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Capítulo 364 – Notícias inesperadas.

O palácio de Rontes era um labirinto de pedra, seus corredores estreitos e sombrios. Naquela manhã gélida, um homem franzino, com vestes simples e um capuz que ocultava seu rosto, corria como se o próprio destino o perseguisse. Seus passos rápidos ressoavam contra o silêncio solene, e sua respiração ofegante formava pequenas nuvens no ar gelado.

Ele se aproximou da grande porta de madeira, as mãos trêmulas mal conseguindo segurar a carta que carregava. Com um empurrão desesperado, abriu a porta, revelando a figura imponente de Yonolondor.

O senhor de Rontes estava de pé junto à janela de vidro, contemplando a vastidão da cidade coberta de neve. Ao ouvir o barulho, ele se virou bruscamente, os olhos fixos no mensageiro.

— Mensageiro, qual o motivo da perturbação? — perguntou Yonolondor com uma voz que carregava o peso de sua autoridade.

Lutando para recuperar o fôlego, o mensageiro estendeu a mão trêmula e entregou a carta selada.

— Meu senhor, — ele começou, sua voz um sussurro carregado de temor — é Alexander… ele está morto.

A notícia caiu sobre a sala como uma bomba.

Desesperado, Yonolondor abriu a carta.

A carta que Yonolondor recebeu era um relatório sombrio dos espiões de Rontes. Com caligrafia apressada e tinta ainda fresca, o documento começava com a notícia alarmante de que as forças de Noron haviam caído em completo silêncio, sem que nenhum sinal previsse tal desastre.

A mensagem prosseguia com detalhes perturbadores: dois dias atrás, Colin, líder dos carniceiros do centro-leste e rei de Runyra, havia entrado na capital de Noron.

Após um intenso combate, ele assassinou Alexander diante dos olhos horrorizados dos cidadãos, que nada puderam fazer além de testemunhar.

A carta continuava descrevendo como os soldados de Runyra avançaram sobre Noron sem encontrar resistência, pilhando a grande catedral e suas riquezas sagradas.

Felizmente, nenhum civil foi ferido durante a invasão, mas os soldados que tentaram defender sua terra foram impiedosamente massacrados.

Quando terminou de ler a carta, Yonolondor sentou-se pesadamente em sua cadeira, a mão apoiada na testa em um gesto de desolação.

— Isso não poderia ser mais desastroso…

Alexander, que havia prometido tanto em nome do deus morto, agora estava morto.

“Merda! Ataquei Runyra meses atrás, é óbvio que o próximo sou eu!”

Com um suspiro que carregava o peso de uma decisão inevitável, ele chamou um de seus guardas.

— Preparem o exército! — ordenou com uma voz firme. — Iremos para a guerra. Colin está chegando, e Rontes não cairá sem lutar!


Lumur, imperador do grandioso império do sul, estava sentado em seu trono, uma construção imponente, esculpida em madeira de ébano e adornada com gemas raras.

A luz das velas dançava sobre os entalhes intricados enquanto ele recebia a carta dos espiões. O selo, rompido com urgência, liberou o segredo que mudaria o curso do leste.

A notícia veio como uma flecha envenenada: Alexander, o opositor principal de Runyra, estava morto.

O imperador leu a carta com olhos afiados.

Alexander havia deixado para trás apenas alguns frascos de sangue modificado, uma tentativa desesperada de fortalecer os soldados contra inimigos futuros.

O rei do sul, já instável desde a queda de Leif, agora enfrentava uma nova era de caos. Grupos emergiam das sombras, ávidos por tomar o controle. Lumur sabia que não podia hesitar. Ele estava no epicentro dessa tempestade.

Erguendo os olhos, ele encarou o mapa do continente pendurado na parede.

As peças se moviam, e Lumur também teria que jogar.


O governante de Valéria, Aoth, estava sentado em sua cadeira, a luz da manhã lançando sombras longas sobre as duas cartas abertas diante dele.

A primeira, mencionava os temidos Elfos Negros, falava de exercícios militares que não só o alarmavam, mas também enviavam ondas de medo por todas as nações do oeste.

A segunda, falava de Runyra, continha notícias ainda mais sombrias: o principal opositor de Runyra havia sido destruído.

Tenso, Aoth passou os dedos pelos cabelos, sua mente girando com todas essas revelações.

Em menos de um ano, o equilíbrio de poder havia se inclinado perigosamente. Runyra agora estava livre para avançar sobre o Norte, ameaçando os reinos de Rontes e até mesmo o império do sul.

A queda de Alexander não era apenas uma perda política; era um sinal de que a maré da guerra estava mudando.

O abandono de um de seus principais homens, seduzido pela generosa oferta do rei de Runyra, foi um golpe pessoal para Aoth.

Ele sabia que a lealdade era uma moeda volátil em tempos de guerra.

[Algumas noites atrás.]

A porta da grande sala gemeu ao se abrir, e Leerstrom, com sua postura imponente e olhar decidido, adentrou o recinto.

— Serei direto — anunciou Leerstrom, a voz grave ecoando pelas paredes. — Recebi o convite do rei de Runyra. É uma honra que não posso recusar.

Aoth, sentado no trono de madeira entalhada, ergueu as sobrancelhas. Seu olhar, frio como o vento que soprava pelas fendas das muralhas, fixou-se em Leerstrom.

— Honra? — Aoth desdenhou. — Considera honra o convite de um assassino? Você já foi mais valoroso, Leerstrom.

O comandante franziu o cenho, os olhos faiscando.

— O ‘assassino’ reconheceu meu valor — retrucou Leerstrom, a voz cortante como a lâmina de uma espada. — Não sou obrigado a ficar aqui e ajudá-lo com os recrutas, filhos de nobres que sequer sabem manusear uma espada. O senhor mantém a neutralidade porque é benéfico para seu bolso, mas só agora decidiu montar um exército.

Aoth cerrou os punhos, os nós dos dedos brancos de tensão.

— Você está falando com um rei, comandante — disse Aoth, a voz gélida. — Controle a língua. E não esqueça que sua filha está ligada à minha casa. Seria uma pena se a segurança dela… fosse comprometida.

Leerstrom parou, o olhar endurecido como aço temperado.

A sala pareceu tremer com a força de sua voz.

— Se um único cabelo de Charlotte for tocado, juro que nem os deuses poderão salvar Anton ou a ti. Uma criança como você deveria ter mais cuidado com o que diz.

Aoth retraiu-se levemente, surpreso com a audácia do comandante.

— Estou de partida. — Leerstrom retirou a braçadeira e jogou-a na mesa. — Essa cidade não tem exército ou contingente. Se ela for atacada, você cairá. Tenho pena do que acontecerá com seu povo. Dito isso, Charlotte irá comigo.

Aoth ergueu a voz.

— Acha que permitirei levar alguém que carrega o sobrenome de minha casa?

Leerstrom sorriu, um sorriso sem alegria.

— Quem vai me impedir? Seu exército? Seu irmão? Ou melhor, você? Eu já era o braço direito de Ultan quando você mamava no peito de sua mãe, garoto. Passar bem.

“Tsc… velho maldito!”


Leerstrom caminhou pelos corredores silenciosos até chegar ao quarto de Anton e Charlotte. A porta se abriu suavemente, revelando o casal tomando chá.

Anton, com seus cabelos loiros penteados para trás, vestia uma túnica simples de linho, enquanto Charlotte, sua beleza ruiva marcante, usava um vestido de seda verde que realçava a cor de seus cabelos.

— Senhor Leerstrom? — Anton ergueu as sobrancelhas, curioso.

— Pai? — Charlotte olhou para ele, surpresa.

— Charlotte, minha querida, chegou a hora de partirmos. — O comandante falou com firmeza.

A confusão estampou o rosto de sua filha.

— Partir? Para onde?

— Não é seguro aqui. — Leerstrom olhou para ambos. — O rei de Runyra me convocou, e não posso ignorar tal convite. Mas não deixarei você em perigo.

Anton interveio, a preocupação marcada em seu rosto.

— Espera, senhor, você não pode simplesmente levá-la. Ela é minha esposa.

— E minha filha. — Leerstrom olhou fixamente para Anton. — Você pode vir conosco se desejar, mas não a deixarei aqui.

Anton hesitou, olhando para Charlotte, que aguardava uma resposta.

— Qual o problema com Valéria? — Anton questionou. — Aqui é um lugar seguro, nunca fomos atacados, muito menos ameaçados.

— Isso foi durante o reinado de Ultan — explicou o comandante. — Mas as marés estão virando. Os Elfos Negros sairão da toca, e ninguém conseguirá pará-los, ninguém além de Runyra. Seu irmão é orgulhoso demais para aceitar que não temos chance contra eles.

Charlotte olhou de um para o outro, compreendendo a gravidade da situação. — E o que faremos, pai?

— Brighid está lá, em Runyra. — Leerstrom apontou. — A mulher para a qual você construiu uma religião, rapaz. Ela nos espera.

Anton parecia dividido. — Preciso de tempo para pensar.

— Então pense rápido. — Leerstrom virou-se e saiu do quarto, deixando o casal com uma escolha que mudaria suas vidas para sempre.

Charlotte tocou o ombro do marido. — Querido, o rei de Runyra, Colin, minha irmã já foi companheira da guilda dele. Pelo que sei, ele não é um homem ruim… Meu pai não agiria assim se não confiasse nele.

Ele olhou para Charlotte, e a decisão pesou sobre ele. — Eu sei, mas… não posso abandonar o meu irmão dessa forma.

— Conhecemos como Aoth age, — disse Charlotte — ele não vai nos ouvir.

— Você tem razão. — Anton respirou fundo. — Sou o representante da Santa em Valéria. Seria uma honra vê-la novamente. Certo! Já me decidi. Arrume as coisas, vamos com o seu pai para Runyra!

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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