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Capítulo 362 – Dama de Gelo.

Ao lado de Coen, o céu se rasgou com um brilho cintilante, revelando um portal de luz pulsante.

Do portal, emergiu uma figura transcendental, uma silhueta feminina delineada pela luz ofuscante que emanava de seu ser. Ela possuía uma graça etérea, com dois pares de asas que se desdobravam majestosamente, cortando o ar com uma elegância divina.

— Bem-vinda, senhora — ele fez uma reverência. — Só tenho um único pedido desta vez, acabe com o fogo.

A luz da criatura era tão poderosa que Safira ergueu uma das mãos frente aos olhos, afastando a luz ofuscante.

— O que me dará desta vez? — perguntou com uma voz calma, doce e angelical.

— Dez anos — respondeu.

— Feito.

Com um sopro suave, mas carregado de poder, a mulher de luz iniciou uma transformação espetacular. O magma, outrora indomável, começou a cristalizar-se em um espetáculo congelante.

Fora um golpe quase instantâneo.

— Merda!

Safira saltou antes do pilar em que estava ser congelado.

Os soldados titã foram envolvidos por uma geada instantânea, seus movimentos se tornando lentos e depois cessando completamente, enquanto camadas de gelo os encapsulavam em estátuas brilhantes.

Em cima de seu círculo mágico, Safira observava o gelo que havia formado padrões intrincados, capturando a luz e refletindo-a em milhares de arco-íris minúsculos.

Era um mundo transformado, de calor abrasador a uma paisagem de inverno cristalino, tudo em um piscar de olhos.

“Tsc… é a primeira vez que vejo um ser tão poderoso., porcaria! Não consegui prever isso!”

E então, com a mesma graça que congelou o inferno, a mulher de luz agitou suas asas.

Woosh!

O gelo começou a rachar.

As fissuras se espalharam rapidamente, propagando-se como relâmpagos através da superfície congelada. Com um estrondo final, o gelo se despedaçou, lançando fragmentos cintilantes pelo ar, dissipando o calor com uma força invisível.

O ser de luz cintilou novamente e desapareceu sem deixar rastros.

— Sem zona de calor, sem magma, e ainda com a mana bem reduzida. — O errante abriu um sorriso convencido. — E agora, garota, o que restou para você?

Suor seco escorreu pela têmpora da caída. Esticando a mão, sua foice ganhou forma.

Coen respondeu conjurando sua espada. 

— Vem, pirralha, me mostra o que aprendeu!

Safira ergueu a lâmina, e chamas dançaram ao longo do aço, refletindo um brilho vermelho-alaranjado.

Ela avançou, cada passo deixando marcas de fogo no chão gelado, sua foice desenhando arcos incandescentes no ar.

Coen, com um sorriso desdenhoso, entoou palavras antigas e uma aura azul o envolveu. No momento em que Safira atacou, ele desapareceu em um piscar de olhos, reaparecendo atrás dela.

Ela girou, mas ele já estava em outro lugar, movendo-se com uma velocidade sobrenatural.

— Você vai precisar ser mais rápida que isso — Coen zombou, lançando um corte de energia elétrica. Safira girou a foice, e a magia de fogo a transformou em um escudo flamejante, absorvendo o ataque e redirecionando-o para o céu, onde explodiu como um trovão.

Cabrum!

Inspirando fundo, a caída apertou o cabo de sua foice e avançou como um torpedo, o chão explodindo a cada passo.

Boom! Boom! Boom!

— Vai insistir mesmo em uma luta direta?

Ting!

Coen defendeu-se com sua espada, mas a força de Safira o fez ser lançado longe. Num giro, ele se recuperou, trocando golpes com a garota que já estava bem a sua frente.

Seus olhos estavam ensandecidos, e o sorriso dele era assustador.

Eles eram um borrão de movimentos, indo de um lado para o outro numa velocidade surpreendente.

Numa finta, Coen mirou no pescoço dela, e no momento que fora completar o movimento, Safira estilhaçou a espada com os dentes pontiagudos.

Scrash!

Apertando o cabo de sua foice, ela tentou cortá-lo, mas Coen adentrou seu portal a tempo de escapar.

“Essa foi por pouco”, zombou. “Vocês… criaturas selvagens, ficam com o mesmo olhar quando são ameaçados, não é? Me pergunto se Colin a influenciou nisso também.”

Ela começou a concentrar seu poder, as chamas em sua foice crescendo mais intensas e brilhantes. Coen observava, seus olhos brilhando com uma luz azulada enquanto ele se preparava para o próximo movimento.

Com um gesto rápido, um círculo mágico abriu-se diante dele e uma série de raios partiram em direção a Safira, que mal conseguia acompanhar, desviando-se e bloqueando como podia.

Cabrum! Ting! Ting!

Safira, percebendo uma abertura, lançou-se para frente, girando sua foice em um arco vertical. Coen, no entanto, previu seu ataque e se teletransportou para cima, flutuando brevemente no ar antes de disparar mais um ataque elétrico apontando o dedo como se ele fosse uma arma.

A lâmina de Safira encontrou o raio, e uma explosão de vapor e faíscas iluminou o campo de batalha.

Cabrum!

Furiosa, ela deixou a fumaça avançando contra Coen que prontamente se afastou adentrando um portal.

No entanto, Safira estava em um intenso frenesi.

Um círculo magico surgiu abaixo de seus pés no qual os apoiou delicadamente.

Vapor saiu de sua boca, e sua pele pálida ficou timidamente avermelhada.

— Hehe, lá vem algo grande-

Swin! Crunch!

Um corte havia sido feito no torso do errante, cortando também a cabeça da serpente enrolada nele.

“Essa velocidade… não consegui acompanhar! Hehe! Então esse é o sangue dos antigos Asmurgs!”

Apesar do movimento bem-sucedido, a velocidade sobrenatural de Safira tinha seu preço. Sua pele começou a rachar e descascar, como se não pudesse conter a energia que fluía através dela.

Ela usava mana para se proteger, mas a força que ela liberava era quase insustentável.

“Entendo, não dá pra você manter essa forma por muito tempo. Que desperdício de habilidade.”

No momento que Safira fora usar novamente sua técnica, Coen apareceu a sua frente, sua palma apanhando seu rosto e a pressionando violentamente no chão de gelo.

Bam!

A mana dela começou a ser drenada enquanto a garota selvagem se debatia. Coen apoiou o joelho no abdômen dela e segurou uma de suas mãos.

— Ainda não, garota, não é hora de jogar sua vida fora. — Os olhos dela estavam voltando ao normal, assim como seu corpo. — Só mais um pouco.

Um brilho ofuscante pareceu vir de dentro de Safira, indo para os braços de Coen e desaparecendo, deixando-a imóvel.

— Pronto… terminamos… — Ele ergueu-se, encarando-a desacordada. — Sei muito bem onde colocar alguém como você.

Scrash!

Num movimento rápido como um raio, Coen virou-se, estilhaçando a espada de mana lançada pela pixie.

— Fica longe dela!

“Tsc… minha pandoriana perdeu?”

Scrash!

Ele absorveu outro golpe, mas dessa vez deu alguns passos para trás. A mão dele estava tremendo.

“A essência da flama que absorvi… preciso de tempo para estabilizar, saco!”

Furiosa, a pixie conjurou uma miríade de espadas, jogando-a contra o errante que não teve outra alternativa senão fugir. Correu para longe enquanto absorvia algumas e esquivava-se de outras.

“Preciso ganhar tempo!”

A pixie estava na frente dele, com a palma da mão aberta frente ao seu rosto.

— Merda!

Boom!

Uma explosão de mana o lançou longe. Enquanto capotava no gelo fino, Coen recuperou-se, derrapando agressivamente. Metade de seu rosto estava em carne viva.

“Não há o que eu possa fazer”, pensou ele, esquivando-se de uma lança de mana que passou zunindo por sua orelha. “Péssima hora para isso acontecer. É uma boa opção chamar pela senhora da luz novamente? Não… ela iria pedir o dobro de anos e me deixaria ainda mais debilitado. Só tenho mana para mais um movimento, e ele tem que ser decisivo.”

Boom!

Esquivou-se de outra espada, porém uma o cortou no tórax de raspão.

“Pensa, Coen, pensa”

Crunch!

O braço dele foi decepado.

“Porcaria!”

Em um movimento desesperado, ele abriu um portal no céu, que aos poucos ganhou dezenas de olhos. Eles eram vermelhos como sangue, e segundos depois, a lua roxa que veio com a chegada da pixie foi tapada por aquele mar de olhos.

Como uma ilusão, as nuvens começaram a se distorcer e dela uma criatura ganhou forma, descendo até o chão.

Seus cabelos eram longos e serpenteavam como se estivesse debaixo d’água. O que estava ali era uma mulher magrela, pálida e usando vestido escuro que ia até os joelhos. Ela estava descalça, mas caminhava saltitante, seus passos leves como se ela estivesse caminhando sob a superfície da lua.

— Se me chamou, significa que a situação é bem crítica, certo? — disse a mulher, sua voz exalando maldade. — Nunca vi você tão machucado assim, garoto. O que aconteceu?

— Gostaria de me apresentar à senhora em condições melhores… aquela é a deusa da lua do plano dos sátiros.

A pandoriana a encarou com as mãos para trás e um sorriso gentil.

— Já ouvi falar de você… já faz milênios, mas quando pacifiquei o abismo, havia idiotas que diziam sobre o quão benevolente você era.

A pixie franziu o cenho.

— E quem é você?

A magrela fez uma reverência. — Tenho muitos nomes, mas sou mais conhecida como a primeira governante do abismo. É uma pena o que aquele lugar se tornou, agora governado por um pirralho. — Ela fez beicinho encarando Coen. — Esse idiota diz que é por uma boa causa, mas não acredito nessa bobagem.

Ziom! Crunch!

Um portal abriu-se atrás da pixie, e a ponta de uma espada a perfurou, paralisando-a por completo. De dentro, saiu a pandoriana de quatro braços.

Ela estava com ferimentos leves.

— Que coisinha mais escorregadia! — Ela retirou a espada, deixando Nix com os olhos arregalados. — Quer que eu a mate?

Coen fez que não com a cabeça. — Safira iria se enfraquecer com a morte dela, como aconteceu comigo após Gorred ser morto. E droga, quase esgotei toda a minha mana. — Ele olhou para a pandoriana de quatro braços. — Devia ter aparecido antes.

— Como eu iria saber que você iria estar tão esgotado? — respondeu.

Coen olhou para a palma da mão.

— Me restam seis contratos. — Ele abriu um sorriso. — Os seres dessa era são bem poderosos, que inveja…

— Isso é culpa sua, sempre perde tempo brincando com seus adversários.

— Seria um desperdício não ver todo potencial de alguém quando sua vida está em risco.

A pandoriana magrela aproximou-se sutilmente, como se flutuasse.

— Está ficando sem armas para lutar contra aquele vampiro.

Coen abriu um sorriso convencido.

— Alucard? Não se preocupe com ele, dessa vez quem ganhará serei eu.

— E tem planos para a garota e essa… deusa? — perguntou a magrela de braços cruzados.

— Tenho algo em mente. Drenem toda a magia da pixie, até que ela não se mova mais. Sentarei aqui e ficarei esperando.

A magrela se aproximou da pixie, tocando seu rosto.


No céu, um portal se abriu, e abaixo estava uma torre de vigilância. O tempo estava severo, com neve caindo agressivamente.

— Podem largá-las aqui — disse Coen.

A pandoriana de quatro braços deixou Safira e a pequena pixie despencarem, até caírem na neve fofa lá embaixo.

— Certo, vamos retornar, eles devem aparecer logo.

Coen olhou para a palma de sua mão, vendo uma labareda de fogo. Sorrindo, ele adentrou o portal e desapareceu.


Na vastidão branca da nevasca, um homem caminhava com passos cautelosos. Seu sobretudo branco quase se confundia com o manto de neve que cobria tudo ao redor.

De repente, um tropeço inesperado.

Ele se agachou para afastar a neve acumulada e, para sua surpresa, descobriu uma garota adormecida, com um ser diminuto e brilhante ao seu lado, asas cintilantes mal visíveis entre os flocos de neve.

— Pai! Encontrei uma coisa!

Outro homem veio dos fundos, seu cabelo prateado partido ao meio.

— Uma garota com chifres?

Outra mulher apareceu dos fundos, arregalando os olhos.

— Pai! Eu a conheço!

Ele ergueu uma das sobrancelhas.

— Conhece?

— Essa é… a companheira do Stedd, né? Aquela com chifres, mas essa fada eu não conheço.

Jack Ubiytsy ficou ali, a encarando.

— Isso é suspeito, mas ela continua viva. Vamos tirá-la do frio. Veny, leve a garota para o forte.

— Certo!

Mesmo com a nevasca e o vento frio, Jack sentiu mais três cheiros além daquelas duas, e sua análise aguçada avistou um rastro de magia que aos poucos se dissipava no céu.

“A garota foi jogada aqui e não faz tanto tempo. Quem quer que seja, queria que ela fosse encontrada.”

Veny jogou Safira no ombro, cobrindo-a com pedaços de pano.

— Fiquem atentos — disse Jack. — A garota foi jogada aqui, quem a colocou nesse inferno pode estar por perto. — Sim, senhor!

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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