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Capítulo 357 – Convite irrecusável.

Fileiras de cadetes focados se estendiam pelo campo de treinamento. Determinados, erguiam suas espadas brilhantes sob o sol radiante.

Ting! Ting! Ting!

O som do aço colidindo preenchia o ar enquanto eles treinavam suas habilidades de combate uns contra os outros, suor escorrendo por seus rostos.

No centro desse espetáculo de habilidades marciais, o comandante Leerstrom observava com olhos atentos, sua presença imponente destacada entre os cadetes.

Ele era um homem alto e loiro, com uma figura robusta que transmitia autoridade. Seu distintivo bigode Petite Handlebar acentuava sua expressão séria, enquanto ele trajava uma regata escura, calças de pano e botas de couro.

Após averiguar, subiu as escadas de madeira até seu escritório. Enquanto o treinamento fervilhava do lado de fora, a transição abrupta levava a um escritório rústico.

A mesa de madeira maciça estava coberta por uma miríade de papéis e mapas estrategicamente espalhados. A luz suave das velas penduradas deixava o ambiente com uma atmosfera séria e concentrada.

O comandante sentou-se em sua poltrona e suspirou, aproveitando o silêncio.

Tlack!

A porta do escritório se abriu repentinamente, interrompendo sua paz. Um cadete adentrou, respirando pesadamente. Ele segurava uma carta com um lacre vermelho, distintamente marcado com o símbolo da família Leerstrom.

O Comandante ergueu seu olhar inquisitivo para o cadete, que se aproximou com respeito militar.

— Comandante — disse o cadete, estendendo a carta. — Uma mensagem de vossa filha, senhorita Samantha.

— Sam? Me entregue!

Assim que a tomou em mãos, rompeu o lacre, seus olhos escanearam rapidamente as palavras escritas.

“Para o Meu Querido e Honrado Pai,

Espero que esta carta o encontre em boa saúde e prosperidade. Permitam-me comunicar-lhe uma notícia que pode moldar o destino de nossa linhagem de maneira inigualável. Colin, o rei de Runyra, cuja amizade e respeito conquistamos ao longo dos anos, fez uma proposta que merece nossa atenção.

É com grande honra que ele oferece à nossa família a oportunidade de reivindicar aquilo que, por direito, nos pertence. Parte da terra que Kerie Leerstrom, nossa ilustre ancestral, conquistou há tempos atrás. O rei Colin, tornando-se um dos maiores conquistadores que já existiram, reconhece a legitimidade de nossa reivindicação e nos estende a mão.

A verdade incontestável é que Colin almeja unir nossos destinos, elevando o status e a posição de nossa família a patamares nunca imaginados. Minha mãe, que sempre valorizou o prestígio e a importância social, terá a oportunidade de figurar na história como sempre desejou. Elizabeth, minha querida irmã mais nova, poderá, futuramente, unir-se em matrimônio ao filho mais velho de Colin, solidificando ainda mais nossos laços com a realeza de Runyra.

Colin vislumbra um papel mais significativo para o Comandante Leerstrom, indo além de sua posição como treinador de cadetes. Ele propõe que o Comandante seja elevado à categoria de Lorde, assumindo a responsabilidade de proteger as terras que nossos antepassados comandaram com tanta distinção.

Se esta proposta for de vosso interesse, Colin sugere que venhais pessoalmente até Runyra para discutir detalhes e formalizar este acordo. O rei aguardará sua visita de braços abertos, ansioso para estreitar ainda mais os laços que unem nossas famílias.

Com respeito e expectativa,

Samantha Leerstrom.”

— Isso foi inesperado — murmurou o comandante para si. — Cadete!

— Si-sim, senhor!

— Preciso ir para casa, conversar com minha esposa sobre uma questão importante. Você está no comando por enquanto, faça-os treinar até sua carne rasgar.

— E-entendido, senhor!

Apressado, o comandante deixou o campo de treinamento com passos decididos, seu casaco escuro pesando levemente sobre os ombros largos.

O sol, agora mais baixo no céu, lançava uma luz dourada sobre as ruas tranquilas por onde ele caminhava, a mente absorta no conteúdo da carta.

A mansão Leerstrom, imponente e majestosa, aguardava no final da rua. À medida que ele se aproximava, seus servos o cumprimentavam com respeito, curvando-se levemente diante do comandante.

Ele subiu as escadas com uma presença majestosa, passando pelos corredores adornados com tapeçarias que contavam a história de sua linhagem.

Ao chegar à sala do chá, a atmosfera alegre e descontraída se dissipou quando a porta se abriu, revelando a figura imponente de Leerstrom.

Sua esposa, Ophelia, estava sentada junto à janela, tomando chá com sua filha mais nova e algumas amigas. Risos e histórias interromperam-se abruptamente, dando lugar a um silêncio tenso.

Leerstrom permaneceu na porta por um momento, seu olhar sério e profundo capturando a atenção de todos na sala.

— Querido… chegou cedo…

— Ophelia, Elizabeth — ele começou com uma voz grave, quebrando o silêncio. — Precisamos falar sobre algo importante.

O olhar preocupado de Ophelia encontrou o do comandante, enquanto as amigas observavam com uma mistura de curiosidade e apreensão.

Uma a uma, as damas da corte ergueram-se e deixaram a sala, a última a sair fechou a porta, e o semblante de Ophelia enrijeceu-se agressivamente.

— O que eu disse a você sobre invadir minhas reuniões sem ser chamado? Quer que elas pensem mal de mim?

— Sua filha me escreveu.

— Minha filha…? Charlotte?

— Samantha.

— Essa garota não é a minha filha, eu já disse que não quero nada que toque no nome dela, você nunca faz o que eu peço!

Elizabeth ficou animada ao ouvir o nome da irmã, mas se conteve para não ser repreendida pela mãe.

O comandante sentou-se em uma cadeira, seus cotovelos apoiados nos joelhos enquanto se inclinava.

— Deve saber sobre Colin, certo?

— O amigo plebeu e mestiço dela? Soube que ele se tornou rei, mas com Samantha, prefiro assuntos que não envolvam essas… pessoas.

— Devia saber, ele se tornou um rei, ou melhor, um imperador. Quase toda terra do leste pertence a ele. O garoto ultrapassou Ultan.

Ophelia deu de ombros.

— E daí? — Ela tomou o chá.

— Ele ofereceu à nossa família a chance de comandar uma província. Você seria uma Lady.

Aquela informação a pegou de surpresa.

— Humf! Grande coisa, já temos uma vida confortável aqui, não preciso das migalhas desse reizinho.

— Você não está entendendo, ele mencionou Kerie, a terra que ela conquistou e que veio a se tornar Ultan. Esse “reizinho” está devolvendo isso à nossa família. Não entende isso? Mesmo que eu só tenha o encontrado uma única vez, o garoto me reconheceu, além de conhecer sobre nosso passado. Minha filha do meio é casada com o irmão do rei de Valéria, e o que ele me dá em troca? Cadetes para serem treinados, eu já fui o braço direito de Ultan, e agora estou reduzido a isso.

— … Ganhamos um bom dinheiro, não precisamos da esmola desse… mestiço.

Foi a vez do comandante franzir o cenho.

— Ele nos oferece a chance de termos mais do que jamais tivemos, e você continua agindo como uma criança birrenta porque Samantha não se tornou sua marionete. Sua filha tem a chance de dar tudo que você sempre quis e você nega porque esse presente veio dela!

Franzindo os lábios, Ophelia desviou o olhar.

— I-isso não é verdade…

— Falarei com Aoth, diga aos servos para empacotarem todas as nossas coisas, vamos para Runyra.

— Ficou louco? Temos uma vida aqui! Quer trocar tudo isso por uma possibilidade? E Charlotte? Vai deixar sua filha sozinha aqui?

— Ela já é uma adulta, e sobre o seu clube do chá, não se preocupe, elas sequer olhariam para você se sua filha não fosse casada com o príncipe. Agora tenho que ir.

Ajeitando o casaco, o comandante saiu da sala, deixando Ophelia vermelha de raiva enquanto Elizabeth esboçava um sorriso de canto.

Finalmente, ela iria se encontrar com a irmã que tanto admirava.


Nos recessos de uma forja agitada, ferreiros trabalhavam arduamente nas bigornas, martelos batendo em uma harmonia rítmica.

Clank! Clank! Clank!

Faíscas brilhantes voavam no ar, iluminando o rosto suado dos ferreiros enquanto moldavam o metal incandescente.

Enquanto isso, em campos de treinamento sombrios, Elfos negros praticavam suas artes sinistras. Sorrisos maliciosos adornavam seus rostos enquanto lançavam magias extremamente poderosas em bonecos de treino.

A energia sombria fluía de suas mãos, transformando o campo em um espetáculo de forças arcanas que poucos além deles puderam presenciar.

Alguns Elfos afiavam suas espadas com precisão cruel, enquanto outros se entregavam a treinamentos brutais de combate, exibindo agilidade e ferocidade impressionantes.

No final do campo esverdeado, o solitário Ghindrion descansava, observando o tumulto ao redor. Ele estava envolto em uma aura de tranquilidade, como se o caos à sua volta não o perturbasse.

— Ghin! — Uma voz feminina o chamou baixinho.

— Morwyna? — Ele se virou e viu sua irmã envolta em uma capa escura. — O que você está fazendo aqui? Você enlouqueceu? Se alguém te pegar…

Ela fechou os olhos e estalou os dedos. Um monte de terra se ergueu atrás deles, formando uma barreira.

— O pai te procurou depois daquilo? — ela perguntou, olhando nervosamente para os lados.

— Não, ele nem se lembra de mim. E você, ele foi atrás de você?

— Ainda não. Ele deve estar muito ocupado com seus planos. — Ela se sentou ao lado do irmão e jogou o capuz para trás. — Esses elfos…

— São os mesmos que atacaram o Oeste há séculos — disse Ghindrion. — Eu ainda era um garoto e eles já eram guerreiros leais ao tio, e agora ao pai.

— Eles parecem… contentes…

— São os cães do pai. Ele os soltou da coleira e agora eles fazem o que querem. — Ele suspirou. — Tenho medo de que essa guerra contra Runyra seja pior do que a que o tio começou.

Morwyna concordou com a cabeça, seu semblante cabisbaixo.

— Se o pai vencer… a gente vai poder viver em paz, não é?

— Você quer que o pai vença?

— Não… eu não sei… o continente inteiro nos odeia, se a gente perder, podemos acabar como os elfos do Mar…

Ghindrion olhou para a irmã com compaixão. — Runyra não vai nos exterminar, há outros da nossa raça lá, mas eles podem querer eliminar a família real. Eu descobri por espiões que os reis de todos os países que Runyra conquistou estão mortos.

Ela engoliu em seco. — E-eu não te falei?! Runyra é pior que o pai!

— … Você quer acreditar nisso? O pai quer te usar como uma vaca reprodutora e você ainda o defende?

Ela desviou o olhar. — Mesmo que esse Colin seja forte, o pai é um Monarca Arcano da Pujança… ninguém pode derrotá-lo… então… talvez seja melhor só aceitar…

Ghindrion franziu a testa e aumentou o tom de voz. — Você está louca? Depois de tudo que sofremos, você ainda quer ficar sob o domínio dele?

— E o que podemos fazer? Nós não temos chance contra ele, e nem pense em pedir ajuda a Runyra! Você liderará as tropas, quando começarem a matar todo mundo, Runyra irá atrás de você!

O príncipe ficou calado por alguns instantes e acenou.

— Depois que eu matar o rei de Runyra, o pai será o próximo. — Ele sorriu e tocou o rosto da irmã. — A diferença de nível entre o pai e eu não é tão grande, eu posso vencê-lo se eu me fortalecer.

— … Você está falando sério?

— Claro que estou, eu não vou deixá-lo te machucar, eu prometo! Agora é melhor você ir embora antes que alguém te veja.

Ela assentiu e abraçou o irmão com força, sussurrando algumas palavras antes de sumir.

Suspirando, Ghindrion coçou a nuca. O príncipe estava em uma verdadeira encruzilhada, sem ter para onde correr. De um lado, havia o infame reino de Runyra, e do outro, havia seu pai.

Mesmo suas palavras sendo encorajadoras, ele não tinha certeza se poderia vencer estes dois oponentes impiedosos. Contudo, ele tinha uma vontade que mal cabia em seu peito de proteger sua irmã mais nova, o único ser que ele se importava na vida.

Inspirando fundo, ele ergueu-se, voltando para perto de seus homens. 

Nota: Aylinda, feita por IA.

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