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Capítulo 46: Um Amanhã Sangrento

Após sentir uma fisgada na nuca, Colin despertou com uma forte dor de cabeça. Coçou a nuca e se sentou na cama, que era bem macia. Colin olhou para o lado e viu Lina sentada na cadeira com os braços e pernas cruzadas.

Ela havia deixado sua armadura de lado e trajava uma blusa preta de manga longa que realçava bastante suas curvas e músculos.

Também usava um short curto que ia um palmo para cima do joelho e estava descalça com o cabelo solto. Colin mal a reconheceu sem todo aquele aparato.

[Funga! Funga!]

Colin quase se assustou ao ver a garota camundongo cheirando seu cangote. Ela estava vestida quase da mesma forma que Lina, porém sua blusa era azul escura. Instintivamente, Colin ergueu a mão e apertou o pescoço dela. Ele não dosou nem um pouco sua força.

— Senhor… — murmurou Eilika se esforçando para respirar — Não… consigo respirar…

— Foi você que me apagou, não foi? — indagou Colin enraivecido.

O rosto de Eilika estava ficando bastante vermelho e ela cerrou os olhos e segurou no braço de Colin. Se fosse em condições normais, ela conseguiria se safar sem problemas, mas ela não conseguia se concentrar.

— Senhor… por favor…

Eilika estava perdendo força nos braços, então Colin a soltou.

 Cof! Cof!


A pandoriana tossia descontroladamente enquanto acariciava a própria garganta. Ignorando-a, Colin saiu da cama e se moveu em direção a porta. Uma figura feita de sombras apareceu na porta frente a ele, se assemelhava bastante a um ogro deforme.

— Onde pensa que vai? — perguntou Lina ainda com os braços e pernas cruzados.

— Isso não é da sua conta.

— Claro que é. Você ataca minha subordinada na minha frente e sai como se nada tivesse acontecido?

Colin parou de se mover e encarou furioso a mulher sentada na cadeira. Ele ergueu a mão direita e uma adaga elétrica apareceu em sua mão.

— Não quero brigar com você. — disse Lina desfazendo sua sombra humanoide — Só quero conversar.

— Não quero conversar com você!

— Sei que deve estar preocupado com aquelas garotas, mas o que você está fazendo é apenas agir por impulso. Julgando da forma como lutou contra os vampiros, você não deve ser do tipo que age sem pensar.

Colin a ignorou e apoiou a mão na maçaneta.

— Você nem encostou naquele vampiro, Nostradamus, acha que vai conseguir vencê-lo sozinho? Se quer agir feito um imbecil, então vá em frente. Não vou o impedir de se matar.

Ainda com a mão na maçaneta, Colin olhou para baixo e inspirou fundo. Por mais que discordasse, aquela mulher tinha razão.

O sentimento que ele tinha pelas crianças estavam afetando seu raciocínio. No fundo, ele se sentia responsável, e se algo acontecesse com elas, Colin jamais se perdoaria. Sua mão escorregou pela maçaneta e foi até o seu rosto.

— Quem é você? — ele perguntou, ainda de costas para Lina.

Lina descruzou as pernas e se levantou.

— Sou a princesa Lina, Lina Ultan I — Ela caminhou até ele e ergueu a mão para um aperto — Muito prazer.

Colin se virou, encarou a mão dela e não fez mais nada.

— Colin Silva.

Ela abaixou a mão.

O fato de ela ser a princesa de Ultan o incomodou um pouco, mas ele não esboçou nenhum tipo de reação quanto a isso. Após saber em partes sobre a sujeira do império, ele não estava muito a fim de fazer amizade com ninguém da família real.

— Certo, Colin… Tenho algumas perguntas para te fazer.

— …

— Primeiro, foi você quem venceu aquele demônio na estrada? O rastro de mana deixado naquele lugar é semelhante ao seu.

— Não o venci sozinho, meus amigos me ajudaram.

Ela assentiu.

— E onde estão esses amigos agora?

— Por que quer saber?

— Só quero ajudar.

Colin hesitou por um instante, mas aquelas informações não eram tão confidenciais. Ele se perguntou se ela era realmente uma princesa, e ficou em dúvida do porquê uma princesa de um império tão importante estava tão longe de casa.

— Você é uma princesa, certo? O que está fazendo em um lugar como esse?

— Estou atrás dos meus irmãos. — Respondeu sem rodeios — Você deve ter os encontrado. São gêmeos de pele clara e cabelos escuros. Fugiram de casa e estou encarregada de levá-los de volta.

“Gêmeos? Aqueles dois são príncipe e princesa? Faz sentido, já que eles não se pareciam nem um pouco com camponeses”.

— Seus irmãos estão bem, mas não estão aqui. Viajaram com meus amigos para onde ficava o vilarejo dos camponeses que nos feneceram a missão. Devem vir para cá em dois dias.

Lina olhou para baixo e apoiou a mão no queixo. Ela estava indecisa se deveria partir para resgatá-los ou se ficaria naquele ducado e os aguardaria retornar.

— Não precisa se preocupar. — disse Colin — Eles estão com gente forte.

Hm, posso mesmo confiar em você, Colin?

— Você tem escolha?

— Não…

Passando por Colin, Lina calçou os chinelos no canto do quarto. Foi até a porta e girou a maçaneta deixando o recinto.

— Vem comigo, tenho que te mostrar uma coisa. Vem também, Eilika.

— S-Sim senhora!

A garota camundongo passou do lado de Colin evitando encará-lo no olho. Ele já era bem assustador normalmente, após tê-la enforcado, Colin havia se tornado bem mais macabro para ela que o normal.

Seguiram pelo corredor estreito e alcançaram uma porta de madeira no fim deste. Desceram uma escadaria bem escura com uma luz bem fraca iluminando lá em baixo.

Assim que alcançaram o fim da escadaria, viram alguém acorrentado, sangrando como um porco. Quando se aproximou, Colin o reconheceu. Era aquele vampiro de cabelo preto de antes que estava junto a Alistar.

— Consegui capturar esse e o fiz falar. — disse Lina indo até uma bancada ao lado do vampiro no qual continha instrumentos de tortura.

Havia de tudo. Cerrotes, alicates, martelos, pregos e muitos outros itens em cima de uma bancada de madeira ensanguentada. Lina pegou uma adaga enfiada na mesa da bancada e caminhou para perto do vampiro desacordado.

Ela girou a adaga pelo cabo e cravou no ombro do vampiro, que despertou depois de um berro ensurdecedor.

Assim que ele botou os olhos em Lina, começou a se debater.

— E-Eu já disse tudo que sei, por favor, eu não aguento mais!

— Silêncio! Não pedi para você abrir a boca.

O vampiro ficou em silêncio e olhou para baixo.

— Parece que esse Nostradamus juntou todos os clãs do continente com a ajuda de alguém, certo, vampiro?

— S-Sim senhora…

— E você disse que esse alguém é um caído, não é?

— Sim senhora…

Ela olhou para Colin por cima do ombro.

— Se os caídos estão metidos nisso, então significa que é mais sério do que pensei. Sabe o que eles querem além de tentar derrubar o império? Encontrar o último deles. Parece que ele despertou ou algo assim.

Colin continuou em silêncio.

Ele sabia estarem falando de Safira, mas julgando como Lina tratou o vampiro, poderia fazer pior com Safira se ela julgasse que sua companheira estava ajudando pessoas como os caídos.

— Mas pelo que essa aberração disse, os caídos parecem não ter interesse nos planos megalomaníacos de Nostradamus, apesar de estarem o ajudando. Isso nos dá uma ótima vantagem. Se o que você disse for verdade, seus amigos retornarão em breve com meus irmãos, e daremos um fim a essa rebelião dos vampiros, mas isso só será possível durante o grande eclipse.

Colin ergueu uma das sobrancelhas.

— Por que atacaremos no eclipse e não agora? — perguntou ele — Está claro, vampiros não podem atacar ao dia certo?

— Fica inviável tomar esse tipo de atitude. — respondeu ela cruzando os braços e encostando o quadril na bancada de madeira — Parece que o número de vampiros ultrapassa os milhares, duzentos mil para ser mais exata. Sem contar que eles se separaram em grupos pequenos, responsáveis por transformar humanos em vampiros e outra parte fica encarregada de capturar os humanos para alimento e enfraquecer as cidades. Eles pretendem dominar o continente desta forma, sitiando as cidades gradualmente, matando soldados e as deixando vulneráveis. Eu poderia pedir ajuda do império, mas até uma tropa marchar até aqui levaria dias, e não temos tanto tempo.

Lina foi até o outro lado da mesa e abriu o mapa do continente, cravando sua adaga em uma pequena cidade que ficava no meio de uma passagem cercada por imponentes cordilheiras.

— Durante o eclipse, eles devem avançar por aqui, todos os duzentos mil vampiros, mas vamos ser realistas, é melhor jogarmos esse número para o alto, cerca de quatrocentos mil.

Quatrocentos mil era quase cinco vezes o número de habitantes da capital. Nem havia tantos soldados assim disponíveis para o império usar livremente. A maioria estava atuando em frontes diferentes, e Ultan jamais os mandaria recuar, pois, essa atitude poderia ser irreversível, causando até mesmo o colapso do império advindo de forças rebeldes.

— Espera aí! — disse Colin erguendo uma das mãos — Você está dizendo que basicamente temos que deter um exército de quatrocentos mil vampiros, sozinhos? Não fale bobagens, mal consegui vencer vinte deles.

— Acha que não sei disso? Sei que é complicado, mas se não fizermos isso, o império irá cair muito rapidamente. Ainda estou considerando que os caídos não irão se envolver. Caso se envolvam, então provavelmente será o fim.

— Isso é basicamente suicídio! — gritou Colin.

Hm, não é isso que estava querendo fazer ao tentar ir atrás daquelas garotas?

— Isso é diferente.

— Não é! Acha que terá quantos vampiros esperando você?

Colin continuava enraivecido e caminhou para perto de Lina cerrando os dois punhos.

— Você quer que eu as deixe para lá?

Lina desviou o olhar.

— Sim…

— Parece que perdi meu tempo vindo aqui. — Colin deu as costas e retornou para a escada a passos pesados.

Ele nunca havia ficado tão furioso em toda sua vida.

Aquelas crianças já haviam perdido tudo que tinham, e só agora tiveram novamente alguma chance de sorrirem de novo. Colin não queria tirar isso delas.

Ele já havia sido abandonado, e sabia muito bem como isso machucava.

— Colin! — berrou Lina — Pense direito, vai se jogar na toca dos lobos por duas garotas? Conversei com as crianças mais cedo, vocês não se conhecem nem a uma semana, quer mesmo fazer essa estupidez por estranhos?

Parando na escada, Colin a encarou por cima dos ombros.

— Não me importo se é a filha do imperador, se continuar falando, arrancarei a sua língua.

Lina parou de falar imediatamente.

Ela era mais forte que Colin, mas havia algo nele que a assustava. Algo lhe dizia que as palavras dele não eram ameaças vazias. Nisso, ela se recordou de Lumur, que tinha praticamente a mesma atitude.

— Se quer morrer tanto assim, me deixe ao menos treinar você… Você tem pontos visíveis que consegue melhorar. Deve te ajudar a durar ao menos um pouco contra os vampiros nessa sua missão suicida.

Colin desceu um degrau a encarando.
— Como vai fazer isso? Não temos muito tempo, não é?

— Não, mas me dê um minuto… vá ver aquelas crianças e depois retorne para o quarto, prepararei as coisas.

Colin fez que sim com a cabeça e tornou a subir as escadas com mais calma. Um suor seco escorreu pela têmpora de Lina e Eilika se aproximou devagar.

— Tudo bem, senhora?

— Sim… só lembrei de uma coisa.

— Vai mesmo ajudá-lo?

— É nossa melhor opção. Mesmo se ele acabar morto, acho que esse rapaz consegue eliminar uma quantidade de vampiros significativa antes disso.

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Colin deixou a estalagem e encontrou um cenário desolador. Boa parte da cidade estava destruída. Dr. Zankas ajudava os feridos e suas assistentes o acompanhavam. Não havia somente civis entre os feridos, mas também soldados.

Outro grupo carregava os cadáveres e os colocava em um canto. Colin viu o duque enraivecido apontando para os soldados e gesticulando em demasia.

Assim que o duque botou os olhos em Colin, ele tornou a caminhar para perto dele batendo sua bengala no pavimento rachado.

— Seu elfo maldito! — esbravejou o duque — olhe o que sua incompetência fez! Sabe o quanto vai me custar arrumar tudo isso? Eu devia mesmo era descontar do seu pagamento!

— Não estou com paciência para escutar os seus lamentos.

— Há! Era só o que me faltava, eu estou lhe pagando, seu verme, você tem que ouvir meus lamentos em silêncio!

Colin pegou o duque pelo colarinho e o ergueu. O duque deixou a bengala cair e seus pés começaram a pedalar no ar. Os soldados ao redor nada fizeram. A história de que Colin lutou contra os vampiros e conseguiu vencer boa parte deles já havia se espalhado.

Nenhum deles queria arriscar e acabar seu cabeça.

— O-O que está fazendo?! Me solta, aberração!

— Eu disse que não estou com paciência.

O duque resolver se conter.

— M-Me desculpe, vou te deixar em paz, tá bem?

Colin o soltou, deixando o velho duque cair de bunda no chão.

Os soldados ajudaram-no a se levantar e o duque se afastou sem dizer nada, apenas continuou com o cenho franzido.

A mulher centauro se aproximou, e Colin se lembrou dela da noite passada. As crianças estavam com ela, e assim que elas avistaram Colin, muitas delas não conseguiram segurar o choro.

— Senhor Colin! — disse Tobi já enxugando as lágrimas — A culpa foi minha, o vampiro ia me levar, mas Melyssa não deixou, ela mordeu a mão dele e ele ficou com raiva. Então ele a pegou e a Brey tentou segurá-la, e ele a levou também…

Colin afagou os cabelos de Tobi.

— A culpa não foi sua. E melhorem essa cara, Melyssa e Brey estão bem, confiem em mim.

Potter era o mais cabisbaixo. Se sentia tão responsável quanto Tobi, talvez até mais. Era ele quem cuidava das crianças, e no momento em que ele não estava lá aconteceu essa tragédia. Percebendo isso, Colin se aproximou dele.

— Não precisa ficar assim.

— Eu sei, senhor… é que-

— Trarei elas de volta, não precisa se preocupar.

Apesar de dizer esse tipo de coisa com convicção, no fundo, de seu âmago, Colin não tinha tanta certeza disso. Considerou todas as coisas que Lina disse, e sabia que a chance de que elas estivessem vivas era ínfima, mas mesmo assim, ele queria acreditar estar tudo bem.

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O rangido agudo da porta da jaula foi-se ouvido, e Alistar retornou arrastando o corpo de uma criança pelos cabelos.

Brey estava num canto com os olhos cheio d’água, abraçada ao coelhinho de Melyssa. O olho direito dela estava roxo e seus lábios estavam machucados, além de várias partes do seu corpo terem hematomas evidentes.

A pequena mal conseguia se mexer direito devido à dor.

Alistar jogou o corpo de Melyssa que rolou pelo chão úmido até parar próxima a Brey. Dando uma encarada melhor, Brey notou que a amiga havia levado uma surra daquelas, bem pior do que aquelas que levavam por roubar comida. Por medo, ela olhou para baixo, evitando contato visual com Alistar.

Oh! Está com medo, né? Sua vadiazinha!

[Chute!]

Ele acertou Brey no estômago, e ela bateu as costas na grade de ferro da jaula. Após tentar recuperar o fôlego, ela começou a tossir e logo depois golfou. Assim que terminou de golfar, Brey encolheu-se no chão abraçando o estômago. Tossiu algumas vezes e logo depois começou a chorar baixinho.

— Você só sabe chorar? — perguntou Alistar com um sorriso diabólico no rosto — Não está gostando do tratamento vip? Foi seu amigo Colin que proporcionou isso para vocês, agradeçam a ele. — Alistar virou-se de costas — Melhor se alimentar bem e se preparar, amanhã será a sua vez. Espero que seu paladar goste de ratos e baratas, é a única coisa que encontrará aqui, háhá!

Ele pulou o corpo de Melyssa e caminhou para fora da jaula, a trancando posteriormente. Após tossir mais algumas vezes, Brey se recompôs e engatinhou até Melyssa. Colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha, ela aproximou o ouvido para próximo dos lábios feridos da amiga. Por sorte, Melyssa ainda estava respirando, mas mesmo que sua amiga estivesse viva, Brey não tinha ideia do que fazer.

— Melyssa… — balbuciou ela, mal conseguindo falar devido à dor.

Ela olhou para os dois lados tentando encontrar alguém que estivesse disposto a ajudar, mas ninguém se ofereceu.

Brey se sentiu perdida, completamente abandonada. Sendo a mais nova, ela sempre era cuidada pelos outros e nunca precisou cuidar ninguém. A pequena queria retribuir tudo aquilo que fizeram por ela, mas não sabia como.

Dentro daquela jaula fria não havia comida, não tinham água e mal conseguiam se mexer. Brey tentou limpar as lágrimas do olho e o catarro que escorria pelo nariz, mas parou quando sentiu uma forte pontada ao tocar as feridas.

A única coisa que restava para ela era chorar, então foi que ela fez, mas nem chorar Brey conseguia fazer direito. Em meio aos soluços e ao choro, ela começou a tossir.

Antes de tudo isso acontecer, Colin disse que os protegeria, então, ela conseguia pensar somente nele. Por ser a mais nova, Brey confiava em Colin incondicionalmente, algo que uma criança normalmente faria com um responsável. Brey viveu os primeiros anos de sua vida sem um pai, e se ela tivesse um, queria que ele fosse como Colin, que cuidava dela, a alimentava, e comprava coisa que a deixava feliz.

Brey realmente via Colin como um pai que ela nunca teve, o via como um porto seguro no qual ela suplicava para retornar.

— Papai… — Disse ela fungando em meio a tosses — Me ajuda… por favor…

— Deixe-me vê-la, criança — disse uma senhora corcunda de cabelos grisalhos, tão magra que parecia uma caveira. A senhora levantou as mangas da blusa de Melyssa vendo diversas marcas de mordida — Tiraram boa parte do sangue dela. É sorte ela estar viva.

A senhora estava com as mãos trêmulas. Foi até o canto da enorme jaula a passos lentos e pegou uma trouxa de roupas. Após desembrulhar, retirou um cantil com uma água não tão limpa e pedaços de pão mofado.

Abriu o cantil e ergueu um pouco a cabeça de Melyssa, dando água em sua boca.

Ela tossiu duas vezes.

— Eu sei que não tem um gosto tão bom, mas vai te manter viva.

Melyssa mal tinha força para engolir a água, mas ela conseguiu tomar.

— Toma! — disse a senhora oferecendo um pedaço de pão para Brey — Aquele vampiro disse que amanhã será sua vez, então é melhor se alimentar.

Brey comeu um pedaço do pão, mesmo que o gosto estivesse horrível. Comeu mesmo com a dificuldade extrema em mastigar. Após comer, ela se ajoelhou e ficou ao lado de Melyssa segurando uma das mãos da amiga. Com cuidado, Brey colocou o coelhinho em cima do peito de Melyssa e instintivamente Melyssa o abraçou.

— Vou contar tudo pro papai quando ele chegar! — disse ela baixinho, mantendo os olhos fixos na amiga deitada no chão úmido. Mesmo para uma criança, o tom de Brey tinha certa dose de ódio.

— Seu pai? — perguntou a senhora — Oh, queridinha, sei que você é uma criança, mas devia ser mais realista. Seu pai já deve estar morto, então foque apenas em sobreviver.

— Ele vem! — Os olhos de Brey estavam sérios — E quando ele chegar, vou contar tudo que eles fizeram com a Melyssa!

A velha não retrucou, apenas considerou que aqueles eram devaneios de uma criança assustada, uma garotinha que acreditava que seria salva de alguma forma. Mas de uma coisa Brey estava certa, a reação de Colin a isso seria de fato a mais destrutiva possível.

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Olá, eu sou Stuart Graciano!

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