a proposta da mestiça e essa cidade se encha de estranhos?

— Isso mesmo! — disse outro Elfo. — Aquela vadia pode ir a merda com todo o seu pessoal, não precisamos dela!

Jane abriu um sorriso de canto.

— Acreditam mesmo no que estão dizendo? O Oeste se aproxima com os gigantes, e o Leste com as forças de Yanolondor. Seremos moídos e nossos restos cobertos pela neve. É isso que querem? A extinção?

As falas de Sigurd estavam deixando todos ainda mais irritados.

— Sua língua está afiada, Sigurd, quer tanto ficar de quatro para a rainha? Por que não vai até lá e se junta a ela?

BOOM!

Ouviram um barulho de explosão e sentiram um tremor.

— O-O que significa isso?

A porta do salão de reuniões abriu-se rapidamente.

— Senhores! — bradou um dos guardas. — Estamos sendo atacados!

— Yanolondor? Aquele bastardo está mesmo atacando a capital? — O Elfo general ergueu-se. — Reunirei meus homens agora! Vamos deter os invasores!

CRASH!

Algo afiado havia atravessado o plexo solar do Elfo, manchando sua camisa de sangue. Ninguém havia entendido, já que ninguém conseguia ver o que de fato atingiu o Elfo.

SCRASH!

Algo rasgou o Elfo ao meio, fazendo o sangue salpicar todos eles.

— Um usuário do silêncio! — bradou um dos Elfos. — Yanolondor enviou um dos assassinos atrás de nós!

Um dos Elfos preparou-se para conjurar sua magia, até que seus braços foram decepados por algo invisível e em seguida sua cabeça foi separada de seu corpo.

CRASH! CRASH! CRASH!

Um a um, Elfos foram assassinados, retando poucos deles na sala, foi quando o assassino invisível se fez presente. Ele estava em cima da mesa de carvalho.

Usava roupas escuras com o emblema dos homens de Yanolondor em suas costas, um grande falcão negro.

Ele colocou um cristal em cima da mesa e desapareceu novamente.

O cristal começou a brilhar intensamente.

— Cuidado! — bradou Sigurd.

KABOOM!

Uma onda explosiva varreu a sala, deixando para trás apenas alguns sortudos que conseguiram sobreviver. Assim como o ataque irrompeu, ele se encerrou abruptamente, deixando um silêncio pesado, onde antes havia caos.

Os Elfos remanescentes da aliança lançaram olhares cautelosos ao redor, testemunhando com pavor o desolador cenário de figuras antes poderosas que agora jaziam carbonizadas pela explosão.

A ausência desses líderes essenciais sinalizava uma iminente crise para o Norte.

O vácuo de poder deixado para trás era palpável, um eco sombrio da devastação que ameaçava mergulhar a região em tumulto. O estrondo da explosão ainda reverberava na mente dos sobreviventes, enquanto eles contemplavam o cenário caótico que se desenrolava diante deles.

— Senhor! — bradou Sigurd com parte do rosto chamuscado. — O que faremos? Precisamos de uma resposta, senhor!

O Elfo, já experiente pela idade, não sabia o que fazer, em breve tudo se tornaria um caos, e aquilo seria a chance perfeita para Yanolondor dar um ultimato. Ele não tinha opções.

— Senhor! — continuou Sigurd. — Um novo ataque pode acontecer agora? O assassino ainda deve estar por aí, o que faremos?

— Cha-Chamem os guardas, reúnam todos!

Outro guarda entrou no recinto, seu corpo ensanguentado da cabeça aos pés.

— Nossos homens! — berrou em desespero. — Alguém matou a maioria dos nossos soldados!

— O-O quê?!

— Sobrou apenas 1/3 do nosso contingente, senhor!

— Co-Como isso foi acontecer?

— Na-Não tenho certeza, senhor, mas nossos homens de repente começaram a matar uns aos outros, fui atacado por um irmão de escudo, por sorte consegui acabar com a vida dele antes que ele acabasse com a minha, mas muitos não tiveram essa sorte!

O Elfo ficou em pânico.

Um golpe tão duro daquele havia sido dado em tão pouco tempo que ele nem mesmo teve tempo o suficiente para ponderar sobre tudo, sua mente apenas ansiava por resolver aquele problema.

— Si-Sigurd! — chamou. — Escreva para a rainha de Runyra, diga que precisaremos de ajuda urgente, aceitaremos os termos dela!

Jane se segurou para não rir, o plano de Ayla havia dado milimetricamente certo.

— Sim, senhor!

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Olá, eu sou o Stuart Graciano!

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