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Colin e Celae tinham uma relação muito próxima e carinhosa. Eles gostavam de passar tempo juntos, fazendo diversas tarefas e atividades.

Nas próximas semanas, eles fariam algumas coisas que os aproximariam ainda mais.

Uma das tarefas que eles fariam seria preparar um jantar especial para Scasya e o pequeno Colin que estavam vidrados em jogos de videogames.

Eles queriam surpreendê-los com uma refeição deliciosa e saudável. Foram até o mercado comprar os ingredientes frescos e orgânicos.

Mãe e filho iriam cozinhar juntos, seguindo uma receita que Celae havia aprendido com uma de suas servas quando ainda era princesa.

Eles conversaram, riram, se abraçaram e se ajudaram mutuamente. Arrumaram a mesa com velas, flores e uma toalha bordada.

Finalmente serviram o jantar para aqueles dois que pareciam irmãos. Comeram juntos, compartilharam histórias, sentimentos e planos.

Sentir aquilo era tão bom.

Outra das tarefas que eles fizeram foi organizar o quarto do pequeno Colin, que estava ficando muito bagunçado. Eles queriam dar uma nova cara ao ambiente, tornando-o mais aconchegante e divertido para o garoto.

Eles doaram os brinquedos que ele não usava mais, guardando os que tinham valor sentimental.

No outro dia compraram novos móveis, cortinas, tapetes e almofadas, escolhendo as cores e os temas que o pequeno Colin gostava.

Todos eles se esforçaram para pintar as paredes com desenhos animados, super-heróis e animais. Montaram os móveis juntos, seguindo as instruções e usando as ferramentas adequadas. Decoraram o quarto com fotos, pôsteres e adesivos.

O pequeno Colin ficou encantado e animado com o resultado.

No dia seguinte foram ao cinema novamente, dessa vez para ver Carros.

Compraram pipoca, refrigerante, chocolate e balas, se deliciando com as guloseimas durante a sessão. Quando terminou, comentaram sobre o filme, principalmente os dois Colins, que pareciam duas crianças de tão animadas que ficaram.

 Suas atividades não somente se limitaram a isso, continuaram saindo, conversando, se divertindo, e Colin passou a aceitar aquele lugar como sendo sua realidade.

Mesmo que fosse uma projeção, era reconfortante.

Ao longo das semanas, Colin e Celae continuaram passando tempo juntos. Laços de amor e amizade eram fortalecidos, e eles se conheciam melhor e se respeitavam ainda mais.

Na cozinha, eles estavam lavando a louça, e um questionamento veio na mente de Celae.

— Querido… suas esposas e seus filhos… eles não sentem saudades de você? Não estou reclamando de você ficar, isso é ótimo, mas pelo que comentou, eles precisam de você, não precisam?

Colin ficou em silêncio por alguns segundos.

— Sim… você tem razão, eu vou ir em breve…

— E já que existe essa magia de voltar no tempo, você pode voltar sempre que quiser, né?

Sua garganta deu um nó e ele franziu os lábios, tentando se manter firme. — Claro, mãe, eu voltarei e prometo trazer a família toda da próxima vez, háhá!

— Eu adoraria conhecê-los, conhecer essas mulheres que você confia tanto… Filho, fiquei curiosa com uma coisa. Como você descobriu que podia usar magia?

Ele assentiu e puxou a cadeira para se sentar, secando as mãos em um pano seco, jogando-o sobre a bancada.

— Bem… eu… no futuro, antes de conhecer Safira e Brighid, minha vida não ia muito bem… — Ela parou tudo que estava fazendo para escutá-lo. — A senhora morreu… perdi o meu emprego, e minha noiva me trocou pelo chefe… eu não vivia, só existia… eu tinha uma amiga, Agatha, a encontrei na praça, e ela estava noiva… foi ali que percebi que todos com quem me importei conseguiam se virar sem mim, eu não era necessário. Se eu estivesse vivo ou morto, isso não faria diferença…

Colin abaixou a cabeça. Ele não conseguia encará-la nos olhos.

— Me joguei de uma ponte… as margens eram longe uma da outra e eu não estava em minha melhor forma… eu queria afundar naquele lago gelado… desaparecer…

Ele ergueu a cabeça e encarou sua mãe. Os olhos dela estavam cheios d’água, e ela parecia tão brava quanto triste.

Aquilo fez o coração de Colin desesperar-se.

Vê-la chorar daquela forma doía mais do que qualquer golpe que ele já recebeu.

Celae aproximou-se do filho sentado na cadeira e o abraçou, com Colin apoiando a cabeça em seus seios.

— Sinto muito… — A voz engrolada dela entrando em seus ouvidos. — Sinto muito que tenha passado por isso sozinho… eu devia… devia ter sido uma mãe melhor, me desculpa, por tudo, por favor…

Era a primeira vez em muito tempo que Colin se viu desarmado. Sua máscara resiliente, forte e orgulhosa caiu. Nesse instante, foi como se ele tivesse cinco anos novamente.

Seus braços envolveram a cintura de Celae, e seus olhos também se encheram d’água.

Colin, um homem alto e forte, costumava irradiar uma aura de proteção quando estava com as pessoas com quem ele se importava, mas naquele momento, foi ele que se sentiu protegido.

Lágrimas continuaram brotando de seus olhos, cada uma delas pesando toneladas, mas Colin sentia-se mais leve à medida que ela escorria por suas bochechas.

Um filme passou por sua cabeça, sua complicada infância, sua adolescência conturbada e o trágico começo de sua vida adulta.

Depois ele se lembrou de quando chegou ao plano da raiz, de quando conheceu Safira, Brighid, dos amigos que fez pelo caminho, das suas aventuras, das pessoas que ele se sentia responsável, do desastre de Ultan e seu novo recomeço.

Parte dele carregava o peso de suas escolhas erradas, mas aquilo não importava mais. O que ele deveria fazer ficou tão claro em sua mente que o cegou.

— Você não tem culpa de nada, mãe… — Ele encostou a cabeça no ombro dela, sentindo o carinho dos seus dedos nos seus cabelos. — Eu sei agora que eu era covarde. Era mais fácil fugir do que enfrentar, do que me esforçar para melhorar. Você me deu tudo o que eu precisava, não se culpe por isso.

Ele secou as lágrimas que escorriam pelo rosto dela com o polegar.

— Eu já passei por tanta coisa… mas a dor me moldou, me fez mais forte, mais firme. Eu não ligo para o que eles dizem ou pensam de mim, eu sei quem eu sou. Mesmo que eles me machuquem, me façam sangrar, me deixem à beira da morte, eles não vão me derrubar, nunca! Eu vou me levantar, vou rir na cara deles, vou mostrar que eles não são nada pra mim!

Os olhos dela concentravam-nos do filho.

Celae era sua mãe, ela percebia que o seu filho estava ferido, não fisicamente, mas emocionalmente. Ele estava em conflito, tentando esconder a sua dor.

— Colin…  

— Eu não sou mais fraco, mãe, quero que saiba disso. Ninguém nunca mais vai me quebrar, nem que meu oponente seja dez vezes mais forte que eu, prometo.

— Filho… você já é muito forte, não se subestime. Relaxe a sua mente. — Ela tocou a testa dele com o dedo indicador. — Só assim você vai acalmar o seu coração. — Celae colocou o dedo sobre o peito dele.

— Eu sei. — Ele abraçou a mãe uma última vez e beijou sua testa. — Voltarei para… o futuro… tem muita gente que depende de mim lá. — Colin desvencilhou-se de sua mãe e abriu um largo sorriso. — Eu não vou desistir como antes, porque diferente de antes, agora sou forte.

 Com um sorriso que iluminava todo seu rosto, Celae assentiu.

— Faça o que tem que fazer. Dê um abraço em Brighid, Ayla e as crianças por mim… pode dizer as suas irmãs que eu as amo?

— Claro, mais alguma coisa?

— O seu pai… ele… está morto?

Colin assentiu.

— Está…

— Ah… bem, diga a Cykna que lamento por não estar com ela quando ela… precisou de mim…

— Direi.

Celae o abraçou apertado, ficando na ponta dos pés.

— Estou orgulhosa de você, saiba disso! Meu menino é um Rei, ajuda as pessoas e tem uma família enorme, háhá!

— Obrigado, mãe, vou arrumar as coisas para ir.

Ele se afastou dela e subiu as escadas, indo para o quarto do pequeno Colin que continuava jogando com Scasya.

— Ei, pegue suas coisas, temos que ir.

— Finalmente! — Ela ergueu-se e bagunçou o cabelo do pequeno Colin. — A gente vai ter que terminar essa partida depois.

— Por quê? Já vão embora? — indagou o pequeno, cabisbaixo.

— Você pode ficar com meus quadrinhos — disse Scasya pegando suas roupas e indo para o banheiro. — Aproveite.

Colin ficou em cócoras e chamou o garoto com um aceno, mas ele continuou parado.

— Nem um abraço de despedida?

O garoto continuou relutante, mas logo avançou até Colin, o abraçando apertado. — Você vai voltar?

Com um gesto carinhoso, Colin acariciou as costas do garoto. — Eu volto, até lá é melhor que você treine, quero que você me dê ao menos um desafio na próxima vez.

O garoto sorriu e se afastou de Colin. — Pode deixar! Na próxima sou eu quem fará 10 a 1!

— É assim que se fala! Até mais, Colin.

O pequeno assentiu e voltou a seus jogos. Colin fechou a porta e tirou o resto do dinheiro do bolso, colocando-o na bancada. Caminhou até o outro banheiro e também começou a se trocar.

Saiu de lá com sua clássica camisa preta justa, seu cinto onde pendurava a lâmina Gram e suas botas. Tirou Gram de debaixo da cama e a ajustou na bainha.

Scasya havia saído de sua forma humana, e ambos se encontraram no corredor.

— Onde está? — ela indagou.

— No quarto da minha mãe.

Eles o adentraram e Colin abriu o guarda-roupa, fuçando em uma caixa e retirando de coisas antigas o pingente que ele deu para Agatha anos mais tarde.

— Entendi… então isso também é feito com um fragmento da Claymore. — Encarou Scasya. — Pronta para ir?

— Sim!

O quarto começou a mudar diante de seus olhos, como se estivessem sendo transportados para um mundo completamente diferente.

As paredes brancas e comuns cederam lugar a uma paisagem de tirar o fôlego. A cada segundo que passava, mais o quarto se metamorfoseava em uma caverna de cristais.

Cristais de todas as cores e tamanhos cresceram das paredes, do chão e até mesmo do teto. Eles emitiam uma luminosidade suave e mágica, iluminando o espaço com uma aura irreal.

No fundo da caverna de cristais, havia uma figura horrenda.

Tinha a cor da neve, seu corpo assumindo a forma de um cavalo macabro. As patas traseiras eram retorcidas, lembrava as de um bode, enquanto as dianteiras se assemelhavam a braços humanos, terminando em garras afiadas.

O pescoço da criatura estendia-se como o de uma girafa, mas ao contrário da delicadeza da criatura selvagem, este era grotescamente longo e robusto.

A cabeça, era a de uma mulher, com olhos vermelhos que pareciam vibrar em intensidade maligna. Uma boca carnuda, avermelhada como sangue, abria-se para revelar uma língua monstruosamente longa como a de uma serpente, que sibilava incessantemente.

Apesar da presença perturbadora, Colin não foi acometido pelo medo.

Uma coroa de aura pairava sobre a cabeça da criatura, e a mana que emanava dela era a maior que Colin já sentiu, maior que a mana manifestada por Brighid durante a queda de Ultan. Scasya também havia percebido que a mana de Vallkuna não chegava nem perto daquela coisa.

Aquilo, sim, poderia ser chamado de deus.

— Claymore? — disse Colin. — É você, não é?

O rosto da mulher pálida deu um sorriso de orelha a orelha. — Colin Silva… você é o primeiro que vai tão longe. — Ela cruzou as patas e deitou-se como um cão no chão de diamante. — Isso não me surpreende, já que você tem o sangue dos primeiros Elfos, e Scasya, você não é necessária aqui.

A Elfa esticou a mão e conjurou sua espada, preparando-se para lutar e a criatura abriu um sorriso macabro.

— Hehe, queridinha, devia reconhecer o seu lugar. Eu sou a deusa aqui.

TLACK!

A espada de Scasya estilhaçou como vidro, e Claymore apontou o dedo para ela, fazendo o corpo de Scasya chocar-se violentamente contra a parede de cristais.

CRASH!

— Podemos tentar ser civilizados? — disse a criatura com um sorriso de canto. — Você, Colin, me entregue o meu artefato e suma daqui, só vou te dar essa chance.

Ele olhou para Scasya, que continuava pressionada na parede de cristais como se lutasse contra a gravidade, e depois olhou para Claymore.

— E se eu não quiser?

— Então você morrerá aqui. São escolhas simples, o que escolherá?

Ele começou a caminhar até ela, e Claymore apontou o dedo, com a intenção de jogá-lo longe, mas o baque que o atingiu como um chicote de ar sequer o tirou do lugar, apenas agitou os seus cabelos.

“Tsc… minha conexão evoluiu conforme ele evoluía. Não vou derrotá-lo usando métodos simples.”

— Eu não vou embora, quero usar o poder total do artefato.

Em um rápido movimento, ela se colocou de pé no trono de cristal.

— Isso é impossível, mas estou curiosa para ver você tentar. — Ela olhou para Scasya na parede. — Você cumpriu sua parte aqui, as Aladas precisam de você. O Devorador de deus se aproxima de sua senhora. — Ela abriu um largo sorriso. — É melhor correr.

CRASH!

Antes que a Alada tivesse qualquer tipo de reação, a parede de cristais a engoliu.

— Agora somos só eu e você, grandão. — Claymore esticou a mão, conjurando uma espada de mana que oscilava entre todas as cores. — Vi tudo através de você. Sempre soube que você era mais interessante que Willian desde que o derrotou. Aquele vermezinho me possuiu por séculos, mas foi você, alguém que me possuiu somente alguns míseros anos que conseguiu me encontrar.

Colin desembainhou a lâmina Gram.

— O que foi tudo aquilo que me mostrou? Como conseguiu fazer aquilo?

Ela apontou a espada que era quase duas vezes o seu tamanho para o Errante. — Os fragmentos foram criados do meu poder original, são cópias bem-feitas com parte de minha mana, mas nenhuma delas se iguala a mim. Parte de mim também está conectada a estes fragmentos, e como você fez com Willian, precisou conseguir todos os fragmentos para me possuir por completa, chegando até aqui. Consigo usar toda memória absorvida pela minha mana e recriar um mundo novo. Foi isso que você viu, fragmentos do tempo absorvido pelas cópias dos fragmentos conectados a mim.

Ele assentiu.

— Você disse ser impossível obter o poder total do artefato… por quê?

— Porque vai ter que me matar para isso! Vai ficar de papo furado ou vai lutar? Faz séculos que preciso alongar o meu corpo.

Colin concentrou-se. Flexionou os joelhos, esticou o braço direito onde segurava a lâmina Gram e suspirou, com um vento tórrido saindo de seus lábios.

Seu olhar calmo se desfez como uma mudança repentina de clima. Seus olhos retraíram, e um sorriso macabro formou-se em seus lábios.

— Hehe, aí está — disse a criatura. — O Colin que eu estava esperando!


Scasya estava de fora da grandiosa Antares, ela havia sido expelida pela lua de pedra. Pensou em retornar, mas descartou a ideia. Sem uma bússola como Claymore, era possível que ela ficasse presa pela eternidade.

As feridas em suas costas feitas após ela perder as asas, começaram a borbulhar, e suas enormes asas cresceram novamente.

— Sinto muito, Colin, mas se o Devorador de deuses está vindo, então tenho que ir… vê se fica bem!

WOOSH!

Com um bater de asas ela cruzou o céu astral.   

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Olá, eu sou o Stuart Graciano!

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