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Colin, sentado com uma postura relaxada, mas atenta, observava seus filhos no centro do pequeno salão de treino.

O som das espadas de madeira ecoava pelo espaço, um testemunho do empenho que Tobi e Hamald depositavam em cada movimento.

Tobi, com uma destreza notável, parecia levar a melhor sobre Hamald, cada golpe seu calculado e eficaz.

Ao seu lado, Meg segurava uma maçã, sua expressão distante e pensativa. A mordida que ela dava na fruta era mecânica, quase como se sua mente estivesse em outro lugar.

— Pai — começou ela, hesitante. — Tobi e Hamald evoluíram bastante… Eu… sinto que nunca serei forte o suficiente como eles…

“Certo… ela está com dúvidas sobre si. Acho que sei como animá-la.”

Colin virou-se para ela, um sorriso compreensivo em seu rosto.

— Meg, é natural se sentir assim às vezes, especialmente quando comparamos nossas forças físicas diretamente com as dos outros. Você é uma garota, e nossos corpos têm suas diferenças em termos de força bruta. Mas não devia ficar desanimada com isso. Ayla e Brighid, por exemplo, fisicamente, eu sou superior, mas se eu lutasse contra elas, é provável de eu levar uma bela surra, como já aconteceu outras vezes, até mesmo perder, principalmente para Brighid.

Ele fez uma pausa, garantindo que tinha a atenção completa de Meg, tocando com o indicador na testa dela.

— Aprendi que a força verdadeira está em usar a mente, em estratégias e sabedoria. É saber quando atacar, quando defender e quando esperar. Só se lembre de que, em muitas histórias, as batalhas mais decisivas foram vencidas não pela força do braço, mas pela agilidade do pensamento.

Meg olhou para seu pai, absorvendo suas palavras. O peso de suas dúvidas parecia, de alguma forma, aliviar-se com o encorajamento dele.

— Então, eu posso ser forte… de um jeito diferente? — perguntou ela, uma faísca de esperança em seus olhos.

— Exatamente — confirmou Colin bagunçando o cabelo dela. — E mais do que isso, você pode ser poderosa. Cada pessoa tem seu próprio tipo de força, e aprender a reconhecê-la e a utilizá-la sabiamente é o que nos torna verdadeiramente formidáveis.

Meg sorriu, sua confiança renovada pelas palavras de seu pai. Comendo o resto de sua maçã, ela agora olhava para seus irmãos não com inveja, mas com uma nova perspectiva.

— Pai, o senhor já sentiu medo? Todos falam sobre o senhor, e os meninos dizem que o senhor não teme nada, isso é verdade?

Colin olhou para o teto, pensativo.

— Acho que depois de lutar tanto, você passa a sentir medo pelos outros, não por si. Tenho medo de deixar vocês sozinhos, medo de deixar tudo nas mãos das suas mães. Medo de não ser bom o suficiente para vocês e para o reino.

— Eu ainda não entendo isso… — Ela desviou o olhar. — Nas suas primeiras batalhas, como o senhor fazia para lidar com o medo? — Havia pesar em sua voz. — Na noite em que Potter morreu, Tobi pareceu não ter medo de nada. Ele… matou dois homens, mas apareceu outro que ele não conseguiu vencer, se não fosse pela senhorita Lina… fiquei tão assustada que não consegui fazer nada… por isso comecei a aprender esgrima, eu só não queria sentir aquilo nunca mais…

Suas dúvidas e medos eram válidos para uma garota de onze anos, mas mesmo sendo mais velha que Tobi, ela continuava sentindo-se inferior.

— Tem uma técnica que uso às vezes — disse Colin com um sorriso, capturando a atenção da pequena. — Quando o oponente for forte demais, ou você estiver assustada, a primeira coisa a se fazer é ignorar a dor.

— Ignorar a dor…?

— Sim, por mais que esteja doendo, você finge que não, então você força um sorriso assustador. Isso com certeza afetará quem estiver lutando com você. Vão pensar: “Por que essa miserável não cai?”, ou “Minhas técnicas não estão funcionando?”. — Ele deu dois toques na testa dela. — Isso também é pensamento rápido.

Pensativa, Meg ficou em silêncio por uns instantes e depois sorriu.

— Obrigada, pai! — Ela deu-lhe um abraço apertado, correndo para perto dos irmãos.

— Palavras bonitas, senhor — disse Tuly na porta.

— São os meus filhos. Eu queria que o meu pai tivesse me inspirado assim… enfim, alguma notícia do Norte?

Ele assentiu.

— Yonolondor caiu, os nobres o encarceraram, mas tiveram muitas baixas. Eles solicitam ajuda, precisam reconstruir suas terras, alimentar seu povo, se reerguer.

— Certo, libere a família deles e diga a Jane para redirecionar parte dos recursos para o Nordeste. Samantha deu notícias?

— Sim, senhor. Um corvo chegou mais cedo dizendo que tribos de gigantes e Orcs estão cedendo, e ela prometeu a eles um pedaço das terras do Norte. Também disse que alguns líderes, tanto Orcs quanto gigantes, querem firmar o acordo diretamente com o senhor.

Colin alisou o queixo.

— É compreensível. Mais alguma coisa.

— Ela disse que encontrou um amigo, não entendi muito bem, mas seu nome é Kodogog.

O rei ergueu as sobrancelhas.

— Kodogog está vivo? — indagou com um sorriso. — Háhá! Que ótima notícia, sabia que ele não tinha morrido no ataque! Certo, conversarei com minhas esposas, vou até o Norte!


Caminhando pelos corredores do castelo, os passos de Colin eram leves, carregados de antecipação. Ao se aproximar do quarto, encontrou a porta entreaberta, permitindo que os sons calorosos da conversa e risadas suaves chegassem até ele.

Ao espiar para dentro, viu uma cena que era a personificação da paz e do amor que formavam o cerne de sua vida, um dos muitos motivos que o faziam ansiar pelo retorno ao lar.

Suas esposas, sentadas confortavelmente, estavam imersas em uma conversa animada, compartilhando momentos de alegria e amamentando seus filhos com um carinho que só uma mãe podia oferecer.

Ao redor delas, no quarto espaçoso e acolhedor, alguns dos mais novos membros da família repousavam tranquilamente em seus berços, enquanto outros, mais aventureiros, exploravam o mundo ao seu redor, engatinhando sobre o tapete macio que cobria o chão.

Observar essa cena enchia Colin de uma paz profunda, uma sensação de completude e gratidão que transcendia as palavras.

Mesmo que tivesse seus objetivos, sua família era um lembrete vívido das razões pelas quais lutava, dos sonhos pelos quais se esforçava, e do amor que tornava todos esses esforços válidos.

Ao notarem sua presença, suas esposas o saudaram com sorrisos que iluminavam o quarto.

— Vem, Colin, por que não se junta a nós? — disse Ayla.

Colin aproximou-se, sentando-se com a felicidade de quem retorna ao seu lugar predileto. Com um braço, ele acolheu Cayuin e, com o outro, elevou Cohen ao seu ombro, provocando risadinhas com suas brincadeiras.

— Esperem aí, cuidado para não caírem — brincou ele.

Nesse momento, cercado por sua família, Colin encontrava-se imerso em uma felicidade simples e pura.

Aquilo era um lembrete constante do que realmente importava na vida, e cada riso, cada olhar trocado, era um tijolo a mais no alicerce de seu lar.

— Ayla estava contando dos presentes absurdos que já recebeu da corte — disse Brighid, seu rosto iluminado por seu lindo sorriso. — Você tem que ouvir, é uma coisa mais absurda que a outra.

— Sim — continuou Ayla, mais feliz que o normal. — Um dos amigos do meu pai me deu um bezerro quando eu tinha dez anos, ele disse que seria bom para que eu aprendesse a cuidar de algo desde cedo.

Colin ergueu a sobrancelha.

— E o que você faria com um bezerro?

— Não sei, mas papai mandou sacrificá-lo em uma semana, estava uma delícia. Como estava o trabalho?

Ele deu de ombros.

— Eu estava com Meg, Tobi e Hamald. Eles estão ficando habilidosos. Tuly escreveu para mim, a situação no nordeste foi controlada e a do noroeste precisa de um pouco da minha atenção. Os líderes dos gigantes e orcs querem falar comigo.

A notícia pairou no ar, pesada como uma cortina que se fechava, apagando o brilho nos olhos de suas esposas.

Ayla, com a cabeça levemente inclinada, os olhos refletindo uma mistura de tristeza e compreensão, quebrou o silêncio. — Você vai demorar para voltar?

Havia um tremor em sua voz, uma vulnerabilidade que raramente permitia transparecer.

— Por favor, tome cuidado — Brighid pediu, a seriedade tingindo suas palavras de um peso incomum. — E não se esqueça de levar um casaco. Não queremos que você pegue um resfriado lá no Norte.

Colin achou o comentário engraçado. De todos os perigos que poderiam rondá-lo, Brighid se preocupou com o menos provável.

— Eu não vou demorar como no plano astral, prometo, e pode deixar, levarei um casaco.

Seu filho mais novo, ainda nos seus braços, começou a demonstrar sua própria forma de protesto. Com pequenas mãos exploradoras, ele puxava os cabelos de Colin.

O outro, agarrado ao seu braço, iniciou uma série de mordiscadas leves.

— Hora de descer — disse Colin com um sorriso suave diante da inocente rebeldia de seus filhos.

Com todo o cuidado, colocou-os no chão, e sua atenção então se voltou para suas esposas.

Aproximando-se de cada uma, Colin beijou a testa de uma e depois da outra.

— Volto antes que sintam falta de mim.

Após a partida de Colin, o quarto ainda ressoava com o eco de sua despedida.

Ayla, seus olhos vagando pela quietude que Colin deixou para trás, quebrou o silêncio que se instalara entre ela e Brighid.

— Quando Colin anunciou que iria para o Norte, algo dentro de mim congelou — começou Ayla, a voz tremendo levemente com a vulnerabilidade de suas emoções. — Senti um medo que não consigo descrever. Um medo de… de talvez não voltar a vê-lo, de ele me deixar aqui sozinha.

Brighid já havia vivenciado aquilo tantas vezes.

— Eu sei, Ayla. Eu senti o mesmo algumas vezes… Colin sempre foi assim, quando coloca algo na cabeça, ele vai até o fim. Mas se tem algo que aprendi convivendo com ele, é que não precisamos nos preocupar. Colin sempre volta para casa.


Um reino, em seus tempos de glória próspero e vibrante, jazia agora em ruínas. A terra, árida e estéril, recusava-se a nutrir qualquer forma de vida, deixando o solo rachado e desolado sob um céu perpetuamente cinzento.

As muralhas estavam quebradas e rachadas. Nos portões do castelo, um mar de cavaleiros espectrais pintava a paisagem. Entre eles, soldados, orcs e gigantes, um exército devastado que, em vida, marchou sob bandeiras de conquista.

No céu, uma miríade de dragões espectrais voejava, suas asas cobrindo o firmamento como nuvens escuras.

No grande salão do castelo, sentado em um trono que parecia esculpido nas próprias sombras, estava Drez’gan.

Vestido em uma armadura demoníaca que parecia viva, moldada a partir das trevas e adornada com espinhos e símbolos de poder antigo.

A pose de Drez’gan, no entanto, era de uma contemplação melancólica. Sua cabeça, sustentada por um punho cerrado apoiado no braço do trono, sua mente envolta em pensamentos sombrios.

Seus olhos esverdeados, intensos e penetrantes, fixavam-se no vazio, como se buscassem respostas em algum ponto além das paredes do salão.

Sua pele era pálida, quase luminosa sob a luz tênue que se filtrava pelas janelas altas, cabelos escuros e lisos que caíam sobre seus ombros com uma elegância selvagem, e orelhas sutilmente pontudas.

Braz’gallan estava ajoelhado frente a ele. O apóstolo tinha a mesma armadura de seu mestre, mas seu cabelo era longo, esverdeado e bagunçado.

— A força de Thaz’geth está quase completa, meu senhor. Dentro de alguns meses ela estará inteira, então poderei atravessar para o plano da raiz e liberar o caminho para nosso exército. 

Drez’gan parecia desinteressado.

— Quantas oportunidades tivemos?

— Senhor…?

— De matar esse homem, Colin.

Braz’gallan engoliu em seco.

— Algumas, senhor…, mas infelizmente não tivemos sucesso.

— Kag’thuzir estava ciente disso quando o escolheu? Ela o escolheu por ele ter alguma chance de me vencer?

Suor seco escorreu pela têmpora de Braz’gallan. — Não acho que seja esse o motivo, senhor… o amor das fadas é diferente…

— Claro… eu a tornei o que ela é, fiz dela um dos seres mais poderosos da existência, e mesmo assim ela escolhe um mestiço, um bárbaro. Ela se contenta até mesmo em dividi-lo com outra mulher. — Cerrando o punho, Drez’gan esmagou o braço de apoio do trono. — Esse bárbaro… ele me faz sentir raiva, esse sentimento humano que pensei ter perdido.

— Senhor… — Os olhos, nariz e ouvidos de Braz’gallan começaram a sangrar com a manifestação de seu ódio. — Por favor… se acalme…

Ele se acalmou, fazendo seu apóstolo ter uma crise de tosse.

— Está liberado, Braz’gallan, continue com o bom trabalho.

— O-obrigado, senhor…

Com as pernas bambas, ele ergueu-se, retirando-se do cômodo e apoiando as costas na parede enquanto recuperava o fôlego.

— Ele está piorando — disse Sor’uth ao seu lado. Ela usava túnicas escuras e segurava um cajado. Seus olhos e cabelos eram de um verde fantasmagórico intenso. — A cada dia fica mais irritado.

— Quem pode culpá-lo… Kag’thuzir nos traiu, nos trocou por um ser inferior mesmo depois de tudo que fizemos por ela.

Ela entregou um orbe para Braz’gallan.

— O que é isso? — ele perguntou.

— Uma bússola. O enfraquecimento do véu criou fissuras pelo cosmos, fissuras que eu e você podemos atravessar.

Curioso, o apóstolo encarou a esfera brilhante.

— E para onde isso nos leva?

— Uma fissura no plano superior, podemos devorá-lo.

Ele jogou o orbe de volta para Sor’uth.

— Quando partiremos? Preciso extravasar, Kag’thuzir e toda aquela corja me deram dor de cabeça.

— Farei os preparativos.  

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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