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Capítulo 363 – Triunfo!

A capital de Noron erguia-se majestosa sob o céu alaranjado do entardecer.

Suas catedrais pontiagudas perfuravam o horizonte e os vitrais coloridos capturavam a luz do sol, espalhando um mosaico de cores pelas ruas de pedra.

As pessoas, vestidas com sedas e veludos, passeavam com a elegância de quem nunca conheceu a adversidade, ignorando os guardas que patrulhavam com olhares severos e passos firmes.

Numa rua menos iluminada, o som de chicotes cortava o ar, acompanhado pelos gemidos abafados dos escravos que se recusavam a seguir adiante. A brutalidade era um contraste gritante com a beleza da cidade, uma mancha escura na tapeçaria dourada de Noron.

Na torre central da grande catedral de Thitorea, a porta maciça abriu-se com a batida insistente.

— Está tudo pronto para a sua partida, Excelência — anunciou um homem de voz grave, vestido com as insígnias de um sacerdote.

Alexander assentiu, sua expressão serena escondendo a tempestade de pensamentos que o agitava.

— Já estou de saída, obrigado.

Assim que a porta se fechou atrás do mensageiro, um calafrio percorreu a espinha do pontífice.

Suor frio escorreu por sua têmpora, e ele sentiu a presença de alguém atrás de si.

Virando-se lentamente, seus olhos encontraram os de Colin, olhos amarelos que brilhavam intensamente no canto escuro da sala.

“Ele… está realmente aqui?”

— Alexander? É você o apóstolo do deus morto?

O coração de Alexander pulsava em um ritmo frenético, ecoando em seus ouvidos como o som de tambores.

“Como ele está aqui? Uma invasão? Não, então… ele se esgueirou até aqui?”

— Não esperava por sua visita, Majestade — disse Alexander, sua voz um sussurro cauteloso. — O que traz o rei de Runyra à minha humilde morada?

Colin assentiu com um sorriso.

— Aprendeu a ser educado? Não lembro disso quando você fez um complô com o antigo grupo de nobres para machucarem meus filhos e minhas esposas.

— …

A presença de Colin enchia o ar com uma tensão sufocante. O pontífice sentia o peso do olhar amarelo do monarca sobre ele, penetrante e calculista, como se pudesse desvendar cada segredo escondido nas profundezas de sua alma.

Alexander estava longe de ser tolo, ele sabia da diferença de nível. De todas as criaturas com quem já encontrou, três seres tiveram o poder de criar nele um sentimento de extrema cautela. Seu senhor, Drez’gan, Milveg, o rei dos elfos negros, e agora Colin, o rei de Runyra. 

— Pelo que ouvi de você, majestade, pensei que fosse mais… escandaloso… esperava que entrasse pela porta da frente.

Alexander lutava para manter a compostura, mas uma gota de suor traía sua inquietação, deslizando pela pele pálida e caindo silenciosamente no chão de mármore.

— Por que a agonia, pontífice? — A voz de Colin era suave, mas carregada de veneno. — Não é todo dia que um rei visita um servo de um deus do abismo.

Alexander engoliu em seco, sua garganta seca como um pergaminho antigo.

— Se veio até mim dessa forma, creio que não quer um combate, correto?

Colin sorriu, um sorriso que não alcançava os olhos frios. — Ah, pensei nisso quando estava vindo para cá. “Faço o cretino se render por bem ou por mal?”, mas colocando os olhos em você, admito que fiquei… decepcionado.

“Esse pirralho de merda… estou deixando-o controlar a situação, e isso não pode acontecer, não com ele!”

— Acha que tenho medo de você, garoto? — disse em um lampejo de coragem. — Isso é coisa desse corpo. Para mim, você é só uma criança que deu sorte.

Intimidador como ele conseguia ser, Colin deu um passo à frente, emergindo das sombras como se fosse uma criatura nascida da própria escuridão.

O ar ao redor parecia vibrar com sua presença, e cada passo que ele dava ressoava no coração de Alexander como um prenúncio de desgraça.

“Merda! Esse corpo não quer reagir!”

Esforçando-se, o pontífice recuou. Seus olhos se arregalaram e, por um momento, ele foi apenas um homem, despojado de toda a sua autoridade e poder.

O medo era uma entidade viva, enrolando-se em torno de sua mente, apertando seu peito com garras invisíveis.

Seu trejeito, o suor, seus olhos, Colin percebia tudo aquilo.

— Sei que a vinda do seu mestre possa ser inevitável, quando eu matar o corpo que você está, diga a ele que estou o esperando.

Alexander sentiu o mármore frio contra suas costas, a parede sólida. Ele lutava para encontrar sua voz, para reunir os fragmentos de sua coragem.

“Esse corpo covarde de merda!”

— Eu… eu não tenho medo de você… — Sua voz tremia, desmentindo suas palavras.

— Claro que não.

Ligeiro, Colin pressionou a cabeça de Alexander contra a parede com uma força brutal, atravessando-a e o mundo pareceu desacelerar.

O pontífice viu os destroços voejarem ao seu redor, partículas de poeira dançando em um raio de luz que invadia a sua retina.

“Esse desgraçado… ele está me atacando?”

Com um movimento súbito, Colin lançou Alexander ao chão, o impacto ressoando num estrondo que ecoou pelas ruas.

Boooom!

Por um momento, tudo que Alexander podia sentir era o frio do ladrilho contra suas costas e a sombra imponente de Colin pairando sobre ele.

“Esse verme!”

— Como um ser inferior feito você ousa encostar essa mão imunda em mim? — bradou furioso.

Então, em um lapso de coragem desesperada, Alexander liberou sua magia. Uma onda de energia pulsante emanou dele, afastando Colin, que derrapou alguns metros, a expressão de surpresa brevemente visível em seu rosto.

“Então ele vai lutar… melhor assim”, pensou Colin. “Não vim até aqui para ter uma conquista fácil!”

Nas ruas, as pessoas começaram a se aglomerar, atraídas pelo tumulto. Elas viram a figura imponente de Colin, um homem moreno, grande e forte, contrastando com o franzino Alexander.

O pontífice sabia que não poderia recuar; ele crispou os dedos, concentrando sua mana, enquanto soldados emergiam das vielas, atraídos pelo caos.

— Pontífice, o senhor está bem? — perguntou um dos soldados correndo em direção ao seu senhor.

Colin abriu um sorriso e sua lâmina dançarina Gram moveu-se com uma graça letal. Ela avançou sobre os soldados, costurando o ar, ceifando vidas com uma eficiência assustadora.

Crunch! Crunch! Crunch!

O pânico se espalhou como fogo entre as pessoas, que começaram a correr, buscando refúgio da violência que se desenrolava diante de seus olhos.

“Porcaria! Meus principais sacerdotes não estão aqui, e pelo visto usar soldados para escapar será inútil. Se eu sacrificar este corpo, então talvez eu consiga vencer!”

Alexander ergueu-se do chão, a determinação ardendo em seus olhos.

Com um movimento fluido de suas mãos, ele conjurou armas feitas de mana pura, lançando-as com força contra Colin. Mas, para sua frustração, as armas se desfaziam ao contato com a pele do rei, incapazes de deixar sequer um arranhão.

“Merda!”

— Sua resistência é admirável, pirralho! — gritou Alexander, sua voz ecoando pelas ruas desertas. — Mas estamos só começando!

Colin apenas sorriu, aquele sorriso que não prometia nada além de mais sangue. Com um salto ágil, ele esquivou-se de mais um ataque, movendo-se com uma graça que desmentia seu tamanho.

— Sou um apóstolo, verme desgraçado, não vou perder para um nada como você!

Alexander sabia que precisava mudar de estratégia. Concentrando sua mana, ele levitou, subindo acima das casas e catedrais.

Com um gesto grandioso, ele banhou estruturas com mana e arrancou pedaços delas, lançando-os em direção a Colin.

— Jogar casas em mim, esse é o seu grande movimento?

O rei era como um borrão, desviando de cada ataque com facilidade, o sorriso em seu rosto se alargava a cada esquiva bem-sucedida.

“Fui arrogante”, Alexander continuava tentando acertar Colin. “Meu alvo sempre foi Kag’thuzir, nunca imaginei que você pudesse ser sequer um adversário. Naquele tempo, quando você havia acabado de se tornar rei de Runyra, era ali que eu deveria ter acabado com você!”

O corpo do sacerdote era levado ao limite.

“Do que estou falando, mesmo assim, eu perderia… Mesmo sem Kag’thuzir, a mestiça dos elfos da neve ainda estava com você. Ela ainda esconde aquela criatura do plano superior nos esgotos da cidade… porcaria! Preciso do meu corpo original, com ele, consigo varrer esse continente sozinho!”

O pontífice usava sua mana para criar uma tempestade de destroços, enquanto Colin dançava entre eles.

“Esse corpo fraco, esse é o máximo dele?”

As pessoas escondidas observavam, hipnotizadas pelo espetáculo.

A batalha se desenrolava, com o entardecer dando espaço à noite, uma de céu estrelado.

— Isso é mesmo o poder de um apóstolo? — zombou Colin esquivando de um destroço. — Brighid consegue ser melhor que isso mesmo longe do seu auge.

Alexander, com um grito de fúria, invocou espadas de mana colossais, cada uma brilhando com uma luz intensa e vibrante.

Ele as lançou sem hesitação, sem se importar com as consequências para aqueles que chamava de seu povo. As espadas zuniram pelo ar, dirigindo-se a Colin com uma velocidade vertiginosa.

— Você não é nada de mais, apóstolo do deus morto.

Colin, com um movimento quase preguiçoso, ergueu o braço direito e, antes que as lâminas o atingissem, elas começaram a rachar, desintegrando-se em milhares de fragmentos luminosos que caíram inofensivamente ao redor, protegendo os cidadãos aterrorizados.

“Tsc! Maldita habilidade errante!”

Usando os passos fantasmas, Colin desapareceu e reapareceu atrás de Alexander em um piscar de olhos. Ele desferiu um chute poderoso nas costelas do pontífice, que sentiu o impacto reverberar por todo o seu corpo, lançando-o pelo ar até ele se chocar e afundar em uma residência próxima.

Boom!

Alexander emergiu dos destroços, uma aura de poder emanando dele enquanto afastava os escombros em uma explosão de mana. Havia escoriações por todo o seu corpo, e um corte profundo sangrava em sua cabeça.

— Desgraçado, maldito, verme! Vou te matar!

Os pedaços de concreto se fundiram à sua mana, transformando-se em uma miríade de estacas afiadas que voaram em direção a Colin. Mas o rei permaneceu imóvel, um sorriso confiante em seus lábios enquanto cada estaca se desfazia ao tocar sua pele impenetrável.

Ting! Ting! Ting!

Colin, mais uma vez utilizando os passos fantasmas, moveu-se com uma velocidade sobrenatural e golpeou Alexander no abdômen com o punho. O pontífice foi lançado novamente, seu corpo quebrando a parede de outra residência com um estrondo ensurdecedor.

Boom!

Alexander jazia no meio dos escombros, o medo se infiltrando em cada fibra do seu ser.

“Merda… não sinto um pingo de mana vindo dele, e mesmo sem usar magia, ele me deu só dois golpes, e isso foi o suficiente para deixar esse corpo nesse estado.” pensou Alexander, tentando se levantar, mas a dor lancinante em suas pernas e braços quebrados o manteve imóvel. “Ele é tão forte quanto Thaz’geth. Sem meu corpo original, eu não conseguirei vencer…”

— Desgraça!

Seus olhos se arregalaram ao ver Colin se aproximando, cada passo do rei ressoando como um prenúncio de seu fim iminente.

— Maldito corpo fraco!

O suor frio percorria sua testa, misturando-se ao sangue que escorria de suas feridas. O pânico tomou conta dele, sua respiração se tornou rápida e superficial.

Alexander sabia que não tinha mais escapatória; a derrota era iminente. O poder de que ele tanto se orgulhava parecia nada diante da força esmagadora do rei de Runya.

“Como? Como ele pode ser tão forte sem ser um apóstolo?”

— Queria ter me divertido mais com você — disse Colin chateado. — A culpa foi minha por colocar expectativa nisso. Quando retornar ao abismo, diga ao Drez’gan que estou cuidando muito bem da prometida dele. Diga também que ele terá o que merece se pisar no meu império.

— Ele vai destruir você! — berrou furioso, veias saltando de sua têmpora. — E aquela vadia da Kag’thuzir será esfolada viva com os seus filhotes!

— Sei… adeus, Alexander.

Cabrum!

A cabeça dele explodiu, miolos escorrendo pelo chão.

Com a batalha terminada e Alexander derrotado, Colin ergueu-se diante dos cidadãos aterrorizados.

— Povo desta cidade, escutem-me bem! — começou Colin, sua voz firme e poderosa ressoando pelas ruas silenciosas. — A era de Alexander e seu reinado chegou ao fim. Agora, vocês estão sob uma nova jurisdição, sob o domínio de Runyra!

Os olhares assustados dos cidadãos encontraram o rei vitorioso, enquanto ele continuava.

— Não esperem por salvadores; não virá ninguém para ajudar. Todos os soldados que poderiam ter defendido vocês estão mortos. Este é o destino de quem se opõe à Runyra!

Uma pausa dramática se seguiu, e Colin olhou para cada rosto na multidão, desafiando-os.

— E se houver entre vocês aqueles que desejam lutar, que venham! Mas saibam que a resistência é inútil.

Colin terminou seu discurso com um olhar que varreu a multidão.

— A partir de hoje, vocês têm a oportunidade de fazer parte de algo maior. Escolham sabiamente.

Suspirando, ele sentou-se em uma pedra enquanto ouvia os cochichos.

— Jane, está ouvindo? — Uma aranha minúscula saiu de seu ouvido. — Avise as minhas esposas que Noron caiu. Conte toda verdade a elas e diga a Tuly para mandar homens para a capital, ficarei aqui esperando.

A aranha retornou para o ouvido dele.

Colin estava imbuído de uma sensação de poder incontestável.

A superioridade que sentia era palpável, uma satisfação profunda que o preenchia ao contemplar o continente sob a bandeira de Runyra.

Ele se recordava da primeira vez que vislumbrou seu futuro império através da janela do castelo, uma visão que aos poucos se tornava realidade.

A dominação era uma embriaguez nova para ele, tão intoxicante quanto a adrenalina de uma batalha sangrenta ou o prazer de se deitar com uma de suas esposas.

Era um êxtase de controle, de saber que não havia ninguém capaz de detê-lo, que todos estavam à mercê de sua vontade.

“Falta pouco.”

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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